O paleontólogo smithsoniano Bill DiMichele e os colegas Howard Falcon-Lang (Universidade de Bristol), John Nelson e Scott Elrick (Centro de Pesquisas Geológicas do Estado de Illinois), e Phil Ames (Peabody Coal Company) descobriram os restos de uma das florestas tropicais mais antigas do mundo, conservada no teto de uma mina de carvão a 76 metros abaixo da superfície. Sua descoberta foi publicada recentemente na revista Geology intitulada “Gradientes ecológicos dentro de uma floresta pantanosa da Pensilvânia”. A floresta tropical se estende por mais de quatro milhas quadradas no telhado de duas minas de carvão subterrâneas adjacentes na região oriental de Illinois. Essa pode ser a maior floresta fossilizada encontrada nos registros fósseis.
Uma floresta de árvores lycopsidas e árvores pteridófitas se desenvolveu uniformemente em toda a área, e um depósito de cavalinha, sementes de pteridófitas e cordaitaleans (sementes de plantas relacionadas às coníferas) preenchida sob e ao redor da árvore floresta lycopsida pteridófita, onde a terra estava seca. A floresta foi preservada quando um terremoto afundou alguns metros da área permitindo sua inundação por um rio adjacente, o qual afundou a vegetação e a enterrou em sedimentos. A inundação repentina no bloco submerso matou a floresta tropical. Lama e silte escorreram para a depressão, preservando toras e lenha em uma camada que acabou se tornando xisto.
Plantas fósseis são comuns em depósitos de carvão. O carvão é o resultado compactado do húmus vegetal. Estes são os restos de plantas extintas no período Carbonífero há 300 milhões de anos [sic], quando o mundo era coberto por uma vegetação verde e luxuriante. Illinois estava perto do Equador e era muito mais quente e úmido. Foi a era dos insetos, com diplópodes de 1,80m de comprimento e libélulas com envergadura de um metro de comprimento.
Samambaias gigantes teriam formado um dossel menor de 9 metros de altura. Apareciam através das pteridófitas lycopodiopsidas de 30 metros altura – pólos similares a aspargos onde brotavam coroas cheias de esporos. “O que é extraordinário sobre essa descoberta é que esta floresta foi preservada na sua posição vertical”, disse Falcon-Lang. “É uma floresta ereta com árvores ainda em pé.”
Base do tronco de uma árvore lycopsida foi enterrada enquanto ainda na vertical, como pode ser vista a partir de baixo. Uma placa metálica foi colocada para impedi-lo de cair e ferir os mineiros. O tronco projeta-se em cima do telhado de xisto. Essa tora teria sido “enraizada” na parte superior do depósito de carvão.
O principal autor do estudo, Bill DiMichele, disse que a extensão lateral dos fósseis lhe permitiu detectar mudanças sutis na diversidade de espécies enquanto pesquisava. Como a mineração continua, o tamanho dos fósseis expostos cresce de dia para dia. Atualmente, DiMichele está fazendo inventários de plantas antigas em outras duas minas ativas de Illinois, em Danville e Springfield, que ficam respectivamente acima e abaixo da Herrin e estão separadas geologicamente por uma cerca de meio milhão de anos [sic]. Onde outros botânicos fazem o trabalho caminhando por uma floresta, DiMichele usa elevadores para descer até as câmaras de mineração – para conseguir chegar abaixo da floresta. “Temos que caminhar sob ela e olhar para cima para observá-la”, disse ele. “É o ponto de vista da minhoca.”
(Smithsonian National Museum of Natural History)
Tradução: Thiago Juliani
Nota: A descoberta é realmente espantosa. Mas a explicação parece deixar um pouco a desejar. Um rio teria coberto a floresta com mais de 70 metros de sedimentos numa extensão de mais de seis quilômetros quadrados? Para uma preservação tão boa, a sedimentação teve que ser rápida e em grande escala. Uma simples inundação fluvial seria explicação para isso? A preservação sob inundação em larga escala e o fato de o tipo de vegetação (plantas gigantes e vastas florestas) ser diferente da encontrada atualmente sugere algo diferente para quem tem o modelo diluviano em mente.[MB]