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domingo, 22 de janeiro de 2017
domingo, 4 de dezembro de 2016
[9979] - O DILEMA DAS VOCAÇÕES...
César Palmieri Martins Barbosa 03-12-2016
O DILEMA DE PORTUGAL ENTRE A UNIÃO EUROPEIA E A SUA VOCAÇÃO ATLÂNTICA.
No pensamento estratégico português se encontra bem claro o dilema entre a integração de Portugal no sonho europeu de uma União Europeia que reconquiste a hegemonia mundial da Europa e a volta de Portugal para a sua vocação atlântica, que levou Portugal a escrever uma das mais importantes páginas da História Universal.
O Portugal como província europeia ou a realização portuguesa como centro do Mundo Português, inserido em um projeto de comércio globalizado, divide o pensamento estratégico português porque as potências europeias excluem Portugal das suas relações com os países da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, seja por criar barreiras protecionistas que dificultam, ou até impedem, as relações comerciais lusas com as suas ex-colônias, ou por tratarem por meio das matrizes de suas empresas multinacionais diretamente com os países lusófonos.
Agora, sob os riscos que pairam sob a própria existência da União Europeia, que poderá sucumbir nas eleições francesas de abril ou alemãs de maio do próximo ano, dentro de poucos meses, bastando que vença um governo anti-europeu em França ou na Alemanha, ou pior, em ambos os países, para que tudo termine no sonho europeu, Portugal move as suas peças para reavivar os seus laços com o Mundo Português, sugerindo até uma espécie de nacionalidade única, da Nação Lusófona, para surpresa dos que não estavam avisados da gravidade da situação de Portugal na União Europeia.
Cabo Verde se encontra sob a dependência do acordo cambial que sustenta o escudo caboverdiano atrelado ao euro, patrocinado por Portugal, que antes garantia a equiparação do escudo caboverdiano ao escudo português, mantendo com Cabo Verde uma ligação única em relação aos demais países lusófonos.
Em situação insustentável da sua dívida pública, Cabo Verde está sem um rumo estratégico conhecido para enfrentar a actual crise mundial, e corre o risco de sofrer uma radical mudança na sua demografia em razão da migração africana, em especial a nigeriana, pois a Nigéria , segundo a ONU alcançará a população de 400 milhões em 2050 e de 750 milhões em 2100.
O Reino de Portugal, Brasil e Algarves por interesse dos credores ingleses foi separado para melhor ser dominado e ao Brasil ficou o encargo de pagar toda a dívida do antigo reino, seguindo Portugal com o resto do Império Português, que seguiu a se endividar. Actualmente os credores internacionais, que agora não são apenas os ingleses, sentem a bancarrota da dívida portuguesa e de outros países lusófonos, em especial Cabo Verde, Angola e Moçambique como inevitável, e somente uma reunião de Portugal com o Brasil e outros países lusófonos poderá garantir a continuidade dos pagamentos devidos, pois o Brasil, apesar dos seus outros problemas, é um grande gerador de superávite de dólares em sua balança de pagamentos.
Logo, cremos que devemos aguardar as eleições de abril e maio de 2107 em França e na Alemanha para saber qual será o rumo que Portugal terá que tomar para evitar a quebra total e o caos de sua economia, e o esquema para recebimento dos seus haveres que os credores da dívida portuguesa irão engendrar.
É a nossa opinião, salvo melhor julgamento.
[9978] - HISTÓRIAS DE PIRATAS ...
Entre os piratas que terão influenciado Hollywood e os seus filmes, o capitão Bartholomew Roberts, conhecido como Black Bart (Bart Negro) fez sérios estragos nas riquezas que Portugal transportava do Brasil. O saque de ouro, açúcar e tabaco do galeão “Sagrada Família” , que esperava ao largo de São Salvador da Baía pela escolta da Frota de Lisboa, terá sido a sua mais valiosa presa. O pirata galês atacou também frotas pesqueiras na Terra Nova e navios esclavagistas na África Ocidental, passando por Cabo Verde, até que seu reino terminou numa batalha em 1772, ao largo do cabo Lopes, no actual Gabão.
Black Bart terá pilhado mais de 400 navios e foi provavelmente o pirata de maior sucesso de sempre, terminando com ele a época de ouro da pirataria. Entretanto, os mares “encolhendo” pois eram cada vez mais patrulhados pelas marinhas dos reinos que sofriam com a pirataria. O pirata inglês Barba Negra morreu em 1718, o capitão Kidd tinha sido enforcado em Londres em 1701.
Entretanto, os arqueólogos continuam a maravilhar-nos com descobertas de destroços dos navios de alguns piratas e corsários famosos. Os destroços do “ Quedagh Marchant” do capitão Kidd, foram finalmente encontrados ao largo da República Dominicana.
Ainda hoje, nem sempre é possível distinguir o mito da realidade no que respeita à pirataria. A título de exemplo, mesmo a nacionalidade e origem de Cristóvão Colombo, continua um dos maiores mistérios em aberto, sendo apenas certo que não era genovês. Historiadores têm estudado documentos que referem Pedro Coulão (referido outras vezes com grafia “colom”, “colon”, “colombo”…) como corsário ao serviço de Portugal desde 1470, atacando navios de Veneza e Génova (entre outros) conforme relatam, em várias situações, os arquivos das nações…”
(Pesquisa de A. Mendes)
Continua..
“Museu do Mar S. P.”
domingo, 23 de outubro de 2016
[9824] - I B É R I A ?!...
NewAdventures,Lda. |
Movimento Partido Ibérico.
A ideia de unir Espanha e Portugal, com o intuito de juntar interesses comuns e de lutar em prol de dois países capazes de unir forças, passou a ter representantes e quer chegar ao poder, mesmo que haja um longo caminho pela frente.
Em Espanha, o Íber já é um partido legal e liderado por Casimiro Sánchez Calderón (ex-PSOE). Em Portugal, é Paulo Gonçalves que representa do Movimento Partido Ibérico e, em entrevista ao Notícias ao Minuto, explicou os grandes pilares do projeto, os objetivos e os maiores entraves.
