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sábado, 13 de dezembro de 2008

Canja com etiqueta - galera do bar


Continuando as considerações sobre a canja, chegamos à parte mais delicada do assunto: quando aparece um bicão pedindo pra tocar uma música.




O momento da chegada e o pedido são das formas mais variadas possíveis. Algumas das mais comuns são:

- O civilizado: educadamente, a pessoa chega, no intervalo ou numa pausa entre as músicas e pede pra fazer um som.



- O terceirizado: alguém da mesa se levanta e diz "Meu amigo pode cantar uma música?".


- O tímido: variação do pedido "terceirizado", quando o tal amigo diz que não, aí todo o pessoal da mesa começa a gritar "canta! canta!" e, quando ele finalmente aceita, todos os seus amigos gritam. Na maioria das vezes, a timidez é falsa e os amigos estão bêbados.




Às vezes dá tudo certo: o cara é realmente bom, agrada ao público, toca uma ou duas músicas que têm tudo a ver com o momento do show, enfim, manda bem e todo mundo fica feliz.


Mas tem vezes em que a gente se arrepende amargamente de não ter falado "desculpa, o dono da casa não deixa". O cara é péssimo. O público em geral fecha a cara. Só os amigos (bêbados)aplaudem - pior que isso, ficam pedindo bis. Constrangimento geral e os pensamentos do músico passam pelas seguintes etapas:


- O susto ("Gente! Que horror esse cara cantando!")

- O arrependimento ("Onde eu fui amarrar minha égua!")

- A oração ("Deus, faça com que isso acabe logo e que o dono do bar não brigue comigo!")

- A invenção ("Que que eu vou inventar pra tirar esse cara daí?")

Há casos trágicos também em que um camarada, completamente alcoolizado, cisma que quer cantar uma música, cisma que quer mandar "sua mensagem" no microfone, pega o violão, quer subir ao palco fumando, faz pedido de música exatamente NO MEIO da música (e fica bravo por você não falar com ele!), enfim, as mais variadas modalidades da falta de noção.



Merece menção também o caso raríssimo do bicão famoso. Mais raro ainda é descobrir que o cara era famoso quando postam o vídeo no You Tube, mas, acreditem, pode acontecer.

Tem gente que manda bilhetes pedindo para o cara parar. Outros reclamam para o garçom ou para o dono do bar. Acreditem, é uma situação realmente chata. Muitas vezes, quando o músico acaba sendo "antipático" em não deixar ninguém tocar é por causa desses "traumas".


Canja com etiqueta - amigos e conhecidos

Canja no barzinho pode se tornar uma situação bastante constrangedora quando o Simancol está em baixa, correndo-se, inclusive, o risco de afundar o show. É pensando nisso que o Blog do Barzinho traz para vocês regrinhas básicas de etiqueta na hora de roubar a cena e o que fazer para evitar uma saia-justa maior.


1- Amigos e conhecidos que são bons músicos e dotados de simancol são bem-vindos...




... e, a partir do momento em que sobem ao palco, assumem, automaticamente, o compromisso de retribuir a canja na primeira oportunidade.

Um amigo-bom-músico-com-simancol é o cara que preenche todos os requisitos abaixo:

- não se convida para subir ao palco: só vai quando você o chama e quando está sóbrio;
- toca, no máximo, duas músicas e volta para seu lugar;
- quando vai te prestigiar em vários shows, tem o bom senso de não cantar sempre a mesma música na hora da canja, nem a que você mais gosta de cantar;
- tem uma boa performance: prende a atenção do público com boa energia e qualidade musical.

É uma excelente ocasião para cantar músicas que não têm a mesma graça quando cantadas por apenas uma pessoa: "É isso aí" (Ana Carolina e Seu Jorge), "Candy" (Iggy Pop e Kate Pierson), "Cruisin'" (Huey Lewis e Gweneth Paltrow), "Boa sorte" (Ben Harper e Vanessa da Mata), "Relicário" (Nando Reis e Cássia Eller), "João e Maria" (Chico Buarque e Nara Leão), etc. Também recomendável para músicas com backing vocal marcante de todos os gêneros.



