Mostrar mensagens com a etiqueta Património Científico. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Património Científico. Mostrar todas as mensagens

quarta-feira, 31 de julho de 2013

Projectos de Loteamento de 4 Hospitais Civis de Lisboa: contributo da LAJB


Exmo. Sr. Presidente da Câmara Municipal de Lisboa
Dr. António Costa
 
Projetos de Loteamento do Hospital Miguel Bombarda, Hospital de S. José, Hospital dos Capuchos e Hospital de Santa Marta em Lisboa
 
Participação da Associação “LIGA DOS AMIGOS DO JARDIM BOTÂNICO”
 
No âmbito da abertura da discussão pública relativa a quatro pedidos de informação prévia sobre a viabilidade da realização de quatro operações de loteamento nos hospitais da Colina de Sant’Ana – Hospital Miguel Bombarda, Hospital de São José, Hospital dos Capuchos e Hospital de Santa Marta, publicitada pela Câmara Municipal de Lisboa, a Liga dos Amigos do Jardim Botânico (LAJB) no cumprimento dos seus deveres enquanto associação cívica, considera que:
 
1-A escala dos sítios, a importância dos imóveis, e o facto de estarem em análise quatro projetos em simultâneo, não tem correspondência com o prazo de doze dias para os cidadãos se pronunciarem; doze dias é totalmente insuficiente, porque impossibilita logo à partida uma real participação e a defesa do bem comum; estamos perante uma transformação urbana inédita na história recente de Lisboa, seria pois uma grande irresponsabilidade decidir o futuro destes lugares em 12 dias.
 
2- No geral, a planeada transformação radical destes antigos 4 espaços conventuais reflete uma preocupante falta de consideração pelas pré-existências. Para além da preservação dos imóveis classificados, não é feito esforço significativo para integrar outras estruturas, adaptando-as a novas funções e usos. A lógica que guia as propostas é a de demolir tudo que não esteja classificado para assim cumprir com o objetivo primordial, e talvez único, da ESTAMO: fazer negócio de forma especulativa. Esta intenção de maximização dos terrenos não é escondida como facilmente se constata ao ler, por exemplo, a argumentação da autora do projeto para a demolição de estruturas arquitetónicas no Hospital de São José. No levantamento de dois interessantes edifícios da Arquitetura do Ferro, a antiga Central Térmica e a Lavandaria (1906), a sua destruição é justificada da seguinte forma:
 
«Considera-se que o relativo interesse arquitetónico deste conjunto industrial não justifica, por si só, a sua conservação. Uma vez que no estudo em curso se está a revelar a dificuldade de integração deste conjunto, propõe-se a sua demolição.»
 
Ou seja, é assumido que o projeto que a ESTAMO tem para este espaço é mais importante que a manutenção, restauro e adaptação a novos usos de edifícios que fazem parte integrante da história do lugar e que até se admite ter valor patrimonial. A palavra de ordem não parece ser a da sustentabilidade, reciclagem de edifícios, mas sim como conseguir libertar terrenos para novos edifícios – no caso da antiga cerca conventual de S. José são propostos 58.824m2 de construção nova. Não é esta lógica que esperamos ver aplicada numa cidade histórica na Europa como é Lisboa. Integração, reciclagem e reabilitação, deveriam orientar as propostas numa perspetiva de sustentabilidade ambiental, combinada com uma genuína apreciação e respeito pelas diversas realidades patrimoniais presentes (uma cozinha do séc. XIX é menos importante que um claustro do séc. XVII?).
 
Há uma clara ênfase na libertação de áreas de terreno das antigas cercas para criar oportunidades de construção nova. Para isso são sacrificados edifícios aparentemente menores e menos importantes, esquecendo que no caso de um “território hospitalar” cada peça conta uma história, e é o conjunto e não os “monumentos” isolados que constitui o valor destes territórios-cercas.
 