Confrontado com a ideia de um país Ibéria, o responsável sugeriu que se veja esta união como uma espécie de União Europeia em ponto pequeno, em que os países não deixam de o ser em prol da união. “Quando se fala de uma União Ibérica falamos de uma união de interesses comuns entre Portugal e Espanha e também outros países de expressão ibérica espalhados pelo mundo”, realça.
“Não estamos aqui para apagar Portugal, nem estamos aqui para apagar Espanha do mapa.”
Baseado em três grandes pilares, o Movimento Partido Ibérico pretende que haja partilha de ministérios (com dois ministros, um português e um espanhol) com o intuito de poupar recursos e de pensar em leis ibéricas, não esquecendo que Defesa, Justiça e Administração Interna podiam ser liderados separadamente.
Outra das ideias do projeto prende-se com a criação de um Banco Central Ibérico que, assume Paulo Gonçalves, não aconteceria de “hoje para amanhã”, mas cuja pretensão seria monitorizar e fiscalizar as entidades financeiras e estudar uma possível saída do euro.
Questionado sobre alguns dos ambiciosos objetivos do partido, como entrar no G8 e ser a quinta maior economia da Europa, Paulo Gonçalves atira: “Nós sabemos que se quisermos voar em direção a uma janela do quinto andar, temos de começar a fazer pontaria para o décimo”.
Paulo Gonçalves garante que um dos maiores entraves está no facto de, numa fase “embrionária”, haver muitas dificuldades em chegar a pessoas que “tenham qualidade e capacidade”, sendo “muito difícil convencer alguém que tenha um estatuto na sociedade”, porque as pessoas não se querem envolver em projetos fora do normal. (in Notícias ao Minuto)
quinta-feira, 8 de setembro de 2016
[9664] - OS ELEFANTES AFRICANOS...
Até recentemente, acreditava-se que havia apenas duas espécies vivas de elefantes: o elefante-africano e o elefante-asiático. Neste contexto, o elefante-da-savana e floresta correspondiam a variedades de uma mesma espécie. No entanto, estudos genéticos realizados com o objectivo de controlar o tráfico ilegal de marfim trouxeram à luz diferenças intrínsecas entre as variedades. Apesar das diferenças, é conhecido que os elefantes-da-floresta e savana podem produzir híbridos. Os elefantes-africanos (género Loxodonta) dividem-se em duas espécies atuais e três extintas:
Elefante-da-savana (Loxodonta africana), de mandíbula curta e larga, orelhas mais pontiagudas, presas de marfim encurvadas e mais corpulento. A subespécie, actualmente extinta, L. a. pharaoensis foi o animal caçado e domesticada para servir nos exércitos da antiguidade como elefante de guerra, utilizados por persas e cartagineses. Os machos desta espécie chegam, em média, a medir 3,30 metros de altura aos ombros e a atingir 5,5 toneladas de peso, o que faz deles os maiores animais terrestres existentes.
Elefante-da-floresta (Loxodonta cyclotis), mandíbula longa e estreita, orelhas mais arredondadas, dimensões menores (nunca maiores que 2,5m de altura), presas rectilíneas e com um tom rosado. A subespécie L. c. pumilio é natural da bacia do Rio Congo e tem menores dimensões.
Outras espécies entretanto extintas devido, principalmente, à caça desordenada, existiram:
Loxodonta adaurora, (precursora do elefante-da-savana), Loxodonta atlantica e Loxodonta exaptata...
Estes gigantes terrestres, do género Loxodonta surgiram durante o Pliocénico, entre 5 e 2 milhões de anos atrás.
sexta-feira, 2 de setembro de 2016
segunda-feira, 8 de agosto de 2016
[9540] - DJA BRAVA INQUIETA...
Portugal vai enviar para Cabo Verde dois especialistas em geofísica e geologia, para colaborarem com as autoridades locais, na definição de um plano para responder às possíveis consequências da atividade sísmica que se tem intensificado, na ilha Brava.
Os dois especialistas vão fazer parte de uma equipa de Avaliação e Coordenação das Nações Unidas (UNDAC) no terreno, tendo o envio desta equipa resultado de um pedido feito pelo governo de Cabo Verde ao Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (UN/OCHA), para apoio a esta potencial crise sísmica.
A UN/OCHA decidiu enviar uma equipa e solicitou ao Centro de Coordenação de Respostas de Emergência [Emergency Response Coordination Centre (ERCC)], integrada no Mecanismo Europeu de Proteção Civil, o apoio de dois peritos nas áreas da geofísica e da geologia.
Segundo nota da Autoridade Nacional de Proteção Civil (ANPC), o pedido foi encaminhado para todos os Estados-membros, tendo a escolha recaído nos peritos portugueses, no caso, o professor José Madeira, do Departamento de Geologia da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, e Rachid Omira, do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA).
Os dois especialistas têm partida marcada para hoje e para quinta-feira, dia 11 de agosto, com destino à Ilha Brava, estando previsto que a missão se prolongue por duas semanas.
Coube à ANPC, enquanto ponto focal nacional do ERCC, avaliar os pedidos de apoio e indicar os peritos a disponibilizar, assim como “agilizar todos os contactos de forma a projetar os peritos nacionais e a sua integração em equipas multinacionais”.(Observador)
terça-feira, 28 de junho de 2016
[9382] - GOODBYE BRITAIN...
DE ABANDONO EM ABANDONO - PRIMEIRO, DA UNIÃO,
ONTEM, DO EUROPEU - A BRITÂNIA ESTÁ CADA VEZ
MAIS ISOLADA DO MUNDO REAL!
quarta-feira, 8 de junho de 2016
[9303] - ESTAREMOS CONDENADOS?!
A NOSSA CIVILIZAÇÃO CAMINHA PARA A ENTROPIA?
No dia 12 do passado mês de Maio, assisti no Convento de Cristo, de Tomar, a uma conferência proferida pelo coronel Nuno Lemos Pires sobre geopolítica − “Ameaças e riscos tangíveis e intangíveis, do global ao nacional”. O conferencista, fazendo uso de uma linguagem clara e elucidativa, e servindo-se de ilustrações convincentes, descreveu e analisou o cenário das múltiplas ameaças que impendem actualmente sobre o homem e o planeta: a degradação ambiental; a exploração económica irracional dos bens naturais; o esgotamento das reservas de água doce; a explosão demográfica nas regiões mais carenciadas; o terrorismo internacional e os conflitos regionais incontroláveis; o êxodo das populações em direcção às regiões mais ricas, etc.
