O MEU ORGULHO
Lembro-me o que fui dantes. Quem me dera Não lembrar! Em tardes dolorosas Lembro-me que fui a primavera Que em muros velhos faz nascer as rosas! As minhas mãos outrora carinhosas Pairavam como pombas... Quem soubera Por que tudo passou e foi quimera, E por que os muros velhos não dão rosas! São sempre os que eu recordo que me esquecem... Mas digo para mim: "Não me merecem..." E já não fico tão abandonada! Sinto que valho mais, mais pobrezinha: Que também é orgulho ser sozinha E também é nobreza não ter nada!
INCONSTÂNCIA
Procurei o amor, que me mentiu. Pedi à vida mais do que ela dava; Eterna sonhadora edificava Meu castelo de luz que me caiu! Tanto clarão nas trevas refulgiu, E tanto beijo a boca me queimava! E era o sol que os longes deslumbrava Igual a tanto sol que me fugiu! Passei a vida a amar e a esquecer... Atrás do sol dum dia outro a aquecer As brumas dos atalhos por onde ando... E este amor que assim me vai fugindo É igual a outro amor que vai surgindo, Que há-de partir também... nem eu sei quando...
Florbela Espanca
postado por marlene de goes
2 comentários:
Beleza,Marlene, começando pelas lindas rosas e a poesia! beijos,chica, tudo de bom, obrigadão pelo carinho sempre!
Florbela Espanca é sempre uma excelente escolha. Que lindas rosas minha amiga.
beijinhos
Maria
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