A jornada de pesca chegou ao fim, ruma-se ao porto, pensamentos sobre os resultados do dia, e o que a eles levou, envolvem-nos, como que prolongando o prazer de mais uma deliciosa jornada e, quase inconscientemente, fazemos comparações com resultados, melhores ou não tão bons, de outras jornadas, em épocas idênticas, nos mesmos pesqueiros, ou em outros.
Não sei se acontece convosco, mas comigo sempre assim terminam as jornadas de pesca, sendo que tais pensamentos se prolongam, em análises e reflexões contínuas, até que volto para a família e outros afazeres, tornando a assolar-me nos tempos livres, em seco.
Muitos dos pensamentos, análises e reflexões referidas, têm sido partilhados convosco através das linhas que vou escrevendo, espalhadas no tempo, mas, de vez em quando, importa dar-lhes uma orientação, como direi..., talvez mais prática.
Na última de três saídas de pesca com pessoal amigo, relativamente iniciado nestas lides, em que as pescarias foram bastante regulares, em qualidade e quantidade, quando navegava para o porto dei comigo a pensar que para além destas assim terem corrido, também as anteriores, desde Julho/Agosto, assim como muitas outras, principalmente quando a frequência de pesca é mais assídua, se têm revelado, com algumas excepções, normalmente produtivas.
Tais pensamentos levaram-me, logo em seguida, para questões relacionadas com os factores sorte e azar, muito badalados nesta nossa actividade, fazendo-me inicialmente pensar que sou um "sortudo", o que de facto tenho sido, com a saúde e a hipótese de pescar assiduamente, mas, no que respeita a capturas, já não acredito tanto, pois seria muita sorte junta.
Então, lembrei-me que muita da minha "sorte" na pesca, poderá estar sediada nas Atitudes e Comportamentos, os quais têm vindo a ser afirmados em muitos dos escritos que por aqui tenho produzido, parecendo-me no entanto carecerem de reflexão específica, ordenada e prática, para melhor entendimento, meu, e de quem lê o que escrevo.
No sentido de identificarmos alguns conceitos, analisemos algumas frases, normalmente ouvidas em conversas habituais em círculos diversos de pescadores...
"... para mim o que interessa é ir pescar. Se der, deu, se não der, logo dá para a próxima".
Esta dá para tudo...
Ouve-se muito a pescadores que vieram de papo cheio, assim como a outros a quem a coisa não correu bem.
Independentemente das intenções com que se profere, tem contido um conceito com forte ligação à influência dos factores sorte/azar.
"... hoje não havia peixe", ou, "o peixe não queria comer".
Neste caso, porque o peixe habita e come no mar, ou o pesqueiro foi mal escolhido, ou o fundeio mal efectuado, ou o peixe queria outras iscas/formatos de iscadas, ou ainda, desistiram de pescar antes da hora do peixe ficar activo a comer.
Pode acontecer, por exemplo, na época de desova/acasalamento das Douradas, atendendo a que, em determinada hora, de determinado dia, enquanto os bichos estiverem a tratar da "vidinha" deles, não comem. Certo é que, com marcações de sonda ricas de actividade, não raro, só começam a comer a determinadas horas do dia, mas como andam por ali e não querem ser incomodadas, os peixes miúdos são "chutados" e também não comem.
Para todos os efeitos, esta é outra frase típica onde é forte o crédito nos conceitos relacionados com os factores sorte/azar.
Mas ainda mais engraçado é que habitualmente, quando um pescador "carrega" de peixe, tende a achar que sabe muito, e até explica como foi; tem o melhor material do mundo e usou da melhor forma a única e melhor tratada isca. Se a coisa correr mal, na maioria dos casos, este mesmo pescador atribui o seu desaire aos factores sorte/azar.
Fica a questão: então se soube tanto quando capturou, como é que sabe tão pouco quando se verificou o contrário?
Mas ainda mais engraçado é que habitualmente, quando um pescador "carrega" de peixe, tende a achar que sabe muito, e até explica como foi; tem o melhor material do mundo e usou da melhor forma a única e melhor tratada isca. Se a coisa correr mal, na maioria dos casos, este mesmo pescador atribui o seu desaire aos factores sorte/azar.
Fica a questão: então se soube tanto quando capturou, como é que sabe tão pouco quando se verificou o contrário?