Confirmou-se-me a impressão pessimista de que o geossistema (conjunto formado pelo sistema ecológico e o sistema social) é neste momento um compósito perigoso e pouco recomendável para o futuro da humanidade.
Recentemente, li um artigo de José António Saraiva intitulado “INTERCÂMBIO TÊXTIL”, publicado no jornal Sol. Nele afirma que “há diversas provas de que a nossa civilização está a chegar ao fim. Uma delas consiste na perda de referências que durante séculos permitiram organizar o pensamento”. E fundamenta o seu diagnóstico apontando a arte e as suas tendências actuais, desde a pintura e a música ao cinema e à literatura, como a maior evidência desse fenómeno. Mas não chega a insinuar se essa perda de referências exprime ou não em si mesma uma intenção de arte.
Depois adianta que “não só nas artes se perderam as referências”. E então cita comportamentos sociais aberrantes que denotam falta de nexo: cabelos cuidadosamente despenteados; fralda da camisa por fora das calças; sapatos a que se retiram os atacadores. Tudo sinais a aparentar desprezo pelas convenções, “mas que no fundo representam exactamente o contrário: um seguidismo cego em relação à moda”. E remata assim: “As calças compradas na loja já rotas constituem o exemplo máximo de uma civilização que chegou ao fim da linha e já não consegue inventar mais nada. Então põe-se a rasgar deliberadamente a roupa nova. É o nonsense no seu máximo esplendor!”.
Mas esse olhar de José António Saraiva abarca apenas a espuma da realidade, e é por isso que lhe basta a arte para fundamentar os seus juízos. De outro modo, teria de descer ao terreno da antropologia e da ciência política. Sim, a arte permite toda a metáfora possível, porque os nossos preconceitos culturais são incapazes de lhe impor limites, quer ao seu abstraccionismo quer à sua ânsia de transgressão. O fenómeno das “calças rotas” e outros comportamentos similares são indícios do esgotamento dos nossos padrões de satisfação, de ruptura com as convenções, e de algum modo enquadram-se numa prosaica intenção de arte ou filosofia de vida, talvez reivindicando um qualquer “neo-existencialismo”. É como se a História e a Cultura nos tenham colocado num beco sem saída.
No entanto, só o homem ocidental se pode dar ao luxo de querer subverter as referências do real, trocando as voltas ao mapeamento da sua caminhada. Resolvidos quase todos os seus problemas, incapaz já de se surpreender com o que a sociedade de consumo lhe oferece, sobra-lhe disponibilidade mental para a alienação e até para a mistificação de si próprio. Isto porque subjaz ao mundo das futilidades a espessura de uma realidade outra, bem crua e tenebrosa, onde é inútil usar subterfúgios para iludir o que quer que seja. É, com efeito, a realidade dos lugares do mundo onde o viver custa e dói imenso, onde escasseia a comida, a água e os medicamentos, onde, enfim, a vida se prende por um fio. Aí não sobra tempo para interpelar o sentido da existência, a razão de se estar vivo ou morto, quanto mais para subir a proscénios do ilusório.
Nada mais ilustrativo que esta tirada final do discurso do José António Saraiva: “Entretanto, para dar algum sentido útil a uma moda sem sentido nenhum, arrisco-me a fazer uma sugestão. Sugiro às empresas de confecção têxtil que façam convénios com ONGs actuando em países do terceiro mundo para enviarem para lá jeans novos – recebendo em troca jeans velhos e usados. Que têm mais valor do que os que se vendem nas lojas, porque foram envelhecidos pelo uso e não de modo artificial. E que podem inclusive ter andado na guerra, exibindo rasgões feitos em combate ou mesmo buracos de balas.”
Eis, pois, a verdade dura e crua sobre a realidade de um mundo assimétrico, esquisito e cada vez mais instável e perigoso. No conforto das nossas latitudes “primeiro-mundistas” podemos ter dificuldade em lobrigar que tudo se agravou nas últimas décadas e que a ameaça generalizada não é uma ficção: em breve faltará água no planeta para matar a sede da totalidade dos seus habitantes; a produção alimentar não acompanhará o desmesurado crescimento populacional, enquanto os ecossistemas vão destruir-se sem remissão; hordas de milhares e milhares de seres humanos demandarão os territórios onde supõem encontrar a segurança e a sobrevivência, como aliás já está a acontecer; de permeio, os conflitos regionais e de expansão imprevisível poderão ser a pólvora para acelerar a derrocada.
Todo este cenário resulta da acumulação de sucessivas transgressões que o homem vem cometendo no ecossistema planetário, para satisfazer os seus modelos económicos e sociais. Existem neste momento mais de 7 bilhões de seres humanos no mundo, em que 25% estão abaixo da linha da pobreza e 75% consomem mais recursos do que permite a capacidade de recuperação do planeta. É inimaginável a dimensão que pode vir a atingir a disputa dos espaços vitais. Há quem preveja que o cenário para as próximas décadas é de caos ambiental e humano. Já em 1972, a equipa londrina de The Ecologist publicava um documento cuja conclusão não deixava de ser inquietante: “É lógico recear que, num futuro próximo, ultrapassaremos o limite, na brutalidade dos nossos empreendimentos sobre o meio, e que, por uma série de efeitos acumulados, provoquemos a derrocada da nossa civilização”.
Ora, quarenta e quatro anos decorridos, quem pode desmentir a severidade angustiante daquela previsão? O homem aperfeiçoou as ferramentas da ciência e da técnica e no entanto paradoxalmente parece mais longe de si próprio, como o demonstram as aberrações do seu comportamento cultural, de que o fenómeno das “calças rotas” é apenas um exemplo menor. Invocando Jeremy Rifkin, cabe perguntar se não estamos já às portas da entropia, ou seja, da desordem irreversível.
Tomar, 6 de Junho de 2016
Adriano Miranda Lima
terça-feira, 7 de junho de 2016
[9294] - ESCRAVATURA, HOJE!...
