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domingo, 3 de novembro de 2024

Melhor disco R💣ck desta década! últimos 20 exemplares na Chili!



𝗘𝘆𝗲𝟭𝟴 é o álbum de estreia de 𝕂𝕣𝕪𝕡𝕥𝕠, o trio de destruição que junta Gon (Zen, Plus Ultra) a Chaka e Martelo (Greengo). 

Co-editado com a Lovers & Lollypops, o disco faz-se acompanhar de uma BD da autoria de Rui Moura

à venda na nossa loja em linha, Tinta nos Nervos, BdMania, Linha de Sombra, Mundo Fantasma, Kingpin Books, 
Tigre de Papel, Neat Records, ZDB e Utopia.
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Music CD by Krypto 
Comix + Poster by Rui Moura 
Inspired by the raw and psychedelic sound of the Krypto, as well as their lyrics, the comic book complements and explores an acid and timeless universe. 
Guided between rituals and the occult, transporting the psyche through endless mazes. 
 Co-released with Lovers & Lollypops

BUY at our online shop or at Quimby's (USA), Modo (Italy) and Le Mont en L'Air (Paris)




Sabe mais o diabo por ser velho do que por ser diabo e os Krypto, na estreia Eye18, mostram que sabem desta poda como ninguém. Oito malhas que nos recordam um tempo que já não volta, que piscam o olho ao passado sem nunca soarem saudosistas e que aproveitam para resgatar todo aquele balanço que a música de e com peso parece, por vezes, ter esquecido.

Não sabemos quem teve esta ideia, mas por nós mereceria uma medalha. Juntar aquele que é, sem dúvida alguma, o melhor e mais alucinado vocalista que este país viu nascer (um título que, por mérito próprio, exibe desde meados da década de noventa com os Zen e recentemente renovado na insanidade dos Plus Ultra) aos Greengo, provavelmente a maior força propulsora que a Invicta viu nascer por entre baforadas carregadas de intenção e acidez. Gon encontra no baixo de Martelo e na bateria de Chaka as carruagens de fogo ideais para se lançar numa infindável lista de diatribes sobre isolação, alienação, corrupção, o vazio consumista deslumbrado com a tecnologia ou a cultura empresarial.

É brutalista o som que nos despejam em cima e, apesar de um ou outro laivo psicadélico, impossível de acorrentar, numa viagem que se refugia na atitude primitiva, natural e pura de quem tem o dom de nos deixar num estado cataléptico. Música que exige ressonância e espaço para ser sentida, que cresce em urgência no espírito carbonário com que nos obriga a uma reflexão sobre a vida sem regras e responsabilidades hipócritas.

Rejeitemos a ideia de que temos de nos tornar num ideal, um camarada devoto do pensamento único, distante de sermos um indivíduo e não apenas parte de uma tribo. If we moved in next door to you, your lawn would die, palavras de Lemmy que se aplicam na perfeição a este Eye18, disco em trepidação constante pelo vazio insaciável, com sede de sobreviver e uma vontade que nos deixa atordoados, encanecidos, amortalhados, mas também num alerta constante e eufórico provocado pela privação de sono e sonho que a música dos Krypto teima em nos inflingir ao longo dos seus 23 minutos.

 O disco transforma-se numa banda desenhada da autoria de Rui Moura e inspirada no som bruto e psicadélico dos Krypto, bem como nas suas letras, a banda desenhada complementa e explora um universo ácido e atemporal. Guiado entre rituais e o oculto, transportando a psique por labirintos infinitos.




Historial: 

Lançado a 16 e 17 de Janeiro 2020, respectivamente, no Porto (Maus Hábitos) e em Lisboa (Musicbox), na abertura de Petbrick
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Feedback:

I hope I get to see Krypto!
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Moura imerge no som de Eye18 dos Krypto para nos apresentar um mundo interior de insatisfação, revolta, contestação e… sonho! Mas desiluda-se quem julgue que a BD terá um final feliz
Bandas Desenhadas

(...) entrada numa pista de aceleração, onde não se sabe quando se vai perder o controlo da velocidade.
 Acordes de Quintas

Psicadelia profundamente evocativa (...) animada por noise por uma crua acidez (...) até o corpo não aguentar mais.
8/10
Loud

artigo na Loud! (primeira Loud! online e free, meus queridos-coronas!)

gostei bastante, tanto da parte gráfica como da música. É uma jarda pré-apocalíptica de respeito, em jeito de cuspidela raivosa (contra a máquina?). A música I Saw fez-me lembrar os Young Gods... Quanto ao grafismo, se toda a música viesse assim tão bem embrulhada, não me importava nada de voltar a comprar CDs. Parabéns a todos pela edição!
Nunsky (por email)
 
O Rui Gon podia estar numa banda de NY Hardcore ou de Nu Metal e seria o melhor do mundo. Zen, Plus Ultra e agora Krypto nada se parece com nada, o som de cada banda sempre foi original e nunca houve três bandas destas no mundo. Em palco é gajo para bater o Iggy Pop nem seja porque com aquele corpinho e calções de guna do Porto pronto prá porrada parece um sátiro pronto para fornicar com tudo e todos. O resto da banda é capaz de ter o pior guarda-fatos e frequentarem o pior barbeiro da história do Rock mas, sinceramente: fuck it! O que sempre se quis do Rock é que fosse feio, sujo e mau! Os putos estúpidos da linha que estavam cá fora perderam o concerto da vida deles.
M.F. 3.11.24





quinta-feira, 31 de dezembro de 2015

Música de Natal

Que mês intenso que foi este no que diz a música, a começar pelo regresso dos Mécanosphère. Nove anos depois da sua obra-prima Limb Shop, o que dizer deste Scorpio que saiu pela Raging Planet? Pouca coisa infelizmente quando estamos em 2015 e o seu "Dub Hip Lit Industrial" carregado de fantasmas do Rock e do Jazz não é propriamente uma ruptura inédita nos campos sonoros mesmo sendo os únicos deste "género" em Portugal.
Trata-se sem dúvida de um disco com potência como poucos são feitos em Portugal mas obrigava a ter uma bomba acoplada pronta a fazer vítimas dada à equipa de alto calibre (além do habitual Adolfo Luxúria Canibal, temos elementos dos Sektor 304 e entre eles os "nossos" André Coelho e Manuel João Neto) e à ausência discográfica tão prolongada... Sei que me bate pouco porque sou um "freak má onda" que só fica satisfeito ao testemunhar um gajo a desmaiar no meio do público com o barulho da "banda" no seu recente concerto lisboeta... Pela lógica magnética, má onda com mais má onda não se atraem e assim se explica com rigor científico esta minha falta de afectividade com o disco. Vejam vocês o que vos acontece...