Muitas outras frases se ouvem, atribuindo culpas a quem comanda o barco, ao material, ao lugar em que pescou no barco, mas, de forma recorrente, raramente se ouve um pescador assumir que hoje não lhe correu bem porque acha que falhou, aqui ou ali, se desinteressou, não soube reagir a adversidades, fez tudo igual a muitos outros dias, num dia diferente, em suma, assumir a sua falta de conhecimento sobre os peixes, os pesqueiros onde actuou, a adequação de iscas e materiais face às condições de mar e vento que se apresentaram e um conjunto de outros factores.
Certo é que o conhecimento sobre determinados assuntos, só se consegue adquirir quando a nossa atitude for assumir que desconhecemos e, a partir daí, estudarmos, observarmos, perguntarmos, praticarmos, testarmos, modificarmos, e assim sucessivamente, repetindo os ciclos de aprendizagem, ao longo da vida.
Caso o não façamos, vamos baseando a nossa pesca essencialmente na qualidade e quantidade de materiais que vamos adquirindo, continua e compulsivamente, deixando aos factores sorte/azar a grande fatia sobre o controlo dos resultados da nossa pesca.
Face ao descrito e tentando alinhar pensamentos, parece-me existirem duas grandes áreas onde devemos investir no sentido de melhorar a nossa pesca:
- Conhecimento
- Atitudes e Comportamentos
Conhecimento:
Tentando ordenar, em termos de áreas, deixo-vos a minha opinião sobre o conjunto de conhecimentos, entre outros (nunca são demais), que se devem tentar adquirir, e continuamente melhorar:
- Tipologia de fundos e razões da sua relação com a visita e/ou permanência das espécies que procuramos, em épocas determinadas, o que farão deles zonas de pesqueiros, ou não.
- Comportamento das espécies que se procuram, tendo em conta alimentação, acasalamento e relação entre profundidades e épocas mais produtivas.
- Adequação de iscas naturais, mortas ou vivas, ou artificiais, tendo em conta espécies a capturar, pesqueiros onde se actua, técnica de pesca em uso e momento de determinada jornada.
- Aquisição e adequação de materiais, para além de modas e marcas, tendo em conta as funções que devem cumprir em cada técnica utilizada, simplificando-os o mais possível, sempre considerando os factores de conhecimento anteriores.
A ordenação e divisão das quatro áreas acima referidas não querem dizer que estão divididas ou que deverão ser abordadas à vez, e por ordem. Estão directamente relacionadas, não têm fronteiras e devem ser consideradas interdependentes no processo de aumentar os nossos conhecimentos, tanto teóricos, quanto práticos, sobre as mesmas.
Vejamos exemplos práticos:
Considerando a presente época e, mais uma vez, a pesca direccionada às Douradas, deveremos procurar dominar, em simultâneo, um conjunto alargado de conhecimentos, como sejam:
Tipos de fundo, profundidades, comportamentos da espécie ao longo da acção de pesca, iscas, iscadas, materiais, técnicas em uso, e, muito importante, como aplicar tudo isto, nos locais e à hora certa, face às condições de mar e vento que se apresentarem logo de início, tendo em conta que poderão alterar-se ao longo da jornada, influindo negativa ou positivamente no pesqueiro ou zona de pesqueiros onde se actua, sendo que tal poderá obrigar a alterações de fundeio, de técnica e eventualmente de iscas e formatos de iscadas.
Por exemplo..., sem aguagem, as Douradas poderão pairar em fundos entralhados, junto às bases de estruturas rochosas, mais ou menos importantes, e até sobre os seus bicos, abrindo um leque de opções e técnicas, todas elas passíveis de bons resultados.
Na presença de aguagem, e dependendo da sua intensidade, é natural que os comportamentos se modifiquem, normalmente com os peixes a abrigarem-se dos efeitos desta ou a utilizarem-na em deslocações para locais que entendam mais propícios, sendo que neste caso as nossas iscas deverão actuar nesses locais, ou nas zonas de deslocamento.
Num dia que começa sem aguagem, e em que a determinada altura esta entra, ou vice versa, é quase certo que teremos de alterar algo, tanto no caso de estarmos fundeados, quanto no caso de estarmos à deriva ou "rola". Mas serão sempre os resultados e os toques do peixe, ou ausência deles, os indicadores da necessidade de alterações.
