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Edifício e estrutura Edifício Extração, produção e transformação Estaleiro
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Descrição
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De planta composta em L, pela articulação de três rectângulos, o edifício apresenta volumetria composta por paralelepípedos, sendo a cobertura efectuada por telhados a duas e três águas. A construção compõe-se de três corpos articulados entre si, um primeiro corpo adossado ao torreão O. da Praça do Comércio, um segundo desenvolvendo-se ao longo da rua do Arsenal e um terceiro disposto obliquamente, para O. dos anteriores. A fachada N. desenvolve-se em três andares e apresenta-se ritmada por pilastras de cantaria e animada pela abertura de vãos a ritmo regular, portas e janelas de peito rectangulares de emolduramento calcário simples, no piso térreo, e apenas janelas rectangulares, de verga destacada, e quadradas, nos restantes pisos. Entre os vãos do piso térreo merece menção o portal principal em arco de volta perfeita, com as armas reais na pedra de fecho, articulado com a janela que o encima por varanda guarnecida de balaústres de cantaria e assente em mísulas. Na fachada S., igualmente desenvolvida em três andares, destaca-se - inserido no módulo central definido por pilastras, rematado por frontão triangular e ligeiramente avançado - um portal ladeado por colunas adossadas que suportam uma varanda ao nível do 1º andar. Integrada neste conjunto encontra-se a CAPELA de São Roque, de reduzidas dimensões. A planimetria rectangular gera um volume paralelepipédico simples, dividido por proeminente cornija em dois registos: no inferior, o muro de topo N. abriga o altar-mor e o seu retábulo em talha dourada e pintada - composição arquitectónica com 2 colunas que ladeiam pintura a óleo (com cena da vida de São Roque) e suportam arquitrave com friso ornamentado e frontão triangular; nos extremos deste apoiam-se esculturas em estuque figurando a Fé e a Esperança, e o conjunto é rematado por relevo de uma coroa de anjos em estuque dourado. No topo oposto, um coro-alto apoiado em pilares misulados, dotado de balaustrada e púlpito em madeira marmoreada. Nos muros laterais, lambris de azulejos historiados azuis e brancos (representando cenas da vida de São Roque), sobre os quais se observam pinturas a fresco representando 2 a 2, Virtudes e Evangelistas. No registo superior, a abóbada é revestida por estuques rocaille com emblemas eucarísticos. |
Acessos
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Rua do Arsenal; Ribeira das Naus |
Protecção
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Categoria: IIP - Imóvel de Interesse Público, Decreto n.º 40 684, DG, 1.ª série, n.º 146 de 13 julho 1956 (Capela de São Roque) / Incluído na classificação da Lisboa Pombalina (v. IPA.00005966) / Parcialmente incluído na Zona de Proteção do Castelo de São Jorge e restos das cercas de Lisboa (v. IPA.00003128) |
Enquadramento
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Urbano, destacado, isolado por recinto murado e gradeado. O Arsenal da Marinha encontra-se na zona marginal do Tejo, a S., e entre a Rua do Arsenal e Praça do Município a N.. |
Descrição Complementar
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Utilização Inicial
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Extração, produção e transformação: estaleiro |
Utilização Actual
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Instalações da Administração Central da Marinha |
Propriedade
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Pública: estatal |
Afectação
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Ministério da Defesa Nacional |
Época Construção
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Séc. 18 |
Arquitecto / Construtor / Autor
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ARQUITECTO: Eugénio dos Santos de Carvalho (1759); Luís Benavente (1955). PINTOR: José da Costa Negreiros (séc. 18). PINTOR DE AZULEJO: Fábrica do Rato (séc. 18); ARQUITETOS PAISAGISTAS: João Nunes e João Gomes da Silva (2014). |
Cronologia