Coincidência cósmica foi quando no lançamento do graphzine Evan Parker relativo à acção principal do X Jazz, pensava eu que a Chili Com Carne seria a primeira e única a editar um produto cultural envolta deste ciclo de programação que combinava Jazz e Aldeias de Xisto e afinal... afinal havia outra! Outras! Duas rodelas chamadas CDs! São gravações por alguns dos músicos que fizeram parte da residência artística com Parker. O quinteto Pedra Contida apresenta Xisto (JACC; 2014) num processo de pica-miolos soft em que se experimentam várias parelhas à procura de barulhinhos num ambiente rural. Concentric Rinds (Cipsela) é o encontro entre Marcelo dos Reis (guitarra) e a harpista Angélica V. Salvi - ambos de também de Pedra Contida - depois de terem tocado pela primeira vez durante essa residência com Parker. Fazem um diálogo dócil e sóbrio apesar do grafismo do CD e até os títulos parecerem antes de um projecto Harsh Noise nórdico! Só no final do disco é que decidem entrar pela estridência ruidosa mas tudo bem, tudo se perdoa pelos anteriores bons momentos. É fixe ver coisas a acontecerem devido ao X Jazz, apesar da morte de comunicação entre a CCC com a JACC e a ADXTUR sabe-se lá porquê...

A melhor prenda de Natal que qualquer melómano 'tuga poderá oferecer a si próprio é a k7 Akusekijima (Tapes She Said) dos 'nocas KufukiÉ "apenas" o melhor disco estrangeiro editado em Portugal - é certo que também merece o título de "pior capa portuguesa 2015" mas é para isso que aqui estamos nós para ajudar o braço armado-da-k7 da Lovers & Lollypops.
Imaginem uma música para um jingle de uma esfregona ou de rebuçados de anis feita pelos Legendary Pink Dots mas que foi raptada por hackers japoneses doidos varridos (eu sei que é estereótipo achar todos japoneses malucos mas caramba, eles são mesmo "fora"!) que a prolongaram até ao caldeirão sonoro do psicadélico Kraut & Folk & Freak. Temos neste disco os sons exploratórios para quem quer viajar pelos Cosmos a preço low cost mas tendo como guia uns cosmonautas sábios. É que isto de explorar o Universo não é para ficar a babar-se a contemplá-lo, não, meus amigos, é preciso também mexer o cu... pelo menos sete vezes!

O colectivo Cafetra organiza todos os anos um evento cultural lisboeta incontornável para quem acredita em DIY e independência artística à séria. Lançaram uma colectânea em formato k7 (sim, 2015 é definitivamente o ano do "regresso" deste formato áudio) com todas as bandas e projectos que tocaram nesse dia, o que se transforma num documento histórico para investigadores no futuro (nunca se sabe, há doidos para tudo) como uma recordação sentimental para quem lá esteve. É o meu caso, que ao ouvir a k7 recorda-me os melhores momentos - e os piores e os medíocres - dessa maratona na Caixa Económica Operária.
Há um pouco de tudo nesta colectâncea o que a torna excitante de ouvir porque os géneros musicais estão todos misturados, sem uma ordem, por isso só para dar alguns exemplos, salta-se do cantautorismo iconoclasta de Lourenço Crespo para tortura de chips dos Calhau acabando o Lado A com a Virgem Maria do Techno que foi a grande revelação profética Bleiddwn - mais uma vez foram as mulheres a tomarem conta do recado tal como no ano passado.
Pró ano há mais? Festival + k7? Digam que sim... pleeeease!!!

domingo, 15 de janeiro de 2023

manual prático de uso da CCC (6/6) : projectos

Desenhos de André Ruivo in CapitãoCriCa Ilustrada (2005)
Sendo uma associação sem fins lucrativos e perfeitamente legalizada, a Chili Com Carne de dois em dois anos elege uma nova Direcção que põe em marcha os planos que são apresentados na Assembleia Geral - ou seja segundo a vontade dos associados que se apresentam nesta reunião.

Geralmente a Chili Com Carne publica projectos de novos autores mas sobretudo de trabalhos que desafiam a modorra literária e artística. Procuramos a hibridação de estilos e talvez por isso que dá prioridade a livros colectivos como aliás está tão bem registado desde 2001 com o seminal Mutate & Survive, passando pelo extremamente bem-sucedido MASSIVE (2010), pelo "omnívoro" Futuro Primitivo, e ainda em projectos especiais como a digressão europeia Boring Europa ou a antologia All watched over by machines of loving grace. O que não impede de publicar livros "a solo" de autores que temos muito orgulho como Nunsky, Rafael Dionísio, Marcos Farrajota, Francisco Sousa Lobo, Rui Eduardo Paes, Mariana Pita, Gonçalo Duarte, Amanda Baeza, André Coelho, Tiago Baptista, Rudolfo, Tiago da Bernarda, Rodolfo Mariano, Ana Margarida Matos, Rui Moura, Hetamoé ou Ivo Puiupo.