O “Índice de Escravatura Global 2016” coloca Cabo Verde como o quarto país lusófono com “escravos modernos”, depois de Angola, Guiné-Bissau e Moçambique e à frente do Brasil e de Portugal...
O índice da Fundação australiana Walk Free considera que existem em Cabo Verde 2.400 pessoas em situação de quase escravatura (0,453% da população), tendo por base cinco critérios – “apoio a sobreviventes”, “justiça criminal”, “coordenação e responsabilidade”, “risco de escravatura moderna” e “Governo e negócios”. São nele analisados 167 países, entre os quais oito dos nove países lusófonos.
Angola, com 0,638% da população (159.700 pessoas), é o país lusófono em pior situação (43.º lugar), seguindo-se a Guiné-Bissau (46.º, com uma estimativa de 11.400 “escravos modernos”, o que representa 0,620% da população) e Moçambique (66.º – 145.600 – 0,520%).
A Guiné Equatorial surge na 127.ª posição (2.500 “escravos modernos”, 0,295% da população), Timor-Leste (130.ª – 3.500 – 0,286%), Portugal (147.ª – 12.800 – 0,123%) e finalmente Brasil (151.ª – 161.100 – 0,078%). Cabo Verde figura em 85.º lugar (2.400 pessoas- 0,453%).
Índia (18,3 milhões de indivíduos estimados), China (3,4 milhões) Paquistão (2,1 milhões), Bangladesh (1,5 milhões), Uzbequistão (1,2 milhões), Coreia do Norte (1,1 milhões) e Rússia (1,04 milhões) são os sete países acima do milhão de “escravos”, facto que resulta de serem dos países mais populosos do mundo.
Em contrapartida, Luxemburgo (100 pessoas), Islândia (400), Barbados (600), Nova Zelândia (800), Irlanda (800) e Noruega (900) são os países com menor índice de “escravatura moderna”.
(Liberal)
sábado, 28 de maio de 2016
[9257] - O SILÊNCIO DAS INOCENTES...
Para mim, iniciou-se hoje, oficialmente, a época da "caça à sardinha assada", com pouca batata e muito pimento...
Não foi, no entanto, uma estreia de bons augúrios: as "clupeideae", enormes, eram magras como modelos de alta costura, grávidas a mais não poderem e chamuscadas como se tivessem estado sob fogo de Napalm... Uma desgraça completa, aliada à mais completa ausência se sal... Salvavam-se os pimentos - verdes e encarnados -assados no ponto!
Ao olhar, mais triste que faminto, os despojos das inocentes sacrificadas, não consegui ignorar os inchados pares de ovas que cada exemplar ostentava, uma espécie de prenuncio de muitos milhares de outras sardinhas, bem mais jovens e saborosas, decerto, do que aquelas vetustas matriarcas que, apanhadas nitidamente fora de época ou de pesqueiro, não conseguirão cumprir a sua função de maternidade e constante renovação da espécie...
Será por estas e por outras razões de idênticos quilates que existe um permanente e preocupante défice do numero dos cardumes o que obriga a que todos os anos se observarem longos períodos de inactividade piscatória, única forma de repor os "stocks" exauridos por praticas pouco recomendáveis quando não criminosas!
sexta-feira, 29 de abril de 2016
[9174] - AS ORIGENS DO MAL...
DO FAMIGERADO “ESTADO ISLÂMICO”
Volto ao assunto do extremismo islâmico, por ser de actualidade, com algumas achegas, de modo a facilitar a compreensão da tragédia. Apoio-me, sobretudo, em dois livros, “O Crescente e a Cruz”, de Jaime Nogueira Pinto, e “O Novo Estado Islâmico”, de Patrick Cockburn, do jornal Indepent, considerado o melhor jornalista em serviço no Iraque, e no artigo Penser le jihadisme, de Fouad Laroui, na revista La Revue. Interessa-me apontar os responsáveis pela criação e entretenimento dos movimentos jihadistas e do Estado Islâmico (EI) ou Daech e a desmistificação da maioria das ideias vendidas no Ocidente pelos media atribuindo as culpas a Assad, Kadafi e ao Irão. Não pretendo apontar a solução para o problema mas tão-somente assinalar a via que poderá levar os contendores a entenderem-se, a deixarem de se guerrear e a unir esforços contra o EI, o que redundaria em benefício deles e da humanidade em geral.
A animosidade árabe e muçulmana contra o Ocidente, sobretudo contra os EUA, vem de longe, mas exacerbou-se a partir de 1948 com a criação do Estado de Israel na Palestina. O território, ocupado pelos palestinos, deveria ser repartido por Israel, e a Palestina – dois Estados - ao que se opuseram os palestinos por o considerarem terra deles. Daí nasceu a Organização da Libertação da Palestina (OLP) dirigida por Arafat, que acreditava ser capaz de “atirar os judeus ao mar”. Longa luta com violência de parte a parte, ocupação de mais território por parte de Israel, que foi vencendo as guerras, havendo tentativas diversas, sem sucesso, no sentido de um entendimento, que só teve possibilidade de solução depois de a OLP ter reconhecido o direito de existência de Israel como Estado, ao lado deles, noutro Estado, o da Palestina. Esta solução esteve em vias de se realizar, com o apoio dos EUA, no tempo do Primeiro-Ministro I. Rabin, mas gorou-se com o assassinado deste por um extremista judeu, visto os seus sucessores, ultraconservadores, terem feito marcha atrás.
A aceitação, em 1949, de Israel como membro da ONU, foi condicionada à criação do Estado da Palestina e o regresso dos palestinos que foram forçados a abandonar as suas casas durante a guerra de 1948, o que nunca se concretizou, dado que os EUA apoiaram sempre Israel com o seu veto no Conselho de Segurança todas as vezes em que as deliberações da ONU lhes eram desfavoráveis, além de apoio maciço em dinheiro e material bélico. Tudo isso funcionou como espinha irritativa para os árabes e muçulmanos contra os EUA e o Ocidente. Obviamente, que enquanto Israel contar com o apoio incondicional dos EUA contra as deliberações da ONU – o que se poderia justificar durante o tempo em que a OLP não reconhecia a existência de Israel como Estado, mas não depois - a questão palestiniana permanecerá, bem como a animosidade dos árabes e muçulmanos contra o Ocidente e os EUA. A criação do Estado da Palestina, advogada por todo o mundo menos os EUA e um ou outro Estado que toma bençon nos EUA, criaria um ambiente de paz e até de colaboração entre Israel, o Estado da Palestina e outros Estados vizinhos com benefícios mútuos, com abandono da política suicidária da direita israelita.
