Nessa sexta-feira terminou nosso curso de japonês. Foram 3 meses de muitos conversation challenges, review quizes e shukudais (宿題, lição de casa), mas também de momentos alegres e divertidos, novas amizades e muito aprendizado.
Nossas aulas aconteciam todos os dias de manhã, das 9:10 às 12:40, dividas em dois períodos. O primeiro terminava às 10:50 e nele sempre tinhamos aula de gramática, onde víamos padrões de expressões em japonês - do tipo “se... então”, “... por causa de ...”, “acho que...”, “preciso fazer...”, “gosto de...” etc. O difícil dessa aula era o fato de alguns desses padrões não terem uma tradução direta para as nossas línguas ocidentais, ou então pela forma estranha em que se expressam em japonês (por exemplo, para se dizer que se precisa fazer alguma coisa, literalmente se diz que ‘se a coisa não acontecer, não “vai”’).
A segunda aula sempre tinha atividades variadas, como os conversation challenges (onde encenávamos situações “reais” e as gravávamos em vídeo, que depois resultavam em várias risadas durante a exibição), ou as aulas de kanji (漢字, ideogramas), de audição e de leitura. A qualidade dessas aulas variava muito. Algumas eram realmente boas, interessantes e divertidas, mas outras bastante chatas e cansativas.
Duas vezes por semana tinhamos também aula à tarde, das 13:30 às 15:10. Nas tardes de terça-feira tinhamos mais práticas de diálogos (sem gravação, dessa vez) e nas da sexta-feira sempre um testezinho sobre os conteúdos visto na semana.
E não sei se é algo específico das aulas de japonês ou se acontece com todas as aulas por aqui, mas o pessoal nunca sai durante a aula para ir ao banheiro, beber alguma coisa ou dar uma volta. Para isso, os professores fazem um intervalo curto de uns 5 minutos na metade de cada período, a cada cerca de uma hora. Isso é muito bom! Ajuda a tornar a aula menos cansativa, que acaba rendendo mais por não ter interrupções, e quando se começa a ficar cansado, sabe-se que em alguns minutos já vai ser possível esticar as pernas, dar uma volta, ou apenas colocar o papo em dia com os colegas.
Na foto, de pé: eu (Brasil), Purev (Mongólia), Simon (Inglaterra), Chris (Suiça), Sérgio (Moçambique), Akkhara (Tailândia) e Hugo (Brasil). Sentados: Haus e Som (Tailândia) e Ohmmar (Mianmá).
Falando em colegas, engraçado é que no início esses eram apenas pessoas de países exóticos, de lugares de onde pouco se sabia, mas aos poucos foram se tornando cada vez um pessoal mais familiar e amigo, quando começamos a conhecer as personalidades, gostos e opiniões de cada um. Não só pela nacionalidade, mas também pela personalidade individual de cada um de nós, nossa turma era bastante diversa, o que a tornava mais interessante.
Mas assim não foi só com os alunos. Logo vimos que os professores, também, vinham nos mais diferentes tipos. No total tivemos cerca de 12 professores diferentes durante o curso. Havia a professora que se empenhava ao máximo para que nós aprendessemos, a outra que era divertida, uma que, de início, pensamos ser “malévola” mas na verdade apenas não tinha muita didática. Também, um professor engraçado (e fanático de futebol, deu pena a cara de derrotado dele quando o Japão foi eliminado da copa), o professor com “tiques”, a professora desajeitada, e ainda o professor que sabia muito, mas era meio desorganizado. Mesmo assim, todos grandes pessoas, boa companhia que vai fazer falta no dia-a-dia.
Na última semana, portanto, demos um jeito de reunir todo o pessoal. Saímos para jantar na quarta-feira. Conseguimos fazer todos os alunos irem, mas devido ao fim do semestre, apenas 4 das professoras se juntaram a nós. Pelo menos duas das professoras mais legais, a Maehara Sensei (前原先生) e a Fujishiro Sensei (藤城先生) vieram com a gente.
Maehara Sensei era a responsável pela nossa turma. No início tínhamos aula com ela durante dois períodos por semana, mas depois da primeira prova, quando houve uma mudança de professores, ela ficou apenas com a aula do teste e da revisão semanal. Ela era a que mais se preocupava com nosso aprendizado, acompanhando o progresso de todos, tentando identificar dificuldades, e coordenando as atividades dos demais professores.
Já a Fujishiro Sensei era a professora das aulas de diálogo, a professora mais divertida e bem humorada. Ela me causou um ataque de riso durante uma aula quando, ao dar exemplos de estruturas de frases, usou a expressão honya honya no lugar de blah blah blah. Mas o jeito que ela falava era tão engraçado, não deu pra segurar. Ela ficava repetindo, e como sempre estava bem humorada, não se importou, entendeu que a risada era do honya honya. Mais tarde, no fim do semestre, ela nos contou que seu apelido de infância era justamente funya funya, uma contração de Fujishiro com o honya honya, pois ela falava muito e os outros só entendiam o honya honya. Tudo fez sentido!
Todas as turmas devem dizer a mesma coisa: que eles são a turma mais divertida. O fato é que o convívio diário com gente tão diferente, mas com o mesmo objetivo, em um ambiente informal e descontraído, só pode ser positivo. Mesmo assim, consideramos que a nossa turma em especial foi uma que se integrou bastante bem.