Um exemplo deste extremismo é o da proposta para o antigo Hospital Miguel Bombarda. Aqui se propõe a destruição de todos os equipamentos daquele único e raro complexo hospitalar do país, exceto 5 imóveis (3 deles protegidos por lei). O autor do projeto propõe, sem justificação, a demolição de edifícios notáveis como as Cozinhas (F1), a 1ª e 2ª Enfermarias/Cantina (E1), a 5ª e 6ª Enfermarias (E2), o Antigo Telheiro para passeio dos doentes (F1), as Oficinas (G1 e G2) e o Hospital de Dia (H1). Seriam removidos do conjunto um total de 16 imóveis, na sua grande maioria com interesse arquitetónico e histórico. Lembramos que muitos destes imóveis valem pelo seu conjunto pois exibem a lógica da medicina da época. Manter apenas 5 imóveis, isolados e descontextualizados, é apagar de forma brutal a história única deste sítio.
 
Notamos um tratamento um pouco antiquado dos imóveis classificados: parecem ser reduzidos a “monumentos”, objetos isolados – veja-se o caso do Pavilhão de Segurança onde se propõe um jardim e um lago na sua face poente. Mais importante do que embelezar a envolvente deste imóvel classificado seria manter os restantes equipamentos que lhe dão contexto. Em vez disso, e após demolição de um total de 16 edifícios, é proposto um brutal complexo de 6 torres de 12 andares. Os edifícios classificados ficam reduzidos a objetos decorativos, “enfeitando” o jardim do novo condomínio. Este mega edifício será o novo protagonista da antiga cerca conventual, um protagonismo conquistado por rotura com a longa História do Hospital Miguel Bombarda. Porque até o interior silencioso e perfeito do pátio circular no Pavilhão de Segurança será perturbado pela visão agressiva e desnecessária, das torres nº 3, 4, 5 e 6. Infelizmente não é apresentada nenhuma imagem/estudo que mostre o impacto negativo destas torres nos edifícios classificados.
 
3- As quatro propostas apresentam levantamentos patrimoniais e fotográficos claramente insuficientes do edificado existente e dos valores culturais dos lugares. Também mostram grandes inconsistências ao nível do investimento na caracterização e significação histórica dos sítios.
 
Por exemplo, a proposta para o Hospital Miguel Bombarda limita, inexplicavelmente, o levantamento fotográfico do local a uma página A4 com 7 imagens, não legendadas, ou seja omite deliberadamente a informação exaustiva sobre todos os edifícios. No caso de um cidadão que não conheça o sítio, como poderá elaborar uma opinião crítica e válida se a proposta da ESTAMO não fornece informação minimamente completa? Ainda neste projeto é de notar a chocante pobreza do «Enquadramento Histórico» na Memória Descritiva, reduzida também a uma página A4.
 
Se os restantes projetos parecem ter investido um pouco mais na caracterização histórica dos sítios, não podemos deixar de criticar o facto de não terem sido realizadas por profissionais independentes. Na verdade, em todos os projetos tais levantamentos/cronologias da História dos sítios não estão assinados por Historiadores mas sim pelas equipas de projetistas. É pois legítimo perguntar se é correto para a cidade e as gerações futuras, que a decisão sobre o que pode ou não ser demolido/construído fique a depender apenas da opinião de 4 arquitetos. Tamanha responsabilidade não pode, nem deve, ficar nas mãos de apenas um dos técnicos intervenientes neste processo. É essencial consultar Historiadores independentes, o ICOMOS e a ICOM, por exemplo.
 
4- Outra prova da falta de estudo e reflexão sobre o tema da integração dos edifícios existentes, independentemente da época de construção e de estarem classificados ou não, é o facto de não se apresentarem ideias coerentes para a sua futura ocupação – para além do fácil e já banal “hotel de charme”.
 
Com o encerramento destes hospitais a cidade está na iminência de perder milhares de postos de trabalho no centro histórico (com todos os pequenos negócios que durante décadas e até séculos se desenvolveram na sua envolvência) e tudo o que a ESTAMO parece imaginar é um cenário de habitação (que tudo indica será de luxo), hotéis de charme e pouco mais. Será este um cenário realista e desejável? Ou meramente especulativo e nefasto? Com o parque habitacional da cidade histórica a precisar de urgente investimento na reabilitação, e a diminuição da população nacional, não nos parece de todo viável nem aconselhável investir na demolição massiva de edifícios, únicos e recuperáveis, seguida de milhares de m2 de construção nova.
 