Não sendo a Chili Com Carne uma editora profissional ou comercial, como é óbvio não nadamos em dinheiro mas quando fazemos livros é porque queremos e inventamos formas de financiar o projecto! Dependemos das quotas dos associados, subsídios do estado mitra e das vendas, tudo isto permite ir trabalhando com algum desafogo mesmo que implique sacrifícios pessoais para fazer livros - tirando a gráfica, raramente os autores, designers, tradutores e editores são remunerados nos projectos. 

Tentamos fazer parcerias com outros editores para amortizar custos de impressão, armazenagem e partilhar know-how tal como já fizemos com A BatalhaBicicleta, Clube do Inferno, Faca Monstro, Lovers & Lollypops, MMMNNNRRRG, Mundo Fantasma, O Panda Gordo, Rotten // Fresh, Ruru Comix, Shhhpuma, The Inspector Cheese Adventures, Thisco, You Are Not Stealing Records e a nível internacional com os festivais Alt Com (Suécia) e Crack (Itália), a antologia Kus! (Letónia) e o colectivo Stripburger (Eslovénia).

Actualmente a Direcção é oficialmente composta por Alexandra Saldanha, Inês Louro, Marcos Farrajota, Matilde Basto e Tomás Ribeiro, havendo mais seis elementos da Associação que funcionam como consultores nas decisões da Direcção.

Gostamos de ser desafiados no entanto nem vale a pena tentar se não tiverem capacidade de autocrítica, perceber em que mundo é que estão (dica da semana, leiam o jornal A Batalha!) e se não conhecerem bem o nosso catálogo, não vale a pena tentar meter o seu trabalho à força. Já agora, se encontrarem o nosso nome em directórios de editoras (o que permite pessoas enviarem propostas ridículas sem verem para onde estão a enviar), façam um favor, tentem apagar o nosso nome, não queremos ser massacrados por desesperados!

sábado, 16 de março de 2013

Lado B? Mas que lado b?



A Tree of Signs : Salt
Capitão Fantasma  : Canção do Carrasco 
(Chaosphere + Raging Planet; 2012)




Jíbóia (Lovers & Lollypops; 2012)

Eis três discos cuja única coisa que partilham é o facto de serem editados em vinil e ocuparem apenas uma das faces do disco... sim, é isso mesmo, só há um "lado A" ou se preferirem, uma vez que deixa de fazer sentido escrever "lado a e b", o que há é um "lado gravado" e outro não.

Na Era do Bandcamp para que raios quer uma banda ser lançado por uma editora fonográfica? Uma editora para gravar quando qualquer música consegue gravar em casa? Para lançar discos que não se vendem? Para lançar discos de poucos exemplares para meia-dúzia de fetichistas de discos físicos? O Bandcamp permite as bandas colocarem música para se ouvir gratuitamente, para descarregar gratuitamente ou não, e já agora ainda se pode vender objectos físicos (discos em vinil ou CD). Teoricamente ter uma editora pouco interessa às bandas nos dias de hoje no entanto! No entanto muitas das bandas underground pagam aos editores para as lançar - não sei se é aqui algum dos casos, acho que não acontece com nenhuma delas - isto porque uma editora ajuda naquilo que os artistas não sabem ou são incapazes de fazer, que é promover e distribuir o seu próprio disco.

O que significa que nos dias de hoje, o trabalho de um "editor" esteja em risco de desaparecer porque não pode fazer lá grande coisa quando é a própria banda que lhe está a financiar a empresa (quem vai mandar numa situação destas? quem paga a conta afinal?) e porque os artistas não parecem saber "editar" o seu trabalho. Esta última questão é mais ou menos grave, significa que os músicos ou artistas não conseguem ter uma visão do que deve "sair" ou "entrar" no seu trabalho quando exposto publicamente, ou não tem confiança em si próprios para arriscar no formato certo ao qual a sua música deveria se materializar.

Se incluirmos as restrições orçamentais - convenhamos que nem a banda nem a editora sejam ricas - vamos assistir a estas deformidades que temos aqui presentes. Gravar um disco em vinil porque é "cool", é uma espécie de vaidade - "o vinil voltou" é o chavão que se aplica. O que é lamentável é que estas bandas não tiverem nem coragem nem vontade de fazer a coisa como deve ser, como por exemplo editar os discos de 10" (que é mais caro que fazer um maxi de 12" mas muito mais sexy! Vide Çuta Kebab & Party) ou fazer mais músicas para ter dois lados, ou convidar outra banda para fazer um split. Na produção musical portuguesa vive-se um estranho e renovado solipsismo e confusão mesmo que se vivam estes tempos da crise eterna do "fim dos discos" e da crise económica. Adiante!

A Tree of Signs tem elementos ligados ao Black Metal português (Corpus Christii, Mother of Hydra) mas deixaram isso na prateleira para fazer um disco de Doom assim "soft", em formato de power trio com voz feminina que também toca orgão - soa mal escrever isto assim, bem sei. A gravação é limpinha como um cu de gatinho depois de lambido pelo próprio. Somos levados para um Heavy clássico que prefere ser ritualista do que demoníaco, talvez por isso que temos um meio-LP de cerca de 24m justamente para não interropermos a cerimónia para mudar de lado, né?

No segundo caso há ainda mais mitrice, além de só termos um lado gravado de um single 7", ainda para mais temos apenas um tema seguido pela sua versão instrumental - teoricamante para quem quiser fazer Rock'n'Karaoke. A capa é preto e branco sem atrair muito mas o vinil é vermelho sanguinário q.b. Tema Rock'n'Roll com laivos de Surf como sempre muito bem feito por estes veteranos que é impossível apontar defeitos. O disco serve para alimentar o culto envolta da banda... Acho que vou comprar um leitor mp3 depois disto!

