Quando, há quase um ano, Draghi afirmou "BCE fará o que for necessário para defender o euro, e isso será suficiente" e avançou com o Programa OMT de compra ilimitada de dívida soberana dos países do euro sujeitos a um resgate formal, como era esperável, os mercados estabilizaram e o BCE não interveio.
Entretanto, o Bundesbank levantou a questão da inconstitucionalidade da eventual obrigação imposta
aos contribuintes alemães no caso do BCE adquirir dívida que não venha a ser paga pelos países devedores. A decisão do Tribunal Constitucional é crucial para a evolução da zona euro, podendo, no caso de julgar inconstitucional a capacidade do BCE intervir como prometeu Draghi, provocar uma crise na União Europeia de consequências dramáticas para o seu futuro.
Curiosamente, Merkel está decidida a defender a posição do BCE contra a do banco central alemão.
Razão pela qual num artigo hoje publicado no El País se compara a sua atitude à de Helmut Kohl, na sua persistência pela equiparação do marco alemão de leste ao de oeste na Alemanha reunificada, mais tarde no Tratado de Maastricht e de Helmut Schmidt na sustentação do Sistema Monetário Europeu.
Entretanto, por artes que nem todos os mágicos deste mundo certamente dominam, o euro, uma moeda ameaçada por turbulências constantes numa União Europeia economicamente estagnada e financeiramente desequilibrada, consegue o, aparentemente, improvável ao valorizar-se no espaço de um ano contra as outras principais moedas.
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Sobre o mesmo tema: vd in Economist :
Germany and the euro. The euro zone looks anxiously to Karlsruhe
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