A regeneração urbanística da Colina de Sant’Ana talvez deva passar mais por uma estratégia de transferência de instituições culturais para estes antigos espaços conventuais/hospitalares. Por exemplo, porque não se equaciona a fundação do grande Arquivo Municipal no Hospital de São José? E em vez da construção de um novo edifício para a Biblioteca Municipal Central porque não pensar num antigo convento-hospital como se tem feito noutras cidades europeias? Universidades e Museus Nacionais, alguns deles ainda mal instalados, poderiam também habitar de forma bem mais sensível estes antigos complexos conventuais/hospitalares.
 
5- Na generalidade, com exceção da proposta para o Hospital de Santa Marta, as zonas verdes são praticamente assumidas como espaços verdes de enquadramento das novas construções ou dos imóveis classificados. De facto, apenas no projeto para Santa Marta se nota um esforço claro de recuperar os “vazios” da antiga cerca conventual, devolvendo assim à cidade uma grande zona de solo permeável e amplamente arborizada. Aplaudimos esta referência à memória da fundação conventual do lugar, com oportunas vantagens e relevância para a cidade do presente e os seus desafios ambientais.
 
Nos restantes projetos impera uma solução do tipo “urbanização” das cercas conventuais ocupando as sobras com espaços verdes. Estamos totalmente contra esta opção uma vez que não só faz tábua rasa dos vários níveis culturais que ao longo dos séculos se foram instalando mas também porque acaba por uniformizar, urbanisticamente, estas antigas cercas. Estes espaços fechados, cercados por altos muros e povoados por diversos edifícios de diferentes períodos históricos, estão agora em risco de se transformarem em novas áreas de ocupação urbana, com soluções do tipo quarteirões/edifícios. O sentido de cerca fica comprometido. Um exemplo desta “banalização” do espaço é a proposta para a cerca do Hospital de S. José onde se propõem cerca de 6 novos edifícios de grande massa para a área da antiga cerca conventual. Embora a cércea não ultrapasse a do antigo hospital, a excessiva volumetria compete claramente com a do hospital, retirando-lhe a proeminência e destaque que nos parece ser essencial manter e assegurar.
 
De igual forma, mas levado ao extremo, são as 6 torres de habitação de implantação violenta no coração da cerca do Hospital Miguel bombarda. Os novos edifícios não deveriam competir desta forma, um pouco desleal, com as pré-existências históricas.
 
A nosso ver a raiz do problema é que a ESTAMO não vê estes espaços como algo a tocar com mão leve e delicada, mas sim como áreas a lotear, a urbanizar.
 
Com o encerramento destas 4 unidades hospitalares, podemos recuperar espaço livre, com solos permeáveis e arborizados. Esta é de facto a última oportunidade que a capital tem de criar facilmente novas zonas verdes em pleno centro histórico, devolver os “vazios” tão essenciais a uma boa qualidade de vida urbana. Nunca é demais chamar atenção para esta oportunidade única que se oferece a Lisboa.
 
EM CONCLUSÃO
 
É bom recordar que todos estes espaços estiveram durante séculos ao serviço das pessoas, numa lógica do bem comum. Esta tradição deve ter continuidade. Mas para que possam servir o bem comum e as gerações futuras é necessário trabalhar com os lugares e não contra os lugares. Reciclar estruturas e não destruí-las. Acarinhar os testemunhos deixados pelos nossos antepassados.
 
O que é único e especial nestes espaços hospitalares é precisamente o se ter sabido adaptar para novas funções, sem destruir irreversivelmente, as cercas conventuais. Também é verdade que com o séc. XX, principalmente na segunda metade, se fizeram obras e construções em excesso, já sem grande respeito ou sensibilidade pelo património. Mas Lisboa tem agora a oportunidade de pensar bem, escolher bem, fazer bem - porque hoje a nossa grande vantagem é de sermos capazes de tomar decisões mais bem informadas. Ora é isso que no fundo falta nestas propostas: informação. Essa falha é devida em grande parte ao promotor destes projetos e menos aos arquitetos que afinal deram resposta ao programa da ESTAMO.
 
Concluimos pois que os presentes PIPs não reúnem condições para serem aprovados.
 
A LAJB solicita à CML uma promoção de facto do debate alargado e reflexão mais profunda sobre estes importantíssimos lugares históricos da nossa cidade. Porque o que vemos nestas quatro propostas é ainda demasiado pobre, banal e peca pela pouca ambição do bem comum. Lisboa merece muito mais e melhor.
 
