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24 de dez. de 2018

Crônica Natalina



Essa obsessão por comemorar natal dia 24 e dia 25 me confunde. Natal é dia 25, catzo! Réveillon que tem essa coisa de 31 e 1º, ambos coexistem como uma única coisa, dias em que você tem desculpa para começar a beber assim que amanhece. No dia 31 se despedindo de toda a desgraceira do ano anterior, no  1º, para afogar toda o medo da desgraceira que vem pela frente.

Mas, o Natal não. Comemora-se o nascimento de Cristo  dia 25! Ninguém comemora aniversário a partir do dia anterior. Ok, tem gente que comemora, mas nem vou considerar.

Mas, então, a fatídica ceia da virada trás a família dividida entre os exaustos,  que.passaram o dia inteiro com a barriga encostada no fogão, fazendo comida para um batalhão e os famintos, os cretinos que pararam de comer às 9 da manhã para guardar a barriga pro peru do Ramiro. Por que o Ramiro, gente, o Ramiro faz um peru divino!

A ceia da madrugada tem todo um quê emocional.

Depois da oração da prima Teteia, onde cada grão de arroz é agraciado pela bênção divina, a turba se empanturra e depois se espalham pelos cômodos, as crianças atazanando os.cachorros, os aborrecentes postando selfies com dizeres de infelicidade. Os adultos compartilham lembranças, manuseando fotos antigas com dedos lambuzados de calda de pudim de leite.

Se ai, nesse momento se encerrasse o ato, a vida familiar seguiria na confortável hipocrisia de todos os dias. Mas, tem o efetivo dia do Natal. E é ai que o tudo desanda.

Entre as 10h da manhã, quando todos acordam, por bem ou pelo tilintar dos garfos e copos colocados à mesa pelos anfitriões insones e as 14h, onde começam a servir o almoço, os ressentimentos fermentam e se apuram, hidratados por cervejas mornas e vinhos azedos.
A verdade é que às 14h ninguém mais suporta o filho da Doralice, moleque birrento que chora de cinco em cinco minutos, quando não está batendo nas crianças menores.
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Ninguém suporta mais a Doralice, loira, magra e que passa o tempo todo discorrendo sobre como o pentelho do filho é inteligente e ganhou prêmio de soletração do colégio. Principalmente porquê ela manda o moleque soletrar inconstitucionalissimamente toda vez!

Há o revirar de olhos também para a Lidinha, terceira esposa do primo Zeca, que faz cara de nojo para tudo que é oferecido e só come a comida de passarinho que trouxe em mais de uma dúzia de potinhos de vidro,  porquê só come comida orgânica, é vegana e insiste em ensinar ao Caique, uma receita de danoninho natural feito com queijo caseiro e morangos cultivados na Serra, no sétimo dia do solstício de inverno por irmãs carmelitas que fizeram voto de silêncio. Sob os olhares raivosos de Renata, esposa de Caique, que em vingança, abre um pacote de salgadinhos carregado de sódio e gordura monossaturada e dá escondida para o filho mais novo de Lidinha.

Quando todos sentam à mesa há um rancor não contido em cada um dos presentes, a maioria já trocando as pernas. A tensão, como uma fina película, cujo menor movimento vai romper. Os olhares se cruzam junto às travessas fumegantes.

O conflito é eminente, por isso pouco falam, o bater dos talheres  é o som ambiente, ninguém quer ser a gota que vai transbordar o copo. Só querem comer, encerrar aquilo e voltar no ano seguinte.

E é nesse clima que João, o filho pentelho de Doralice, exclama, com a boca cheia de farofa:
-  Olha, mãe, o Neco me ensinou a soletrar terraplanista - t-e-r-r-a...

Um silêncio profundo invade a sala.  Quebrado pelo resmungar alto de Agenor, pai de João e esposo de uma estupefata Doralice:

 -Tinha que ser o Neco a ensinar essa merda! É isso que está aprendendo no seu colégio caro e de renome internacional? Que a terra é plana?

Andrade suspende a garfada no ar e aponta ameaçadoramente a coxa de peru em direção a Agenor.

- Melhor aprender isso que ser doutrinado por aqueles comunistas de merda do tal coleginho federal que seu filho estuda!

Um burburinho começa na mesa. Frases soltas ditas com a cabeça baixa, quase como se falassem para si mesma. Mas, uma se sobrepõe as outras.

- Pelo menos a filha não é sapatão... - murmura indignada Carminha, mãe da Silvia, adolescente com fone de ouvido completamente alheia a todos ali.

- E quem tem filha sapatão aqui? - a prima Teteia veste a carapuça.

- Ah, vai dizer que você não sabe sobre a Carol? Todo mundo sabe que sua filhinha cola velcro! - 
Andrade se mete, ainda sacudindo a coxa.

Os olhares  se dirigem à Carol. A morena, que lutava para pegar um pedaço do peito de peru, levanta-se, ainda com a faca de destrinchar peru na mão. Os parentes próximos se afastam disfarçadamente.

- O senhor descobriu isso quando, tio Andrade? No dia em que fingiu não me ver lá naquele prédio na Barata Ribeiro em que subiu com a prostituta ou quando tentou cantar minha namorada e ela mandou o senhor se fuder?

- Prostituta? Barata Ribeiro? - Vera, esposa do Andrade, indaga, chocada ao marido.  

O burburinho agora já não é mais baixo. Todos falam ao mesmo tempo, de um lado a outro da mesa revelações são desencavadas e ofensas são trocadas.
- Seu petralha, defensor do kit gay!
- Fascista, filha da puta opressor!
- Pelo menos não tenho bandido de estimação!
- E a laranjada, ta boa?
- Vai pra Cuba!
- Lambe-botas de milico!

Os ânimos se exaltam e as ofensas proliferam. Ninguém percebe a matriarca Zuleide, catando todo o bacon da farofa e colocando em um prato.  

Desde que a médica a proibira de comer bacon, todos da família faziam vigilância severa. Tinha anos que ela não comia a gordurosa iguaria.

João senta-se ao lado da avó, assistindo a hecatombe familiar.
- Vó, foi a senhora que me ensinou soletrar terraplanista, por que me mandou dizer que foi o Neco?

- Cala a boca, menino e come um pedaço de bacon! - A matriarca responde. Enfiando um pedaço da carne suculenta e  dourada na boca da criança.