Jibóia é a revelação de 2012! E será de 2013 agora que há finalmente disco! Depois de ter tocado em toda a sala de espectáculos, bares, teatrinhos e espaços exóticos (hoje toca num restaurante Kebab no Porto!!! vão vê-lo CARAGU!!!), finalmente saiu o maldito disco - verdadeira saga exaustiva para o encantador de serpentes Óscar da Silva. Jibóia é um "one-man-band" que usa guitarras digna do Rock turco e beats sujos de um Omar Souleyman (embora num dos temas vêm à cabeça o House manhoso do Cães de Crómio, tema Techno dos Mão Morta do álbum Vénus em Chamas). É portanto um verdadeiro apetitoso caldeirão da Aldeia Global que merecia uma capa decente e um Lado A. Vale pela música, o objecto temos tantas dúvidas como os outros acima referidos, shame on the nigga...

quarta-feira, 30 de outubro de 2024

Acedia / last 20 copies



Acedia it's the new graphic novel by André Coelho actually his true first solo book - Terminal Tower was a collaboration with Manuel João Neto... This book manages to strike a balance between experimentation and tradition in the "comics" field by establishing a paradox between the creative energy and the morbid atmosphere of the narrative. It can be speculated that the main character is an alter ego of the author or that some episodes should be autobiographical... but let's establish that we are in the realm of selffiction.

Acedia is this year the winner project of a graphic novel contest - Toma lá 500 paus e faz uma BD - promoted by Chili Com Carne. Other titles resulting from this contest includes The Care of Birds (2013 winner) by Francisco Sousa Lobo to be published in Spain next year, Askar, O General by Dileydi Florez and That which is Subtracted from Sight by Filipe Felizardo.





Sinopsis: 
Due to a strange body housed somewhere in his eye socket, Daniel suffers from perceptual deformations. Although the insistance on the urgency of medical treatments, he becomes confronted with the chance given by these hallucinations to escape towards a new perception of reality. Daniel will have to choose between facing his illness as a sign of his own mortality or accept it as life intensifier. 




Some pages:


104p., black and white, 18x24,5cm, 500 copies

Contest supported by IPDJ and all Chili Com Carne members.

Buy at Chili Com Carne online storeFatbottom Books (Barcelona), Neurotitan (Berlin), Quimby's (Chicago), Floating World (Portland), Le Mont-en-L'air (Paris)...


History 

Released October 2016 at Lounge Lisboa with live-acts of Smell & Quim and Rasalasad vs shhh... 
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André Coelho (b.1984, Portugal) is an Oporto based illustrator and comic book author. For 10 years he has developed fanzines, short stories and four graphic novels to date, as well as posters, record covers, merchandising and other graphics for different music scenes. This includes Amplifest, SWR Barroselas Metalfest, Lovers & Lollypops, Witchcraft Hardware and the American Industrial label Malignant Records, among many others. 

In 2016 he was awarded with the first prize of “Toma lá 500 Paus” comic book competition and was part of the Amadora Comics Festival 2014 award winning anthology Zona de Desconforto. His work ranges from traditional drawing or painting techniques and mediums to collage and digital manipulation. 

Besides Portugal, his work has been exhibited in several countries such as Brazil, Sweden, United Kingdom, United States of America, Italy or Spain.

Selected English bibliography: SWR Chronicles (SWR; 2014), Terminal Tower w/ Manuel João Neto (Chili Com Carne; 2014), Evan Parker - X Jazz (c/ prefácio de Rui Eduardo Paes, Chili Com Carne + Thisco; 2015) Colective books: MASSIVE (Chili Com Carne; 2010), Destruição (Chili Com Carne; 2010), Futuro Primitivo (Chili Com Carne; 2011), Inverno (Mesinha de Cabeceira #23, Chili Com Carne; 2012), Antibothis, vol.4 (Chili Com Carne + Thisco; 2012), PostApokalyps (AltCom, Suécia; 2014), Quadradinhos : Looks in Portuguese Comics (Treviso Comics Fest + MiMiSol + Chili Com Carne, Itália; 2014).



Feedback

I’ve always liked his art, and this was no exception, in a darkly hallucinatory story of sex and mental states.

quinta-feira, 10 de julho de 2014

DIY DIY My Darling! Outspace zines & records




Uma mostra do melhor que se faz em Portugal com edições da Chaputa!, Chili Com Carne, Faca Monstro, Lovers & Lollypops, Marvellous Tone, MMMNNNRRRG, Thisco,... E da Finlândia, Grécia, Sérvia, Brasil,...

+ infos : www.punk.pt

segunda-feira, 5 de março de 2018

Mundo do quarto

Existe o Quarto Mundo? Quando existia a Teoria dos Mundos (1945-90) usava-se essa expressão para designar países não-reconhecidos, povos nómadas ou recolectores ou ainda povos muito pobres dentro dos países industrializados. Também o termo foi usado pelo Jack Kirby (1917-94) para uma série de BD em que criava uma cosmogonia judaica com o folclore super-heróico, cheia de cores e extravagâncias tecno-fantasiosas.

Nos anos 80, o trompetista Jon Hassel criou o conceito da "Música do Quarto Mundo", onde várias músicas do mundo (dos nobres selvagens do terceiro mundo, muito mais espirituais e puros que os ocidentais badalhocos) se fundiam com electrónica e tecnologia do primeiro mundo - o segundo mundo que se foda, eram os comunas. A dada altura esta música foi vista como uma exploração "coolonialista" e não admira que o clássico My life in the bush of ghost tenha tido queixas e críticas das comunidades árabes sobre o abuso da palavra do Corão no disco. E de repente... estamos em 2018...  e uma coisa é certa, actualmente só há um mundo, por muitos esforços estejam a ser tentados para sair deste planeta poluído. Com o advento da WWW passamos a um único mundo.

Na música, vá lá existem dois...  O das bandas que vão ao Coliseu ou aos grandes festivais de Verão com tradicionalismos anacrónicos do Rock e o da música de um Mundo do Quarto, esse cubículo íntimo em que se cruza todas as referências do arquivo infinito da 'net de música e sons gravados. Rap e Eurodance dá no Zef dos sul-africanos Die Antwoord, hoje armados em estrelas, mudaram-se para L.A. Techno e poliritmos africanos dá em Kuduro ou Gqom, enquanto que portugueses de origem africana (re)inventam a House sob a batuta da Príncipe. Uns anormais em Almada tocam Viking Metal azeiteiro mas um suiço esperto juntou Black Metal ao Gospel criando um novo mito fantasioso (e se os negros dos EUA fossem pagãos?).