Liga dos Amigos do Jardim Botânico
12 de Julho de 2013

Foto: Hospital de Santa Marta, fachada principal - antigo convento de Santa Marta, Armando Serôdio, 1968, Arquivo Municipal de Lisboa,  

quarta-feira, 15 de maio de 2013

Núcleo principal da antiga Escola Politécnica: Monumento de Interesse Público

Portaria nº 287/2013. D.R. nº 92, Série II de 2013-05-14
Presidência do Conselho de Ministros - Gabinete do Secretário de Estado da Cultura
Classifica como monumento de interesse público o Núcleo principal da antiga Escola Politécnica - Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, na Rua da Escola Politécnica, 56, em Lisboa, freguesia de São Mamede, concelho e distrito de Lisboa: 

domingo, 14 de abril de 2013

Observatório Astronómico no Jardim Botânico!


O notável Observatório Astronómico, erguido para a antiga Escola Politécnica entre 1875 e 1898, está em perigo enquanto se espera por um Mecenas. Como é possível que o Estado Português seja indiferente à degradação e ruína deste Monumento Nacional? A LAJB só pode manifestar a sua profunda indiganação. A notícia aqui: 

quinta-feira, 28 de julho de 2011

Observatório Astronómico de Lisboa: 150 anos

Astrofesta

O ano de 2011 é de comemorações. Além da celebração dos 100 anos da FCUL e da UL, comemoram-se os 150 anos do Observatório Astronómico de Lisboa. Para assinalar a data, irá ser organizada uma ASTROFESTA, a decorrer no fim-de-semana de 5, 6 e 7 de Agosto, quando a Lua está em quarto-crescente.

Além das observações no céu de Lisboa, estão previstas palestras e vários workshops relacionados com a utilização de telescópios e a astrofotografia. O local escolhido para a Astrofesta foi, naturalmente, o Observatório Astronómico de Lisboa, localizado no Campus do Instituto Superior de Agronomia, na Tapada da Ajuda.

A organização está a cargo do Museu de Ciência da Universidade de Lisboa, em conjunto com o Centro Ciência Viva de Constância, o Observatório Astronómico de Lisboa e a Associação Portuguesa de Astrónomos Amadores.

Foto: Observatório Astronómico, Tapada da Ajuda, Abril de 1912, J. Benoliel (Arquivo Fotográfico de Lisboa)

domingo, 1 de maio de 2011

O exemplo de Paris: Le Jardin des Plantes

Des collections documentées

Les plantes d’un jardin botanique sont documentées, c'est-à-dire suivies. On connaît leur provenance, leur identité botanique de façon certaine, on les suit leur vie durant. Toutes les plantes du Jardin des Plantes sont étiquetées et ont leur fiche électronique.

Elles sont rassemblées selon des critères scientifiques ou selon les nécessités de la diffusion des connaissances. Ainsi dans le jardin de l’Ecole de Botanique les plantes sont présentées selon la classification la plus actuelle des végétaux.

Elles souvent issues de populations végétales sauvages ou leurs parents l’ont été. Au Jardin des Plantes c’est le cas de nombreux arbres historiques qui sont arrivés sous forme de graines issues de sujets sauvages.

Un support de recherche

Certaines des collections d’un jardin botanique sont le support d’études scientifiques (classification des végétaux, recherche de molécules utiles, recherche sur la résistance au froid, à la sécheresse...)

Elles renferment parfois des plantes rares ou menacées dont la conservation ex situ, c'est-à-dire hors de leur milieu nature, est indispensable. Elle constitue ainsi des banques de la biodiversité végétale. C’est le cas des plantes malgaches des serres de Paris et de Chèvreloup.

Les plantes si elles se multiplient sont échangées (sous forme de graines, boutures, plants) gratuitement entre les jardins botaniques afin de distribuer largement des plantes rares ou peu connues. Les jardins botaniques sont en réseau et constituent une communauté concernée par la sauvegarde de la biodiversité végétale.