17 de fev. de 2015

Pequeno Gafanhoto 2

- Mas se morre de tristeza? - perguntou a menina, confusa. 
- Morre-se e mata-se de tristeza, -  Ele respondeu. - A cada frase não dita. a cada frase mal dita. um pouco de dor é criada. e dor é alimento para a tristeza. 
- Mas, então... Posso eu morrer dessa coisa que me consome? 
- Ah, menina! Infelizmente sim. Se deixar que o que se fala enraíze em seu coração. Ouça, sem que aquilo seja a verdade que querem lhe impingir. E seja mais forte que o caminho que percorre. 
- Fui eu quem escolheu o caminho.- Sussurra a menina. - E de certa maneira, sabia cada pedra que encontraria. Cada raiz que me faria tropeçar e todos os muros que teria que escalar. 
- O que importa isso? - Ele pergunta. - Todos nós escolhemos nosso caminho. E, nenhum caminho é reto, ou indolor. Não é o caminho que nos transforma. Somos nós que nos transformamos, apesar do  caminho. 
A tristeza existe e sempre existiu. Mata, matou e vai continuar matando por todas as eras. Mas, é você quem decide. Ser triste ou não, é escolha! 

Se você concentrar na pedra em que tropeçou, ela vira muralha. Até mesmo uma poça da água pode ser rio intransponível, dependendo do seu olhar. Olha pra frente, para o lugar onde quer chegar e sinceramente, deixe de acreditar no que dizem que você é ou não é. Nem elogios, nem depreciações. 

Você é aquilo que você crê ser. E sendo assim, a tristeza não pode fazer morada dentro do seu peito. Se alimente daquilo que te faz bem e creia que: palavras, são só palavras e somos nós que damos poder a elas.

7 de jan. de 2015

Dia 07 - Je suis Charlie

Nenhum ato de violência se justifica ou se "entende". Um atentado, é sempre um atentado e as vítimas são vítimas, sem porém, ou talvez.

Eu tenho minha opinião, você tem a sua. E não é porque eu exerça o direito de ter minha opinião de maneiras quaisquer. seja através de música, dança, charges, fotos etc que você pode se sentir no direito de me matar. Isso se chama INTOLERÂNCIA. 

Infelizmente, parece ser esta a marca desse século. Estamos cada vez mais intolerantes. E numa progressão, intolerância, quando associada ao fanatismo, religioso, étnico, etc  sempre leva a morte. Como a que aconteceu hoje em Paris.

E nunca, nunca, nunca mesmo fale que os cartunistas não deviam fazer seus cartuns sobre temas religiosos. Pois no momento em que você define o que pode ou não, você interfere no direito mais sagrado do ser humano: A liberdade. Nesse caso, a liberdade de expressão e sem ela, não há eufemismo, é ditadura, nesse caso, a ditadura do medo.


5 de jan. de 2015

Dia 05 - Escutando

A gente escuta tão pouco. Ando pensando nisso direto, depois de ouvir toda uma história de uma amiga antiga e tão querida e me surpreender. Como assim? Você nunca me contou isso antes! E a amiga não compreender meu espanto, claro que já tinha me contado àquela história; Não só uma, mas pelo menos umas duas vezes. Foi quando caiu a ficha: Eu andava ouvindo muito, mas escutando muito pouco. 

Escutar é diferente de ouvir. Penso eu. Escutar não é só ouvido. É enxergar o gestual, olhar no olho e perceber aquilo que não é dito. A voz que oscila, o olhar que treme, as mãos que se seguram uma na outra ao contar que está tudo bem, diz muito mais do que o que foi dito. Basta escutar.

Quantas vezes escutamos? A gente acorda, lê as redes sociais, é soterrado por mensagens de bons dias e pensamentos positivos. Mas o que aquilo esconde? Quantas lágrimas se ocultam atrás de gifs que dizem "eu sou feliz". Quantas vezes, nós mesmos nos ocultamos em palavras vazias, apenas desejando que alguém nos escute e não apenas. nos ouça;

Seguimos em frente, caminhando o caminho de sempre, repetindo frases que parecem ritualísticas: para a amiga que perdeu um amor: "Ele não te merece, você vai encontrar alguém melhor". Para aquele que perdeu um ente querido: "Muita força e luz pra você." Para os que estão doentes, outro conjunto de caracteres; ritualísticos, mas vazios. Por que você não está ali de verdade. Seus problemas, suas dores, sua rotina, tudo isso cria um muro que oculta o outro de nossas vistas e sem enxergar além de nosso próprio umbigo, é impossível criar laços.

Empatia. Para escutar é preciso empatia. Colocar-se no lugar do outro. Por alguns segundos, desconstruir o muro do ego e perceber que além de si, existe mais. Alguém igualzinho a você. E que nesse momento, FALA. Talvez não o que ele queira dizer, ou o que precise, mas se você escutar, tenho certeza que vai ouvir exatamente o que está sendo dito. 

21 de out. de 2014

Explicando - sobre dores e acontecimentos


Tela Marcelo Daltro

Não que ela esperasse piedades e demonstrações de pena. Tampouco queria frases feitas e abraços/sorrisos vazios.

O que ela queria mesmo era o direito de sentir medo. de se sentir aflita e confusa. O que ela queria era abraços sinceros e calorosos. Daqueles que viram colo quando menos se esperam e mais se necessita.

Queria frases doces e não discursos repletos de certezas -  como assim, certezas?! Se nunca temos certeza de nada nessa vida?

Ah, ela queria apenas sentir-se acolhida e amparada. Sem cobranças de que ela estava fazendo Drama Queen. Ou mesmo que estivesse, ela queria ter o direito de fazer. 

Alias, todos temos o direito de fazer Drama Queen em algum momento da nossa vida!
Ter o direito de chorar escorrendo pelas paredes, com soluços e mucos  e no final, olhos inchados e sonolência. Todos temos esse direito! 

E, o que ela mais achava injusto, era a a ditadura da felicidade. Você vai superar! você vai vencer! Isso não é nada! Caralho, isso era tudo! Pelo menos para ela, pelo menos naquele momento!

E ela tinha a certeza de que não seria eterno. De que amanheceria cores e estaria pronta para enfrentar o que viesse. 

O que poucos entendiam é que ela não estava desistindo ou se entregando a dor. 

Mas era um momento necessário, para que ela reunisse todos os seus pedaços e começasse de novo. Ela que nunca soube desistir, não seria agora que aprenderia!

Mas, se permitir virar cacos, ajuda na hora de se recompor. 

