sábado, 27 de dezembro de 2008

VINTE ANOS

Por Marcelo Viegas

Juro que tentei. Passei o ano inteiro oferecendo e/ou tentando efetivar a realização de uma pauta que considero importante: os vinte anos do primeiro disco de rap lançado no Brasil, o clássico “Hip Hop – Cultura de Rua”. A Rolling Stone não quis, mas a CemporcentoSKATE abraçou a idéia. O Kamau assumiu a missão e – mês após mês – tentou entrevistar alguns personagens importantes dessa coletânea. Sem sucesso. Os caras parecem estar em outro ritmo, e nossa pauta naufragou...

Então, muito mais como um gesto do que propriamente como uma matéria, fica aqui no Zinismo a lembrança desse marco fundamental do rap brasileiro. Era 1988, e a lendária gravadora Eldorado colocava no mercado o primeiro disco retratando o rap produzido no Brasil. Thaíde & DJ Hum, Código 13, MC Jack e O Credo dividiam essa coleta, com duas músicas cada. Um retrato importante daquela cena que tomava corpo no Largo São Bento, no centro de São Paulo, ponto de encontro dessa galera.

Vale lembrar que as músicas do Thaíde & DJ Hum tiveram na produção Nasi e André Jung, do Ira!, e o hoje famoso Dudu Marote comandou as gravações do Código 13 e MC Jack. Uma versão em CD foi editada, creio que coisa de dez anos atrás, e trazia seis bônus.

Só pra fechar, lembro que esse disco caiu na minha mão exatamente no ano do lançamento, e por acaso o apartamento dos meus pais estava em reformas no mesmo período. Manuel, o pedreiro, já era crente naquela época, e ficava horrorizado quando eu colocava “Corpo Fechado”, do Thaíde, para tocar. “Os demônios me protejam e os deuses também / Ogum, Iemanjá e outros Santos do além...” Não havia sequer uma oportunidade na qual ele não parasse o serviço e questionasse: “Será que é verdade isso?” – “Claro que é verdade, Manuel. O cara é sangue no zóio”, eu respondia. O espírito zínico já estava comigo.

Um salve para os vinte anos do “Hip Hop – Cultura de Rua”!

sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

THE DAY AFTER

quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

MYHERITAGE

O myheritage é mais um daqueles sites que foram criados com um objetivo útil, mas que pode ser desvirtuado pelas mentes pervertidas dos internautas. De qualquer forma é garantia de bons momentos de entretenimento.
A utilização “séria” permite que você monte um site familiar com árvore genealógica e tudo.

Mas é claro que estamos no zinismo e você espera que mostremos o outro lado do site, o divertido e porque não, perverso.

Existem duas ferramentas no site que são divertidíssimas. A primeira chamada Celebrity Collage. Essa ferramenta permite que você insira uma foto que passará por um reconhecimento facial (alta tecnologia) e disponibilizará uma série de pessoas “famosas” com as quais o rosto escaneado possui semelhanças. No final você pode criar um “card” com suas fotos ou é claro, com a de seus amigos.

Já a função Celebrity Morph vai além, permitindo que seja criado um videozinho da transformação da foto inserida em uma das personalidades escolhidas (lembra do vídeo Black or White do Mr. Jackson?).

Pode apostar que é diversão garantida para você e sua família nesses momentos de ceia de final de ano.


O velho Noel e seu inusitado parentesco com Albert Einstein.


Nosso companheiro zinico Bokaa: semelhança com galãs.

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

CARLOS ADÃO

QUEM É CARLOS ADÃO?

Um artista urbano old school? Uma seita religiosa? Candidato a algum cargo político? Um andarilho megalomaníaco? Uma mensagem subliminar?

O tradicional logotipo em verde limão sobre fundo preto já foi visto em diversos lugares no sudeste e no sul do Brasil. Muros, pedras, barrancos - não existem preconceitos em relação ao suporte quando se trata de Carlos Adão.