Un lieu de diffusion des connaissances

Les collections végétales vivantes dans les jardins botaniques servent de support et d’illustration à la diffusion des connaissances sur les plantes, les écosystèmes végétaux, les relations entre les plantes et les animaux et les plantes et les hommes. Cette diffusion s’adresse à tous les publics. Le Jardin des Plantes est parsemé de panneaux explicatifs. Des animations temporaires veinent mettre l’accent sur un thème particulier qui change chaque année.

Les jardins botaniques sont des lieux ouverts au public où les plantes sont aussi là pour le plaisir et la détente. Ceux donc des jardins aux rôles multiples et plus nombreux que ceux des jardins ornementaux habituels.

in http://www.jardindesplantes.net/

Fotos: Jardim da Escola de Botânica e o Jardim das Peónias


quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Curso: «Objectos em Silêncio» 2011

Em Portugal, e mesmo lá fora, são escassas as oportunidades de formação em cultura material da ciência e da técnica. O Museu das Comunicações (Fundação Portuguesa das Comunicações) e o Museu de Ciência da Universidade de Lisboa estabeleceram uma parceria para fornecer quatro mini-cursos de uma semana sobre este tema (dois em Lisboa, um no Porto e um em Portimão) ao longo de 2011. O primeiro mini-curso é já na última semana de Janeiro, em Lisboa. As inscrições são gratuitas mas limitadas. Este programa «Objectos em Silêncio» é em parte subsidiado pelo Programa PROMUSEUS (Ministério da Cultura) e conta com o apoio do Museu dos Transportes e Comunicações (Porto) e do Museu de Portimão.

Para mais informações: info@fpc.pt

domingo, 9 de janeiro de 2011

ICOM: Conselho dos museus teme pelo património "de inestimável valor" dos hospitais

«A proposta do ICOM é a da criação de um pólo museológico na colina de Santana depois da desactivação dos hospitais
A comissão portuguesa do ICOM (Conselho Internacional de Museus) tem vindo a acompanhar "com crescente preocupação" as notícias sobre os planos para a desactivação dos Hospitais Civis de Lisboa e teme pelo futuro deste "património de inestimável valor nacional e internacional", declarou ontem a direcção nacional da organização.

Avançar no processo de extinção dos hospitais da colina de Santana (São José, Santa Marta, Santo António dos Capuchos e ainda o Hospital Psiquiátrico Miguel Bombarda, este já encerrado) sem ter em conta o património a eles ligado constituiria "um intolerável acto lesivo da nossa memória colectiva", diz o ICOM Portugal, em comunicado.

O processo de desactivação dos hospitais - que foram já vendidos à Estamo, entidade pública encarregada da venda do património do Estado - "levanta muitas dúvidas que carecem de resposta por parte do Ministério da Saúde, como absolutamente se impõe em vivência democrática", prossegue o documento. Até agora o Ministério da Saúde não esclareceu o que tenciona fazer com o património dos hospitais, parte do qual está classificado.

Por isso, o ICOM apela à tomada de medidas que considera de "carácter imperioso e urgente". A primeira é a reabertura do público da Enfermaria-Museu do Hospital Miguel Bombarda, edifício classificado que funcionou durante muitas décadas como enfermaria para doentes vindos da penitenciária e onde está exposta parte da colecção de arte feita pelos doentes, do arquivo fotográfico e de material hospitalar.

Mas, apesar de este ser o caso mais premente, as preocupações do ICOM são mais latas e abrangem o conjunto dos hospitais da colina de Santana, para os quais propõe a "criação de unidades museológicas respeitando os respectivos "espíritos do lugar"". A ideia, explicou ao PÚBLICO Luís Raposo, presidente do ICOM Portugal, é criar um museu com vários pólos, tendo como unidade nuclear o edifício do antigo Colégio de Santo Antão-o-Novo, que faz hoje parte do Hospital de São José.

O ICOM não se pronuncia sobre qual deveria ser a tutela deste pólo museológico, mas Luís Raposo lembra que "o know how sobre museus está na Cultura", pelo que o projecto deveria envolver os dois ministérios (Saúde e Cultura). No entanto, antes disso, Luís Raposo classifica como "crucial" o inventário de todo o património, móvel e imóvel, destes hospitais.