A atracção exercida sobre alguns jovens do Ocidente pela jihad é consequência das suas precárias condições de vida em bairros degradados das grandes cidades, sem perspectivas futuras e sem emprego, o que os leva, primeiro, à radicalização, e depois, à conversão. São rebeldes, portanto facilmente influenciáveis, à procura de uma causa radical, não importa qual, e de um ou outro psicopata para as degolações.
A Síria foi sempre governada por ditador; ao pai sucedeu o filho Assad, mas a sua população vivia relativamente bem, num Estado laico de minoria alauita, havendo igualdade de direitos entre homens e mulheres. Condenando-se o regime sírio por ser uma ditadura, com maiores razões se condena a Arábia Saudita, uma teocracia governada por uma família (Saoud, que deu o nome ao país), sem constituição, a qual é substituída pela Sharia, pelos aspectos mais primitivos e desumanos do Alcorão (em comparação poderíamos dizer que funciona como se um Estado cristão se governasse pelo Levítico a substituir constituições), do mesmo modo que se condenaria o Bahrein, os EAU e outros emiratos do Golfo Pérsico. Na Síria, as várias religiões e seitas viviam em paz, o que não acontece na Arábia Saudita e outras dinastias e Estados islâmicos, onde as mulheres são autênticas escravas dos homens; na Líbia, um dos primeiros actos dos “libertadores e lutadores pela democracia”, após a queda de Kadafi provocada pela intervenção do Ocidente, foi a exigência da legalização da poligamia, banida durante a ditadura de Kadafi. Tal como sucede com o Boko Haram, na Nigéria, os militantes islâmicos que lutam no Iraque e na Síria, não vêm nenhum impedimento religioso na escravização de mulheres como despojos de guerra.
Com a chamada Primavera Árabe, iniciada na Tunísia com o derrube do seu ditador, pensou-se ser fácil derrubar também Assad na Síria, até por haver um grande mal-estar no país após reacção violenta do regime contra os contestatários em consequência de quatro anos de seca que levaram grande parte da população rural a fugir da miséria para a periferia das cidades. Daí nasceu a ideia de apoiar os revoltosos contra o regime de Assad com apoio maciço do Ocidente, da Arábia Saudita, Turquia e outros países muçulmanos, à semelhança do que se passou na Líbia, com o fim de levar a democracia ao povo sírio. Com esse apoio, essencialmente de países sunitas e de seitas do sunismo, criou-se um ambiente de guerra civil, desestabilizando-se o país, mas sem conseguir derrubar o regime de Assad que passou a ter o apoio da Rússia, Irão e Hezbollah.
O nascimento do EI foi a mudança mais radical na geografia do Médio Oriente desde a implementação dos Acordos Sykes-Picot que redesenharam as fronteiras do Médio Oriente, e as promessas feitas aos árabes pelos ingleses durante a Primeira Guerra Mundial foram traídas. Enquanto o EI se torna a força principal de oposição na Síria, o Ocidente e os seus aliados regionais convenceram-se de que a segunda força militar mais poderosa na Síria era o EI e, se derrubassem Assad, essa força ocuparia o vazio. A partir daí, quando os ataques aéreos começaram contra o EI, os americanos informavam o regime de Assad e não os chamados rebeldes “moderados”, por já não confiarem nestes, ao terem constatado que os membros do EI ficavam contentes quando eram enviadas armas sofisticadas aos rebeldes que combatem Assad, porque poderiam sempre obter esse equipamento através de ameaças de violência, de pagamento em dinheiro ou livremente quando os “moderados” ingressavam no EI. Este só controla uma capital das catorze da Síria sob o controlo do regime de Bashar Assad.
O EI é liderado desde 2010 por al-Baghdadi, mais violento do que qualquer dos líderes terroristas de outras facções de al-Qaeda sediadas no Paquistão. As suas victórias militares devem-se também à participação de militares do exército de Saddam, exército desmantelado estupidamente por ordem de Bush e que passou a dar o seu contributo à luta contra os EUA ao lado do EI. As suas victórias fulgurantes em Trikit, Mossoul e noutras cidades deveram-se igualmente ao facto das populações dessas cidades terem colaborado por julgarem tratar-se de um movimento de libertação. Interessante é esse energúmeno, que se auto intitula de califa, ter tido uma educação esmerada com um diploma em Estudos Islâmicos, incluindo poesia, história e genealogia da Universidade de Bagdade. Este figurante faz-nos recordar os líderes dos Khmers Vermelhos, no Camboja, esses facínoras que, para aterrorizarem os adversários, mataram ou mandaram matar milhões dos seus conterrâneos, tendo, muitos deles tido uma formação superior no país (França) da liberdade, igualdade e fraternidade. Como entender a desumanidade e a tragédia na zona do Globo (Oriente Fértil) onde nasceu a civilização Ocidental, há cerca de dez mil anos antes da Era Cristã?!!
A ascensão rápida do EI foi grandemente auxiliada pelo levantamento dos sunitas na Síria em 2011, que encorajou os seis milhões de sunitas do Iraque a revoltarem-se contra a marginalização política e económica a que foram sujeitos desde a queda de Saddam e o estabelecimento do regime liderado pelo Primeiro-ministro al-Maliki, regime dominado pela corrupção.