Em breve, teremos um livro de Riccardo Balli (aka DJ Balli) que prova como a cultura "mashup" passou a ser regra na Música criando novas narrativas visto que todo o espaço físico e o tempo já foram condensados a uma nuvem de informação. Na Música e noutros campos! Senão aconteceu, o seu livro será a confirmação de tal porque será uma verdadeira literatura "mashup" 8-bit! Até lá, eis um apanhado de músicas improváveis que tenho apanhado por aí...


Da Colômbia tem surgido algumas propostas de nova música como os Pixvae ou os Chupame El Dedo (retratados no zine que fizemos o ano passado para o Milhões pelo Rui Moura) que misturam Metalada com Cumbias. Desta dupla está lá Eblis Alvarez que é a cabeça dos Meridian Brothers, banda que reformulam temas tradicionais com novas roupagens. Parece que estão a ter sucesso - a revista The Wire prova isso - mas se a ideia não surpreende, convenhamos que se faz disto há muito tempo, já este EP Los Suicidas (*matik-matik*; 2015) dão um passo em frente. Para já é preciso pensar num som muito especial, aquele do leitor de k7s que está com a cabeça suja e/ou com as "rodas" lentas, isso mesmo, um som arrastado e distorcido. Pensem nisso para um CD de meia hora quase sempre de temas instrumentais, de boleros & mambos pouco ritmados em que os sintetizadores são os réis da gravação. Uns sintetizadores ácidos e dissonantes de má-trip em que o desenho da capa, que lembra um mau Phillipe Druillet (desenhador de BD psicadélica nos anos 70), ilustra bem o som. Não é um disco propriamente agradável para quem está habituado a coisinhas limpinhas. Estes estes teclados psico-musicais estão presentes na discografia dos Meridian mas em Los Suicidas estão em primeiro plano, num jogo viciante que faz com que seja melhor não o ouvir perto de janelas do terceiro andar...


A juntar a loucura de referências cruzadas temos da Arte Tetra de Itália. que edita lindíssimas k7s (claro que vendem em digital também, dah!). está o segundo volume de Exotic Ésotérique (2017), colectâneas de todas as "estrelas" da editora. Começa curiosamente com um tema que até poderia ser dos Meridian mas rapidamente, como diziam os 3 Mustaphas 3, "correm em todas as direcções": ritmos africanos com pós-industrialismos, Vaporwave, Médio Oriente Pós-Moderno (pelo russo Holypalms), Free Jazz, Dub, Illbient, hauntology, electrónica experimental,... tudo isto que destrói fronteiras em quase duas horas de música que se ouve em "loop" sem uma única vez me arrepender de estar a ouvir há horas a mesma k7, neste caso. Numa sociedade narcisista em que todos tem os seus livros de artistas e vinis gravados de um lado só, eis um gesto certeiro de que vale a pena lançar boa música em formato físico. A embalagem é também um mimo. Uma k7 perfeita!


Se as edições normais da Arte Tetra sente-se um calor gráfico, já as edições de Shit & Shine e DJ Balli não se pode dizer o mesmo. Talvez porque haja aqui um conceito especial de música funcional que obrigue a uma estética mais "marca branca", como acontece com Musica Lavapiatti (2017) dos S&S. Como o título indica é música para lavar pratos, uma tarefa muito mais importante do que agitar a cabeça feito estúpido na alienada ZDB, por exemplo. Além de ser importante para a higiene pessoal e caseira, lavar pratos é uma actividade vital para o aumento do intelecto e resolução de conflitos quotidianos. Se por um lado há uma responsabilidade material sobre os pratos e canecas - o risco de se partirem num descuido qualquer - há toda uma energia física para retirar as gorduras mais resilientes dos garfos ou das panelas deixadas da noite anterior. Todos estes extensíveis movimentos de limpeza distraem a mente de forma sincopada para um infinito psíquico onde o irracional entesado dá-nos as respostas necessários e a inspiração para prosseguir na vida. Acham que um concerto ao vivo será tão generoso? Eu acho que não. A música desta k7 é praticada pelo texano Craig Clouse (há demasiado mamados vindos do Texas não há?) com uma faixa ao ritmo gay british porno funk com uma voz que lembra os Ghostigital a cantar Bitch better have my money da Rihanna (WTF!?) e outra a lembrar os Yellow Magic Orchestra depois de tomarem Viagra. Esta é outra k7 que se ouve em "loop" mesmo muito depois da conclusão dos afazeres.
Também serve para lavar a loiça o Svelto (2017) de Balli com Giacomo Balla (1871-1958) - uma colaboração possível por via telepática. É um mix de Gabba com discursos do Futurismo. Balli ao lavar os pratos depois de uma deliciosa pasta al dente fez esta ligação óbvia que nenhum raver pastilhão poderia ter reparado: em 1909 dá-se o primeiro Manifesto Futurista que reclama as máquinas e a velocidade como renovação essencial e radical da Arte e da Humanidade. Oitenta anos depois o projecto electrónico Mescalinum United irá criar We are arrived, tema Techno que abre as portas para o subgénero Hardcore e como consequência ao Gabba, que terão ligações à Extrema Direita, tal como tinha acontecido com o Futurismo. Paralelismo incrível este! Tal como outros irão aparecer nos temas desta k7 cheia de detalhes conceptuais, não fosse o DJ Balli o mestre da música Rave conceptual. É claro que o som continua a ser Rave / Gabba que só se curte com 18 anos, E, água e despreocupação existencial. Não há Arte que resista ao poder destruidor das máquinas, aliás, esta música pode ser para lavar a loiça mas não será à mão... A CCC tem à venda AQUI.