E dali ela seguiria amparada pelas mãos que em todo o processo, estiveram sempre ali, prontas para ajudá-la a levantar de novo e mais forte que nunca, pro combate.

30 de dez. de 2013

Uma Quase Retrospectiva!

Tô cansada, cansada, cansada, mas feliz. Ainda não consegui colocar a casa de pé, mas tá quase. Limpei armário e me desfiz de mais de um saco de roupas, organizei os brinquedos do Dani e foram mais dois sacos.

Ripei metade dos meus livros e já levei tudo pra doação. Sensação maravilhosa de desapego!

Agora, a melhor parte foi organizar hoje um canto meu, decorado com flores e o carinho das amigas! Moro aqui há sete anos e nunca tinha sentido vontade de arrumar a casa pra mim...

Para vocês entenderem, quando casamos, tínhamos uma casinha de bonecas, tudo decoradinho e perfeito. Dai fiquei desempregada e o salário do Marcelo não segurou o apê, então fomos para casa da minha mãe - nós desfizemos de praticamente tudo do apartamento, afinal, saímos de uma casa para morar num quarto. Chorei achando que ia morrer, entrei em depressão, engordei 10 kg em sete meses... 

Arrumei um emprego de merda, na barra da tijuca, que só permitia uma sobrevida, não dava ainda pra sonhar com uma casa nossa de novo. Chorava todo dia na ida, na volta e dentro do banheiro do emprego, onde patrões estúpidos gritavam e agrediam os funcionários todos os dias.

Trabalhava de segunda a sexta, mais de 10 horas por dia - se incluísse o transporte, eram 12 horas na rua. E final de semana, tinha que atender aos chefes, consertar pc, assessorar, fazer N coisas que não eram minha função, eu era web designer e web writer.

Depois de nove meses nesse inferno, pedi demissão, depois de ter um projeto meu roubado pelos meus chefes, que se recusaram a me pagar a criação do mesmo!  Para receber os meus direitos, tive que entrar na justiça e depois de ser ameaçada, aceitei um acordo...

Nessa altura, já pesava 20 kg a mais e estava me sentindo muito merda. Sai da casa da minha mãe e fui para a casa dos meus sogros, nos desfizemos de mais um pouco do que tínhamos. 

Então, engravidei e para garantir hospital e acompanhamento mais próximo. Voltei pra casa da minha mãe. Marido adoeceu nesse período. Teve hipertiroidismo. Emagreceu mais de 30 kg em um mês. Ficou mal. E apesar de tudo, tive uma gravidez tranquila até o oitavo mês, quando tive diabete gestacional (estava com 100 kg) e embora tudo se encaminhasse para o parto normal, tive um problema no final da gravidez que obrigou a uma cesárea. 

Na minha depressão não consegui organizar nem um chá de bebe. Dani tinha uma meia dúzia de roupas, um carrinho moisés dado pelos padrinhos e nenhum berço - que só apareceu no dia que voltei da maternidade, comprado as pressas. rs

Foi um parto ruim, com dor e maus tratos por parte dos enfermeiros e médicos do hospital particular. Mas, o principal era que meu filho nasceu ótimo e muito esperto.

Mas, ainda morávamos num quarto na casa dos outros e eu só conseguia pensar em como criaria uma criança naquela situação. Isso era janeiro.

Em novembro, a virada começou e fomos morar na nossa atual casa. Era um bairro que nunca tinha morado antes, na zona norte, boa parte da minha vida, morara na Zona Sul. Fomos para a nova casa praticamente só com a roupa do corpo, as coisas do Dani (um berço, um carrinho e roupas).

Talvez pelo estranhamento do bairro, talvez por tudo que havíamos passado, tive dificuldade de arrumar a casa e transformá-la em lar. A casa era limpa e arrumada, mas extremamente impessoal, nada de quadros, nada de enfeites, nem mesmo as coisas que faço eu colocava. Sete anos assim. 

Mas, algumas coisas começaram a mudar na minha cabeça esse ano. Uma necessidade de transformação e mudanças que começaram a gritar dentro de mim. E aos poucos as coisas foram acontecendo. Parar de fumar foi a primeira grande mudança. Desde abril não compro cigarros! 

Larguei não só o cigarro, mas fui abrindo mão de tudo aquilo que me fazia mal, sai da feira de Laranjeiras, rompi com relações doentias, mudei padrões de comportamentos errados, cujas consequências sempre eram dolorosas...

Doeu, por que toda mudança dói. Mas, sinto que estou trilhando o caminho certo. 

Outra grande mudança foi a entrada na dieta, estou fazendo há 30 dias e perdi 9 kg. Estou disciplinada, mais organizada e ainda consegui fazer com marido e filho me acompanhassem em busca de uma maior qualidade de vida!

Ainda não tenho quadros em casa, e a decoração está só dando seus primeiros passos, mas aprendi que mesmo com a grana curta, decorar não é frescura, mas é a construção de laços afetivos com o ambiente que moramos. E pela primeira vez em anos, sinto que preciso criar e fortalecer esses laços.

4 de out. de 2013

É Preciso Ter Tempo

É preciso tempo. Tempo para pensar, tempo para fazer, pelo menos a metade do que é preciso. Tempo para ser mãe, esposa, dona de casa, artesã, escritora, boa vizinha, internauta e mais tantas coisas que gostaria de ser. Tempo para viver. Tempo para descansar. Tempo para sonhar, tempo para brigar, tempo para arrumar, caixas, passados, casas, tudo e ao mesmo tempo, nada. 

Tempo para ficar deitado na grama, olhar fixo nas nuvens, vendo desenhos e formas. Tempo para olhar a chuva que escorre no vidro da janela. Tempo para admirar a paisagem enquadrada na janela da condução. Tempo para sentir. Tempo para permitir. Se permitir. Tempo para rolar no tapete e pular numa perna só ao som do ritmo infantil. Tempo para dançar com o filho. 

Tempo para beijar. Beijos ardentes ou selinhos inocentes, mas é preciso ter tempo! Tempo para criar. Escritas, artes, modelos e cores. Tempo para inventar. Jogos, fantasias, histórias, pratos e costuras. Tempo para abraçar. Tempo para tocar. Rosto, cabelos, mãos, corpos. 

Tempo para se desnudar. Preconceitos, roupas, baixa-estima. Alma. Tempo para não precisar de nada. E ansiar por tudo. Tempo para falar. Palavras, silêncios, olhares. Tempo para agradecer. Aos amigos, aos parentes. Aos que chegam, aos que partem. Aos que de te desejam boas manhãs e aos que não te desejam nada. Tempo para sorrisos. Tempo para as lágrimas. 

