Agora não estou com tempo sobre escrever sobre minha aula de japonês. Resumidamente, dá pra dizer que ela vai bem e não é muito chata. Mas tem uma coisa da aula que é bem bacana: o fato de ter gente de tudo que é canto. Além de mim, tem o Hugo, brasileiro, e o Sérgio, moçambicano, mas que além de falar português é quase brasileiro. :) Fora os dois, tem mais três tailandeses, um suiço, um inglês, uma guria de Mianmá1 e outra da Mongólia2.
Como na aula a gente acaba aprendendo a falar das coisas da gente, detalhes sobre os nossos países acabam aparecendo, mas mesmo fora de aula tem muita coisa curiosa que acontece por causa dessa mistura de países.
Hoje ao sair da aula, chegando no elevador, lembrei que tinha deixado meu guarda-chuva na sala de aula, e voltei pra pegar. A guria da Mongólia se deu conta que também havia esquecido o dela e também voltou. Indo pelo corredor, ela esbarrou no meu pé, daquele tipo de pisada por trás que às vezes acontece quando se está seguindo alguém. Ela pediu desculpas e eu disse a ela que não era nada, enquanto falava com o inglês que estava na sala, ainda. Porém, ela não foi embora, ficou esperando nossa conversa terminar, meio angustiada.
Quando terminamos, ela disse:
- Desculpa, mas na Mongólia, sempre que pisamos atrás do pé de alguém, temos o costume/simpatia de sempre cumprimentar a pessoa, por exemplo, dando um aperto de mão. É um costume bobo, mas sempre fazemos...
Ao que eu apertei a mão dela, aliviada ela foi embora.
Esses dias comentava com um venezuelano sobre nosso costume de não andar com guarda-chuvas abertos em lugares cobertos (como de baixo de marquizes, passarelas, etc), por “trazer azar”, e portanto ficar o abrindo e fechando. Para um observador externo, deve causar a mesma estranheza. Só mesmo o convívio com gente diferente pra nos fazer questionar as coisas mais simples que os outros, e nós, fazemos.
1 Eu também não sabia sobre Mianmá, mas já havia ouvido do país pelo antigo nome: “Birmânia” ou “Burma”. Alias, ainda não sei nada, só continuo sabendo que fica na Ásia, e que as pessoas de lá todas falam com o nariz fechado, e numa entonação que parece de um software de síntese de voz. O que não os torna menos gente boa.
2 Já sobre a Mongólia, sempre me trazia a imagem dos bárbaros tipo Genghis e Kublai Khan, mas ao contrário do estereótipo, ela é uma das pessoas mais legais da turma. Com certeza, pelo menos, é a mais legal tirando os “lusofônicos”. ;) E por falar em Mongólia, isso sempre me lembra a história do termo kamikaze (神風), que significa “vento divino” e se refere a uma série de tufões que impediram as invasões mongóis do Japão pelo mar, afundando esquadras inteiras de inimigos. Os mongóis, sim, e não os aliados, foram as primeiras vítimas dos kamizakes, o que não evita que alguns tenham finalmente alcançado essa ilha e sejam hoje meus colegas de japonês. :)