Da rosa nada digamos por agora... (BaphoRecords; 2017) é a estreia do quinteto Baphomet que reúne malta de vários reinos musicais bizarros inter-geracionais portugueses como Älforjs, conjuntos sob a batuta de Sei Miguel ou ainda os Signs of the Silhouette. É uma (super) banda cujos elementos assinam com nomes fabulosos como Monsieur Trinité ou Mestre André - pessoal do Black Metal roam-se de inveja!! São três faixas entre os 12 e os 30 minutos que compõe o CD em que ouve-se Jazz punheta, Ambient electrónico, batidas duras a lembrar Industrial, "zappices", inferno, minimalismos & reducionismos. Só peca por se repetir na forma: começa devagarinho e baixinho como não soubessem que vão fazer o inevitável, ou seja, um final cheio de cacofonia do Free / Improv. Uma lógica que se vê muitas vezes em concertos do género. Num disco gravado, as audições repetidas terão menos surpresas por esse cliché. Como evitá-lo!? Baphomet explica...


Por fim, e receio com o mesmo problema de "explosões só no fim", uma k7 inesperada da editora Pop/ Rock Lovers & Lollypops: Dream Dream Beam Beam (2018) do saxofonista alemão residente no Porto Julius Gabriel. Jazz? Parece que sim, pelo menos é indissociável quando se ouve um saxofone não lhe chamar de Jazz. Apesar de algumas linhas musicais apontem para algo de nórdico do jazz - Jan Garbarek em Fukushima? - logo a seguir vai para o ruído - Noise, pá! - e dronaria graças a efeitos electrónicos sujos e duros. É dor de cabeça garantida para quem nunca experimentou Metal Machine Music... Ao certo ao certo, o que é isto!?

terça-feira, 11 de janeiro de 2022

Inferno são os poldros

 


A primeira reacção ao primeiro LP dos Conferência Inferno, Ata Saturna (Lovers & Lollypops; 2021) é foda-se que seca um revival de um revival de Dark Pop. É deveras desolador até para não dizer que é um retrocesso civilizacional ouvir uns Suicide limpos ou uns New Order badalhocos - sim eles ficam aí no meio. E depois ainda cantam com tiques do Ian Curtis, credo. Se ao menos que fossem ripar os Alien Sex Fiend já que a capa lo-fi prometia algo do tipo.

Como dizia o outro, primeiro estranha-se e depois entranha-se. As letras deprês acabam por entrar no ouvido mesmo que não tenham lá grande sentido mas escrever letras Pop nunca foi uma actividade coerente, na música Pop reagimos a "soundbytes" de frases que nos emocionam mas não quer dizer que se perceba ou se queira concordar com o resto da letra. E pouco a pouco, o orelhudo penetra na alma e corpinho, raios, bem que alinhava dançar esta merda numa discoteca gó-gó!!

Um bom disco do ano passado, diria mesmo um disco bem passado de um ano.

sábado, 14 de abril de 2018

Paelha


A Lovers & Lollypops anda pela k7 e pelo "jazz"... Depois da recente k7 de Julius Gabriel eis outra, Paisiel, que junta o alemão saxofonista com o baterista português João Pais Filipe (ex-Sektor 304, Macumbas e mil outros projectos) numa invenção sonora que poderia ser descrita como tribal caucasiano para sunset urbano. Além do nome do projecto ser nitidamente tribal - lembram-se quando as papelarias ou pastelarias chamavam-se "Xandré" porque os filhos dos donos chamavam-se "Xana" e "André"? - este disco é mesmo necessário para quem vive numa Europa Fortaleza parva que precisa de inventar um novo folclore para deixarmos de ser fachos. É música que mete a nós, branquelas feiotes, nus à volta da fogueira (elas com "strap-ons") a dançar e beber vinho verde de pressão para que tenhamos descargas sexuais e convulsões dionisíacas. O objectivo é deixar de ser um robot engravatado e/ou tatuado a comprar merda na Amazon (e no processo destruindo a floresta homónima). 
Paisiel poderá ser a solução para este mundo que precisa de expelir a xenofobia, digo com convicção porque Filipe é o mestre ritualista que impõe a cadência e ordem rítmica necessária para que Gabriel ofereça paletas de sons para criar êxtase, sobretudo quando já ninguém fica realmente dopado com álcool e drogas - já ouviram falar em narco-resistência? - nem a música de dança nos tira da realidade. Fuck u blazée babies! Dancem, dancem ao som de Paisiel!!! E ao cheiro de marshmallows queimados!

terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Olhe, desculpe, quais são os títulos das faixas?

 

Lost Gorbachevs / Tinnitus (Lovers & Lollypops ; 2012)

Um split-single - vinil, claro -  de duas bandas Grindcore sendo que a primeira mete o Free Jazz na misturadora a tal velocidade que até cabem 13 temas na rodela. Como se isto já não fosse uma merda buéda-fixe ainda se pode escolher sei lá quantas capas e grafismo - eu escolhi a do joelho a piscar pró canibalismo sensual. Azar é que o grafismo que optei não têm nenhuma informação sobre a gravação, lista de temas, etc... nem avisa qual é o lado Tinnitus (quem são estes gajos?) ou Lost Gorbachevs - agora são um quarteto com a inclusão de um vocalista gutural! Quando for um belhote de 88 anos espero ainda lembrar que os Lost Gorbachevs são os que tem as faixas mesmo muita-muita-muita curtas com saxofone! Que fodido, boy!

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Ao lado...

