Quem sou eu?

Danka Maia é Escritora, Professora, mora no Rio de Janeiro e tem mais de vinte e cinco obras. Adora ler, e entende a escrita como a forma que o Destino lhe deu para se expressar. Ama sua família, amigos e animais. “Quando quero fugir escrevo, quando quero ser encontrada oro”.

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Ilha

Foto: Google

Juntos somos uma ilha, seduzidos pelo descanso do frenesin de ser continente nos dias comuns. Sem bússola, flutuando ao sabor das marés.
Lá fora travam-se batalhas, a janela abafa os sons dispersos que ainda tentam chegar. Cá, o elmo e a espada descansam num canto. Os nossos corpos, livres da armadura, entregam-se à leveza.
Desaparecem as feridas e esquecem-se as cicatrizes, as que nos marcam e as que se formarão.
Os teus beijos refrescam os meus lábios, matam-me a sede, sede de dias a atravessar o deserto. A minha pele respira, finalmente, aspirando o teu perfume.
Os nossos corpos são como peças num puzzle, que se constrói devagar, juntando as peças uma a uma, no lugar certo. Peça a peça se vai formando um mapa sem coordenadas, mas não precisamos de guia. O caminho surge na certeza do destino.
Perdes-te. Também eu me perco. Sem corpo. Sem armadura. Sem paredes. Eu sou tu. Tu és eu.

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De mãos dadas por Danka Maia & Dulce Morais

Arte: Barbara Berney


De mãos dadas

Dar seria bom, mas oferecer ainda melhor;
Doçura em palavras, uma apelo, um clamor.
Dar isto que sou,
De tantas cores,
De todo verso e prosa.

Daqui parte o sentir
De mim para ti.
Distância é apenas palavra.
Durante este segundo que vaguei nas tuas palavras,
Doravantes cá percebo e me atrevo
Donas somos desse alfabeto de nós.

Dizer cada letra, expressar cada emoção,
Do mundo receber a bênção.
De nós só a essência se vive.
De novo volto cara amiga aos meus adágios,
Deidades à parte, ínfimas particularidades.
Divinas seriam nós ou petulantes nessa mediocridade?

Das alturas minh'alma poderá cair...
Digna, porém, neste sentir,
Dona da intrínseca sinceridade.
Diva misteriosa,
Doce nas suas magias ou seriam alegrias
Dessa autoridade composta?

Dividida, talvez.
Decidida, com certeza.
Dedicada a cada gesto teu que faz vibrar as cordas do pungente sentir...
Direi que posso fluir nessas nuvens abissais de pura emoção,
Darão um conto na minha história,
De tudo quero provar, em cada gesto,toque,palavra que esta letra dá.



Danka Maia e Dulce Morais

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Tesouro Vazio, de Danka Maia e Isa Lisboa