Alguns dizem que ele começou a escrever depois de levar um fora de uma amada. A frase “Carlos Adão, esse nome não sai da minha cabeça” seria uma tática de guerrilha utilizada para reconquistá-la.

Outros dizem que ele aproveitou desse “ibope” para se candidatar a deputado federal e também a vereador de Taboão da Serra, sua cidade natal.
Outros o detestam. Dizem que ele atropela os “pichos” desrespeitando as regras mais básicas do mundo do grafite e pichação.

Talvez tudo isso seja verdade, talvez parte seja mentira, quem sabe?

Abaixo segue um vídeo encontrado na internet que pretende esclarecer um pouco dessa história. Cabe a você decidir se acredita ou prefere manter o mito vivo. Seja qual for sua opção a partir de agora é impossível que você passe desapercebido por CARLOS ADÃO.

sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

CHRISTMAS SHIT

Por Eduardo Boqaa

Dezembro é sempre a mesma merda. Todas aquelas luzes da Av. Paulista, projeções no vão do MASP, que desencadeiam imagens natalinas patrocinadas pela Koleston ou Rayovac. Karaokê do Santa Klaus, crianças no shopping aprendendo a cantar "merry christmas". Por aí vai. Tanta tabajarice que eu ficaria até o próximo Natal citando. Isso sem nem comentar o papelão horrível dos cabos mandados da mídia. E cá entre nós, quando você tem um senso crítico ácido dessas coisas, logo pensa ou comenta com sua companhia de role: "cambada de otário."

Passam alguns minutos e você está lá. Atrelado ao caos. Como membro honorável do rebanho. Tirando fotos, cantando a belíssima canção. Tudo isso oferece um magnetismo sombrio e nefasto que te absorve e aliena. E mais importante de tudo: FUNCIONA.

Por que funciona? O 13º vai pelo ralo em compras muitas vezes (in)úteis, mas que são engrenadas pelo espírito capita... ops, natalino. Não é como parar na frente da vitrine de qualquer loja de eletrônicos e pensar: "Porra, vou levar esse play 3". Troca-se por: "Merda, é Natal, esse play 3 está com um preço ultra barbaric thrash ABUSIVO. E eu tenho certeza que em fevereiro consigo comprá-lo por mil cruzeiros." Aí alguém te diz; “Feliz Natal”, mas você nem responde, apenas observa ao som da marcha fúnebre de seus pensamentos. E chega um outro e complementa: "E um próspero ano novo!"

Que espetáculo de época! Quem diabos projetou na mente delas que seria legal ouvir essa merda vindo de estranhos? O espírito natalino? Espírito natalino é o meu pau. E nessa época faz frio e no frio parece um mamilo! Ou seja, espírito natalino pra mim é um mamilo. Vou terminando por aqui. O que acontece? Não comprei presente de natal porra nenhuma! Em fevereiro eu faço meu próprio natal.

O que eu quero agora é colocar essa mala nas costas. Resolver uns perrengues no banco e chegar no horário combinado com Jaki para nosso almoço. Estou indo pro Rio de Janeiro. Não sei quando volto. Odeio São Paulo nessa época do ano. Ficarei com saudades de alguns acontecimentos, mas juro que nessa época só sinto desgosto e uma sensação de pavor.


Nota: Nessa época, quem puder comparecer ao hospital do câncer e presentear alguma criança só precisa ligar lá no Hospital, durante a semana, e conferir maiores informações. Infelizmente não poderei fazer isso, pois estou indo viajar agora. Não custa nada, segue fone do Hospital do Câncer: (11) 2189 5096 – qualquer coisinha parece que o mundo fez todo sentido para almas de luz!


Que o mamilo de vocês não cause intempéries! Muita LUZ e zinismo para 2009. Obrigado a todos que comentam aqui ou recomendam o Zinismo. Infelizmente minha vida é Mad Max, bem corrida, mas as coisas vão amenizando...



quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

EM ÉPOCA DE RECESSÃO, PIRATARIA É A SOLUÇÃO!