O novo álbum de Rudolfo (Ruru Comix + Cafetra Records + Monster Jinx; 2012) tem um título homónimo ao seu criador mas parece muito pouco Rudolfo tal como o conhecíamos. É um disco caótico de direcções e intenções que só mostra que o Rudolfo foi apanhado pelo seu próprio avatar e que mostra que não sabe o que fazer com uma carreira que não chega a ser como as das "boy bands" - estas são intensas, fantasiosas e curtas porque rapidamante os ídolos passam de moda mas também porque os rapazes crescem, mudam de voz e sofrem outras dores do crescimento. Rudolfo não sendo um "star" vive com a mortalidade normal do povão, criou uma imagem mítica mas esta agora mostra o barro nos pés do mundano. Desonrientado resta a Rudolfo gozar com os otakus, hipsters e outros monstros (em Subitamente ou Balas Perdidas) mas não pode ser "profundo" sem cair na demagogia Pop (Contagem descrescente ou União) nem frequentar música "out" seja na vertente electrónica seja Rock - com ou sem amigos como Ricardo Martins e os Cafetras - porque não se dedicou a tempo inteiro a trabalhar em música como fazem os músicos "à séria". O Rudolfo perdeu a sua espontaneidade "teenager" onde qualquer merda que fizesse teria piada, é neste disco visivelmente um puto desonrientado. Talvez tenha mesmo de fazer como as "boy bands" e parar para depois regressar à grande e à francesa daqui uns anos para gozar com a sua geração de Peter Pans todos fodidos. R.I.P. / Rudolfo in Peace. Claro que um regresso de um Rudolfo não irá significar estádios cheios de gajas cheias de tusa, frustração e crise da meia-idade...

Mais um disco homónimo... os Surveillance (auto-edição; 2012) que é um duo - ela bateria, ele baixo, ambos cantam - de Rock que soa a algures dos anos 90 mas que a minha RAM recusa-se a dar nomes por lerdice pura - Belly? Breeders? Nã!!! Algo mais obscuro de alguma forma... Girls Against Boys? Soa também a Beehoover mas creio que isso é por causa pelo uso dos mesmos instrumentos e aquele ruído lixado da guitarra-baixo. Parece faltar tecnicismo para convencer e acredito que ao vivo deva ter mais energia para nos dar - pena que o concerto deles na Laica tenha sido cancelado pois gostaria de os ter visto! A gravação de tão ruídosa que é merecia ter sido materializada em K7 embora a embalagem do CD seja super-cool! É de estar atento a desenvolvimentos destes duo-putos...

Por falar em duos... Throes + The Shine são dois duos num projecto Rockduro (Lovers & Lollypops; 2012) em que se mistura Kuduro (The Shine) com Rock (Throes), ideia excelente num país cinzento que sempre teve problemas em lidar com África. É excelente ver projectos destes sairem por aí em mestiçagem cultural e sonora, para onde aliás o Futuro sempre rumou - neo-nazis, nacionalistas e outros estúpidos vão aprender História, sff. O único senão deste projecto é que ele é um projecto comercial que junta aquele hedoísmo parvo do Rock com a primitivismo intelectual do Kuduro, quando justamente o mundo o que menos precisa é de mais diversão monga. Nada mais fixe que soltar a franga mas ser um saco de chavões com nova roupagem não me interessa assim tanto. É só "dança, curte, etc..." com uma curiosa instrumentação - e é tudo. Infelizmente, nem todos podem ser Ghunaganghs...

Os E.A.K. já cá andam há alguns anos - ainda me lembro da primeira edição de autor em 2003 - mas pelos vistos estrearam-se em formato álbum oficial com Muzeak (Major Label Industries + Raging Planet ; 2011) - é na verdade o segundo álbum. Definem o seu som como "musclecore" mas o que temos mesmo é Metalcore, género contemporêneo de fusão de Metal com Hardcore que têm sobretudo os defeitos do Hardcore, ou seja, há milhares de bandas assim, com berros pseudo-desesperantes e riffs já ouvidos. As letras em inglês são de uma pobreza extrema - talvez o mais extremo da banda esteja aqui - cheio de chavões de quem está chateado com o mundo: a violência, a estupidez, a falta de amor, a futilidade dos media, etc... Curiosamente se tanto criticam o mundo de plástico então porque a fotografia promocional da banda parece uma parada da Casa dos Segredos? E estranhamente o único momento sonoro de interesse no álbum é o final de Sunday Afternoon Freak Show Cabaret um tema que parece criticar a xungaria dos "reality shows". Os opostos atraem-se muito fácilmente...

Outra estreia é Besta com Ajoelha-te perante a Besta (Raging Planet; 2012) que apresenta-se como Crust - mas os elementos da banda acho que tomam banho e só um é que tem um cão rafeiro. é barulho, barulho, barulho como bem falta às bandas portuguesas de Metal, sem letras no disco para se perceber o que se grunha por aqui, só nos podemos levar pela imaginação que os títulos sugirem: Pai das mentiras, Misantropo, Já foi tudo dito, Finantropia absurda ou O céptico, o crente e o bode... Um bocado linear, faltando loucura para ilustrar o século XXI... Podia ser ainda mais fodido? Eu acho que sim afinal o Scum já foi há mais de 25 anos, né?

Bernardo Devlin tem um novo álbum mas enquanto não o oiço ficou-me pelo anterior Ágio (Sinal 26 / Nau; 2008) que tem uma capa prateada deluxe que o scanner não apanha. Mas o facto da luz do scanner transformar a capa num negro néon talvez resume melhor o que é este disco na realidade, um "Pop de câmara" na linha dos álbuns de Scott Walker dos anos 90 para cá. Ao que parece as letras envocam os anos 70 de Lisboa à procura da modernidade que não chegou (é o que se lê na nota de imprensa do disco) mas por mim tudo isso passa ao lado, apenas parece música de cortar os pulsos numa noite em que tudo corre mal - o dealer enganou-nos, a gaja mandou-nos à merda, os amigos ficaram em casa a ver TV, os bares e discotecas fecharam / não te deixam entrar e sozinho um gajo anda por aí a meter nojo e/ou a passar-se. A música é um misto de electrónica e instrumentação eléctrico, ambos lentas e intimistas como qualquer produção portuguesa que se preze, que mostra o bom compositor que é Devlin - este é o quarto álbum, só conheci o terceiro. É o melhor álbum deste lote e deixa-nos a pensar que se toda a Pop fosse assim... Obrigado ao REP pela oferta deste disco.