É uma manhã de Outono, o vento levanta-se já, arrasta as folhas secas pelo chão, num rodopio dançante.
Pedrinho corre atrás delas, tentando apanhá-las no ar, mas o vento leva-lhas.
Ainda assim, Pedrinho não desiste, continua a saltar, divertido com esta nova brincadeira.
De repente, lembra-se da mochila, e de que já deve estar atrasado para a escola. A custo lá coloca a mochila às costas, e corre o mais que o peso dela lhe deixa.
Consegue chegar a tempo e, pelo menos desta vez, o Marco já entrou na sala de aula. Hoje não precisa ouvir as suas ameaças de colocar Pedrinho dentro da mochila. Essa piada arranca sempre muitas gargalhadas dos colegas.
Pedrinho não gosta destas brincadeiras; sabe que é baixinho, mais baixinho que os coleguinhas da turma, mas não gosta! Não entende porque tem tanta piada. Também não entende porque se riem tanto quando fala do seu tesouro.
Pedrinho sabe que existe um tesouro para ele. Ainda não sabe o que é, por isso todos se riem dele.
Mas a sua mãe sorri sempre, quando ele lhe conta do tesouro, e passa-lhe a mão pelos caracóis, sorrindo.”Não te posso comprar muitas coisas, Pedrinho. Por isso, agarra-te sempre aos teus sonhos, porque eles não têm preço, e segui-los, será sempre a tua maior riqueza.”
Por isso Pedrinho, continua à procura do seu tesouro. Primeiro, precisa encontrar o mapa. Infelizmente, não sabe muito bem onde poderá encontrá-lo. A mãe diz-lhe que quando menos ele esperar, irá encontrá-lo, é assim com todas as coisas boas da nossa vida, completa ela com o seu lindo sorriso.
O menino vivia nos braços da utopia, carregado pelos sonhos que para ele sempre eram azuis e com gosto de maravilhosas guloseimas e cheiro fresco de aventura que para Pedrinho era o mesmo que a terra molhada no início das gotas da chuva. Muitas vezes nos seus adágios era mais feliz, pleno e tinha mais amigos, talvez coisas que dentro do peito do menino careciam para sentir-se mais respeitado pelas outras crianças e dar uma vida melhor a sua mãe.
Até que um dia, como a todos que este tem, venho o sol nos raios da liberdade, mas não sozinho, consigo trouxe a oportunidade do menino.
Mexendo nos perdidos do tio-avô, já falecido, encontrou fotos, poemas, dilemas e um mapa muito curioso. Pedrinho não perdeu tempo, tentou levantar todos os possíveis fatos sobre aquele lugar. Biblioteca, escola, prefeituras, porém simplesmente parecia que ninguém jamais ouvira falar daquela localização, mas desistir, nem pensar, Pedrinho não tinha tempo para isso não!
E por isso, Pedrinho, dirigiu-se à sua melhor conselheira, a mãe.
Quando algo está a ser difícil de encontrar, então só pode estar em um lugar: no nosso coração!” – foi o que ela lhe disse.
O seu coração apontava-lhe para a sua casa, mas fora aí que encontrara o mapa. E o mapa e o tesouro não poderiam estar no mesmo sítio.
Foi então que se lembrou do seu segundo sítio favorito, um local que não estaria em algum mapa oficial. Só poderia ser lá!
Ansioso, correu pelo pequeno caminho, cada vez mais cheio de vegetação, de tão pouco que era usado. E rapidamente chegou lá, à clareira onde gostava de sentar-se, a brincar, a observar as aves e os outros animais que ali apareciam, a subir às árvores.
Só poderia ser ali!
Olhou à volta, ansioso, à procura de vestígios de uma entrada secreta, um outro caminho escondido atrás da vegetação…
E lá estava! No tronco da sua velha amiga árvore, um pequeno buraco.

Aproximou-se e afastou as folhas caídas, os galhos que caíam por lá e viu que o buraco se alargava. Como nunca tinha reparado nele?
A tremer de curiosidade e entusiasmo, tacteou com uma mão, e sentiu algo. Tentou puxar, mas era pesado, teve que puxar com ambas as mãos.
E finalmente estava cá fora: uma caixa de tesouro!
Mas o que é o Destino e essas tais surpresas que nos reserva? O baú era mesmo pesado, no entanto isto se dava frente à madeira que fora fabricado. A surpresa maior foi o que surgiu quando o pequeno menino com olhos saltitantes felicidades abriu o tal invólucro.
Em sua mente infantil tudo se dava,com o tesouro compraria casa para família, viajaria o mundo com a mãe, até uma excursão pela galáxia tinha pensado e depois uma caçaria na Terra um médico capaz de lhe dar uma fórmula mágica para enfim tivesse alguns centímetros a mais e deixasse de ser a piada de seus coleginhas na escola e na vida.
 Pedrinho escrevera sua vida como rei!
Entretanto...
_Não!!!!- berrou o menino levando as mãos a cabeça desolado.
Sentado ao lado e lentamente repousando sua cabeça ao lado, triste e em prantos soluçantes, rasgando qualquer coração que ali o visse.
 O baú jazia vazio, oco de ouros, joias preciosas, porém, com uma carta dentro amarelada pelo tempo.
 Quando o chão se vai, ficam os galhos das árvores. E foi o tronco da vida que sustenta a seiva de todo ser humano que o impediu de cair naquele abismo da alma que lhe fora apresentado.
_Filho?- Passando as mãos entre seus cabelos e em seguida erguendo seu rosto lavado pelas lágrimas e desengano.
_Mamãe...
_Venha cá meu menino, vem. - Abraçando contra o peito e serenando em seu colo.
Após alguns minutos ele desabafou:
_Mamãe, nossos sonhos se foram! O baú está vazio, tudo ser perdeu. - Limpando os olhos.
_Meu amor, não fique assim. Vamos ver o outro lado. A vida é como um copo enchido pela metade. Você pode afirmar que está meio vazio e frustrar-se como também pode ver que o mesmo copo está cheio e se refazer em uma nova esperança.
_Por que a senhora diz isto?- A mãe mexera em algo dentro dele.
_Pedrinho há um envelope lá dentro, vamos ler? -Fazendo cosquinhas na barriga.
Ambos se apoiaram na caixa e o menino retirou a carta e abrindo-a leu empolgado:
_" Aquele que for o dono deste baú receberá a maior de todas as recompensas do mundo. Chamo-me Ana e soube muito cedo que deixaria a terra do viventes, então enchi esta arca com todos os beijos que pude para ofertar a todas as pessoas desventuradas do mundo. Se você achou meu tesouro, é dono do meu legado. O baú não possui o poder do amor, amor sempre haverá. O baú está cheio de amar."

