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terça-feira, março 15, 2022

MEMÓRIA--1


artigo na SEARA NOVA de Janeiro de 1965







visado pela
COMISSÃO DE CENSURA

terça-feira, maio 24, 2016

Memórias VIVAS!

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24.05.2016

Leituras na manhã…

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De Waldemar Cruz, no Expresso Curto:

O QUE ANDO A LER E A OUVIR

Na madrugada do dia 1 de janeiro de 1962 um grupo de militares e perto de trinta civis armados promove uma revolta contra o regime de Salazar. Sob a influência do general Humberto Delgado tentam tomar o quartel de Infantaria 3 de Beja e, com essa ação, contam desencadear uma insurreição geral. A operação falha e o capitão Varela Gomes, o militar que decidira tornar irreversível a depois chamada Revolta de Beja, fica ferido com gravidade. Há dezenas de prisões. Delgado chega a Beja quando já tudo está perdido. Varela Gomes passa uma semana entre a vida e a morte. Transferido para Lisboa, fica mais de dois anos em isolamento até começar a ser julgado em julho de 1964. Quando questionado pelo presidente do Tribunal Plenário se voltaria a pegar em armas contra o regime de Salazar, Varela Gomes recorre à ironia. Afirma que essa opção seria impossível, nas circunstâncias ali presentes, com a sala cheia de agentes da PIDE. Nas alegações finais surge uma resposta mais elaborada à pergunta antes colocada pelo juiz. Na verdade, impedido de momento de repetir a ação, nem por isso deixava de proclamar um voto que era sobretudo um apelo: "que, quanto antes, outros triunfem onde nós fomos vencidos". Menos de doze anos depois acontecia o 25 de abril. O episódio é relatado no livro cuja leitura ontem mesmo iniciei. Trata-se da biografia do coronel João Varela Gomes (1924), agora publicada pelo jornalista António Louçã. Na sequência daquele episódio, é afastado do Exército e entregue à PIDE.Passa seis anos nas cadeias do fascismo, sobretudo em Peniche. Reintegrado nas Forças Armadas após o 25 de abril, assume um papel marcante em todo o processo revolucionário, em particular na 5ª Divisão do MFA. Na sequência do 25 de novembro de 1975 vê-se forçado a sair do país para evitar a prisão. Permanece em Moçambique e Angola. Regressa em 1979 ao abrigo de uma Lei da Amnistia. Frontal, incómodo, lutador, com uma vivência riquíssima, é ainda hoje uma personagem polémica. Ao percorrer a vida do militar, Louçã apresenta uma leitura possível do seu papel e posições em momentos centrais da vida política portuguesa, antes e depois do 25 de abril. Designadamente num tempo sempre marcado por múltiplas interpretações, como é o "chamado Verão quente" de 1975. Embora confesse a sua amizade e admiração para com o biografado, o autor sublinha que "uma vida de luta não precisa de lendas que a enalteçam", pelo que opta por apresentar uma vida "com a sua verdade", sem escamotear contradições, ou a determinação que sempre caracterizou o velho militar.

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Ao ler isto, foi funda a emoção pela lembrança de como conheci (e me "ajudou") o capitão Varela Gomes, há 55 anos! (antes do "caso de Beja"), numa campanha eleitoral para a Assembleia Nacional - nas aproveitadas farsas eleitorais para se continuar a luta contra o fascismo -, em que um militar dava a cara quando o fascismo não recuava perante nada, nem perante a guerra nas colónias.

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... "isto" depois de, ontem, ter terminado o dia a ouVer o António Borges Coelho a contar episódios da sua vida e da nossa História no programa estórias do tempo da outra senhora, na RTP2.

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Há memórias a não esquecer, há regressos de quem tem de estar sempre connosco!

domingo, abril 03, 2016

Virado para o passado? NÃO! Voltado para o futuro.

Em 1996 (há 20 anos!... e já, então, a escrever memórias...), escrevi isto, agora encontrado na indispensável e periódica "limpeza":

A(s) memória(s) incómoda(s)

Convidávam-nos, e ouviam-nos, quando éramos a voz isolada, quando  só nós destoávamos dos consensos sobre os "caminhos europeus".

Atribuiam-nos o estatuto de contra-prova. Como o do controlo anti-doping que só serve para confirmar que o atleta "foi à compota". Nós éramos os "contra a Europa", os catastrofistas, os que serviam para mostrar como "eles" tinham razão, razão que até se confirmava porque nós, "estes"!, estávamos em desacordo.

Convidavam-nos, pouco mas q.b. para sermos a horrenda bruxa madrasta que realça beleza e bondade das Brancas de Neve.

Depois, os tempos correram, como é próprio dos tempos (e também das Alices e mais figurantes do País das Maravilhas), pois não há tempo sem que tempos corram. Bastaram poucos os anos dos tempos corridos para confirmar o que previmos e prevenimos.

Falamos da "Europa", claro, e de Maastricht, e da moeda única, e das crises que não são ou já foram mas sofremos, e das especulações e contradições que a realidade mete pelos olhos dentro, e do desemprego, e da pobreza, e da exclusão.

Falamos, claro, de todas as "surpresas" que deram cabo de todas as previsões de quem tem credibilidade para fazer previsões e mais credibilidade ganha quanto mais previsões falha.

E deixámos - conjunturalmente? - de ser convidados. Ou melhor, as portas dos Centros Culturais de Belém e afins que nos são abertas são as das plateias para ouvirmos e homologarmos presencialmente o que outros disserem de cima de palcos ou estrados, das cadeiras de debitadores de certezas ou das estantes de conferencistas.

Aí, se ouvirá o que lemos em todos os jornais que dão relato do que por lá se passa, com destaque de protagonistas. As profundas análises, os lúcidos comentários, as preclaras (e displicentes) explicações de... porque é que foi assim e não como tinha sido previsto (por "eles"...). Depois, com a força de quem pode, com o saber de quem tem os livros e os códigos, retomam o papel de ditadores do futuro. Do futuro que não será, que os trairá!

Nós, ignorantes que somos... "vemos, ouvimos e lemos, não podemos ignorar", como escreveu a Sofia e o Fanhais cantava.

Mas o problema é a memória. Não a nossa, que é natural que não esqueçamos o que por nós foi dito e escrito. O que previmos e prevenimos. Até porque assim (mais ou menos) aconteceu. O problema, e grande, não é a nossa memória, é a de quem nos teria ouvido e lido e, eventualmente - não esquecido aquilo que até escrito está!

O facto é que deixaram - conjunturalmente? - de nos convidar para as mesas pluralistas-mas-não-demais, sobretudo quando se corre o risco de aparecerem (im)pertinentes confrontos entre previsões, razões e causas. Et pour cause...


06.02.1996