É preciso ter tempo. E essa, é a arte que estou me esforçando para aprender.

20 de ago. de 2013

Escolhas

Relendo um post de 2011, deparei com esse trecho e hoje ele era exatamente o que precisava ler...

"(...) posso enxergar mais do que meu próprio umbigo, posso escolher entender que se as coisas não dão certo, são apenas coisas que não dão certo hoje! Mas, amanhã, elas podem dar, ou não... Posso aprender a lidar com todos os baixos como aprendizados e posso, principalmente, sublinhar o que acontece de melhor. Viver os altos em plenitude. 

Felicidade é questão de escolha, tristeza também. E sou eu quem decide o que escolher. Sim, querer ser feliz o tempo todo pode virar uma neurose, e é preciso pequenas pitadas de melancolia para não esquecermos da nossa humanidade. Mas, fixarmos nosso olhar apenas no que nos faz mal, também nos retira nossa cota de ser humano. 

Ser infeliz o tempo todo, concentrados no que nos atinge ou ser feliz o tempo todo, "esquecendo" o que nos atinge,  cria uma carapaça de indiferença. E indiferença é o pior de todos os crimes!(...)


15 de mar. de 2013

Felicidade...


Felicidade pode ser uma coisa complicada. Não é fácil se feliz. Para inicio de conversa nossa sociedade não a aceita bem. Pense bem, o que vende mais noticia: Uma matéria sobre a violência nas grandes cidades ou a beleza de um pôr-de-sol?

É só olhar os jornais, até sai a matéria do pôr-de-sol, mas na capa, vemos estampados a violência. E não é só isso, até mesmo na religião, esbarramos com dogmas do tipo: é preciso sofrer para entrar no reino dos céus. 

Então o paraíso será um lugar feliz, não o aqui, não o agora. O hoje deve ser banhado em lágrimas. Na literatura, no cinema, nas músicas, a felicidade passa ao longe. Filmes com finais tristes são sempre os mais lembrados, romances tipo Romeu e Julieta emocionam gerações; nas músicas, letras que falam da solidão e da dor, tocam de hora em hora nas rádios e os cantores vendem milhões de cds.

Vivemos viciados na tristeza. Os momentos felizes passam e sequer percebemos, tão entretidos em nossas dores que estamos. 

E é com essa base que afirmo: Não é fácil ser feliz. Requer um certo esforço. Uma certa disposição. Não. Realmente não é fácil. É preciso ter disposição para ser feliz. 

Necessário antes de tudo esquecer do que está ao redor. Um exercício rotineiro de sorrisos e abraços. Pois a felicidade se inicia em um sorriso. Apenas um. Dado com vontade, sem esperar retorno nenhum. Assim de repente, ao acordar e olhar para o/a companheiro(a), acrescido de um bom dia. Ou ao entrar no elevador e encontrar aquele seu vizinho de cara amarrada. Ou no trânsito parado. Ou em qualquer lugar, a felicidade se inicia com um sorriso.

Consolida-se com a percepção do todo. No lugar de acordar apressado, pensando no quão terrível pode ser aquele dia, iniciá-lo com a expectativa de boas novas. Olhar-se no espelho com os olhos da criança adormecida em você. Os mesmos olhos que contemplaram um arco-iris pela primeira vez. 

A felicidade é construida de dentro para fora. Não adianta esperar que o outro, ou que a vida, lhe entregue assim em uma bandeija. Você tem que acreditar nela. Vivenciá-la em atos e falas. Pensar na resposta, antes mesmo da pergunta ser formulada. 

E preciso, também, esquecer o que poderia ter sido e se concentrar no que já é, mas principalmente, acreditar no que ainda estar por vir. Descobrir a importância dos sonhos e no caso, de tê-los esquecido, relembrar cada um que tenha sonhado um dia. Perceber que tocar não pode ser tão dificil. Que um abraço é o que temos de mais forte. Cabendo a nós o primeiro movimento. 

Enxergar o outro, não com os olhos embotados de desconfianças e insinuações. Mas livre do medo e das idéias pré-concebidas. Para ser feliz é necessário acreditar. No outro, na gente e na vida.

Embora isso possa parecer um manual prático de como ser feliz, não é. Por que a felicidade não se vende em supermercados ou livrarias. Não existem regras para ser feliz. Pois é uma decisão que cabe única e exclusivamente a nós mesmos. E de nada vale livros de auto-ajuda se nós não estamos dispostos a apostar na sua existência. É preciso ao acordar exclamar bem alto, para que até você mesmo ouça: Eu quero ser Feliz. E é assim, acreditando nisso, que a felicidade entrará em nossas vida.

29 de out. de 2012

Bom Dia!


Lembro de uma vizinha, que sempre que a via, desejava-me bom dia, boa tarde, boa noite, de acordo com o horário que nos esbarrávamos. Eu, bicho do mato, totalmente introspectiva, estranhei no inicio, mas aos poucos, tornou-se um hábito também meu, desejar o mesmo para ela. Aos poucos, para todos com quem de alguma forma me relacionava. Fosse a atendente do metro, o trocador do ônibus, ou as pessoas do elevador. Podia não falar mais nada com ninguém, mas bom dia, boa tarde ou boa noite eram indispensáveis.

Outro dia,  me peguei pensando nisso. Por que desejar bom dia para pessoas desconhecidas? Por que não seguir sem me preocupar com esses detalhes - até porque, muitas vezes, não ouvia uma reposta ao meu cumprimento.

Esse pensamento não me veio do nada, depois de um dia exaustivo, ao lado de pessoas, que só sabiam falar mal de outras, e de uma em particular cuja raiva e mágoa eram tão presentes em sua fala, fiquei imaginando o quanto sua fala tinha poder. Em quanto mal ela involuntariamente desejava àquelas outras pessoas, as quais agredia verbalmente. 

E, no fundo, tive certeza, de que se no momento, eu era a ouvinte daquela falácia toda, dia seguinte, seria eu o alvo. É inevitável, se falam mal de alguém para você, falam mal de você para outros.

Inconscientemente, havia tanto energia negativa destinada a outros, e ao olhar a vida da mesma, sempre com as portas fechadas, cheias de obstáculos, de conquistas interrompidas. Pensei logo na lei do retorno, onde o que desejamos para o outro, recebemos de volta...