Considerando o exemplo supra, que em si já indicia a necessidade de aquisição dos conhecimentos referidos, e não só no que a Douradas se refere, sem dúvida que as nossas atitudes, ao longo de uma jornada de pesca, a que chamo positivas, entre outras possíveis, deverão ser de:
- Constante observação
- Constante reflexão e análise
- Constante concentração na acção de pesca
- Constante abertura a melhorar fundeios, alterar derivas ou mudar de zona de pesqueiros, se assim o acharmos necessário, bastando para tal que, pela relação entre capturas não conseguidas, toques ou ausência deles, deixemos de acreditar no pesqueiro ou zona onde actuamos.
- Constante abertura a mudar de técnica e consequentemente adequar iscas, iscadas e materiais, tendo em conta, o puro teste, ou o que achamos que estará a acontecer face à ausência de resultados conjugada com alterações significativas das condições de mar e vento. assim como movimentações de embarcações em acção de pesca muito próximas de nós.
Neste processo, devemos esquecer conceitos do tipo:
- Hoje não há peixe
- O peixe não quer comer
- Hoje não é o meu dia
Se não conseguimos capturar, então foi porque não soubemos escolher o pesqueiro, fundear e/ou derivar correctamente, usar as iscas certas e iscadas no formato adequado. Eventualmente não teremos usado o material da forma mais correcta, ou não soubemos adequar todas as variáveis referidas ao estado do mar e do vento, enfim... precisamos ir mais, conhecer mais, e não nos dispersarmos unicamente no que é mais normal..., as discussões intermináveis sobre o material em uso - a única coisa que conseguimos ver fora de água - já para não falar da sorte e do azar.
Na verdade, quando se procurar conhecer, versus suportar insucessos e sucessos nos factores sorte/azar, ou unicamente no material em uso, vão sentir-se, a curto médio prazo, alterações significativas nas nossas "Atitudes e Comportamentos". Isto porque na medida dos conhecimentos adquiridos, verifica-se a tendência para a organização de processos dinâmicos que, permitindo-nos relacionar opções com resultados obtidos, promovem a regularidade no que respeita a conseguirmos capturas das espécies que procuramos. Umas vezes mais... outras menos.
Como habitual, gosto de fundamentar as reflexões e análises que vou produzindo, com relatos que penso, as fundamentam. Vamos a eles!
Face ao descrito e tentando alinhar pensamentos, parece-me existirem duas grandes áreas onde devemos investir no sentido de melhorar a nossa pesca:
- Conhecimento
- Atitudes e Comportamentos
Conhecimento:
Tentando ordenar, em termos de áreas, deixo-vos a minha opinião sobre o conjunto de conhecimentos, entre outros (nunca são demais), que se devem tentar adquirir, e continuamente melhorar:
- Tipologia de fundos e razões da sua relação com a visita e/ou permanência das espécies que procuramos, em épocas determinadas, o que farão deles zonas de pesqueiros, ou não.
- Comportamento das espécies que se procuram, tendo em conta alimentação, acasalamento e relação entre profundidades e épocas mais produtivas.
- Adequação de iscas naturais, mortas ou vivas, ou artificiais, tendo em conta espécies a capturar, pesqueiros onde se actua, técnica de pesca em uso e momento de determinada jornada.
- Aquisição e adequação de materiais, para além de modas e marcas, tendo em conta as funções que devem cumprir em cada técnica utilizada, simplificando-os o mais possível, sempre considerando os factores de conhecimento anteriores.
A ordenação e divisão das quatro áreas acima referidas não querem dizer que estão divididas ou que deverão ser abordadas à vez, e por ordem. Estão directamente relacionadas, não têm fronteiras e devem ser consideradas interdependentes no processo de aumentar os nossos conhecimentos, tanto teóricos, quanto práticos, sobre as mesmas.
Vejamos exemplos práticos:
Considerando a presente época e, mais uma vez, a pesca direccionada às Douradas, deveremos procurar dominar, em simultâneo, um conjunto alargado de conhecimentos, como sejam:
Tipos de fundo, profundidades, comportamentos da espécie ao longo da acção de pesca, iscas, iscadas, materiais, técnicas em uso, e, muito importante, como aplicar tudo isto, nos locais e à hora certa, face às condições de mar e vento que se apresentarem logo de início, tendo em conta que poderão alterar-se ao longo da jornada, influindo negativa ou positivamente no pesqueiro ou zona de pesqueiros onde se actua, sendo que tal poderá obrigar a alterações de fundeio, de técnica e eventualmente de iscas e formatos de iscadas.