Pedrinho olhou a mãe que com um belo riso falou:
_Viu? Você é o menino mais rico do mundo!
_Como mamãe? Não se pode comprar casa, viagens ou a fórmula que me fará maior com amor?
A matriarca desceu a sua altura fitando com carinho e preferiu:
_Não,amar não compra nada disto mas exerça a herança que descobriu quem sabe o que tudo isto poderá da-lo?
Voltaram para casa. A notícia se espalhou. Todos vinham ver a arca não do amor, o Baú do Amar.
Logo eram pessoas,cidades,Estados,países e assim veio o mundo!
Cada um que abria o baú sentia-se invadido por um tsunami de Amar que jamais sentira antes.
E com tantas pessoas a mãe teve a ideia de vender alguns quitutes, e o negócio prosperou de forma tão gigantesca que a casa nova veio só não as viagens nem a fórmula do crescimento.
Um dia indagado pela mãe sobre o assunto o menino firme respondeu:
_A melhor viagem que fiz mãe foi encontrar esse baú, a melhor aventura da minha vida.E quanto a fórmula do crescimento,não preciso mais dela, sou um gigante, cheguei ao céu!
_E  por quê filho?- rebateu orgulhosa dele.


_Porque de que outro tamanho seria alguém que sabe amar?
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Ao viajante

Ao viajante

A ti que tão longe viajas,
Além do alcançável,
Para lá do palpável.
A ti, que o silêncio envolve
Dedico palavras sem sentido
E versos sem significado.
São apenas saudades que te tenho
E carinho que te guardo.


Dulce Morais
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Se for



Se for para ser Ilusão
Que passe
Mas não depressa demais
Que dure o tempo dos Sonhos

Se for para ser Promessa
Que eu a saiba cumprir
Que o Mundo me deixe vê-la
Que o Medo não me agarre a mão

Se for para ser Enigma
Que eu o saiba decifrar
Que encontre o fim do Labirinto
Que entenda o Percurso

Se for para ser Caminho
Que seja Novo
E se for Conhecido

Que seja Reinventado.

Isa Lisboa
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No começo do sonho


Lá,
onde o sonho começa,
sentei-me,
e esperei.

Não pelo sonho,
que não chega a quem
o não procura.

Sentei-me,
e esperei,
esperei que o sonho me saísse
para lá dos olhos;
que me rodeasse
como se um mapa
se formasse
à minha volta.

E então,
lá,
onde o sonho começa
me recomecei.


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Anoitecer

Arte: Jocelyne Dubois
Anoitecer

Sobre as mentes, desce o véu terno que virá adormecer o dia e despertar o pensamento. Lançado como um lençol que a uma cama se acomoda, esconde a luz, companheira desde a madrugada.

Uma cortina corrida nas argolas do pensar, gela a consciência, apaga o alento. É a noite. Encobre a vida e nada mais existe, nada mais se avista. E na escuridão, aparece então o que parecia impossível: o reflexo da luz no astro morto que ilumina ainda os pedaços do pulsar nos minúsculos seres que deixar-se-ão avassalar pela beleza desconhecida.

E no silêncio, o coração pode enfim sentir… e viver. Nada iguala a solidão de uma noite de verão.


Dulce Morais
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A luz da minha cidade

A luz da minha cidade
Em versos, houve poetas
Que a tentaram descrever
Em notas, houve músicos
Que a tentaram cantar
Em película, houve fotógrafos
Que a tentaram prender
Em tela, houve pintores
Que a tentaram imortalizar.

