Páginas

Mostrando postagens com marcador Mário Quintana. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Mário Quintana. Mostrar todas as postagens

terça-feira, agosto 14

Certezas

Não quero alguém que morra de amor por mim…
Só preciso de alguém que viva por mim, que queira estar junto de mim, me abraçando.
Não exijo que esse alguém me ame como eu o amo,
quero apenas que me ame, não me importando com que intensidade.
Não tenho a pretensão de que todas as pessoas que gosto, gostem de mim…
Nem que eu faça a falta que elas me fazem, o importante pra mim é saber que eu, em algum momento, fui insubstituível…
E que esse momento será inesquecível..
Só quero que meu sentimento seja valorizado.
Quero sempre poder ter um sorriso estampando em meu rosto, mesmo quando a situação não for muito alegre…
E que esse meu sorriso consiga transmitir paz para os que estiverem ao meu redor.
Quero poder fechar meus olhos e imaginar alguém…
e poder ter a absoluta certeza de que esse alguém também pensa em mim quando fecha os olhos,
que faço falta quando não estou por perto.
Queria ter a certeza de que apesar de minhas renúncias e loucuras,
alguém me valoriza pelo que sou, não pelo que tenho…
Que me veja como um ser humano completo, que abusa demais dos bons
sentimentos que a vida lhe proporciona, que dê valor ao que realmente
importa, que é meu sentimento… e não brinque com ele.
E que esse alguém me peça para que eu nunca mude, para que eu nunca
cresça, para que eu seja sempre eu mesmo.
Não quero brigar com o mundo, mas se um dia isso acontecer, quero ter
forças suficientes para mostrar a ele que o amor existe…
Que ele é superior ao ódio e ao rancor, e que não existe vitória sem humildade e paz.
Quero poder acreditar que mesmo se hoje eu fracassar, amanhã será outro dia,
e se eu não desistir dos meus sonhos e propósitos,
talvez obterei êxito e serei plenamente feliz.
Que eu nunca deixe minha esperança ser abalada por palavras pessimistas…
Que a esperança nunca me pareça um “não” que a gente teima em maquiá-lo de verde e entendê-lo como “sim”.
Quero poder ter a liberdade de dizer o que sinto a uma pessoa, de poder
dizer a alguém o quanto ele é especial e importante pra mim,
sem ter de me preocupar com terceiros…
Sem correr o risco de ferir uma ou mais pessoas com esse sentimento.
Quero, um dia, poder dizer às pessoas que nada foi em vão…
Que o amor existe, que vale a pena se doar às amizades e às pessoas,
que a vida é bela sim, e que eu sempre dei o melhor de mim…
e que valeu a pena.

Mário Quintana

quinta-feira, agosto 4

Só um lembrete do Quintana ...




  A vida é o dever que nós trouxemos para fazer em casa.
Quando
se vê, já são seis horas!
Quando se vê, já é sexta-feira...
Quando se vê, já terminou o ano...
Quando se vê, perdemos o amor da nossa vida.
Quando se vê, já passaram-se 50 anos!
Agora é tarde demais para ser reprovado.
Se me fosse dado, um dia, outra oportunidade, eu nem olhava o relógio.
Seguiria sempre em frente e iria jogando, pelo caminho, a casca dourada e inútil das horas.
Desta forma, eu digo:
Não deixe de fazer algo que gosta, devido à falta de tempo,pois a única falta que terá, será desse tempo que infelizmente não voltará mais.'

Mário Quintana

sábado, maio 28

Canção para uma valsa lenta


Minha vida não foi um romance...
Nunca tive até hoje um segredo.

Se me amas, não digas, que morro,
de surpresa…
de encanto…
de medo...

Minha vida não foi um romance...
Minha vida passou por passar.
Se não amas, não finjas que vivo,
 esperando um amor para amar.