2- Amigos e conhecidos desafinados e/ ou sem simancol

Sempre bem-vindos na platéia, mas é extremamente desaconselhável deixar que subam ao palco. Em casos extremos, há risco de perder o emprego. Caso deixe de cumprir algum dos requisitos citados acima, já deve ser afastado do palco. Vale qualquer desculpa, desde "o dono do bar não gosta/ não deixa" até "o equipamento tá muito ruim".

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

"Finalmente, o Bar" - Dueto com Rodrigo Yoshizumi

E Rodrigo Yoshizumi, do Espaço em Branco, sobe ao palco do Barzinho para dar uma canja com seu texto "Finalmente, o Bar"! Rodrigo canta entre aspas, Giovana canta em itálico!


"Algumas garrafas de Heineken podem nos fazer pensar “verdadeiras verdades”. Depois de descarregar os duzentos quilos de preocupações que fizeram os meus últimos dias realmente ruins, pude ter uma hora (literalmente uma hora, logo depois da aula de Tecnologia em Rádio e TV) para relaxar em um bar."

Aceitar um emprego diurno foi uma decisão baseada em "verdadeiras verdades" medidas em números de shows desmarcados, contas a pagar e anos vividos sem a sonhada independência. Teve medo de, um dia, se ver presa naqueles montes de siglas, teclas e procedimentos. Seus últimos dias não foram ruins, muito pelo contrário. Mas dava medo de pensar na hipótese de aquela rotina, de repente, subtrair a artista de si mesma. Mas, na quinta-feira, teria 3 horas para tocar em um bar e ser simplesmente o que sempre foi (e o que sempre quis ser): uma musicista.




"As garrafas de Heineken não foram para mim (uma bela forma de contar que os meus amigos beberam também!). Só uma batida, algumas batatas fritas... mas foi o suficiente. A semana passou. Depois de cerca de 15 horas viajando de metrô, cruzando a cidade, de gastar cerca de cem reais no vale refeição, de entregar trabalhos, de fazer seminários (nada me desagrada mais na faculdade do que seminários), de trabalhar bastante, de matar algumas aulas (para fazer os malditos trabalhos), de cafés (muitos cafés por sinal, por causa das quatro horas diárias de sono), de muito estresse... A semana acabou! E novembro, graças a deus (sem conotações religiosas), também está para acabar. Junto com ele, as aulas... e o ano!"

Muita água e duas maçãs por dia. Isso é imprescindível para quem trabalha em locais com ar-condicionado. Foi a mais atípica semana de sua vida: 10 horas entre ônibus, metrôs e terminais, marmitas, seus quatro anos de estudo de espanhol e seis de inglês de volta em um minuto, cafés (muitos cafés, por sinal, por causa das quatro horas diárias de sono), do estresse que toda mudança provoca. Agora, a semana acabou! E novembro também está para acabar. Junto com ele, o ano! Conheceria, então, duas novidades: salário fixo e parcelas de décimo-terceiro. Nada mau!




"Só posso dizer que o Natal nunca foi tão sonhado para mim. Vai significar o fim do ano de 2008! Mas calma, ainda não é hora de discutir isso. Deixa para o fim de dezembro mesmo! Bom, finalmente o bar. O simbólico bar. Porque bar pode significar muitas coisas. Mas no momento, para mim, significa apenas que pude sair um pouco da minha rotina."

Não saberia se seu plantão seria no Natal ou no Ano-Novo. Seja como for, vai significar o fim do ano mais surpreendente da sua vida. Mas ainda não é hora de discutir isso. Deixa para o fim de dezembro mesmo! Bom, finalmente o bar. O simbólico bar. Porque "bar" pode significar muitas coisas; mas, no momento, significa apenas voltar à sua amada rotina.


quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

MPB

Se de nada mais vale tentar, pra quê então viver?