A organização dos museus apela ainda a que seja estabelecido com a câmara e as faculdades de Arquitectura "um plano urbanístico e de valorização patrimonial" em torno desta "colina da saúde" que constitui "o maior e mais importante conjunto de património da medicina e saúde do nosso país". Por fim, o ICOM, em parceria com a Associação Portuguesa de Museologia, defende o estabelecimento de "termos de referência claros" para a utilização dos espaços desactivados dos hospitais.»

In Público (8/1/2011)

Nota: este é de facto um assunto importantíssimo que infelizmente não tem recebido a devida atenção por parte do Estado. Este património - nacional - não pode ser reduzido pelo Estado a simples " questão de imóveis e terrenos" para especulação imobiliária. É de Património Cultural com importância nacional de que estamos a falar. O processo de extinção de hospitais está a ser levado a cabo de modo irresponsável porque não há plano de salvaguarda do património cultural. Foto: Entrada do Hospital Miguel Bombarda, c.1910. Fotógrafo não identificado, Arquivo Municipal de Lisboa.

domingo, 19 de setembro de 2010

Seminário: Imagens e padrões em inventários de azulejos

Depois de um intervalo para férias, vão ser retomados os Seminários de Estudos de Caso de Cultura Material.

Certamente já ouviram falar do magnífico trabalho de levantamento e estudo da azulejaria portuguesa feito pela Rede Temática em Estudos de Azulejaria e Cerâmica João Miguel dos Santos Simões (Instituto de História da Arte, Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa): http://redeazulejo.fl.ul.pt/

Ocasionalmente, o Museu de Ciência tem colaborado com a Rede e talvez venha a colaborar ainda mais, no âmbito da segunda fase do projecto Thesaurus de Instrumentos Científicos

A Rosário Salema de Carvalho é uma das coordenadoras da Rede e vai explicar um dos aspectos mais importantes do trabalho: o reconhecimento de imagens e padrões.

Imagens e padrões em inventários de azulejos: Projectos interdisciplinares na área da azulejaria

Rosário Salema de Carvalho

Terça-feira, 21 de Setembro, 17 h

Anfiteatro Manuel Valadares

Museu de Ciência da Universidade de Lisboa

FOTO: azulejos de fachada na Freguesia de Santa Isabel

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Seminários Património Científico Português

A próxima sessão dedicada ao Património Científico Português terá lugar no dia 25 de Fevereiro, pelas 18 horas, mas, ao contrário do que é habitual, terá lugar na bela sala da Aula Maynense, na Academia de Ciências de Lisboa. A sessão terá como título "Sobre a Academia das Ciências de Lisboa e seu Património" e o orador convidado é o Professor Miguel Telles Antunes.

«A próxima edição do ciclo Seminários de Património Científico vai constituir uma oportunidade rara de conhecer o vastíssimo e riquíssimo património da Academia das Ciências de Lisboa. O Seminário será dado pelo Prof. Miguel Telles Antunes, actual responsável por esse património.

Na verdade, as importantes colecções da Academia - que vão desde a Física àAntropologia, à Arqueologia, História Natural, Cerâmica Oriental, Pintura, Escultura, Mobiliário - cobrindo os séculos XVIII, XIX e XX, são muito pouco conhecidas do público e, mesmo, da comunidade científica. Isto, claro, com excepção da biblioteca, que está diariamente aberta ao público.

Faz agora um ano, o Museu de Ciência da Universidade de Lisboa estabeleceu um protocolo com a Academia com o objectivo de organizar, preservar e tornar acessível a colecção de instrumentos científicos. Tirando o magnífico Gabinete de Física de Coimbra, esta é a maior e mais consistente colecção de instrumentos científicos do século XVIII existente em Portugal. Acresce quenão sofreu qualquer dispersão ao longo do tempo.

A parte correspondente à Física é mais bem conhecida, tendo sido estudada por Rómulo de Carvalho. No catálogo que fez (R. Carvalho, O Material didáctico dos séculos XVIII e XIX do Museu Maynense da Academia das Ciências de Lisboa. ACL, 1993), Carvalho catalogou 233 instrumentos. No entanto, desde que lá estamos a trabalhar, já encontrámos quase outros tantos, que não estavam inventariados (muito de Química). De resto, o material encontra-se muito disperso pelos espaços da Academia e frequentemente aparecem instrumentos 'novos'.