Por exemplo..., sem aguagem, as Douradas poderão pairar em fundos entralhados, junto às bases de estruturas rochosas, mais ou menos importantes, e até sobre os seus bicos, abrindo um leque de opções e técnicas, todas elas passíveis de bons resultados.
Na presença de aguagem, e dependendo da sua intensidade, é natural que os comportamentos se modifiquem, normalmente com os peixes a abrigarem-se dos efeitos desta ou a utilizarem-na em deslocações para locais que entendam mais propícios, sendo que neste caso as nossas iscas deverão actuar nesses locais, ou nas zonas de deslocamento.
Num dia que começa sem aguagem, e em que a determinada altura esta entra, ou vice versa, é quase certo que teremos de alterar algo, tanto no caso de estarmos fundeados, quanto no caso de estarmos à deriva ou "rola". Mas serão sempre os resultados e os toques do peixe, ou ausência deles, os indicadores da necessidade de alterações.
Considerando o exemplo supra, que em si já indicia a necessidade de aquisição dos conhecimentos referidos, e não só no que a Douradas se refere, sem dúvida que as nossas atitudes, ao longo de uma jornada de pesca, a que chamo positivas, entre outras possíveis, deverão ser de:
- Constante observação
- Constante reflexão e análise
- Constante concentração na acção de pesca
- Constante abertura a melhorar fundeios, alterar derivas ou mudar de zona de pesqueiros, se assim o acharmos necessário, bastando para tal que, pela relação entre capturas não conseguidas, toques ou ausência deles, deixemos de acreditar no pesqueiro ou zona onde actuamos.
- Constante abertura a mudar de técnica e consequentemente adequar iscas, iscadas e materiais, tendo em conta, o puro teste, ou o que achamos que estará a acontecer face à ausência de resultados conjugada com alterações significativas das condições de mar e vento. assim como movimentações de embarcações em acção de pesca muito próximas de nós.
Neste processo, devemos esquecer conceitos do tipo:
- Hoje não há peixe
- O peixe não quer comer
- Hoje não é o meu dia
Se não conseguimos capturar, então foi porque não soubemos escolher o pesqueiro, fundear e/ou derivar correctamente, usar as iscas certas e iscadas no formato adequado. Eventualmente não teremos usado o material da forma mais correcta, ou não soubemos adequar todas as variáveis referidas ao estado do mar e do vento, enfim... precisamos ir mais, conhecer mais, e não nos dispersarmos unicamente no que é mais normal..., as discussões intermináveis sobre o material em uso - a única coisa que conseguimos ver fora de água - já para não falar da sorte e do azar.
Na verdade, quando se procurar conhecer, versus suportar insucessos e sucessos nos factores sorte/azar, ou unicamente no material em uso, vão sentir-se, a curto médio prazo, alterações significativas nas nossas "Atitudes e Comportamentos". Isto porque na medida dos conhecimentos adquiridos, verifica-se a tendência para a organização de processos dinâmicos que, permitindo-nos relacionar opções com resultados obtidos, promovem a regularidade no que respeita a conseguirmos capturas das espécies que procuramos. Umas vezes mais... outras menos.
Como habitual, gosto de fundamentar as reflexões e análises que vou produzindo, com relatos que penso, as fundamentam. Vamos a eles!
Alguns dos leitores já se aperceberam que, de vez em quando, organizo uns Workshops de Pesca Embarcada, agora em colaboração com a Escola Náutica Longitude. Eis os títulos:
1 - Procurar Pesqueiros, Sondar e Fundear
2 - Iscas, Iscadas, Materiais e Montagens / Aplicação ao longo de uma jornada de pesca
Nota: Clicando nos títulos, têm acesso aos respectivos conteúdos.
Pormenorizando um pouco... o primeiro, desenvolve competências, ao nível da utilização das Cartas de Fundo, Sonda e GPS, no que respeita à autonomia na procura de pesqueiros e no fundeio ou deriva correctos. O segundo, desenvolve competências no que se refere à Acção de Pesca, caracterizando iscas, iscadas, materiais, montagens..., e respectiva utilização face a cada dia, e cada momento, tendo em conta o que os toques e o enquadramento geral da jornada nos dizem.