A vida daquelas pessoas, das quais ela falava, também não andava bem: problemas, doenças. vícios... A minha própria era um exemplo disso. Até que ponto fruto de tanta energia ruim que outras pessoas emanavam para a gente?

Dai lembrei daquela vizinha, a do bom dia, boa tarde e boa noite, sempre acompanhado de um sorriso. Sei lá se ela fazia no automático, o que sei, é que ao cumprimentar alguém, desejando-lhe algo de bom, a sua palavra tem força. Tudo que existe pro mal, existe pro bem também! Então, quando desejamos alguém um bom dia,  queremos que aquele seja um dia especial, que aconteçam coisas boas na vida daquela pessoa, naquele dia. 

Quando falar mal de alguém, pense no peso de suas palavras, no que você está desejando para ela e ao mesmo tempo para você. Troque! Deseje Bons Dias, Boas Tardes e Boas Noites, de verdade, com o coração,  e quem sabe, os seus dias, os nossos dias, passarão a ser bons também?

23 de out. de 2012

Geração Espontânea?


Eles surgem de repente. No inicio tímidos, apenas figuram em algumas páginas na internet. Se agradam, começam a se proliferar e logo atingem o status de spam, percorrem então o espaço virtual na velocidade da luz. Grupos de discussão, blogs, sites, e-mails, etc. No meio do processo, na maioria das vezes, perdem a autoria. Circulam então, cão sem dono, renegados ao anonimato do autor desconhecido.

Mas, tem sempre os que se apiedem dos pobres e resolvam levá-los a adoção; E ai, segundo critérios que só Deus para explicar, os textos começam a ser vinculados à Cecília Meireles, Machado de Assis e a globais variados. 

Com algum esforço podemos identificar os métodos que indiquem o porquê das escolhas dos autores, Machado de Assis – crônicas comportamentais, Cecília Meireles ou Clarice Lispector – poesias,Heloisa Perrisé e afins – comédia sobre o universo feminino, Luiz Fernando Veríssimo – comédia sobre o universo masculino, auto-ajuda em geral – Pedro Bial. E ainda tem os que preferem personalidades atuais(seja de qualquer área), para atribuir autoria.

O problema é que não dá para atribuir a Machado de Assis um texto que verse sobre absorventes femininos, tampouco rimas que unam leu com céu como de autoria de Cecília ou Clarice, Fernando Pessoa falando sobre tvs? Definitivamente, não dá!

Isso estou falando de textos ruins, mas tem os textos, muito bons, de vários anônimos que percorrem a rede sendo creditados a outros. O que me faz pensar: Será que quem altera a autoria dos textos, ache que o Inagaki do Pensar Enlouquece ou a Karina do Mafalda Crescida não sejam bons o suficiente para seus escritos? E outros, tantos, que tiveram seus textos arrancados de si e distribuídos como de outrem, (eu mesma me enquadro nessa categoria com o texto "Querido Diário", que me foi roubado, distribuído sem a minha autoria e publicado em vários lugares, incluindo sites estrangeiros e jornais).

O que faz um texto virar spam? A qualidade do mesmo? A identificação do que está escrito com quem lê? Acredito que isso é um mistério, quase indecifrável, tipo “Tostines vende mais por que é fresquinho ou é fresquinho por que vende mais?” – mas, não importa o mistério, o principal é criarmos um hábito nesta terra de liberdade que é a web, o de pesquisar autoria antes de publicarmos um texto recebido. É rápido, fácil e o Google não morde ninguém.

Caso queira saber sobre outros casos de apropriação indébita de autoria, leia o Autor Desconhecido – de Van Lampert. É um blog de utilidade pública que mesmo desativado, ainda ajuda não só o autor a resgatar seus textos, mas támbem a tirar dúvida sobre textos que por ventura tenhamos recebidos.

Além dos textos que viram spam, outro mal tem assolado o terreno virtual recentemente, são os textos copiados e publicados, algumas vezes como se fosse da pessoa que copiou, outras, até põe o link, mas sem avisar a fonte original e com modificações. Isso é sério, é ilegal e tem nome, se chama PLÁGIO!  A Elaine Gaspareto - do blog Um Pouco de Mim,  tem sido alvo disso com uma frequência absurda!

Então, fique atento, pegar algo que não te pertence - seja foto, texto, música, etc - publicar ou distribuir sem a autorização prévia do autor NÃO PODE! 

Dizer que você escreveu algo que pertence a outra pessoa, obviamente, também NÃO PODE! E não adianta, acrescentar ou retirar nada, o texto/imagem /post continua NÃO SENDO SEU!

No mais, use na net a mesma fórmula de sucesso que deveria ser usado na nossa vida: "Não faça com os outros, o que você não quer que façam com você."  Funciona e muito!


P.S – se esse texto for parar na sua caixa de correios sem autoria, lembre-se de quem escreveu. ;o) 

17 de out. de 2012

Irritando


As semelhanças e diferenças entre homens e animais são a reação de ambos quando irritados. Os seres humanos normalmente avançam e os animais mordem. Ou o contrário. Mas, não importa. Ando numa fase terrível, quase protagonista do programa da GNT. Não que eu seja uma pessoa facilmente irritável. Sou quase uma monja budista, relax total, mais quer saber, ultimamente, tem sido terrível. Primeiro, porque estou de dieta e sou a favor de confinar pessoas que façam dietas. Tenho certeza de que a terceira guerra mundial irá acontecer quando um dos governantes estiver sem consumir açúcar há uma semana: - Eu já falei, ou me dá um pedaço da torta ou explodo um míssel em vocês!

Segundo, porque o dinheiro resolveu terminar comigo. É impressionante, uso a filosofia do segredo e mentalizo: eu amo o dinheiro, eu tenho muito dinheiro... Mas não adianta, as notinhas se recusam a entrar na minha carteira! 

Como podem ver, motivos não faltam para estar irritada, e soma-se isso a uma quantidade insuportável de pessoas que, eu tenho certeza, nasceram para me irritar. Devo ser o Karma delas, só pode! 

Quer ver? Detesto pessoas que falam alisando. Normalmente, disfarço e chego um pouco para trás. Outro dia, teve uma que, eu chegava para trás, ela chegava junto. Daí tinha uma parede e fiquei presa, lá pelas tantas, tive que interromper a conversa e perguntar se iria rolar beijo na boca, porque me alisando daquele jeito, eu já estava ficando apaixonada.

