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terça-feira, 26 de junho de 2012

O Scozzy com Metafísica

By Martin Amis*
«Hoje em dia é tudo papelada. Foi essa a nossa evolução. Das picaretas… para a papelada.»**

Notas:
*Martin Amis, A Informação, pág. 199. Lisboa: Quetzal, Junho de 2012, 514 pp. (Tradução de Jorge Pereirinha Pires; obra original: The information, 1995.)
**E prossegue, mais adiante: «Um caos aparelhado […] a literatura [está] cada vez mais pesada e mais peluda, até tudo ter acabado e se chegar à papelada.»

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Mistério (deste) Universo

Blogosfera. Dentro em pouco revelado. Um caminho…
«Onde estavas, quando lancei os fundamentos da terra? (...) entre as aclamações dos astros da manhã e o aplauso de todos os filhos de Deus?»
Job 38: 4, 7

quinta-feira, 6 de maio de 2010

festina lente

«Recebia a reforma de professor, mais o pequeno rendimento de um plano de poupança livre de impostos, e ainda os juros de uma velha caderneta bancária com os números escritos em caracteres simpáticos, entrecortados e pouco nítidos.
As estações sucediam-se numa amálgama, cada ano era uma névoa atordoada. Como o tempo nos livros. Num livro, o tempo escoa-se no hiato de uma frase, muitos meses e anos. Escrevendo uma palavra, passa uma década. Não é assim tão diferente aqui fora, na idade dele, no mundo sem margens.»
Don DeLillo, Submundo, p. 240. [Porto: Sextante, 1.ª edição, Abril de 2010, 840 pp.; tradução de Paulo Faria; obra original: Underworld, 1997]

sexta-feira, 15 de maio de 2009

Pausa (indefinida) – 2.ª parte

Depois da vontade irreprimível de exteriorizar (e de ostentar com orgulho, porque não?) as recentes alegrias clubísticas, inauguro a 2.ª parte do meu pousio blogueiro sem limite temporal definido.

Ganhar peso (neste país que me oprime) e saúde para não ter de me vender aos chineses como um perfeito Épsilon menos, mão-de-obra barata de acordo com a Cartilha Paradoxal de M. Pinho Huxley de Deus & Magalhães, responsabilidade limitada (leia-se "licença para a impunidade").

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Até ao possível regresso, gostaria de deixar uma nota à 2.ª “Nota de Tradução” de Tânia Ganho (pág. 221) do 14.º capítulo de A Vida em Surdina (Deaf Sentence, 2008) do escritor britânico David Lodge (Edições Asa, 1.ª edição, 2009) – foi cometido um crime de lesa-majestade (musical), sobre o Rei, o eterno, insubstituível e inesquecível Chairman of the Board:
– A canção a que Desmond Bates se refere não é “New York, New York”, mas “Chicago”, que, por um lado, o próprio personagem refere como exemplo da musicalidade da palavra no corpo do texto, e, por outro, para qualquer sinatreiro de trazer por casa – dispensando o recurso a um qualquer sinatrólico – o final dos versos (de Fred Fisher) “…that toddling town. / … I’ll show you around.” só podem vir acompanhados de início com o nome de uma e uma só cidade: CHICAGO.
Eis um exemplo de A Voz em Tóquio em 1962 (a talho de foice, reza a História, cidade em que detestou cantar, introduzindo vários remoques e gracejos subliminares entre e durante as canções):

terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

Pausa (indefinida)

Até breve... (referência a cripto-filosófica nabokoviana postada a 30/Abr/2009)

«É geralmente aceite que, se o homem pudesse comprovar o facto da sobrevivência depois da morte, também resolveria, ou estaria no bom caminho para resolver, o mistério do Ser. Infelizmente, os dois problemas não se sobrepõem ou fundem, necessariamente.
Vamos encerrar o assunto com este bizarro apontamento.»
in Vladimir Nabokov, Transparências, p. 118 (Lisboa: Teorema, 1989, 129 pp; tradução de Margarida Santiago; obra original: Transparent Things, 1972).


A 24 de Fevereiro de 2009 [Nunca Mais + In Absentia + Porque (os três blogues nunca coexistiram no tempo e, entre o fim de um e o início de actividade de outro, verificou-se sempre um hiato de alguns meses), desde 17 de Dezembro de 2005], as estatísticas (fonte: Sitemeter):

  • Número de visitantes: 95.343
  • Número de páginas visitadas: 125.299

Obrigado a todos.

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Breaking News

Neste preciso momento neva no Porto.