A origem do Gabinete de Física da Academia ainda se encontra largamente porestudar. Aquilo que sabemos é-nos sobretudo relatado por Rómulo de Carvalho neste e noutros livros. Resulta da combinação de dois gabinetes: o gabinetedo padre José Mayne (1780), que tinha instrumentos de física e o próprio gabinete da Academia das Ciências, cuja organização esteve aparentemente a cargo de Gerard Sant e Joan Joseph Solner, entre 1794 e 1799. O gabinete foi posteriormente enriquecido com material oitocentista adquirido para a Aula Maynense (1849-1919). É ainda provável que o Gabinete possua instrumentos de outras proveniências, nomeadamente da Casa Real. (...)

No Seminário da próxima 5a feira, dia 25, às 18 h, terão oportunidade devislumbrar este importante património, nos espaços magníficos da Aula Maynense, recentemente restaurada. A entrada é livre.

Dra. Marta Lourenço

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Vender um livro raro ou uma parte do jardim para pagar pessoal ou despesas correntes?

Vender uma escultura ou uma pintura para pagar pessoal ou despesas correntes? Quem diz uma pintura diz um Mosasaurus, um astrolábio ou o jardim botânico.

Tentador, sobretudo numa época de cortes nos museus... E infelizmente já aconteceu muitas vezes (até vender edifícios, veja-se o caso chocante em curso do Museu de Zoologia da Universidade de Amsterdão).

Porém, é proibido por todos os códigos deontológicos. E, a partir desta semana, é CRIME nos museus do estado de Nova Iorque - em todos os museus, incluindo universitários.

A lei vem na sequência da venda recente de colecções de arte para cobrir despesas, nomeadamente recuperar os 'endowments' das universidades largamente diminuídos com a crise financeira (e.g. Rose Museum da Brandeis University, há dois meses).

"These collections were not created as reservoirs of capital to be used for the benefits of the institution," said Mr. Brodsky, a Westchester County Democrat and a sponsor of the bill. "You keep selling paintings to keep the doors open and eventually you have open doors and no paintings."

Ler mais em:

http://www.nytimes.com/2009/03/18/arts/design/18rege.html

Faz falta uma lei destas em Portugal. Está nos códigos, é verdade, mas:

a) não tem força de lei;

b) muita gente desconhece os códigos, sobretudo nas universidades;

c) muitas colecções públicas estão fora da alçada dos museus. Quem as protege?

Marta Lourenço

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

«Great Universities have Great Museums»

A Message Concerning University and College Museums

We the undersigned believe that:

Great colleges and universities look both forward and back; they shape our shared future by being stewards of our shared past.

They perform this service not merely through the commitment of countless faculty and other resources to the cause of teaching, learning and scholarship, but also by building, preserving, providing access to, and interpreting tangible objects, ranging from manuscripts and rare books toworks of art and biological and natural-history specimens and artifacts.

Our college and university collections, found in our great academic archives, libraries and museums, are deep repositories of past and present human creativity, in all its diversity and richness.

These collections present students, teachers and local communities withunique opportunities to experience, to learn, and to grow. They speak to theyoungest child and to the lifelong learner. They advance teaching and learning across the arts, humanities, and social and natural sciences, while also inspiring new and exciting forms of inter disciplinary scholarship.

They engage entire communities in the perpetuation and dissemination ofknowledge, in their understanding of society and culture, in the value ofcultural and scientific literacy to our democracy and, thus, in the practiceof developing good and educated citizens.

Archivists, librarians and museum professionals - and the array of servicesthey provide - play an essential role in the educational enterprise by facilitating access to, as well as the appreciation and interpretation of, our college and university collections.

At the heart of many of our great colleges and universities stand museums ofart, science, archaeology, anthropology, and history, as well as arboreta and other collections of living specimens. Along with our libraries and archives, these academic museums advance learning through teaching and research. They are the nation's keepers of its history, culture and knowledge. They are essential to the academic experience and to the entire educational enterprise.

Founded, like universities, to serve humankind, museums are no more disposable assets than are libraries and archives.

Great Universities have Great Museums.

