sexta-feira, dezembro 31, 2004

Retrato de (um) povo/s



Não é o tecto da Capela Sistina...
eu sei...
é, todavia, a veia que nos transporta à descoberta de algo que, no fundo, faz parte de nós mesmos.




Canadian Museum of Civilization

quarta-feira, dezembro 29, 2004

Lobo Antunes diz que há-de amar uma pedra...

E que fazer quando já se ama um rochedo?

sexta-feira, dezembro 24, 2004

Ofereço-vos...



O açucar em pó das minhas manhãs


A farinha das minhas tardes


E a heroína das minhas noites

segunda-feira, dezembro 20, 2004

Surpresa!



Não podiam ter chegado em melhor altura.

O termómetro atingia uns fantasmagóricos 40 e tal negativos (tomando em consideração o factor vento), quando, por volta das 3 da manhã sinto baterem à porta (e não era a neve, não).

Pelo meio da condensação cerrada, gerada pelo abrir da porta; na fronteira entre o quente e o gelado; vislumbro-lhes os rostos.

Eu só posso dizer:
- Sou filha de uma mãe fenomenalmente louca!
Que se lixe o pai natal quando se tem uma mãe assim!

sexta-feira, dezembro 17, 2004

Diálogo - I



Estava na hora da deita.
No quarto escuro desenhavam-se as habituais sombras de todas as noites.
Ele nem sempre se queixa, mas nesta noite em particular, fê-lo mais que o habitual; de modo que...

- Ouve Daniel... que é que vês no escuro?

- ... hmmm.. nothing.

- So... there's nothing to be scared of.

- But... if you're not scared of anything, you don't belong in this world.

(eu arregalei os olhos: pela natureza do que ele me disse, mas também porque despertou em mim uma certa lembrança de algo em que eu pensava quando era pequena)

- Mas... como é que te lembraste disso?

- Verónica told me so.

________________________


Já falei com a Verónica.
Fiquei a saber que de facto eles já tinham tido esta conversa mas foi mesmo ele que se saiu com aquela tirada.
É natural que ele tenha feito uma certa confusão em relação à sua proveniência; a memória trai-nos mais do que muitas vezes julgamos.

Mais confusa fico eu com a maturidade do que se passa nestas cabecinhas tão jovens.

sábado, dezembro 11, 2004

(toc-toc-toc)



(toc-toc-toc... toc-toc-toc)

"Atão?... 'tá alguém em casa?..."

"Será que o riacho secou de vez?.."


(tec-tec tec-tec-tec)

"...'inda não, 'inda não!
Agora voltei ao tempo da velha máquina de dactilografar... tsc tsc... sai tudo mal.

Só erros, papel desperdiçado, paciência esgotada... e ainda por cima não lhe encontro o botão de ESC!"
(pfff)

Poema bibitu



Como não posso estar quieta por muito tempo, quando ando de autocarro entretenho-me a pescar frases que vejo nos reclames de publicidade que revestem as paredes do dito e me acolchoam as pupilas.

Saiu algo como isto:

Better get used to hearing

Reward

Courtesy and respect it's a two way street

Ventilation

Suis ta passion!
Pay the fare or pay the fine
Wherever life takes you

"Exit at the rear"




segunda-feira, dezembro 06, 2004

Da gaveta de dentro - I



Aqui há uns dois anos atrás, aquando em Portugal, achei, no mínimo, "curioso", quando uma das minhas tias (que nem sequer o é) me informa, toda entusiasmada:
- "... o Fernando já não trabalha na fábrica! A Rosinha comprou-lhe um café."
Sorriso de orelha a orelha, referindo-se, respectivamente, ao seu cunhado e sua irmã.

Se este facto me tivesse sido contado por um familiar directo do Fernando, a exposição teria sido feita de outro modo, estou em crer.

É estúpidamente absurdo como a parcialidade nos consegue vendar o raciocínio.

sábado, dezembro 04, 2004

Som de embalar



Pink Floyd rasgava o ar,
"Home, home again
I like to be there when I can..."
.

Nunca apreciei tanto permanecer no vermelho, como naqueles minutos que se lhe seguiram.
Teria ficado ali por muitos mais vermelhos, não fossem as buzinas que iriram estilhaçar o momento.

Ali... mesmo em frente, a uns 35º da linha do horizonte (nunca eu a vira tão baixa, palpável) vi-me lá, "home, home again", deitada sobre aquele manto cremoso de quarto minguante; perfeito gomo de embalar.