E tem aquelas que falam gozando, sabe aquela coisa de: - Ahhhh, vocêimmm nãumm podiammm fazerrr isso pra mimmm. E tem a segunda opção, tão odiosa quanto, dos que falam mijando: - vocêixxx nauxxx podia fazerrrr ixxxo pra mimmm? Pois é, e eu só tenho esbarrado com pessoas que falam assim. Tive que resolver um problema e tinha uma atendente adepta da primeira opção. Juro, tive que me conter para não mandar tirar o vibrador dentre as pernas, só isso para justificar a maneira dela falar.

E tem os miguxos. Engraçado, eles não me irritam tanto, só acho que tinham que vir com legenda. Principalmente quando escrevem. 

Finalizando meus fatores irritantes atuais, de 0 a dez, a nota máxima vai para os “incompletadores” de frase. Os que terminam tudo com etc, como assim etc? O que significa etc? Eu estava andando pela rua e etc... ora, eu posso deduzir qualquer coisa de uma frase assim: desde encontrei a mulher da minha vida até fui abduzido por um OVNI.

E a variante de etc, que é o ó. Alias, o ser humano que termina a frase com ó, normalmente começa com tipo assim. Você está lá na maior atenção e a pessoa manda: - tipo assim ó! 

Na verdade, eu estou errada, não posso me irritar com uma pessoa que fale: tipo assim ó. Esse ser é um iluminado. Capaz de resumir todo um inicio, meio e fim em apenas três palavras, se é que ó possa ser considerada uma palavra.  

E, é claro o “incompletador” mor a pessoa que responde tudo iniciando com então. – Você foi na padaria? – Então, eu fui. Ou – Você fez exame de próstata? – Então, eu fiz. Qual o problema do sim? A nova reforma ortográfica matou ele junto com o trema? Cadê os outros advérbios e conjunções? Morreram também, só pode.

Então, tipo assim ó, eu não sei como terminar esse texto e etc.

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Post Repúblicado

5 de out. de 2012

Pessoas Vampiros


Tem dois tipos de pessoas que me assustam: As pessoas vampiros e as pessoas Sith (segundo definição do marido, fã de Star Wars, são criaturas que são fortes a base de sentimentos negativos, ódio, medo, inveja, etc)

As Pessoas Vampiros às vezes nem sabem que são vampiros, normalmente são pessoas pessimistas, que acreditam piamente que tudo na vida dela dá errado e que felicidade é uma invenção burguesa.

Tudo aquilo que você conquista, incomoda esse tipo de pessoa.  E sua energia negativa é tão grande, que ela suga a sua. Por isso, uso o termo vampiro. Essa pessoa, se alimenta da sua alegria, das suas conquistas, de você!

Quando muito perto desse tipo de pessoa, eu costumo ficar logo com dor de cabeça, sonolência forte, mal estar, etc. Como ela não costuma verbalizar o quão incomoda a sua felicidade, fica difícil identificar se você está sendo ou não vampirizado, a não ser pelos sintomas  físicos.

Ah, é claro, pessoas vampiros tentam afastar os outros de você. Por isso, sempre falam mal de todos que, por ventura, tentem se aproximar. Se você se deixar emaranhar por esse tipo de pessoa, logo estará envolto em uma teia  onde só cabem vocês duas.

Então, quando sua energia não for mais forte o suficiente para ela, te trocam por outra pessoa, sem pensar duas vezes.

As Pessoas Siths são mais visíveis. Odeiam a tudo e a todos, São motivadas pela vingança. Não conversam, proferem discursos inflamados contra algo ou alguém o tempo inteiro. Falam alto demais. Falam mal demais. Julgam e condenam todos. Só ela está certa. É a dona da verdade. E a verdade dela é absoluta.  Te sufocam num mar de ódio e falácias que não permitem contraposição.

Como odeiam a tudo e a todos, nunca estão satisfeitas. Se vão a um show, falam mal do evento do inicio ao fim, se num churrasco na casa de amigos,  reclama e questiona tudo que é feito, desde a temperatura da cerveja, até a qualidade da carne,  e, é claro, sempre faria melhor, embora nunca se ofereça para fazer.

É a namorada, para quem os parentes e amigos do namorado não prestam, , é aquela sogra que odeia todas as noras, ou ainda, a chefe que nunca reconhece o valor dos funcionários.

E, não se engane, se essa pessoa fala mal de tudo e todos para você, tenha certeza de que outro a ouvirá falar mal de você também. Por que é isso que elas sabem fazer, e é isso que as mantém viva.

Embora tenha muito medo dessas pessoas, e as evite no meu dia-a-dia, volta e meia sou obrigada a esse contato, durante um tempo, não sabia o que fazer, mas hoje, ao enxergar essas personalidades, costumo respirar fundo, e as ouço com ouvidos rasos. Como é isso? É ouvir sem deixar que as palavras me atinjam. Após algum tempo monologando, percebem que embora as ouça, não estou ecoando suas energias. Na maior parte das vezes, o plano funciona, elas se calam e me deixam em paz.

(post republicado)

1 de out. de 2012

Segunda-Feira


Segunda-feira é dia de nostalgia. Mesmo com sol, reveste-se de melancolias. Dia de recomeçar. É na segunda que a gente se percebe mais velho. Que rugas antes nunca vistas parecem saltar diante de nossas retinas. Que fios brancos cansados do anonimato da henna, mesclam-se a cor de nossos cabelos.

É na segunda que a saudade da infância bate mais forte. Que as escolhas não feitas, no passado, tornam-se mais dolorosas. A gente amanhece com gosto de lembranças, a alma mais frágil. O abismo mais perto.

Segunda é dia de decisão! É o dia de começar dietas, de parar de fumar, de procurar um novo emprego. De voltar a estudar. De recomeçar aquele projeto, tantas vezes abandonado. De tentar mais uma vez. Sempre. Por que sempre tentamos mais uma vez, às segundas.

Dia de sentir um vazio no peito. Prenúncio de uma depressão que, talvez morra ao cair da noite, quando percebemos que a segunda já se foi, e que tudo que nos resta é continuar. Apostando que na próxima segunda, tudo irá ser diferente.

1 de set. de 2012

Que venha Setembro e as Boas Novas!

Foto:Ladybug wallpaper


É inevitável. Setembro chega e com ele, espectativas do possível. Não sei se são as flores ou as cores que explodem obedecendo a um ritual anual, ou se é apenas a certeza de que, em setembro as boas novas chegam, como na canção.

O que sei é que quando setembro começa, meu coração aquieta a sua eterna angústia, todo o impossível se desanuvia perante meus olhos e passo a crer em milagres.