Estas acções, antes constando unicamente de um dia em sala de aula, com apresentação em Power Point, passaram, de há um par de anos para cá, para um dia em sala e um dia com aplicação prática no mar.
Realizam-se normalmente em fins de semana - Sábado em sala e Domingo no mar - sendo que, tanto devido às condições climatéricas, quanto ao número de alunos por acção, as aulas de mar poderão ser logo no Domingo seguinte, ou alargar-se por vários dias, atendendo a que estes programas são abertos a um máximo de nove participantes e, por uma questão de acompanhamento e qualidade, só levo ao mar três ou quatro de cada vez, nomeadamente no Workshop que trata da acção de pesca.
A análise e reflexão sobre a parte prática do último destes cursos - Acção de Pesca - penso, poderá fundamentar dias bons, e não tão bons, de pesca pensada e feita, através de um olhar crítico para atitudes, comportamentos e opções que podem muito bem ser as razões de uns e de outros.
Data prevista do curso: 14 e 15 de Novembro de 2015
Dia em sala: 14 Novembro.
Saídas para prática de mar: dias 15, 16 e 19 seguintes.
Caracterização dos alunos: a maior parte deles, iniciados nas lides da pesca lúdica e só dois, dos oito participantes, tinham material de pesca, e barco.
Técnica em uso em todas as jornadas: Fundeado, com madre de dois estralhos compridos.
Iscas em uso: Sardinha e Caranguejo
Em todos os dias foi minha função escolher o pesqueiro e fundear, explicando aos participantes porquê, tendo em conta a época, o tipo de fundo, os exemplares procurados - Pargos e Douradas - e as imagens de sonda.
Ao longo de cada jornada apoiei continuamente todos a bordo, quanto ao manuseamento e escolha de materiais, assim como, quanto às reacções aos toques sentidos, analisando e realçando continuamente as alterações que se iam verificando e as suas relações com a nossa acção sobre os pesqueiros.
Relato de dia 15:
O melhor exemplar do João Almeida:
O melhor exemplar do Pedro Nunes:
A pesca toda de dia 15:
Relato em imagens de dia 16:
O melhor exemplar do António Alegria:
O melhor do Mário Tomás:
Num pequeno espaço de pesca, calhou-me a melhor do dia:
A pesca toda de dia 16:
Relato em imagens de dia 19:
Analisando os resultados de cada dia, importa referir que nos dias 15 e 16, pescámos no mesmo pesqueiro onde, face às condições de mar e vento, nos mantivemos todo o dia no mesmo local, sem variações do posicionamento do barco.
No dia 19, mudámos de pesqueiro e devido a variações contínuas de direcção e intensidade do vento (sempre fraco), e ausência de aguagem, o barco rodou todo o santo dia, sendo possível identificar que sempre que colocávamos as iscas na zona quente, capturávamos, e, logo que o barco rodava, deixávamos de capturar. Neste dia as capturas foram bem mais modestas, indicando talvez má escolha do pesqueiro e eventualmente da técnica em uso.
Considerando o acima referido, penso que se tenho ido para o mesmo pesqueiro - o de 15 e 16 - a aguagem, tendendo a ser mais forte, em dia de vento fraco, manteria o barco no mesmo pesqueiro, decorrendo eventualmente de tal uma maior produtividade.
Outro possível erro, poderá ter sido a técnica em uso..., eventualmente uma mudança para pesca à deriva, usando a Chumbadinha como técnica, poderia ter permitido passagens contínuas sobre a mesma zona quente, tendo em conta o acompanhamento das alterações da deriva ao longo do dia.
Caso sejam outras as razões da menor produtividade do dia 19, pura e simplesmente, desconheço-as e por tal não se conseguiu melhor. Tenho de aprender mais, pois a sorte e o azar não tiveram nada a ver com o assunto, ou pode ainda dizer-se que o "azar", deste dia, foi directamente proporcional à minha incapacidade de discernir e optar bem.
Com base em tudo o que foi dito, no passado Domingo, dia 17 de Janeiro, também durante a parte prática do workshop Procurar Pesqueiros, Sondar e Fundear, após todos terem conduzido o barco, sondando e identificando estruturas submarinas, suas dimensões, suas orientações e suas áreas supostamente mais quentes, até à interiorização prática dos conceitos que estão na base destas acções, resolvemos pescar.