Adenda [às 10:29]: «Batem leve, levemente,/ como quem chama por mim.» Augusto Gil. E, pronto, ficamo-nos por aqui...

quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Memória

Dizem que o passar do tempo apaga a má memória, apenas subjaz a boa saudade – que antinomia –, a boa memória da pessoa ausente.
Mas o que é isso da “boa memória”?
Toda a memória é má enquanto, no intrincado da nossa mente torturada pela morte a destempo, impera o sentimento de perda.
Não há sossego por um minuto que seja. E foram tantos, 3.153.600 contados por alto.
Não pode haver quietude enquanto o nó da saudade que nos sufoca não se desfizer em areia que se desloca na ampulheta da vida.
O meu tempo parou há seis anos. Vou vivendo aquele que os outros que de mim não desistiram me concedem.
Só vos posso agradecer e nada prometer, enquanto, com químicos ou sem eles, com reflexões ou sem elas, com conselhos ou sem eles, sentir que «nenhuma ausência é mais funda do que a tua» (sempre Sophia).

Para o T. (27/06/1975 – 30/10/2002), o teu eterno e cadavérico James Osterberg bem acompanhado, na cidade que galgámos sofregamente pela iminência do desfecho:


Do álbum Jazz A Saint-Germain (1998)
(Créditos – letra: Irving Kahal; música: Sammy Fain; 1938)

quinta-feira, 15 de maio de 2008

Chamada de atenção

O texto publicado no passado dia 12 neste blogue, intitulado “Desgraça”, foi actualizado e devidamente corrigido de um erro de substância.

quarta-feira, 30 de abril de 2008

Mudanças (2.ª)

Termina a fase In Absentia e com ela:

a exposição do poema de Sophia que lhe serviu de inspiração:

Num deserto sem água
Numa noite sem lua
Num país sem nome
Ou numa terra nua

Por maior que seja o desespero
Nenhuma ausência é mais funda do que a tua.

Sophia de Mello Breyner Andresen, "Ausência"

e da epígrafe, como complemento:

«Ele ficou ali sentado. Pensou que, bem vistas as coisas, não se sentia muito mal com a sua consciência. O mundo estava cheio de cães. Havia cães e havia cães. Com alguns cães não havia nada a fazer.»
[He sat there. He thought he didn't feel so bad all things considered. The world was full of dogs. There were dogs and there were dogs. Some dogs you just couldn't do anything with.]

Raymond Carver, «Jerry, Molly e Sam» («Jerry and Molly and Sam», 1976)
E agora, NUNCA MAIS...

quinta-feira, 27 de março de 2008

quarta-feira, 26 de março de 2008

Perplexidade Leninista...

Que fazer, foda-se?

Nota transplantada da legenda da imagem acima por motivo de visibilidade: peço as minhas sinceras desculpas a todos a quem eu ainda não respondi às interpelações feitas em textos anteriores. Crise existencial: life sucks.

quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

Um silogismo...

IX
[Respigado algures]

«…outros morrem; mas eu sou / Outro; por isso não morrerei.»
Por “J. S.”


X
[Ainda por mão alheia, um comentário ao silogismo]

«Pode agradar a um rapaz. Mais tarde, aprendemos que somos esses “outros”.»
Por “C. K.” (e não, não desenha e produz roupa interior masculina.)


XI
[Oportunamente, ir-se-á falar aqui da pertinência das citações acima expostas]


Pista (para conhecedores, assunto desvelado; ocultos amores, verve do letrado):
«Fui a sombra do ampelis despenhando-se / No céu falso da vidraça; / Fui a nódoa de um tufo de cinzas – e / Vivi sempre, fluí, no céu reflectido.»
Por “J. S.”


XII
[o Outro]

Eu não sou eu nem sou o outro,
Sou qualquer coisa de intermédio:
      Pilar da ponte de tédio
      Que vai de mim para o Outro.

Mário de Sá-Carneiro, «7» (1914)

quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

Para breve


[Aviso: Exercício de produção de expectativas, com fins digna e impudicamente propagandistas, para engrandecimento do número médio de leitores deste blogue – eu, um auto-iludido que há dois anos gravita pela blogosfera, sei que as minhas preferências vos interessam. Previsão do impacto: aumento do número médio de visitantes por dia de 8 ½ (cifra felliniana) para 11 ¾ (permitisse a vida, uma boa hora para despertar). Nota técnica: as médias são representadas em fracção em consequência da índole americanófila deste espaço.]

Divulgarei as obrigatórias listas de fim de ano, que irão exibir, de forma ostensiva, as preferências deste blogue (essa entidade abstracta que me vem dominando de forma impiedosa) em três áreas da manifestação artística: Cinema, Música e Literatura. No entanto, a lista dos melhores livros de 2007, cujo grau de imprevisibilidade foi progredindo para a inexistência (atente-se na coluna do lado direito), apenas será revelada no fim deste ano ou no início do próximo, como efeito imediato do processo de leitura em curso.