Compras é uma palavra que vem sumindo do meu vocabulário, principalmente quando se trata de natal.
Eu sou do tipo que não é muito fã da data, mas no fundo acho legais os presentes! Por isso esse ano, minha lista de presentes, sejam os que eu me dei, como os que eu darei a alguns amigos e amigas, são todos provenientes da “pirataria digital”! É isso mesmo! Uma penca de álbuns, filmes, documentários, shows e até softwares, tudo direto do maravilhoso mundo dos downloads gratuitos e ilegais da internet! O que por sua vez está afetando diretamente a economia mundial, uma vez que tal prática tem gerado um aumento no desemprego entres os duendes e as renas lá no pólo norte! Mesmo assim, meu bolso agradece!

E como eu costumo dizer lá no “meu” MOSCAS, já que eu sou um cara bonzinho, legal e modesto, vou partilhar aqui com a geral muitos desses presentinhos!

Boas festas e bom 2009 pra todo mundo e divirtam-se com os meus presentinhos!
Espero que vocês gostem! Eu tentei ser até eclético!!!

DVD’s (torrent)

Justice - A Cross The Universe
Documentário - 2008
Dir. Romain Gavras, So Me and Justice
O documentário "A Cross The Universe" mostra a primeira tour do Justice, duo de música eletrônica formado por Xavier de Rosnay & Gaspard Auge pela América. Gravado em 20 dias, o filme vai desde festas malucas, shows insanos, casamentos com groupies em Las Vegas e muita confusão por conta do fascínio do tour manager por armas e por conta de uma briga entre Xavier e um bêbado no último show (momento ápice do doc!) que acaba rendendo algumas prisões pros caras!

"JUSTICE - A Cross The Universe" - Docto. - DVD - Torrent - DOWNLOAD

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The Mars Volta - Nissan Live Sets - DVD
Show - 2008
Apresentação bombástica de uma das mais chapadas banda desse planeta rock. O The Mars Volta re-visita toda a carreira de forma acústica (nas duas primeiras músicas) e plugada. O vídeo ainda conta com uma entrevista feita por fãs e cheia de bom humor. Videoteca básica para fãs de boa música e pra quem gosta de experimentalismo e muito improviso no rock!

The Mars Volta - Nissan Live Sets - DVD - Torrent _ DOWNLOAD



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We Jam Econo - The Story of Minutemen
Documentário - 2005
Dir. Tim Irwin
Porra!!!! Minutemen! D. Boom! Mike Watt! George Hurley! SST! Nem precisa falar muito desse documentário!!! Ele já nasceu clássico só pelo fato de falar da mais insana banda do hardcore americano. Mais precisamente do começo oficial do hardcore americano já que é bom lembrar que se o "Nervous Breakdown" do Black Flag é o SST 01, o SST 02 é "Paranoid Time" de D. Boom e Cia.
Coisa linda di jisuis!!!

We Jam Econo - The Story of Minutemen - DVD - Torrent - DOWNLOAD

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Minor Threat - Live at DC Space - Buff Hall - 9:30 Club
Shows - 1980/82/83
Uma das mais cultuadas bandas do hardcore americano! O registro histórico de três shows em diferentes épocas e ainda uma entrevista com Ian Mackaye.
Fala sério! Eu não preciso explicar muito pra vocês que lêem o Zinismo sobre a importância deste vídeo, muito menos do Minor Threat. O trabalho nesse caso, é só baixar e assistir inúmeras vezes!!!
Minor Threat - Live at DC Space-Buff Hall-9:30 Club - DVD - Torrent - DOWNLOAD


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Álbuns (MP3)



























The Mars Volta - The Bedlam in Goliath UK Bônus

Seis covers gravados pela banda que foram inclusos como bônus na versão inglesa do último trabalho dos caras. De The Sugarcubes até Circle Jerks. O negócio é feroz!