São momentos como este que pertencem à tal cadeia-por-ser e quando acontecem, elas nem pedem licença; transbordam e fluem naquele leito morno, sem que lhes seja necessário indicar o trajecto.



quinta-feira, dezembro 02, 2004

Mais um episódio branco



Esta revelou-se uma noite ainda mais rocambolesca que a da "maçã branca" e companhia.

Perco o autocarro, levo o carro.
Dou mil voltas para arranjar um estacionamento vago.
Aula.

...

De regresso ao lugar X, estarreci ao vê-lo... vazio!
Verifico se foi mesmo nesta rua que o deixei... SIM, FOI!

Roubado ou rebocado?

Telefono à polícia.
Serviço telefónico impecável, sem esperas, eficaz, ligações internas rápidas que terminam no serviço de... reboque.
Aponto a rua e número.
Tomo um autocarro até lá perto.
Segue-se uma viagem de taxi = $8.oo
Chegada à destinação, há que arrotar com $90.95 se desejo as 4 rodas de volta.
Tempo usado nesta "vadiagem" = 3 horas.
(convém adicionar que é madrugada)

Ah bendita neve que tudo encobres (até mesmo entradas particulares!).

MORAL da história:
Levanta sempre o manto, por mais belo que ele seja, pode sempre esconder inconvenientes.

sexta-feira, novembro 26, 2004

Cabeçadas - III


Eu tenho momentos de felicidade com pequenas coisas; aragens simples que me roçam o rosto e me fazem esboçar sorrisos que se ecoam até ao fundo de mim.

Eu meço a minha felicidade com os impensáveis.

(como este... de uma lucidez silenciosa)

quarta-feira, novembro 24, 2004

Lentes de Contacto - II



Ora porra!


E não é que o autocarro não esperou mesmo por mim?!

Sinceramente.
O de hoje foi mesmo um dia 'não'.
Um daqueles que só mesmo para... escrever e não esquecer.
Ele já não tinha começado nada bem.
Começado?... começado, não, que isto tem sido é uma sucessão desajeitada de dias ao longo destes anos todos... como é que vai agora "começar"?

Noite em branco. Branquíssima. Com uns sarapintados de preto. O das letras.
Terminar um trabalho e nem lhe gostar do cheiro, é lixado.
Ainda por cima sem ter visão para descobrir erros (quanto mais virtudes).
Dormir.
Uma, duas horas.
Toca a preparar os leites e lanches e isso.
Dormir (de novo).
Toca a acordar. Fazer o almoço.
Dormir (é que eu durmo melhor é de dia mesmo).
Toca a acordar. Fazer o jantar.
Fazê-lo à pressa e nem sequer ter tempo de comer.
Toca a sair de casa.
Há que bater na impressora e ter o trabalho aprumadinho.
Corre, corre...
Ahh!
Agora durante três horitas, alapa-se o traseiro e ouve-se a mulher falar acerca dos finados.
(mas que sossego)
Ok. Terminou mais cedo. Enquanto faço horas para o autocarro, vou ali dar um giro.
Giro dado, 'tá na hora.
"Ó carago! E passes?... já não tenho mais passes?... %m$e#r@d#a!..e moedas... pff... falta-me $1 pr'ó bilhete... fogo.... não 'tou a gostar nada disto"
Corre, corre...
(Vai lá abaixo, compra passes...)
"... merda, 'tá fechado"
"Eilá... que é aquilo ali: change machine... olha que sorte. Nunca a tinha visto!"
Lá lhe enfio uma nota de $5 (não, o autocarro não aceita notas, ou melhor, aceita, mas não dá troco) e espero pelas moedinhas sairem de algum buraco.
Qual quê!
Desata a sair é um cartão. Telefonemas no valor de $5!
(eu já fumego)
"'Tá visto. O 129, já não o apanho, e é o último... vou no 2. É mais à volta mas é a única maneira..."
Toca a andar e andar.
Ainda bem que gosto de chuva.
E é mesmo daquela que eu gosto.
Que estranho.
Nunca me lembro de a ter visto cair, aqui, no mês de Novembro.
Que consolo nas bentas.
Nem o capuz pus (ahah.. uz-uz) e nem que o pusesse ela molhava-me na mesma. Entra de lado e molha tudo.
Deixa-me cá parar aqui, ver se me trocam uma nota ou se me obrigam a comprar algo...
Na maior.
Já vou eu pela rua acima, já vou no 2.
Mas... pera lá, deixa complicar mais as coisas. A Ana mora no trajecto... deixa lá parar por uns minutos.
Já que está tudo ao revês, que continue.
É só novidades!
Nunca tinha visto uma 'maçã' branca! Olha que gira, toda compacta.
"Foi só por isso que ele o comprou: fica bem em cima de qualquer móvel e nemprecisa ter internet, é só para ouvir música."
Encheu-me a pança: sopa, vinho, fruta e até um chá de cidreira para dormir bem.
(eheh... que engraçada)
Eu pareço uma mendiga.(aliás... sinto-me mesmo uma)
E até me trouxe a casa!
Poça! Isto só mesmo em dias "não".
12:30
Abro a porta.
Com dois passos dentro de casa já se ouve a festa "mã... mãã... I missed you".
Cá vêm os rapazotes.
Lá faço o ritual do costume, caio de quatro, deixo que me lambuzem a cara de beijos e só me falta abanar a cauda.
"... mas como é? Vocês ainda estão acordados?"
(isto é uma casa de doidos)
"shhh... não façam barulho que as manas acordam."
Descalço-me e enfio-me na cama com eles para ver se a festa não se prolonga.
Meia hora depois:
"mã... I'm hungry."
(toingg)
"Vá... venham daí. Vou-vos aquecer leite."