O Wahhabismo (que deveria chamar-se abismo de contradições) é uma religião fundamentalista do Islão do século XVIII, e impõe a Sharia. Relega as mulheres para a condição de cidadãos de segunda classe e considera os sunitas (donde deriva) e os xiitas como não muçulmanos, e persegue os judeus e cristãos. A ideologia do EI é grandemente inspirada no wahhabismo, mas actualmente a monarquia saudita está receosa do Ei, dado que, embora professando a mesma fé, o seu líder defende o derrube dessa monarquia. É de se dizer que a Arábia Saudita está com medo do monstro Frankenstein que criou, embora seja tarde para esse rebate de consciência. O Príncipe bin Sultan, antigo embaixador da Arábia Saudita nos EUA e director dos Serviços Secretos saudita de 2012 a 2014, fez tudo o que podia para apoiar a oposição jihadista até ao seu afastamento. John Kerry também criticou, embora em privado, o Príncipe bin Sultan acusando-o de ter orquestrado toda a campanha de deposição do governo de Assad. O mesmo se passou com a Turquia, ao manter aberta a sua fronteira de 900 km com a Síria para os combatentes do EI, facilitando o seu abastecimento e escoamento do petróleo roubado na Síria e Iraque.
Vejamos algumas declarações de governantes americanos relativamente a esse imbróglio da crise síria e criação do EI.
Em 2009, numa mensagem revelada pelo Wiki Leaks, a secretária de Estado, HIllary Clinton, queixava-se de que o principal financiamento dos grupos terroristas sunitas em todo o mundo provinha das redes da Arábia Saudita.
O vice-presidente americano, Joe Biden, disse no Forum John Kennedy Jr. que a Arábia Saudita, a Turquia e os Emiratos Árabes Unidos estavam muito determinados em derrubar Assad, e, basicamente, em participar indirectamente numa guerra entre sunitas e xiitas. Canalizam milhões de dólares e toneladas de material bélico para quem estivesse disposto a lutar contra Assad. Ainda acrescentou que, na Síria, os EUA tinham descoberto “não haver combatentes moderados porque os moderados eram comerciantes e não soldados”.
Um estudo do Parlamento Europeu, datado de 2013, intitulado “O movimento do Salafismo/wahhabismo no apoio e fornecimento de armas a grupos rebeldes em todo o mundo”, dizia: “A Arábia Saudita tem sido uma das principais fontes de financiamento das organizações rebeldes e terroristas desde a década de oitenta”. As autoridades americanas sabiam disso, mas nunca tomaram nenhuma medida contra a Arábia Saudita.
Outro progenitor de al-Qaeda, dos talibãs e movimentos jihiadistas foi o Paquistão, por intermédio dos seus serviços secretos militares e de informação. “A guerra contra o terrorismo” falhou, depois de se ter gastado biliões de dólares por ter errado o alvo, a Arábia Saudita, o Paquistão, os emiratos árabes. E isso aconteceu e continua a acontecer por os EUA não quererem ofender dois países que são aliados importantes, muito próximos do Pentágono, grandes compradores de armas e bases militares americanas. Além disso, a Arábia Saudita e seus satélites, acordaram com os EUA só aceitar dólares na venda do seu petróleo, que os outros produtores de petróleo respeitam.
Da entrevista recente na RTP dos ex-primeiros-ministros Guterres e Durão Barroso podemos reter, no que interessa para este artigo, que a melhor via de solução para a questão síria é uma trégua entre o governo sírio de Assad e os chamados “rebeldes moderados”, o que permitiria aos dois lados aplicarem os seus recursos no combate ao EI e reduziriam os ódios e receios comunitários que lhe dão origem. Em boa verdade, a chamada “coligação de esforços” incluindo países como a Arábia Saudita e outros Estados que professam a mesma religião (sunitas e suas seitas) não deseja fazer qualquer esforço para enfrentar o EI, enquanto os excluídos, como o exército sírio, o Irão (xiita), os curdos do PKK (organização considerada terrorista pela Arábia Saudita e EUA) e o Hezbollah (também considerado terrorista pelo Ocidente) são as forças no terreno dispostas a lutar contra o EI e os falsos moderados, com apoio da Rússia.
Parede, Fevereiro de 2016
Arsénio Fermino de Pina
(Pediatra e sócio honorário da Adeco)
Arsénio Fermino de Pina
(Pediatra e sócio honorário da Adeco)
[9173] - EM GUERRA HÁ MAIS DE 5.000 ANOS...
Crê-se que o primeiro grande confronto bélico da história da humanidade remonte a mais de 2.700 anos A.C. Mas, as mais antigas batalhas sobre as quais existem evidências claras, ocorreram em 2.525 A.C. quando deflagrou um sério conflito armado na Suméria (sudeste do Iraque) entre Lagash e Umma, cidades-estados daquela conflituosa zona.
Transcendendo a simples curiosidade do facto histórico ressalta a triste conclusão de que os humanos andam, afinal, há mais de cinco mil anos a matarem-se uns aos outros... São bem elevados os custos da civilização!
segunda-feira, 25 de abril de 2016
[9157] - OS CRAVOS DA REVOLUÇÃO...
Mais de quarenta anos transcorridos, ainda hoje me interrogo porque diabo haveria eu e outras centenas de milhares, como eu de, subitamente sermos forçados a emigrar para o nosso próprio país porque, finalmente, se havia inventado a liberdade...
Podem crer que, nem eu, nem a grande maioria das outras centenas de milhares, somos inimigos da liberdade, do constitucionalismo, da democracia... O que nos dói é que esses três pilares da perfeição político-social, para se implantarem, tivessem provocado um tal tsunami de vítimas inocentes, acabado por permitir a implantação de regimes onde campeiam o oportunismo, a demagogia, a corrupção...
E isso significa que todos esses milhares de cidadãos, descendentes de gerações que, deste extremo da Europa, ao longo de séculos, seguiram as rotas dos navegadores de quinhentos foram forçados a regressar às origens que já não eram as suas, em nome de valores mais altos que, afinal, falharam em toda a linha, ou quase...
É por isso que, por muito que o tempo passe não conseguimos extirpar este sentimento de amargura das nossas memórias!
sexta-feira, 22 de abril de 2016
[9148] - O HOMO OBESUS...
Julga-se que um terço da população do chamado mundo civilizado sofre de obesidade e, a meu ver, a culpa foi da descoberta do fogo pelos homens das cavernas...
Quando, pela primeira vez, um troglodita se lembrou de passar pelo fogo uma peça de javali previamente salpicada com uma mão cheia daquela sal-gema recentemente posta a descoberto por um terramoto, lá nos fundos da caverna, estavam a ser inventados dois ícones do mundo moderno: o churrasco e a hipertensão...