Tracklist:
Pulled To Bits (Siouxie & The Banshees)
Things Behind the Sun (Nick Drake)
Back Up Against The Wall (Circle Jerks)
Memories (Soft Machine)
Birthday (The Sugarcubes)
Candy and A Currant Bun (Pink Floyd)


The Mars Volta - The Bedlam in Goliath UK Bônus - DOWNLOAD

E pra continuar no clima, um bônus pessoal. "Beneath the Eyelids" deve ser o nome do novo trabalho do The Mars Volta que deve sair agora em 2009. Aqui pra geral a faixa homônima registrada em versão acústica durante a apresentação da banda no Bill Grahan Civic Auditorium em 31 de dezembro de 2007.

The Mars Volta - Beneath The Eyelids live at Bill Grahan Civic Auditorium - DOWNLOAD

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Justice - A Cross The Universe - Álbum - MP3
Eu não seria justo se disponibilizasse aqui o DVD com o docto. da turnê do Justice e não fizesse o mesmo com o álbum.
Então aqui está! Pra você ter tudo completinho!!!











Tracklist:
Intro
Genesis
Phantom Part 1
Phantom Part 1.5
D.A.N.C.E
D.A.N.C.E Part 2
DVNO
Waters of Nazareth (Prelude)
One Minute to Midnight
Tthhee Ppaarrttyy
Let There Be Light
Stress
We Are Your Friends
Waters of Nazareth
Phantom Part 2
Encore We Are Your Friends
NY Excuse (Soulwax)
Masters of Puppets (Metallica)


Justice - A Cross The Universe - Álbum - MP3 - DOWNLOAD



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Filme (RMVB)



E pra finalizar (porque eu não aguento mais digitar, editar link, e subir fotos hoje!!!) um "crássico" do cinema surrealista. Na verdade o filme que deu origem ao surrealismo no cinema.

Um Cão Andaluz(1929)
Dir. Luis Buñuel
Com roteiro do pintor Salvador Dalí e do diretor Luis Buñuel, “Um Cão Andaluz” é o marco inicial do surrealismo no cinema.
Com clara influência da psicanálise, Buñuel e Dalí exploram o inconsciente humano, numa seqüência de cenas oníricas, incluindo o célebre momento em que um homem (interpretado pelo próprio Buñuel), corta, com uma navalha, o olho de uma mulher.
"Um Cão Andaluz" é considerado um dos filmes mais chocantes, surpreendentes e revolucionários da história do cinema. O filme foi realizado na França, em 1928 e fez parte da eclosão do movimento surrealista, cujos princípios fundamentais eram a contestação dos valores burgueses, a abolição da lógica cartesiana na produção artística e a denúncia do absurdo das instituições (Estado, Igreja, etc.) que exprimiam preocupações com a moral e as convenções e, ao mesmo tempo, consentiam com o envio de milhares de homens para a morte nos campos de batalha. Esse filme é constituído de uma série de seqüências de cenas absurdas e sem ligação aparente, como em um sonho a se fundir com a realidade. "Un Chien Andalou" é realmente um filme chocante, em que espaço, tempo e acontecimentos confundem-se formando idéias anti-conservadoras e que falam sobretudo de desejo e culpa.

Um Cão Andaluz - RMVB - Leg. PT-BR - DOWNLOAD


Acho que já dá pra vocês brincarem!!! Divirtam-se!!! E mais uma vez, boas festas!!!

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

25 DE MARÇO

O mar de gente vai às compras de Natal na Rua 25 de Março, no centro de São Paulo.