Não, os problemas não desaparecem em setembro, mas se transformam, ou transforma-se em mim a forma de encará-los.

A dor diminui em Setembro e mesmo a minha visitante, sempre a espreita, aguardando o momento certo para o bote, exigindo janelas e portas fechadas, desaparece neste mês.

É época de janelas, portas e corações abertos. É tempo de risos, de tardes arejadas à base de conversas e planos de futuro.

Eu, que há muito, deixei de sonhar, pego-me desejando o horizonte. Ansiando por nuvens e girassóis. E querendo mais que nunca, o doce recomeçar que surge em mim. Sim, eu acredito na Primavera!

19 de fev. de 2012

Nós Que Nos Odiamos Tanto...

Você sente que está vivendo numa sociedade estranha quando a frase que mais lê/ouve no seu dia-a-dia é "Eu Odeio..." complete com qualquer coisa, afinal, parece que a moda agora é odiar. A tudo, a todos, indiscriminadamente.

Tudo que te cerca parece repleto desse sentimento, que na minha hierarquia, ocupa um lugar destinado a poucos, muito poucos, na verdade, escrevendo esse post acabo de perceber que não odeio nada, nem a ninguém. Sou eu a estranha e é melhor começar a arrumar as malas pra ir pra Nave Mãe, ou a banalização de um sentimento tão pesado é uma constante?

Fui criada aprendendo que amar é mais bonito e faz melhor ao corpo e alma do que o ódio. Sempre aprendi que o ódio pode matar. A quem odeia e a quem é o odiado.

Quem odeia ter seu carro fechado num cruzamento, pode se sentir no direito de sair e simplesmente disparar vários tiros na direção do carro que o fechou. O adolescente que odeia ser tachado de qualquer coisa no colégio, pode achar que nada mais natural que juntar outros que odeiam como ele e espancarem outro adolescente até a morte... O jovem que odeia os diferentes, seja de etnia, time, religião ou sexual, pode acreditar que seu ódio justifique um linchamento daquele que se odeia... 
E poderia aqui continuar ad infinitum com todos as consequências do que o odiar banalizado pode fazer.

Na tv assisto em realitys, participantes simularem tiros em seus adversários do jogo. Na internet leio frases e posts insistindo que o certo é ser o errado, e que ser certo é chato. E sou odiada ao questionar isso...

E dai, tem meu filho, que tem seis anos e está apreendendo esse mundão de Deus, e dai tenho medo. De verdade, porque eu não quero ensinar meu filho a odiar. Não quero que ele cresça achando que ser bom é démodé, ou entediante... Mas, também não quero que ele seja vítima de uma sociedade que odeia demais. 

Querer mais amor e solidariedade é pedir demais? Menos ódio e mais tolerância é piegas? Pois que seja! Vou assumir aqui que sou entediante e piegas, mas mesmo sendo uma voz minoritária, tenho certeza de que pode ecoar pelo menos um pouco e quem sabe, assim como a moda muda, mude também essa sintonia do ódio e entremos todos na sinfonia do amor.

7 de fev. de 2012

Reconstruindo

Alguém comentou no twitter que a vida só permitia mudanças até os 30 anos. Que depois disso, era se deixar levar pela maré e agarrar o que fosse possível. De repente me assustei. Como assim? Eu com meus 40 anos então estava fadada a ser aquilo que sou, a ter apenas o que me for dado... enfim, morri?!

Não importa se você tem 20, 30, 40 ou sei lá, 80 anos a vida está sempre em constante transformação. Tem momentos, e não importa a idade, em que você precisa se reinventar, às vezes, até mais, se reconstruir, botar abaixo tudo aquilo que um dia já foi: planos, sonhos, tudo aquilo erguido em anos a fio; pra reerguer paredes, refazer caminhos ou descobrir outros, mesmo que seu GPS esteja quebrado, insistindo em apontar estradas erradas que percorreu, não dá para parar, e se for necessário, há de se agarrar na bússola de mão e construir você mesmo os novos percursos necessários.

Óbvio, embora nada seja muito óbvio neste momento, que quando tudo rui ao seu redor, a dor, o medo do desconhecido, a certeza de que nada será como antes, pode vir a tentar de dominar e as lágrimas cheguem com força, mesmo quando em silêncio, mesmo quando ainda estampe sorrisos no rosto. E por mais que se queira deitar em posição fetal, sabe que isso nunca será possível. Que você vai se levantar e buscar naquilo tudo que se quebrou, o que ainda te faz inteira, e começar de novo.

E, se mais a frente, a vida insistir em te dizer: Ei, fudeu! Você vai se erguer de novo e mais uma vez. Ou quantas vezes for necessário. Por que é uma questão de seguir em frente, a borboleta não volta a ser lagarta, mesmo que construa casulos fictícios. 

A onda que leva castelos de areia, nunca é a mesma. Tampouco a areia que usará para construí-los novamente. 

E, sim, tenho 40 anos e não fiz o script previsto, ou fiz, mas descobri agora que esse não era o meu papel. Mas, a protagonista da história sou eu, por mais que o destino queira me fazer achar diferente...

16 de nov. de 2011

Ainda sobre Felicidade

Desde o inicio do ano que tenho a sensação de que Murphy fez acampamento por essas bandas.  Coisas simples viram emaranhados; situações corriqueiras, dramas mexicanos; A casa parece revoltada: é a cama que quebra, a bomba da caixa d'água que pifa, dá pane no luz e queima o ventilado de teto e etc As contas do mês que não fecham e a guerra, que parece eterna, para continuarmos na nossa casa, entre outras coisas.

Natural que nessas horas, ou nesses dias,  a revolta/tristeza se apodere de mim. Natural também que se instaure a vontade de ficar mais quieta e escondida, afinal, ninguém quer ser a personagem Hardy Haha (ok, acabei de denunciar a minha idade! ) rs choramingando pelas redes sociais a eterna ladainha :  "Oh, dia, oh, céus, oh, azar..."  Mas, também não dá para ficar brincado de Pollyanna o tempo todo. Tem hora que até o Jogo do Contente dá no saco.

O feriado, particularmente, foi um dia complicado e a noite, estava me sentindo extremamente esgotada, vontade monstro de chorar e tal. Foi quando apareceu o link de uma escritora que adoro - Elenita Rodrigues (ou Lena, conhecida por ser ex-BBB), mas pra mim, ela é muito mais do que isso, é uma das boas coisas que a net deixou visível. O link dizia: "Porque eu chorei... e chorei".