E os humanos - ou para-humanos - viram a sua dieta brutalmente alterada, das raízes, bagas, frutos e carnes cruas para os grelhados, para os cozidos, para os assados, para os guisados, tudo, cada vez mais condimentado, mais salgado, mais apetecível e, então, a malta que, até então comia para viver, passou a viver para comer iniciando, também, o seu processo imparável de aumento volumétrico com a inevitável proliferação de doenças mais ou menos suportáveis, mais ou menos fatais... E, então, foram inventados os feiticeiros, os curandeiros, e charlatães afins, antepassados venerados dos médicos mas que, ao que se sabe, parece que matavam menos...E, como se prova, nem uns nem outros conseguiram manter a humanidade a comer decentemente...
É que, comer bem (!), é hoje um acto social de importância quase transcendente e a nível familiar, nacional, internacional, institucional ou não, tudo se comemora à volta de uma mesa, onde se come e se bebe à tripa forra... Depois, já em casa, descalços e em cuecas, é vê-los e vê-las a engolirem compensans e borbulhantes sais-de-frutos para atrasar a azia e acelerar a digestão o que, no entanto, não evita outra noite horrível às voltas na cama e o acordar com os olhos remelosos e a boca com aquele gosto pastoso a papeis de música, apesar dos alka-seltzer!
Não sei o que será mais perigoso para o mundo civilizado: se o terrorismo, se a obesidade mórbida... Como seria bom o regresso a um mundo de paz e de frugalidade, sem medos nem ventres gigantescos, em que cada um respeitasse o outro e a si próprio, livremente!
quarta-feira, 23 de março de 2016
[9043] - FUNDAMENTALISMOS...
Quando, em 1095, o Papa Urbano II mandou organizar a Primeira das oito Cruzadas à Terra Santa, é natural que se tenham lançado ao solo as primeiras sementes dos fundamentalismos religiosos modernos...
Quando, em 1945, o Presidente Roosevelt, dos Estados Unidos, se encontrou com o rei Ibn Saud, da Arábia Saudita e obteve vantagens em matéria de acesso ao petróleo, fornecimento de armas e outros negócios mais ou menos chorudos, oferecendo, em troca, a complacência americana sobre os usos e costumes da monarquia absoluta que aí continua a reinar, foi como se os mesmos solos fossem abundantemente adubados dando amplo espaço ao recrudescimento de antagonismos fundamentalistas de que a Al-Qaeda foi e é, o exemplo mais visível...
Mas, essa organização do milionário saudita Bin-Laden não andava, nem anda sozinha no terreno, igualmente disputado pelo Boko Haram, pelo Daesh e outros, em que o extremismo islâmico se expressa num ódio visceral à Europa mas não, como poderia pensar-se, à recente Europa da União pois esse antagonismo é histórico, residindo nos fundamentos daquilo a que poderíamos chamar de espírito europeu, construído sobre os escombros do Império Romano, e do pensamento de homens como Cícero, que moldaram a nossa identidade civilizacional burilada por outros, como Voltaire, quiçá, o europeu mais odiado pelos radicalistas islâmicos...
O terror que, nos últimos anos, vem recrudescendo, com os ataques a Nova Iorque, Londres, Madrid, Paris, Bruxelas, para só referir o Mundo Ocidental, é mais uma etapa da luta pelos valores europeus e, se a Europa conseguiu sobreviver aos seus próprios erros, vencendo o feudalismo, a inquisição, o nazismo, o comunismo, as guerras intestinas e os ódios mesquinhos, conseguirá, certamente, encontrar os caminhos que hão-de levar ao restabelecimento da paz global sem a perda da nossa identidade, dos nossos valores, das nossas convicções, do nosso humanismo, em suma, do nosso europeísmo!
segunda-feira, 14 de março de 2016
[9008] - QUINHENTOS E TREZE ANOS DEPOIS...
RESTOS DE NAVIO DA ARMADA DE VASCO DA GAMA
DESCOBERTOS EM OMÃ...
Em comunicado, o ministério salientou que o navio português, que estava incluído numa das armadas de Vasco da Gama com destino à Índia naufragou em 1503 durante uma tempestade ao largo da ilha Al Hallaniyah, na região Dhofar, de Omã.
O Ministério do Património e da Cultura (MPC) de Omã informou que o local do naufrágio foi inicialmente descoberto pela empresa britânica Blue Water Recoveries Ltd. (BWR) em 1998, no 500º aniversário da descoberta de Vasco da Gama do caminho marítimo para a Índia.
Contudo, o ministério só deu início ao levantamento arqueológico e à escavação em 2013, tendo sido desde então realizadas mais duas escavações em 2014 e 2015, com a recuperação de mais de 2.800 artefactos.
Os principais artefactos, que permitiram identificar o local do naufrágio como sendo a nau Esmeralda, de Vicente Sodré, incluem um disco importante de liga de cobre, com o brasão real português e uma esfera armilar e um emblema pessoal de D. Manuel I.
A mesma fonte indicou que foram também encontrados um sino de bronze, com uma inscrição que sugere que o navio data de 1498, cruzados de ouro, cunhados em Lisboa entre 1495 e 1501 e um moeda de prata rara, chamada Índio, que D. Manuel I terá mandado fazer especificamente para o comércio com a Índia.
"A extrema raridade do Índio (só se conhece um outro exemplar no mundo inteiro) é tal, que possui o estatuto lendário da moeda "perdida" ou "fantasma" de D. Manuel I", adiantou o MPC de Omã.
Na nota, é também referido que "o projeto foi gerido conjuntamente por este ministério de Omã e por David L. Mearns da BWR, tendo-se respeitado rigorosamente a Convenção da UNESCO para a Proteção do Património Cultural Subaquático de 2001". (Pesquiza de A.Mendes - in DN)
sábado, 12 de dezembro de 2015
quinta-feira, 19 de novembro de 2015
[8662] - O ROSTO OCULTO DA BARBÁRIE...