O Tombo Primeiro (Raging Planet; 2012) da Tertúlia dos Assassinos é uma espécie de marco histórico na edição fonográfica portuguesa. Se em Portugal houve muitos discos de recitais de textos ou "spoken-word", é muito raro encontrar material deste editado desde os meados dos anos 80. Recentemente tem havido um regresso à oralidade da poesia ou de textos, seja com os Poetry Slams, episódios de combate social ou com uma atitude editorial definida como a excelente Mia Soave. A Tertúlia reúne cinco criadores a trabalhar neste campo, que por minha ignorância da sua existência (ou pelo menos regularidade pública de actividade) admira logo pela quantidade e qualidade dos intervenientes. Querendo fazer da literatura perigosa outra vez (uma utopia revivalista na realidade), estamos bem longe de Ary dos Santos, Manuel Alegre ou Mário Viegas (as origens "spoken-word" de Portugal?) para não dizer que estamos antes em campo oposto porque o que temos nesta Tertúlia é sátira (bocagiana?) de Charles Sangnoir, misantropia (Aires Ferreira o recitador tecnicamente mais impressionante!), esoterismo (Gilberto Lascariz), solipsismo (Melusine de Mattos) e ensaio com David Soares num poderoso, glorioso e (o mais) longo texto. O disco vêm acompanhado de um livro com a reprodução dos textos recitados (ou é o contrário?), gesto redundante depois da interessante gravação áudio. E infelizmente, o livro como objecto é terrível: em design (teen-goth?), paginação (esta malta gótica nunca viu os livros da &etc?), impressão e acabamentos. Espera-se com alguma ânsia por um "segundo tombo", tal como um ouvinte espera um novo capítulo do seu programa de rádio favorito...

Por fim, ufa!, David Soares volta com Charles Sangnoir para fazerem um horripilante CD intitulado Os Anormais : Necropsia de um Cosmos Olisiponense (Raging Planet; 2012). Soares explora o tema da "anormalidade" encarnando o papel de cicerone assustador e que é bem acompanhado por Sangnoir que faz uma banda sonora ambiental minimalista bastante eficiente - aliás, é ele que faz a parte musical da Tertúlia também? Tira-se o chapéu para ambos casos se se confirmar... Dois defeitos apenas, a monotonia na recitação do texto e falta de riqueza gráfica do CD. Deficientes em Lisboa daria pano para mangas para se fazer um livro com desenhos ou reproduções de material documental e gráfico a que Soares se baseou - quem sabe até seria uma boa desculpa para ele voltar a fazer alguns dos seus desenhos grotescos que não vemos há uma década. Seja como for, é um disco para se ouvir com muita atenção!

terça-feira, 12 de junho de 2012

Eu quero que o Fado se foda (morte ao nacionalismo)


Black Bombaim : Saturdays and Space Travels (Lovers & Lollypops; 2009)

Um LP com dois temas apenas, cada um com 19 minutos e 47 segundos, é o segundo disco dos "stoners" Black Bombaim. Depois de semanas a ouvir coisinhas calminhas, mediocres ou bosta sabe mesmo bem uma banda que tenha energia, "beat" e pujança. Não estamos aqui para entrar em depressões da treta ou fingir ambientes artificiais mas para viver a vida. Aposto que mesmo se a banda tocasse mal (o que não é nada o caso!) ainda assim sentiriamos alguma coisa a ouví-los dada à pica tão longe da inércia lusitana. É mesmo de um "power trio" (guitarra, baixo e bateria) que temos aqui, em cada músico reage às progressões do outro, criando e alimentando um monstro sonoro mitológico que se esvai quando acaba a música. Para quem já fumou black bombaim sabe bem que espécie de besta de moca nítida que vem daí - o mesmo acontece com este disco.
Entretanto estamos em 2012 e o grupo de Barcelos já tem um novo disco, curiosamente, com uma dúzia de convidados (nacionais e internacionais) e, claro, um gajo estrangeiro a masterizar o som, numa óbvia estratégia de marketing já aqui descrita - ver o link na palavra "bosta", sff. A estes putos perdoa-se os pecadilhos do jogo comercial porque o disco não ficou débil nem redundante à pala disto, não fosse esta actualmente a única banda Rock em Portugal...

Agradecimentos ao Ghuna X - que masterizou o Saturdays (...) - pelo disco.

domingo, 31 de dezembro de 2023

"Fumar já não sabe a verdade"

 


Este ano não me atraso com a resenha do novo disco dos Conferência Inferno - espera, não é o álbum de 2023 para estar aqui no último dia do ano, aliás, acho que nem ouvi nada deste ano que pudesse dizer alguma coisa desse tipo! Dica da semana, estejam atentos à Rasga pelo sim pelo não... 

Mas vá, apareceu o "segundo difícil álbum", Pós-esmeralda, pela incansável Lovers & Lollypops, que pouco coisa adianta em relação ao LP de estreia, pois continua a sua verve 80s nas letras e instrumentos, aquela voz de quem tem os polegares enfiados no cu, entre o Ian Curtis e Rui Reininho, em que por uns momentos podíamos estar a ouvir faixas raras dos Joy Division ou GNR, conforme o baixo ou linhas de sintetizadores. A insolência juvenil das letras é sempre fixe de ouvir e este é um disco bastante agradável - um elogio acho, dado a existência de tantos discos que são insuportáveis. 

Realço um momento alto no disco, o tema Pigmento que depois do seu momento típico "ConInf" passa para um inesperado e belo Dub. Esperto este "badwave" trio mas despachem lá o "one-trick pony"! Irão longe se tiverem audácia! 

E um Bom Ano Novo com este "álbum do ano", cóf cóf cóf