De modo que, I’m Not There poderia ser “Tô Nem Aí, mi deixa, cara”, em vez do anódino Não Estou Aí, porque disso já todos nós sabemos – ou deveríamos ter sabido, antes de despender os cerca de 5 euros para mais de duas horas de Olcadil (deixei-me do Xanax) –, e isto se exceptuarmos Dylan, ele mesmo numa filmagem pirata, de harmónica nos beiços entoando uma quase inédita “I’m Not There”, mesmo antes do aparecimento dos piedosos e libertadores créditos finais.
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Os do meio são meros personagens de ficção. Os restantes quatro existiram e de alguma forma contribuíram, segundo Haynes, para a imagem e para o desenvolvimento dos quase cinquenta anos de carreira de Bob Dylan.
Billy the Kid (Richard Gere) e Rimbaud (Ben Whishaw, o do nariz prodigioso), e uns desconhecidos impulsionadores da folk music americana Woody Guthrie (Marcus Carl Franklin) e Jack Rollins (Christian Bale, que não sabe desempenhar mal um papel, apesar de alguma histrionia no último Herzog). Finalmente, temos a andrógina Jude Quinn (Cate Blanchett, o pronto-socorro para a conquista de galardões) e o actor ficcionado, machão dos sete costados, Robbie Clark que ganha fama quando interpreta Dylan (interpretado pelo malogrado Heath Ledger). Segundo o realizador, são todos episódios e facetas da vida atribulada de Mr. Zimmerman... mas, na cabeça de Mr. Haynes.
E como já havia prometido que sobre cinema, só falaria para o final de 2008, fico-me por aqui. Porém, amanhã assistiremos à materialização em texto da veia encomiástica da elite cinéfilo-intelectual lusitana sobre o experimentalismo de Todd Haynes, os planos, os vários tipos de película que usou para filmar, Rimbaud num tribunal warholiano, Ginsberg e Orlosvky recitando de chopper poemas para o asfalto, representando o seu grupinho sanfranciscano de bêbados letrados da década de 50 (e o Castro só surgiu nos 70).
Não há fio condutor. As partes não encaixam. É expressionismo abstracto sem qualquer tipo de alucinação criativa.
E Dylan sabe? Gostou, Mr. Zimmerman?
Tô nem aí, Tô nem aí...
Pode ficar com seu mundinho, eu não tô nem aí
(carregar aqui, só para recordar este hino tão socrático à cultura do físico).
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