Analisemos os factores que estiveram na base da escolha do local:
Os trabalhos práticos do workshop terminaram pelas 12.30, o que nos limitou o tempo útil de pesca que neste caso foi um bónus, atendendo a que normalmente este workshop não tem acção de pesca.
O vento era fraco, esperava-se que rondasse durante o resto do dia, e, pela determinação da deriva, percebeu-se que tinha aguagem contra ele, no fundeio inicial.
Considerando as condições descritas, o grande objectivo a cumprir, seria maximizar o tempo útil de pesca que já escasseava.
Para tal importava não ir para muito longe, poupando tempo na viagem, e, no sentido de evitar andar a mudar de zonas, fundear num local adequado à época, pensando em Pargos, Douradas e Sargos, onde a influência das rotações esperadas do barco, afectassem minimamente a acção de pesca..., uma escolha difícil para quem não conhecesse os fundos por ali.
Escolheu-se uma zona. a pouco mais de uma milha do porto, cujos fundos base andam pelos 50/52 metros, constituída por fundos mistos de areia e pedra rasa (entralhados), e rodeada por estruturas que subiam aos 29 e 37 metros.
Sondada a zona, verificou-se que um pouco por todo o lado se via actividade, sendo esta mais intensa junto às bases das estruturas mais altas.
Com a premissa de que o barco iria rodar, fundeámos entre bicos, com pouco cabo e com a intenção de, para onde quer que o barco rodasse, não ficasse muito longe da base de uma estrutura mais alta.
Fundeio efectuado, e vá de actuar sobre o pesqueiro, com sardinha e caranguejo, esperando que tal despertasse a atenção e gulosice daqueles que, considerando a leve aguagem para Norte, tendencialmente se deslocassem entre estruturas, na procura de comida mais ou menos fácil.
Com tudo isto iniciámos a acção real de pesca já passava das 13.00 horas, e devagarinho fomos compondo uma pescaria engraçada, com entradas muito intervaladas de peixe, muito devido, penso eu, à constante mudança de lugar do barco.
Mas uma coisa é certa, em todas as posições por onde o barco passou, ou parou por momentos, sempre se foi capturando um exemplar ou outro, culminando com 6 Pargos, à volta do quilo e meio, um Sargo legítimo perto de quilo, uma Dourada do tamanho dos Pargos, algumas Sarguetas, e, já no fim, como cereja no topo do bolo, saíram-me 6,300kg deste "marmanjo":
No dia 19, mudámos de pesqueiro e devido a variações contínuas de direcção e intensidade do vento (sempre fraco), e ausência de aguagem, o barco rodou todo o santo dia, sendo possível identificar que sempre que colocávamos as iscas na zona quente, capturávamos, e, logo que o barco rodava, deixávamos de capturar. Neste dia as capturas foram bem mais modestas, indicando talvez má escolha do pesqueiro e eventualmente da técnica em uso.
Considerando o acima referido, penso que se tenho ido para o mesmo pesqueiro - o de 15 e 16 - a aguagem, tendendo a ser mais forte, em dia de vento fraco, manteria o barco no mesmo pesqueiro, decorrendo eventualmente de tal uma maior produtividade.
Outro possível erro, poderá ter sido a técnica em uso..., eventualmente uma mudança para pesca à deriva, usando a Chumbadinha como técnica, poderia ter permitido passagens contínuas sobre a mesma zona quente, tendo em conta o acompanhamento das alterações da deriva ao longo do dia.
Caso sejam outras as razões da menor produtividade do dia 19, pura e simplesmente, desconheço-as e por tal não se conseguiu melhor. Tenho de aprender mais, pois a sorte e o azar não tiveram nada a ver com o assunto, ou pode ainda dizer-se que o "azar", deste dia, foi directamente proporcional à minha incapacidade de discernir e optar bem.
Com base em tudo o que foi dito, no passado Domingo, dia 17 de Janeiro, também durante a parte prática do workshop Procurar Pesqueiros, Sondar e Fundear, após todos terem conduzido o barco, sondando e identificando estruturas submarinas, suas dimensões, suas orientações e suas áreas supostamente mais quentes, até à interiorização prática dos conceitos que estão na base destas acções, resolvemos pescar.
