quinta-feira, julho 01, 2010
terça-feira, março 23, 2010
A vida dos outros
Se há um produto, há quem o consuma. Ou como dizem, cria-se a necessidade. Informação é também um produto. Pagamos pelo jornal, pela revista, pelo provedor da internet, ou pelo menos temos que fechar uma janelinha de pop-up do patrocinador que está bancando o site. Questão: por que a vida dos outros nos interessa tanto? O que há de tão interessante nas manchetes sobre as celebridades? É a catarse ou transubstanciação? Eles fazem o que não podemos fazer e ao ve-los fazendo é como se nós próprios fizéssemos.
O caso Adriano e Wagner Love pode parecer mais uma conspiração de paulista pra criar uma crise no time do Flamengo e impedir que o melhor time do Brasil se mantenha no topo da cadeia alimentar onde é seu lugar de direito. Não cabe a mim decidir isso. O que cabe é questionar o falso moralismo que transborda dos televisores e artigos em diferentes mídias. Há lucidez, e Arthur Muhlenberg é um dos poucos lúcidos nesse meio (não por ser flamenguista).
Há a condenação moral: idolatria, exemplo, modelo de comportamento. Atleta não tem missão de ser modelo de comportamento, ainda mais jogador de futebol que é tão atleta quanto um piloto de fórmula um, tanto que nas olimpíadas o futebol nem é levado tão a sério (por isso mandam os juvenis). A sociedade precisa de um código moral que independa do papel do cidadão. O modelo de comportamento do jovem não deve ser o atacante que quando sofre uma falta dois lances depois dá um chute na canela do adversário para “se cobrar”. Futebol é um dos esportes mais sujos e um daqueles em que é cada vez mais evidente que poucos são aqueles que sabem perder (vide Luxemburgo, especialista em desfocar da sua incompetência). Claro, ninguém pede para ser exemplo. Pelé não pediu. Mesmo assim é exemplo (não sei de quê, mas é). É um cara que não fuma, não toma porres, não dá festas com prostitutas, nunca usou drogas (pelo que sabemos), não joga no bicho, etc. Love e Adriano não pediram para serem ídolos. Só que o fato de serem vencedores os credencia a serem tomados como modelos de comportamento para muitos jovens. Pelos idos dos anos 90, quando estava na adolescência, eu também precisei de um ídolo. Busquei alguns no roque (o Flamengo andava mal das pernas naqueles tempos, lembram do pior ataque do mundo? Romário, Sávio e Edmundo): Raulzito, Humberto Gessinger, Renato Russo, Jimi Hendrix, Jim Morrison. “live fast, die young”. Mas não cumpri o objetivo declarado de alguns amigos: vamos acabar com todo o álcool do mundo, bebendo! Não bebi meu cérebro, por isso estou onde estou hoje.
A vida dos outros nos interessa por duas razões: a) queremos ter o que o outro tem; b) já que não podemos ter, pelo menos que alguém tenha. Logo, a idolatria não passa apenas pelo modelo de comportamento, pelo exemplo. A idolatria passa pela catarse. É o que a religião faz: ao sermos bons estamos garantindo um lugar ao lado do pai. Ao copiar o modelo de Jesus somos um pouco como ele. Ao copiarmos as jogadas de Robinho, Adriano, Kaká, queremos ser como eles, queremos ter as camisas deles, vestir o que eles vestem. Adoramos o BBB não só porque queremos ver do que as pessoas são capazes para ganhar um milhão e meio, adoramos o exercício cotidiano do julgamento, do linchamento público. Tomar as pessoas como modelos por um momento e no dia seguinte atirar-lhes pedras porque possuem pontos demais na carteira, porque possuem amigos de infância que viraram bandidos ou porque desaprovamos suas atitudes. Obviamente tem a questão contratual: como atletas eles representam não apenas a si próprios, eles são a imagem da marca do time e do patrocinador. Em um certo sentido, eles são sem face, sem identidade, são “jogadores do flamengo”, estereotipa-se. Pouco importa que caras inteligentes e cultos do naipe de um Juca Kfouri ou de um Washington Olivetto sejam corinthianos, torcedor desse time sempre será visto como bandido. Voltando ao assunto, eles precisam cumprir seus contratos e o problema entra em outra esfera. Não é para a opinião pública que eles precisam dar explicações, é para seu contratante ou patrocinador. Todos temos o “direito” de julgar: julgamos Judas, julgamos o vizinho, julgamos a menina que coloca fotos ousados no orkut. O esporte favorito da humanidade é julgar.
domingo, março 07, 2010
Porque não sou mais religioso - parte 1
terça-feira, março 02, 2010
A aventura da pesquisa científica
Pois é, agora sou um doutor em linguística. quatro anos de graduação, dois de especialização, dois de mestrado e quatro de doutorado pra chegar até aqui. Um amigo diria que agora estou no topo da cadeia alimentar. Eu continuo a mesma pessoa, agora com um novo certificado que me permite lecionar em universidades federais (não que isso seja ou sempre tenha sido pre-requisito, todos sabemos disso). Não quero me vangloriar disso, mas acho que fazer um doutorado, ou mesmo um mestrado é para poucos.
quarta-feira, fevereiro 24, 2010
Eu também acho o BBB um chute, mas assisto
Eu não queria assistir, sério. Mas lá no fundo o programa não deixa de ser fascinante, apesar do Pedro Bial. "literatura do século XXI", fala sério. A gente poderia ser poupado daquele lirismo a la JG de Araujo Jorge dele. O cúmulo do kitsch não deixa de ter seus atrativos, principalmente por todos os sub-produtos que gera (vide a invasão do pânico na eliminação da Tessália video aqui). Acima de tudo, acho que a fascinação pelo programa se deve mais ao prazer que temos em julgar as pessoas do que propriamente pelo voyerismo. No íntimo, é essa a desculpa dada, nos fazem crer que o atrativo do programa é ver como as pessoas reagem a um confinamento e como se saem em provas ridículas que são obrigados a fazer para comer, ganhar imunidades, lideranças e carros.
Marcadores: bbb
segunda-feira, setembro 21, 2009
projeto pra outubro
Meu projeto pra outubro: voltar a escrever com regularidade. olhar o mundo e escrever sobre o que eu vejo. hoje eu me alimento de imagens, as regurgito, e em poucos segundos estou pensando novamente na seção atual da tese, na escalação do flamengo ou que a minha namorada está longe. (cade a preposição que o "pensar em" reje? explica essa pasquale!) concursos, to pra juntar uns textinhos e mandar pro Caio, não mandei mais nada para a Revista Lasanha que nem sei se existe ainda. Caralho, quero voltar a vingir que eu sei escrever. Sem falar que faz mais de três semanas que não vejo um filme inteiro, mais de mês que não leio um romance. Pelo menos to meio que acompanhando MadMen, que felizmente é uma vez na semana, daí da tempo de enquanto baixa eu me organizar pra ver no final de semana os 40min do ep.