Mas só quem nestas ruas
Costuma caminhar
Sabe como ela é
Porque todos a tentam guardar;
À luz da minha cidade

Para conhecer um pouco sobre Lisboa:


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Barco salva vidas



Era hora de lançar o salva-vidas à água.
Tinha forças para remar, mas a falta de bússola deixou-me sem saber para onde ir.
Já tinha esquecido o conhecimento ancestral das estrelas-guia, julgo que todos o transportamos connosco, na nossa memória herdada. Mas as luzes do Mundo fizeram-nos esquecê-lo.
E ali estava eu, iluminada pelas estrelas, sem entender o que me diziam. Era, pelo menos, reconfortante tê-las ali comigo.
Tive sede, mas não podia beber, a água estava cheia de medos, não se devem beber, especialmente quando a incerteza nos abraça.
Decidi que devia parar, fechar os olhos, para melhor ouvir as estrelas, o som das ondas.
E então percebi que não havia remos, nem sequer bote, flutuava nas águas, agora calmamente.
A minha cápsula salva-vidas não era mais que o meu corpo. E então a minha alma aquietou-se. Ouvia as estrelas, o mar, a terra ao longe. E soube que ia entendê-los e que a terra me esperava.
Para todos há, algures, a Terra Prometida.

Isa Lisboa
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Barco


Barco, navegas
Deixa o horizonte
Ancora em mim

Autor não identificado

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Ali

Kaspian Shore

Ali

Havia ali
O cheiro da chuva
Na pedra fria do inverno.
Havia ali
A cor das penas do pássaro
Que se atrasou por esta terra.
Havia ali
Uma casa abandonada
Com os olhos fechados pelos homens.
Havia ali
A dor da tua ausência,
A memória da tua voz,
E a saudade de te falar.

O teu perfume pairava
Sobre as telhas partidas,
Sobre as ervas tombadas,
Na minha pele carente das tuas mãos.

Havia ali
Algo de ti, um pouco de nós.
O ar embebeu-se de mim
E veio à luz a tua imagem.
Havia ali
O que resta de nós
Para poder recordar.
Havia ali
O abandono e a cegueira
De dois corações que se perderam.
Havia ali
Uma ausência,
Um atraso inexplicável.
Havia ali
Uma frieza profunda
Na pedra que deixaste no meu peito.

Mas parti.
Porque ainda ouvia ali
O veludo das tuas palavras
Nos laços que tinhas desfeito.
Dulce Morais
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Meus dois seres

Foto: Quintal das cores



Houve quem neles se perdeu,
Houve quem neles se encontraram,
Eu os procuro em mim,
Na tormenta ou bonança,
São meus feitiço,
Deles me faço

E se dizem quem sou,
Também por eles vejo o mundo
E ele me devolve
A Esperança
Refletindo a cor
Respondendo ao que procuro

Parecem notas recitais,
Duas únicas notas,
Quem elaboram
A canção
Destes meu relés mortais.

Meu universo tem cor de grama,
Mas quando a paixão chama,
Faço-os da cor sangue
Um mangue,
Para determinados pés atolar

E há momentos que castanhos
Podem ser
Abraçando a terra
E quem comigo caminha
Trazendo luz a meus dias

Podem ainda ser azuis
Como o céu durante o dia
Sonhando voar como os pássaros nele
Ou com as estrelas à noite
Mas o verde sou sempre eu

E cá nos meus botões concebo,
Que cor há na esperança,
De que me enxerga na noite clara?
Sou amor...
Sou querer...
Sou emoção..
Raiva ou paixão?
Ah meus dois meninos
Sois sempre meus seres
Fazendo de mim esse tom de verde

Verde como a árvore que abraço
Num dia de sol
Como a folha do pequeno arbusto
Beijada pelo vento
Como o pé que suporta a rosa
Por vezes até com espinhos
Mas com perfume a fazer valer a pena
Verdes são meus espelhos
Onde sempre me poderão encontrar
Lá no fundo
Pronta a dar-se
A quem procura o verde.

Portanto, amigos desses meus amores
Sejam enfeitiçados ou vingadores
Esqueça a vingança
Faça-se bonança
Destes dois senhores
De Isa e Danka


Quem são, advinham?