Analisemos os factores que estiveram na base da escolha do local:
Os trabalhos práticos do workshop terminaram pelas 12.30, o que nos limitou o tempo útil de pesca que neste caso foi um bónus, atendendo a que normalmente este workshop não tem acção de pesca.
O vento era fraco, esperava-se que rondasse durante o resto do dia, e, pela determinação da deriva, percebeu-se que tinha aguagem contra ele, no fundeio inicial.
Considerando as condições descritas, o grande objectivo a cumprir, seria maximizar o tempo útil de pesca que já escasseava.
Para tal importava não ir para muito longe, poupando tempo na viagem, e, no sentido de evitar andar a mudar de zonas, fundear num local adequado à época, pensando em Pargos, Douradas e Sargos, onde a influência das rotações esperadas do barco, afectassem minimamente a acção de pesca..., uma escolha difícil para quem não conhecesse os fundos por ali.
Escolheu-se uma zona. a pouco mais de uma milha do porto, cujos fundos base andam pelos 50/52 metros, constituída por fundos mistos de areia e pedra rasa (entralhados), e rodeada por estruturas que subiam aos 29 e 37 metros.
Sondada a zona, verificou-se que um pouco por todo o lado se via actividade, sendo esta mais intensa junto às bases das estruturas mais altas.
Com a premissa de que o barco iria rodar, fundeámos entre bicos, com pouco cabo e com a intenção de, para onde quer que o barco rodasse, não ficasse muito longe da base de uma estrutura mais alta.
Fundeio efectuado, e vá de actuar sobre o pesqueiro, com sardinha e caranguejo, esperando que tal despertasse a atenção e gulosice daqueles que, considerando a leve aguagem para Norte, tendencialmente se deslocassem entre estruturas, na procura de comida mais ou menos fácil.
Com tudo isto iniciámos a acção real de pesca já passava das 13.00 horas, e devagarinho fomos compondo uma pescaria engraçada, com entradas muito intervaladas de peixe, muito devido, penso eu, à constante mudança de lugar do barco.
Mas uma coisa é certa, em todas as posições por onde o barco passou, ou parou por momentos, sempre se foi capturando um exemplar ou outro, culminando com 6 Pargos, à volta do quilo e meio, um Sargo legítimo perto de quilo, uma Dourada do tamanho dos Pargos, algumas Sarguetas, e, já no fim, como cereja no topo do bolo, saíram-me 6,300kg deste "marmanjo":
Agora poderão dizer-me: foi sorte!
Ao que respondo: talvez..., mas atenção que, nesta mesma zona, com condições de mar, épocas idênticas, iscando da mesma de forma, com o mesmo tipo de iscas, já lá capturei uns quantos destes, e se não destes, bastantes dos outros (Pargos, Douradas e Sargos).
Certo é que, em paralelo com resultados anteriores, a leitura de sonda, as condições de mar e vento, a época do ano..., tudo batia certo.
Tais acontecimentos dizem-me que o factor sorte pode ter lá estado, mas muito diminuído, atendendo aos factores descritos, já para não falar no acreditar no pesqueiro e na insistência em nos mantermos no mesmo local, actuando sobre ele com as nossas iscas, e não desistindo, mesmo nos momento em que já parecia que o peixe tinha desaparecido, sensação que sempre foi contrariada quando se ligava a sonda.
Como que concluindo, parece-me poder dizer que uma pesca frequente e pensada, tende a diminuir significativamente a influência dos factores sorte / azar, desde que consigamos assumir que a melhoria dos resultados da nossa pesca depende essencialmente das nossas atitudes e comportamentos, antes, durante e após acção de pesca.
Boa tarde a todos os leitores
Tais acontecimentos dizem-me que o factor sorte pode ter lá estado, mas muito diminuído, atendendo aos factores descritos, já para não falar no acreditar no pesqueiro e na insistência em nos mantermos no mesmo local, actuando sobre ele com as nossas iscas, e não desistindo, mesmo nos momento em que já parecia que o peixe tinha desaparecido, sensação que sempre foi contrariada quando se ligava a sonda.
Como que concluindo, parece-me poder dizer que uma pesca frequente e pensada, tende a diminuir significativamente a influência dos factores sorte / azar, desde que consigamos assumir que a melhoria dos resultados da nossa pesca depende essencialmente das nossas atitudes e comportamentos, antes, durante e após acção de pesca.
Boa tarde a todos os leitores