_______

(acho que vou montar cama na cozinha e passar a dormir lá)

(ahh... e não era nem de laranja nem ananás... era de pêssego, compal!)

(nota-se que o chá fez mesmo efeito)

domingo, novembro 21, 2004

Cabeçadas - II

(Para mim) Na maior parte das vezes, o escrever, só por si, não acarreta propriedades curativas.
A excitação que sentimos ao nos sabermos lidos, isso sim, é que serve de bálsamo ás (minhas) nossas chagas.


________________

Depois de ter lido os dois primeiros comentários, reparei que cometi uma grave falta, a que de imediato corrigi e coloquei entre parênteses.

E perante essas opiniões que tive, lembrei-me de colocar aqui a questão:
- O que é que, na escrita, vos proporciona mais prazer?

Não se trata de uma competição :-)
digamos antes, uma mesa redonda onde colocamos as diversas ideias acerca deste assunto.
Claro que todos são bem-vindos à mesa.

sexta-feira, novembro 19, 2004

quinta-feira, novembro 18, 2004

Cabeçadas - I



Foi um dia a sensação de poder alcançar o todo através do teu nada.

E hoje,
eu sou esse nada.

terça-feira, novembro 16, 2004

Será exemplar único?



Dicionário da Língua Portuguesa
2003
Porto Editora

Acabadinho de chegar. Lanço-lhe as maos ao pescoço e desato a passear-lhe as palavras.
Gostaria que me corrigissem, por favor (quem queira e tenha pachorra).
Será que só este exemplar que aqui tenho do dito dicionário (sublinho: da Língua Portuguesa), tem vocábulos ingleses?

Tipo:
- behaviourism (pg. 221)
- bypass (pg. 266)
(entre muitas outras)

Não tenho nada, mesmo nada, contra a evolução de uma língua. Afinal, a mudança é permanente e requer que a língua acompanhe esse progresso.
Agora, o que discordo completamente é do facto de colocarem a palavra no original sem ligar sequer à fonética (acho que é este o bom termo...).

Quando muito que pusessem: baipasse!

E depois dos estrondos do dia



9 e tal da noite.

Vejo o Daniel concentrado como nunca. Vislumbro-lhe já o perfil de homem sério. De lápis em punho, lentamente a escrever o nome dele... uma, duas, muitas vezes.

Ao meu lado, está o David, sentado a beber o leite às goladas enquanto que pausa entre cada uma delas para as contar... one, two, three... chegou a nineteen, disse que já não queria mais.
(Foram goladas grandes!)

A Veronica e a Jessica, revezam-se a ler uns livros que trouxeram da escola. Pautadas.
Diria mesmo, melodiosas.

A felicidade bebida em quatro gotas de água.

sexta-feira, novembro 12, 2004

Postita rápida



Só para me activar de novo a "voz"... nem que seja por um ou dois dias.

Já agora, deixo-vos com este presente todo catita que achei por aí fora.
Não é que vá ficar por muito tempo; primeiro porque não tenho muito jeito para embelezar com trecos destes e segundo porque a duração que isto tem sob a forma gratuitu, não é eterna ;-)

... é aquela coisa ali embaixo... no lado direito do ecrãn.

Saudades, muitas.

sábado, novembro 06, 2004

Interregno



F
...E
.......C
..........H
.............A
................D
...................O

... por algumas semanas.

As cinzentas já começam a ficar negras.
As sinapses estão deveras sobrecarregadas.
... 'n' de tempestades na costa.
Vou fechar as janelas.

Até lá:
Um beijo a todos e a cada um de vocês em especial.

Ponto final (temporário).