Minha vida não foi um romance...
Pobre vida…
passou sem enredo...
Glória a ti que me enches a vida
De surpresa, de encanto, de medo!

Minha vida não foi um romance...
Ai de mim…
Já se ia acabar!
Pobre vida que toda depende
De um sorriso...
de um gesto...
um olhar...
Mário Quintana

quarta-feira, março 9

Casa da Cultura Mário Quintana

O antigo Hotel Magestic, além de fazer parte da história de Porto alegre, abriga a Casa de Cultura Mário Quintana, sendo inaugurada para visitação pública no ano de 1990.
A Casa, conta com muitos espaços como teatros, acervos, salas para oficinas...
para mim o mais impresionante é o quarto do poeta, é um espaço em que parece que o ilustre poeta saiu para tomar um café e logo retornará para seu descanso.
Sim fiquei encantada, pois é um ponto preservado da cultura gaúcha e brasileira.

O quarto do poeta

Mário por Mário

Nasci em Alegrete, em 30 de julho de 1906. Creio que foi a principal coisa que me aconteceu. E agora pedem-me que fale sobre mim mesmo. Bem! Eu sempre achei que toda confissão não transfigurada pela arte é indecente. Minha vida está nos meus poemas, meus poemas são eu mesmo, nunca escrevi uma vírgula que não fosse uma confissão. Ah! mas o que querem são detalhes, cruezas, fofocas... Aí vai! Estou com 78 anos, mas sem idade. Idades só há duas: ou se está vivo ou morto. Neste último caso é idade demais, pois foi-nos prometida a Eternidade.
Nasci no rigor do inverno, temperatura: 1grau; e ainda por cima prematuramente, o que me deixava meio complexado, pois achava que não estava pronto. Até que um dia descobri que alguém tão completo como Winston Churchill nascera prematuro - o mesmo tendo acontecido a sir Isaac Newton! Excusez du peu... Prefiro citar a opinião dos outros sobre mim. Dizem que sou modesto. Pelo contrário, sou tão orgulhoso que acho que nunca escrevi algo à minha altura. Porque poesia é insatisfação, um anseio de auto-superação. Um poeta satisfeito não satisfaz. Dizem que sou tímido. Nada disso! sou é caladão, introspectivo. Não sei porque sujeitam os introvertidos a tratamentos. Só por não poderem ser chatos como os outros?

Exatamente por execrar a chatice, a longuidão, é que eu adoro a síntese. Outro elemento da poesia é a busca da forma (não da fôrma), a dosagem das palavras. Talvez concorra para esse meu cuidado o fato de ter sido prático de farmácia durante cinco anos. Note-se que é o mesmo caso de Carlos Drummond de Andrade, de Alberto de Oliveira, de Erico Verissimo - que bem sabem (ou souberam) o que é a luta amorosa com as palavras.

(Texto escrito pelo poeta para a revista IstoÉ de 14/11/1984)


Mário por outros...

- ""Um poema sem outra angústia que a sua misteriosa condição de poema" - foi assim que ele definiu sua poesia e, em parte, se definiu. Culltivava, sem dúvida, uma nostalgia existencial que os críticos julgaram expressão de passadismo. A sutileza de seu humor chegava às vezes à total irreverência, a visão lírica da aventura humana, o menino atrás da vidraça, o homem que mora dentro dele mesmo: o poeta.(...) Foram os jovens que descobriram Quintana, já ancião mas ainda poeta". Carlos Heitor Cony

- "Sem dúvida, foi o maior poeta do Rio Grande deste século". José Paulo Paes

- "É um poeta de excepcional delicadeza. A sua poesia se destaca por ser simples, suave e profunda". Antônio Callado