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Harmonia suspensa

Arte: Sascalia


Harmonia suspensa
Se o vestido envergado com tanta simplicidade não tivesse flores multicolores impressas, talvez o olhar não tivesse sido atraído até à pequena figura magra e frágil que por ali passava. Mas as flores eram belas sobre o tecido cor do céu de verão e o olhar subiu até ao rosto de porcelana da delicada menina, para se atrasar no olhar, atento e vivo, que escrutinava o seu ambiente como quem quer gravar na memória cada pormenor de uma paisagem que jamais poderá ver de novo. Observava e sorria com o brilho especial da inocência de quem ainda procura o seu caminho na vida. Parecia flutuar num halo luminoso carregado de magia.
Era um raio do astro solar que tinha conseguido abrir caminho entre as nuvens brancas e aquecer a pele dos humanos que pareciam, até ali, inconsoláveis. Havia no olhar da pequena uma pergunta por pronunciar, uma resposta suspensa no tempo à questão que nunca se tinha pousado. E nos lábios pairava um abraço por dar, um sentimento que deveria expressar-se mas calava-se.
E o observador, sem que lhe tenha sido possível lutar, deixava-se levar pela maré daquele azul e branco, transportado até ao coração dos seus pensamentos íntimos. E via. E sentia. E sabia. Ou talvez tudo não passasse de um sonho, de uma impressão deixada por aquele olhar tão intenso numa pessoa tão pequenina.
O instante foi fugitivo e já escapava a quem o vivia. Havia outras preocupações, outras ocupações. Daquele momento de perfeita harmonia em que era possível tocar do dedo a magia do silêncio, já nada sobrava além de uma vaga lembrança.
Será necessário voltar a encontrar aquele olhar, aquele sorriso, aquele brilho no rosto frágil e puro, para recordar que, por ser efêmera, a felicidade do equilíbrio entre o que sentimos, o que sabemos e o que desejamos, conserva a magia do impalpável que precisa do impulso da pureza de uma criança para se manter viva.

Dulce Morais
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Sei o teu nome



Acordo,
E percebo
Que estou perdida
E que, desesperadamente
Não consigo encontrar-me.

Saio para a rua,
Sou aquela música
"alguém escreveu
o teu nome
em toda a parte";
Vejo-o em todas as
Novas músicas que oiço;
Escrevo-o
Em todas as folhas brancas
Que encontro.

Sei que o teu nome é
Loucura
A sanidade que me sobra suspira-mo.

Mas não quero
Deixar-te;
Já não posso
Estou perdida
Irremediavelmente
Perdidamente.


Perdida em ti.
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Verbos

Foto: Heart of stone _ vancity197


Trazia o verbo amar no bolso. Quando lhe parecia, tirava-o do bolso e dava-o com um sorriso, aquele que se adequava.

Nunca se gastava, tinha uma caixinha cheia de amo-tes, junto com outros verbos que se colavam bem.

Só se esqueceu de que o Amor é um substantivo e de que precisa de um pronome.


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Sonhei

Arte: Michael Litvack

Sonhei
Um caminho bonito
Levava a uma ribeira.
Via-se uma cascata
De água pura e clara.
Doces plantas e flores
À beira das gotas
Recebiam alimento
Do solo fértil e escuro.
Mais longe se avistava
Uma casinha de madeira.
Nela se entrava
Por uma porta aberta
Para um lar acolhedor.
Ali não vivia ainda ninguém.
Seria o ninho nosso,
Para o amor viver
Na paz de uma visão
E num sonho partilhado.
Foi assim que acordei:
Nos teus braços tinha dormido
Num quarto pequeno e quente.
Teus lábios sorriam
Por ver a felicidade nos meus olhos.
Ali ficaríamos a vida inteira,
Na nossa casinha de madeira.
Dulce Morais
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Aprender

Arte: Thaneeya McArdle

Aprender

Estudei muitos anos e não aprendi nada
Do que devia saber para viver.
Foi mais tarde que a vida me dispensou
As lições necessárias ao meu ser.
A primeira de amor me foi dada
Por um professor que soube bem ver
Por onde o meu coração passou,
E ofereceu tudo o que o podia ser.

Tive também um mentor insistente
Que tentou ensinar-me o desespero
Mas nunca consegui ser atenta às lições
A esperança em mim era forte demais.
O seguinte inculcou na minha mente
Da amizade o sal, o tempero
O poder, em todas as dimensões
Daquele que não poderia dar mais

O professor da mágoa também veio
E tentei aceitar o que tinha para dizer
Mas não devo ter compreendido a lição
Pois regularmente continua a voltar.
Mas gostei das aulas de devaneio
Da calma, da paz, do prazer
Que vive constantemente meu coração
Que só o sonho pode soltar.

Mas para aprender quem sou,
Só um professor pode ser útil. 
É o meu coração e a sua natureza,
Sou eu e o que faz a minha alma.


Dulce Morais
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