“Eu tive um dia terrível.” Nós dizemos isso o tempo todo. Uma briga com o chefe, enjoo, engarrafamento… É isso que descrevemos como terrível, quando nada de terrível está acontecendo.

(Até que a gente perde alguém que a gente ama... até que um acidente, uma fatalidade, uma doença rouba e leva embora pra sempre ainda que ainda merecia estar aqui... neste planeta, neste minuto, respirando, vivendo... É quando percebemos que... 


E, mesmo sabendo que aquele texto não era pra mim, foi inevitável a sensação de que eu precisava ler aquilo! Que sim, a vida pode ter seus altos e baixos, que dias ruins acontecem e dias bons também! Mas, que perder alguém que amamos transforma tudo mais em nada... 


De repente, me dei conta que preferiria todo esse ano Murphyano por décadas, se me fosse dada a escolha de poder conviver novamente com pessoas amadas que partiram tão cedo. 


Infelizmente, não posso fazer essa escolha, mas posso enxergar mais do que meu próprio umbigo, posso escolher entender que se as coisas não dão certo, são apenas coisas que não dão certo hoje! Mas, amanhã, elas podem dar, ou não... Posso aprender a lidar com todos os baixos como aprendizados e posso, principalmente, sublinhar o que acontece de melhor. Viver os altos em plenitude. 

Felicidade é questão de escolha, tristeza também. E sou eu quem decide o que escolher. Sim, querer ser feliz o tempo todo pode virar uma neurose, e é preciso pequenas pitadas de melancolia para não esquecermos da nossa humanidade. Mas, fixarmos nosso olhar apenas no que nos faz mal, também nos retira nossa cota de ser humano. 

Ser infeliz o tempo todo, concentrados no que nos atinge ou ser feliz o tempo todo, "esquecendo" o que nos atinge,  cria uma carapaça de indiferença. E indiferença é o pior de todos os crimes!

A lição que quero levar desse ano tão repleto de montanhas russas emocionais é que 2011 foi apenas mais um ano. Que coisas ruins aconteceram, mas muitas coisas boas também me cercaram. Que terminar mais uma etapa na minha vida ao lado das pessoas que amo, transforma esse ano no melhor de todos os anos. Assim como tenho certeza de que 2012 também será o melhor de todos os anos, por que eu escolhi isso! E é assim que as coisas irão ser daqui pra frente pra mim.

14 de out. de 2011

Reality (sem) Show:


- Se eu fosse branco a senhora me adotava? A mulher para. Sobressaltada. Pingo de gente à sua frente. Semi-trajado com uma bermuda vermelha. Magro. Cabelinho pixaim. A primeira reação é puxar a bolsa mais para frente. Junto do corpo. Assalto? Depois acha ridícula a sua reação. Uma criança. Apenas uma criança.

- O que você falou? - não consegue evitar o tom ríspido na voz. Ainda insegura. O olhar em torno. Ninguém a vê ali, naquela situação de risco? Resolvida, apressa o passo. O miúdo acompanha.

- Ei, tia, responde! Se eu fosse branco a senhora me adotaria?

Que situação. Se não bastasse o aborrecimento no trabalho. Agora isso. Um pivete chato, grudado no seu calcanhar.

- Menino, tenho tempo para conversa, não! Que idéia! Quer dinheiro? Toma, aqui tem uns trocados. – Empurra desajeitada, umas duas notas de um real. A mãozinha se abre, acostumada a receber esmolas. Então ele puxa. Deixando as notas caírem no chão. - Não pedi dinheiro, não tia!

- Olha o que você fez! Se não é dinheiro que você quer, me deixa em paz! Puxa a bolsa para mais perto ainda do corpo e segue. Passo firme. Dessa vez menino não a acompanha. Olha as notas no chão. Olha a mulher que se vai. Pega o dinheiro, amassa de qualquer jeito, põe no bolso da calça.

Volta para a praça, onde os outros moleques o esperam. É recebido com uma salva de vaias. Vai pro seu canto. Encolhido debaixo de uma árvore.

- Eu falei pra tu num i lá. - É uma menina. Senta ao seu lado. - Mulhé granfina, Toco. E você com essa pergunta douda. Se adotado! Esquece toco, teu lugar é aqui. Na rua, com a gente.
Ele a olha. Coração pequeno. Lágrimas brotando nos olhos miúdos.

- Sabe Nina, tem hora que num queria ser gente não. Queria ser cachorro.

- Que coisa doida Toco, por que isso?

- Eu aposto que se fosse cachorro, ela me adotava.

2 de ago. de 2011

Pequenos Defeitos: Perfeitinha

Por que as vezes me cobrava tanto que me machucava ao perceber que era apenas humana. Um dia perguntaram qual era meu principal defeito, e riram quando respondi: A busca da perfeição. Mas isso é defeito? perguntaram. Como não? Se por causa disso,esquecia, às vezes, de respirar. Tensa e retesada ad aeternum na ânsia de ser aceita. Morrendo de medo da descoberta da fraude. Pois é, quando cobramos muito de nós mesmas, achamos sempre que somos uma fraude, prestes a ser desmascarada a qualquer momento. 

E era preciso ser inteligente, bem humorada, criativa, multitarefas, tudo ao mesmo tempo agora e sem parar. Por que quando se para, é uma falha. E a falha é imperdoável

Quando errava, ou quando o planejado, se desorganizava todo perante meus olhos, batia uma angústia feroz, ataque de ansiedade desses de colocar saquinho no boca e contar até mil. Vontade de sumir da face da terra, como se todos fossem apontar dedos e falas... Medo...

Demorei a enxergar que não era o outro que me queria perfeita, mas eu mesma que me obrigava a ser o que ninguém poderia ser...

Boazinha demais, disse a amiga, numa critica sincera. É impossível ser tão polyanna assim. Jogo do contente para apagar angústias e tristezas ocultas. Mas por que? Ou pra quê ou quem?

Depois de constatado isso, não anseio mais a perfeição... Minto! Tento não querer mais a perfeição. Faço um esforço para aceitar a humanidade carregada de erros que há em mim. 

Planejamentos falham, sonhos são desfeitos, atividades saem errado... Mas nada disso muda àquela quem sou. E se não sou como você pensa, hoje não quero mais me adaptar, apenas te digo adeus e vou embora, porque, sinceramente, eu sou exatamente do jeito que posso ser.