The Boards, Officers and Members of the:

American Association of Museums, Ford Bell, President; Carl Nold, Chair Association of Art Museum Directors, Michael Conforti, President; Janet Landay, Executive DirectorAssociation of College and University Museums and Galleries, David Alan Robertson, President University Museums and Collections, International Council of Museums, Cornelia Weber, Chair College Art Association, Paul Jaskot, President; Linda Downs, Executive Director Samuel H. Kress Foundation, Max Marmor, President.

FOTO: Museu Nacional de História Natural de Nova Iorque

Task Force on College and University Collections

Foi recentemente criada uma plataforma associativa internacional (género PP-CULT, mas mundial), com o objectivo de sensibilizar as pessoas para a importância do património universitário, particularmente nos Estados Unidos cujos museus têm sido fortemente ameaçados devido à crise financeira.

Porém, como sabem, o problema vem de muito longe e não afecta apenas os EU - as colecções, museus, jardins botânicos e herbários das universidades europeias estão hoje mais vulneráveis do que nunca e uma percentagem muito significativa do que existia nos anos 80 já desapareceu, silenciosa e irreversivelmente.

A criação da plataforma - que se chama Task Force on College and University Collections - parte da Association of College & University Museums & Galleries (ACUMG) e integra a American Association of Museums (AAM), o Comité Internacional do ICOM para os Museus e Colecções Universitárias (UMAC), a Association of Art Museum Directors e a College Art Association,entre outras.

A primeira iniciativa dessa plataforma é uma petição intitulada 'We Believe. Great Universities have Great Museums', que se encontra disponível para subscrição em: http://www.acumg.org/

Marta Lourenço

FOTO: Museu Nacional de História Natural de Nova Iorque.

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Seminário sobre Património Científico: Sociedade de Geografia de Lisboa

Hoje, dia 1 de Julho, terá lugar mais uma sessão dedicada ao Património Científico Português, sob o tema O Património da Sociedade de Geografia de Lisboa.

A palestra será na Sociedade de Geografia de Lisboa, às 17h00 e estará a cargo de Manuela Cantinho, do Instituto de Investigação Científica e Tropical.

Esta será a última sessão desdte ciclo de seminários antes do verão, retomando-se as sessões a 30 de Setembro no Museu de Ciência.

FOTO: Conferência na Sociedade de Geografia, início do séc. XX. Alberto Carlos Lima. Arquivo Fotográfico Municipal.

segunda-feira, 27 de abril de 2009

Programa de estímulo ao desenvolvimento da História da Ciência

Caro investigador:

No âmbito do programa de estímulo ao desenvolvimento da História da Ciência em Portugal promovido pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, a Fundação para a Ciência e a Tecnologia vai abrir em 2009 concursos para financiamento de projectos de investigação e de bolsas individuais no domínio da História da Ciência.

O programa tem como objectivos promover o desenvolvimento e reforço de competências no domínio da História da Ciência em Portugal, concorrer para a valorização do património cultural e científico do País e apoiar a especialização da comunidade científica nesta área, tornando-a mais competitiva no contexto nacional e internacional.

Este programa integra uma componente específica dedicada à História da Ciência nos últimos cem anos coincidindo com a preparação da celebração do Centenário da República, 100 anos de República, 100 anos de Ciência.

Estas iniciativas dirigem-se aos investigadores, instituições científicas e universidades, assim como a todas as outras entidades relevantes e pretende estimular a constituição e reforços de redes nacionais e internacionais de cooperação em História da Ciência.

João Sentieiro
Presidente
Fundação para a Ciência e a Tecnologia

FOTO:

segunda-feira, 23 de março de 2009

Seminário: Olhares sobre o Património Científico Português

Dia 25 de Março, às 17h, no Auditório Manuel Valadares no MNHN

O próximo seminário sobre Património Científico vai abordar o tema Aspectos do Património Científico de Física e Química das Escolas Secundárias Portuguesas terá como oradora Isabel Malaquias, da universidade de Aveiro e membro do Centro de Investigação em Didáctica e Tecnologia na Formação de Professores.

Os Seminários Olhares sobre o Património Científico Português são uma iniciativa conjunta do Museu de Ciência e do Centro de História das Ciências da Universidade de Lisboa. Mais informações em http://chcul.fc.pt/act_ii/patrimonio_cientifico.htm

FOTO: Liceu Passos Manuel, circa 1900. Fonte: Arquivo Fotográfico Municipal