Voltou a acontecer no coração da Europa aquilo que, ao fim e ao cabo, é vulgar e quase rotineiro em outros quadrantes geográficos ─ Médio Oriente, sobretudo. Dizer, como se ouviu, que se tratou de uma retaliação do Daehs por causa da participação francesa na guerra da Síria, pode não passar de uma grosseira simplificação ou de uma conclusão precipitada. Calhou à França como podia e pode calhar aos países com semelhante grau de exposição ao risco de atentados do género, quer pela sua geografia quer por conterem no seu seio comunidades islâmicas fornecedoras de mão-de-obra terrorista. Ou seja, têm emcomum o factor proximidade.
A onda de choque emocional que um atentado desta natureza e dimensão provoca num país ocidental é incomparavelmente superior ao que acontece em outras paragens. É ver os casos mais recentes ocorridos na Turquia, no Líbano e no Kweit, para não falar do palco sangrento quotidiano em que ordinariamente se tornaram a Síria, o Iraque e o Afeganistão, regiões essas onde, de facto, os mesmos trágicos acontecimentos não suscitam idêntico grau de repercussão mediática no Ocidente, nem sequer uma reacção com a mesma exaltação à escala internacional. E no entanto a vida humana é um valor absoluto e sagrado; uma vez vitimada por puro exercício de barbárie devia provocar a mesmíssima comoção e repulsa em todo o planeta, independentemente do grau civilizacional, da raça e da religião.
Foi noticiado que a França reagiu aos ataques terroristas do passado dia 13 com uma severa intervenção aérea contra alvos jihadistas na Síria, provocando avultados danos. Isto implica algumas interpelações, não pelo acontecimento em si mas pelo pressuposto de causalidade. É que cabe perguntar se o problema da ameaça centrada na Síria se resolve com simples reacções casuísticas ou de retaliação. Mais, se foi possível o êxito de semelhante acção, é de perguntar também por que essa e outras mais intervenções enérgicas não se inscrevem num quadro táctico-estratégico devidamente concebido e concertado entre as nações que se dispõem a derrotar o autoproclamado Daehs. Ou será que a cada ataque pontual ocorrido em território europeu se vai continuar a responder com simples acções isoladas e que não cortam a cabeça da serpente?
Tal como sucedeu com o caso Charlie Hebdo, voltamos a ver as mesmas proclamações solenes de Hollande e seus pares europeus e ocidentais de dar luta sem quartel ao terrorismo internacional. Mas foi como se estivéssemos a rever o caso Charlie Hebdo, como se o tempo nada tivesse produzido como ensinamento. Parece que algo está a tolher o ânimo e a capacidade de decisão de quem de direito. E assim se instala a desconfiança de que o problema criado na Síria, assim como em todo o Médio Oriente, tem um “bas-fond” aonde não se pode ir sem que a máscara não caia ou não se venha de lá emporcalhado. Na recente reunião dos G20 na Turquia, o tema do terrorismo acabou por constituir o centro da agenda. Obama e Putim foram vistos em pose grave e compenetrada na abordagem do problema do Daehs. Mas com que certezas se fica quando o diplomata e conselheiro do Kremlin Iuri Ushakov vem dizer que "os objectivos estratégicos em relação ao combate contra o Daehs são, numa questão de princípios, muito similares, mas há diferenças na vertente táctica"? É que a diferença pode estar precisamente na vertente táctica.
Pois é, o grau de comprometimento e culpabilidade das potências ocidentais perante o caos em que se tornou o Médio Oriente é tal que elas não se atrevem a um jogo aberto na tessitura de uma estratégia clara e determinada para liquidar o Daehs e tolher a ameaça à segurança internacional que ele representa. Ora, essa organização não é mais do que o resultado perverso de décadas de envolvimento político dos EUA e da Europa no Médio Oriente. Em princípio, destruir esta monstruosidade é relativamente fácil mediante uma acção militar de forças coligadas que se disponham a ir ao terreno e correr os riscos de uma confrontação em toda a linha e inevitavelmente com custos humanos. Porque se uma acção militar convencional em campo aberto produz resultados para os quais existem tabelas e cálculos de previsibilidade, enfrentar um adversário kamikaze em áreas urbanas (combate de rua e de porta em porta) implica baixas consideráveis e numericamente semelhantes para ambos os contendores.
Além disso, os EUA têm cicatrizes ainda muito vivas de conflitos anteriores em que se envolveram com duvidosa legitimidade jurídica e moral, o que deve constituir um sério óbice psicológico, cientes do embaraçoso escrutínio que é hoje propiciado pelos media na cobertura dos conflitos armados. Combater o Daehs representa, por outro lado, uma dolorosa confrontação com o rosto inconfundível das suas políticas espúrias, quando se sabe que essa aberração que é o Daehs foi, e é, armada e subsidiada por aliados americanos na região como a Arábia Saudita, o Katar e Israel, e por indústrias de material bélico e organizações económicas ocidentais. Do mesmo modo que a Al Qaeda foi um instrumento dos EUA na luta travada no Afeganistão contra a URSS, o Daehs é hoje o produto inesperado da confrontação de dois eixos de interesse no Médio Oriente: EUA-Arábia Saudita-Katar versus Irão-Síria-Hezbollah. E no meio deste cenário temos uma Europa que, pelo circunstancialismo geográfico, é a vítima mais a jeito da mão prolongada do Daehs, e contudo uma Europa pusilânime e sempre à espera que os EUA façam o trabalho sujo de lhe guardar a casa. Uma Europa que se desarmou, que licenciou a sua vontade de investir na defesa, uma Europa tolhida por medos quase atávicos desde a II Guerra Mundial. Ainda há pouco, o presidente Cavaco Silva afirmou que Portugal apoia numa acção contra o Daehs mas sem pensar no emprego de forças militares. Porém, foi animador ouvir a François Holand que não vai cumprir o tratado orçamental para poder investir convenientemente na defesa. Oxalá alguma ilação tire a União Europeia.
Uma coisa é certa. Se se quiser tirar a máscara ao Daehs, é possível que choque a consciência ocidental constatar que o rosto que se desnuda tem mais que um avatar, fruto de políticas erradas do passado remoto e do mais recente. Mas a partir do momento em que a segurança o exige, o Ocidente tem de assumir todos os riscos, mesmo o de se confrontar com os dejectos da sua consciência. É o preço para a sua segurança.
Tomar, 17 de Novembro de 2015
Adriano Miranda Lima
sexta-feira, 9 de outubro de 2015
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