- "Uma poesia ( a de Quintana) difícil, porque intensamente alusiva, e de um humor sutir, irredutível.Uma clareza ilusória, porque de um instrumento multívoco. Aí está o segredo dos grandes poetas..."
Fausto Cunha
-  "MarioQuintana é o mais simples dos poetas brasileiros do século XX, e um dos mais difíceis. Dá a impressão de dizer as coisas mais comuns, as coisas que todo o mundo imagina que é capaz de dizer. Só que Quintana as diz como ninguém é capaz de dizê-las.Usa uma música verbal e um ritmo tão fino que não se percebe.A sua poesia é endovenosa.Quando o indivíduo nota, a poesia já entrou nele, penetrando-lhe o coração e a mente. É poeta tão simples que sua genialidade só é descoberta - como a luz das estrelas -muitos anos depois de ter brilhado!" Armindo Trevisan

- "Ele consegue o milagre de prolongar a infância.(...) Uma nostalgia, uma faz-de-conta, um reino mágico". Hélio Pólvora

- “...Alguns dos teus poemas e muitos dos teus versos não precisam estar impressos em tinta e papel: eu os carrego de cores, às vezes, brotam espontaneamente de mim como se fossem meus. De certo modo, são meus, e hás de convir que a glória maior do poeta é conceder essas parcerias anônimas pelo mundo...". Paulo Mendes Campos (em carta á Mario Quintana)

segunda-feira, dezembro 20

Felicidade Realista

    A princípio bastaria ter saúde, dinheiro e amor, o que já é um pacote louvável, mas nossos desejos são ainda mais complexos.
    Não basta que a gente esteja sem febre: queremos, além de saúde, ser magérrimos, sarados, irresistíveis. Dinheiro? Não basta termos para pagar o aluguel, a comida e o cinema: queremos a piscina olímpica e uma temporada num spa cinco estrelas.
     E quanto ao amor? Ah, o amor... não basta termos alguém com quem podemos conversar, dividir uma pizza e fazer sexo de vez em quando. Isso é pensar pequeno: queremos AMOR, todinho maiúsculo. Queremos estar visceralmente apaixonados, queremos ser surpreendidos por declarações e presentes inesperados, queremos jantar a luz de velas de segunda a domingo, queremos sexo selvagem e diário, queremos ser felizes assim e não de outro jeito.
    É o que dá ver tanta televisão. Simplesmente esquecemos de tentar ser felizes de uma forma mais realista. Ter um parceiro constante pode ou não, ser sinônimo de felicidade. Você pode ser feliz solteiro, feliz com uns romances ocasionais, feliz com um parceiro, feliz sem nenhum.
    Não existe amor minúsculo, principalmente quando se trata de amor-próprio. Dinheiro é uma benção. Quem tem, precisa aproveitá-lo, gastá-lo, usufruí-lo. Não perder tempo juntando, juntando, juntando. Apenas o suficiente para se sentir seguro, mas não aprisionado. E se a gente tem pouco, é com este pouco que vai tentar segurar a onda, buscando coisas que saiam de graça, como um pouco de humor, um pouco de fé e um pouco de criatividade.
    Ser feliz de uma forma realista é fazer o possível e aceitar o improvável. Fazer exercícios sem almejar passarelas, trabalhar sem almejar o estrelato, amar sem almejar o eterno.
    Olhe para o relógio: hora de acordar É importante pensar-se ao extremo, buscar lá d entro o que nos mobiliza, instiga e conduz, mas sem exigir-se desumanamente. A vida não é um jogo onde só quem testa seus limites é que leva o prêmio.
    Não sejamos vítimas ingênuas desta tal competitividade. Se a meta está alta demais, reduza-a. Se você não está de acordo com as regras, demita-se. Invente seu próprio jogo. Faça o que for necessário para ser feliz. Mas não se esqueça que a felicidade é um sentimento simples, você pode encontrá-la e deixá-la ir embora por não perceber sua simplicidade. Ela transmite paz e não sentimentos fortes, que nos atormenta e provoca inquietude no nosso coração. Isso pode ser alegria, paixão, entusiasmo, mas não felicidade.

Mário Quintana

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...