Tornaram-nos peças-chave de destinos incertos, pois nossos ancestrais fizeram de propósito que julgaram ser para o bem da futura nação. Hoje sinto frio no verão e dor no amor.

Sempre ouvi dizer dos seres mais escrupulosos que a noite era pra vagabundos e que ser músico era, no mínimo, a ultima opção para que um ser humano gozando plenamente de suas faculdades mentais pudesse escolher... pois bem, como os “loucos”, ditos estes inválidos pela sociedade, que não encontraram uma saída antes mesmo de entrar, decidiram meio que por obrigação ou missão divina, então esse obscuro e muitas vezes sem graça mundo musical.
Digo sem graça, pois ainda há gente que pensa que música se limita a ser apenas uma coisa que alguém expressa para ganhar dinheiro, algo que não passa de palavras juntas a um ritmo e por aí vai. Música é o estado de espírito, a maior das perfeições, mesmo que quando ouvida por gente desinteressada ou até mesmo bêbada não deixa de ser a arte suprema que é capaz de transmitir todo o amor e todo o ódio em uma só nota, em um só momento, em um só suspiro.

Seja azul ou vermelha, mas quero a minha inspiração aqui, eu preciso, eu gosto, eu amo. Não há dúuvidas de que, se eu contar, posso estragar tudo e encobrir novamente o meu mundo com todo esse cinza predominante nesse universo paralelo em que viajo para buscar o que eu mais quero. Mas sou.

Eu desejo ter apenas o que quero, não quero mais nada além de letras unidas, acordes harmônicos e papeis riscados... opiniões construtivas e uma bossa-nova de entrada, como prato principal o bom e velho rock’n’roll e, de sobremesa, a Musica Brasileira. Juro odiar o termo do Meio – por isso que ocultei – “Popular” pois... música popular brasileira é o samba, o funk, o axé o pagode, a boa música brasileira é aquela que – infelizmente – quando toca muitos viram os narizes e dizem “ECA’’.. Vai entender esse povo CULTO...”.

Neco Vieira, 16 anos, além de um amigo queridíssimo, é também um dos melhores letristas que eu conheço. Guardem esse nome! O blog dele está recomendadíssimo na sessão "Café com letras".

terça-feira, 22 de janeiro de 2008

Atitudes - por Rafael Puime

"Ele estava sentado em frente ao balcão, uma garrafa de cerveja na mão, um cigarro nos lábios, e perdido entre seus milhares de pensamentos. Não era isso que ele tinha em mente quando resolveu investir na sua carreira de músico. Um bar cheio de bêbados que mal ligavam pro que ele tocava ou deixava de tocar não era bem o lugar em que ele imaginava que estaria quando se lançou em sua aventura musical.E era justamente quando ele parava com o "show" e ia pro balcão, que ele se perguntava se era isso mesmo que ele queria. Tocar músicas que pouco o agradavam, somente para cumprir ordens, gastar seu vasto talento tentando entreter um bando de idiotas que nunca dariam valor ao seu trabalho. Era isso que ele queria de verdade?

Tudo bem, as noites as vezes rendiam algo a mais pra ele. De vez em quando, alguma garota assistia ele tocando e vinha falar com ele. Quando isso acontecia, era quase certo que no final da noite eles estariam transando em algum quarto por aí. Mas nunca passava disso, e na manhã do dia seguinte, as únicas companhias que lhe restavam era seu violão e seus cigarros. O garçom avisou que estava na hora de voltar a tocar. Ele apagou seu cigarro, bebeu de um gole só toda sua cerveja, e se dirigiu ao palco, pensando em qual música idiota ele teria que tocar agora. Ele odiava tocar essas músicas, mas o dinheiro no final do mês era o suficiente pra bancar as despesas, então ele suprimia seu desejo de tocar suas próprias canções em prol da garantia do emprego.Mas ele estava cansado disso tudo. E ele decidira a pouco que esta noite seria diferente. Pouco importava se ele perderia seu emprego, pouco importava se ele ouviria reclamações idiotas de seu patrão. Nesta noite, ele faria o que ele gosta.