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Séc. 18 - feitura da Capela, pela Irmandade dos Calafates; pintura dos azulejos na Fábrica do Rato e pintura das telas da Capela por José da Costa Negreiros; 1755, 1 Novembro - o terramoto destruiu o antigo complexo dos estaleiros da Ribeira das Naus (os armazéns da armas, de pólvora, de munições, etc.) que abrangia toda a zona marginal do Tejo entre a Praça do Município e a Igreja da Conceição Velha; 1759 - início da reconstrução do Arsenal da Marinha nos terrenos da Ribeira das Naus, conforme projecto de Eugénio dos Santos de Carvalho (1711-1760) e da arruínada Casa da ópera; 1792 - construção de um dique destinado à reparação dos navios; esta doca seca foi a primeira que existiu no País; 1782 - criação da Academia Real dos Guarda Marinhas (depois de 1845 Escola Naval), a funcionar no edifício; 1798 - foi criado, nos edifícios que envolviam o espaço do Arsenal, o Observatório Astronómico, por D. Maria I, que servia para o ensino da astronomia dos alunos das Academias de Guardas-Marinhas e da Marinha; 1843 - um incêndio destruiu a Escola; 1845 - o Observatório é integrado na Escola Naval; 1855 - foi sobre o terraço do Observatório que se montou o primeiro sinal horário, que, diariamente pela queda do balão anunciava a uma hora - "Balão do Arsenal"; 1874 - extinção do Observatótio Astronómico; 1807 / 1877 - entre estas datas a doca seca teve longos períodos de inactividade; 1877 - começou a utilizar um porta-batel, mantendo-se em actividade até 1939; 1908 - regicídio no Terreiro do Paço. os corpos de D. Carlos e do infante D.Luís são transportados para o edifício; 1919 - um incêndio destrói completamente a ala N., na qual se encontrava o Museu da Aula do Risco; 1921 - execuções na noite sangrenta; 1928 - extinção da Irmandade de São Roque, proprietária da capela; os seus bens, alfaias litúrgicas, quadros e paramentos são leiloados e dispersos; 1936 - início da transferência do Arsenal da Marinha para as instalações Navais do Alfeite; 1939 - abertura da Avenida da Ribeira das Naus, altura em que a doca foi atulhada; 1969 - novo incêndio consome a ala N.; 1955 - obras de restauro, a cargo do arquitecto Luís Benavente; 2012 - consignação de obras de requalificação por parte da Câmara Municipal, nos valores de 6,5 milhões de euros provenientes do Quadro Comunitário de Apoio e 3,5 milhões de euros da CM de Lisboa, o projecto prevê a integração de antigas estruturas do Arsenal no espaço público da Ribeira das Naus;
prospeção arqueológica entre fevereiro e novembro; 2014, 13 julho - inauguração da nova Ribeira das Naus. |
Dados Técnicos
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Paredes autoportantes |
Materiais
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Alvenaria mista, reboco pintado, cantaria de calcário, mármore, madeira pintada e dourada, azulejos (sécs. 18 e 19), ferro forjado e fundido, estuque. |
Bibliografia
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ABREU, José Evangelista de, Anteprojecto das Obras e Melhoramentos do Arsenal de Marinha, in Revista de Obras Públicas e Minas, Tomo II, Lisboa, 1871; ALMEIDA, D. Fernando de, (dir. de), Monumentos e Edifícios Notáveis do Distrito de Lisboa. Lisboa - Tomo 1, Lisboa, 1973; FRANÇA, José-Augusto, Lisboa Pombalina e o Iluminismo, Lisboa, 1977; MOITA, Irisalva, (coord. de), Lisboa e o Marquês de Pombal, Lisboa, 1982; LOURENÇO, Samuel da Silva, Capela de São Roque - Arsenal, in Lisboa. Revista Municipal, Lisboa, Ano XLVII, 2ª Série, Nº 16, 2º Trimestre 1986; MATOS, José Sarmento de, A cadeira do poder, in Monumentos, n.º 21, Lisboa, DGEMN, 2004, pp. 204-213; SANTANA, Francisco, SUCENA, Eduardo (Dir. de), Dicionário da História de Lisboa, Lisboa, 1994; SERRÃO, Vítor, História da Arte em Portugal - o Barroco, Barcarena, Editorial Presença, 2003; https://ensina.rtp.pt/artigo/rua-do-arsenal-uma-historia-politica-do-seculo-xx/ [rtp/Fernando Rosas/ 2014]; "Arquitectos projectam Ribeira das Naus "contemporânea" mas que revela a história", Público, 4 agosto de 2009; "Requalificação da Ribeira das Naus em Lisboa custa dez milhões", Público, 24 novembro de 2010; "Reabilitação da Ribeira das Naus inclui construção de silo automóvel de três pisos", Público, 11 janeiro de 2012; Problemas financeiros atrasam conclusão de jardim da Ribeira das Naus, Público, 28 julho 2012. |
Documentação Gráfica
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IHRU: DGEMN/DSID; BNP: Secção de Iconografia, Desenho Nº 557 (D.23R.) |
Documentação Fotográfica
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IHRU: DGEMN/DSID |
Documentação Administrativa
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IHRU: DGEMN/DSID; AHM(Lisboa): Chancelaria Régia, Livro 1º dos Registos dos Decretos de D. José I, Cod. 202, fls. 54 v. - 46, 87; Chancelaria Régia, Livro 2º de Consultas, Decretos e Avisos de D. José I, Cod. 187, fl. 129; Chancelaria Régia, Livro 1º de Registo e Avisos de D. José I ao Senado, Cod. 334, fls. 145 - 146. |
Intervenção Realizada
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1955 - restauro da capela. |
Observações
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Autor e Data
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Teresa Vale e Carlos Gomes 1994 / 1996 |
Actualização
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Cecília Matias 2002 |
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