Haja tempo e paciência.

sexta-feira, 23 de novembro de 2007

Revisto

Existence, well what does it matter?
I exist on the best terms I can
The past is now part of my future
The present is well out of hand.

Mais lágrimas… exorcizados os fantasmas, opinião aperfeiçoada.
Fui ao
sítio do costume, entrei na minha conta de há quase dez anos... o 9 anterior transformou-se em 10.

terça-feira, 6 de novembro de 2007

Ando por aí

Como se vivesse num aquário… Ouço uns barulhos estranhos sempre que pego no telefone e agora vivo entre o tubo catódico e o cinescópio do meu Sony 84’’… emudecido, só saio para as refeições que, por razões óbvias, estão subjugadas ao baixo teor de calorias.

terça-feira, 30 de outubro de 2007

In Memoriam

Para T. (1975-2002)

Hay cementerios solos,
tumbas llenas de huesos sin sonido,
el corazón pasando un túnel
oscuro, oscuro, oscuro,
como un naufragio hacia adentro nos morimos,
como ahogarnos en el corazón,
como irnos cayendo desde la piel al alma

Hay cadáveres,
hay pies de pegajosa losa fría,
hay la muerte en los huesos,
como un sonido puro,
como un ladrido sin perro,
saliendo de ciertas campanas, de ciertas tumbas,
creciendo en la humedad como el llanto o la lluvia.

Yo veo sólo a veces,
ataúdes a vela
zarpar con difuntos pálidos, con mujeres de trenzas muertas,
con panaderos blancos como ángeles,
con niñas pensativas casadas con notarios,
ataúdes subiendo el río vertical de los muertos,
el río morado
hacia arriba, con las velas hinchadas por el sonido de la muerte,
hinchadas por el sonido silencioso de la muerte.

A lo sonoro llega la muerte
como un zapato sin pie, con un traje sin hombre,
llega a golpear con un anillo sin piedra y sin dedo
llega a gritar sin boca, sin lengua, sin garganta.

Sin embargo sus pasos suenan
y su vestido suena, callado, como un árbol.

Yo no sé, yo conozco poco, yo apenas veo,
pero creo que su canto tiene color de violetas húmedas,
de violetas acostumbradas a la tierra,
porque la cara de la muerte es verde,
y la mirada de la muerte es verde,
con la aguda humedad de una hoja de violeta
y su grave color de invierno exasperado.

Pero la muerte va también por el mundo vestida de escoba,
lame el suelo buscando difuntos,
la muerte está en la escoba,
es la lengua de la muerte buscando muertos,
es la aguja de la muerte buscando hilo.

La muerte está en los catres:
en los colchones lentos, en las frazadas negras
vive tendida, y de repente sopla:
sopla un sonido oscuro que hincha sábanas,
y hay camas navegando a un puerto
en donde está esperando, vestida de almirante.


Pablo Neruda, “Sólo la muerte”, Residencia en la Tierra (1925-1935)

terça-feira, 16 de outubro de 2007

Nada

Gustave Doré - Edgar Allan Poe's The RavenNão surge nada e, no entanto, dele emergiram estas curtas linhas. Um desabafo, sem necessidade de indulgência… ensimesmamento.
Era para escrever sobre algumas decepções e contentamentos literários experimentados nos últimos dias: Barnes, com a sua dupla, deixou a desejar; o quase de quinceyano Falconer de John Cheever é, de facto, um pequeno prodígio da prosa ficcional norte-americana da segunda metade do século passado.
Amanhã é anunciado o Booker de 2007 – fingers crossed, Ian.
Inocentemente, perguntava-me de onde vinha esta estranha melancolia… uma lugubridade inusitada. Mais carregada que a usual!
E, jardelizando-me, expondo-me ao mundo na terceira pessoa, ouvi, do outro lado do espelho: É Outubro, meu caro, e com ele a recordação do dia mais doloroso e cinzento das tuas três décadas e meia de existência...

Requiescat in pace.



Numa meia-noite agreste, quando eu lia, lento e triste,
Vagos, curiosos tomos de ciências ancestrais,
E já quase adormecia, ouvi o que parecia
O som de alguém que batia levemente a meus umbrais
«Uma visita», eu me disse, «está batendo a meus umbrais.
É só isso e nada mais.»
Excerto de O Corvo, de Edgar Allan Poe, traduzido por Fernando Pessoa (The Raven, 1845)

sexta-feira, 13 de julho de 2007

Neoludismo

Se me encontrarem, hoje ou nos próximos dias, num McDonald’s de lenço estendido a apertar, com exagerado entusiasmo, a mão ao empregado do mês, desconfiem.
É um problema de imunidades