Sentou no banco, pôs seu violão no colo e olhou pra "platéia". Como sempre, ninguém prestava atenção nele. Isso lhe deu coragem necessária pra tocar o primeiro acorde. E o segundo. E o terceiro. E numa seqüência perfeita de melodias, aproximou sua boca do microfone e cantarolou as primeiras palavras de uma de suas belas composições.Seu chefe lançou-lhe um olhar fulminante por tocar algo diferente do combinado. Mas ele não ligou pra isso e continuou com sua música. Nada mais importava naquele momento. Ele estava finalmente, fazendo o que gostava.Terminou o show daquela noite com uma rara satisfação. Nem mesmo os gritos e xingamentos que recebera de seu patrão puderam estragar o que ele sentia naquele momento. E as coisas ficaram ainda melhores quando uma bela garota se aproximou dele, elogiando aquela música que ele tocou quando voltou ao palco. A noite hoje prometia..."


Rafael Puime vive em Juiz de Fora, é músico por hobby e conhece bem o universo do barzinho. Obrigada por ceder a belíssima crônica para o Blog do Barzinho. Leia mais trabalhos dele no blog Carpe Diem (www.rafaelpuime.blogspot.com)

segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

Às vezes não dá...2

No post anterior, vimos que, às vezes, o músico fica numa saia justa por não saber alguma música pedida pelo público. Acompanhem a situação em que esse amigo do meu amigo acabou se envolvendo.

Vamos à reconstituição em guardanapos da história que aconteceu esse amigo do meu amigo... praticamente um "Linha Direta" blogueiro, pois os bilhetinhos originais foram jogados com muito gosto na lata do lixo.


Estava esse amigo de um amigo meu fazendo o seu som em uma casa em que ele nunca tinha tocado antes. Tudo estava correndo normalmente, até que chega-lhe às mãos o seguinte pedido:





O amigo do meu amigo, educadamente, pediu desculpas no microfone


- Sinto muito... essa eu vou ficar devendo. A pessoa que pediu essa, por favor, peça outra que eu vou tentar!


Uns poucos minutinhos depois, veio um outro guardanapo com os seguintes dizeres:




O músico respirou fundo, engoliu o sapo-boi e combateu o nervosismo com profissionalismo. Levou o show normalmente (o show não pode parar!) e, quando tudo parecia bem, mais uma "delicadeza":







Como fizemos a reconstituição a la "Linha Direta", não poderia faltar o depoimento!


"Juro que fiquei muito, mas muito p... da vida. Mas a casa era nova pra mim e já era fixa, eu estava fazendo um bom trabalho (tanto que toco até hoje por lá). Não seria legal bater boca com um cliente. Acontece que, ao não bater boca, a coisa te remoe!!! Eu, de madrugada, já deitado pensando: 'Caramba, meu repertório tá com mais de 200 músicas. Canto de tudo e o cara me xinga por causa de uma música da Zizi Possi!!'. Viro para outro lado e penso de novo: 'Caramba, já acompanhei vários cantores nesta cidade!! Mais velhos e mais experientes que eu!! Não me lembro de ter tocado uma vez só Asa Morena com ninguém!!! Nunca. jamais!!!'. Viro de novo!!!Sentei na cama e tive o último pensamento que finalmente me trouxe a paz: 'Em homenagem aquele gentil senhor, decido o seguinte: JAMAIS EM MINHA VIDA, POR MOTIVO NENHUM, NEM QUE ME PAGUEM TOCAREI ASA MORENA!!!!A Zizi Possi, (que canta muito) há de me perdoar!!!!!'. Dormi legal."


É, minha gente... uns agüentam desaforo do chefe... músico recebe-os via guardanapo...






PS: Essa é uma das histórias que o Edy, músico de São José dos Campos, cantor, baixista e violonista tem pra contar! Mande a sua para nós também! E muito obrigada, Édy! Espero que a criatura da "Asa Morena" tenha voado pra bem longe com seus desaforos! Sucesso pra você!