O ESPELHO DE CLARA NASHVILLE



por Edu Zambetti

Campainha, susto, porta aberta, foco no chão, pacote vermelho com ares natalinos...
Esta seqüência desorientou de vez a estranha e ilusória vida de Clara Nashville. Sim, a maior, mais bela, mais talentosa, fútil e mais idolatrada das atrizes contemporâneas. Quando conversava consigo própria ela se apelidava de Nash, mas era seu apelido secreto. Pessoa alguma sabia dele, nem os mais íntimos...nem os verdadeiros amigos.
Quando viu a caixa minuciosamente embrulhada refletindo a luz natural daquele dia de verão largada em sua porta, deixou escapar um sussurro típico de quem costuma conversar com o espelho:

- Nash, alguém lembrou de você neste natal!

Ainda com o peito pulsando numa batida além do normal, tratou de abrir aquele embrulho sem a menor preocupação em preservar o papel. A caixa não era pequena e a tampa não estava bem colocada...Bastou um toque de sua mão e a caixa se abriu, sem esforço e sem revelar algo de bom... Foi difícil de acreditar, quase impossível de absorver a informação, precisou puxar o dedo indicador com muita força para crer que estava acordada.
Se com o toque da campainha sua pulsação gerou aquele desagradável aperto no peito, agora este incômodo havia tomado proporções insuportáveis...
O conteúdo do belo embrulho não era uma bugiganga natalina qualquer, nem algum cacareco comprado no mundo eletrônico virtual, muito menos um mimo enviado por um querido fã ou parente distante.
Clara Nashville estava lá, estática, olhando para sua própria cabeça embalsamada, cortada com requintes de crueldade, muito mal colocada no interior da caixa!!! Pensou ser uma brincadeira de mau gosto, mas não era. Não poderia ser.

- Nash, como alguém recebe a própria cabeça dentro de uma caixa no Natal?

Falou exatamente desta forma, para si própria, com pouca força e com mínimos movimentos nos lábios, caminhando em direção da geladeira para beber uns goles de vodka gelada.
Foi recapitulando sua rotina nos dois últimos dias e percebeu que todos os vizinhos não a cumprimentavam mais...Percebeu que nenhum fã a reconhecia na loja de conveniência nem no shopping...Lembrou que, ao fazer compras, errou o código do cartão de débito...Nada disto fazia sentido...
Não. Com certeza não estava morta, podia sentir o batimento do coração aumentando insistentemente. Só a vodka poderia ser a salvação.

- Cabeça...Caixa...Eu...Eu?

Abriu a geladeira e a incógnita (se houvesse uma escala seria a mais absurda delas) começou a competir com a razão. Dentro dos potes de picles estavam seus lindos olhos verdes, os mesmos que faziam a multidão sofrer de paixão nos cinemas. Dentro do congelador brilhava uma das mãos ainda exibindo o anel de esmeraldas...A outra estava retalhada e distribuída pelos pratos congelados para o natal e num cúmulo desnecessário, alguns dedos caíram no chão sem que ela desse conta. Mas para ela, o pior de tudo foi a garrafa de vodka...

- Completamente vazia? Faz dias que não bebo!Como vazia?Natal sem vodka gelada é impossível de ser bom. Vou vestir a mesma roupa que apareço naquele comercial de desodorante e, se der sorte, chego na loja para as compras antes que seja tarde. Compro qualquer uma bebeida que estiver na prateleira, dou uns autógrafos e tal...Preciso de uns goles...Cabeça...na caixa.Como pode? Será que o pessoal do teatro vem para a ceia?

Já nas ruas, certa de ser reconhecida, frustrou-se ao perceber que um Papai Noel tosco, na porta da loja de importados chineses, fazia mais sucesso do que ela. Inconformada, Clara esbarrou violentamente no velho de barbas brancas e entrou na casa de inutilidades...Todos olharam para a roupa dela com espanto. Para a roupa, mas não para ela...Começaram a rir, como se houvesse uma caricatura ali, todos perceberam que alguém estava desequilibrada.
Este alguém sussurou como sempre...

- Nash, o que eles pensam que são...Sou Clara Nashville! E eles, quem são?

Neste momento olhou para uns espelhos mal emoldurados com a etiqueta azul revelando o preço de R$6,66 a embalagem com duas unidades. No reflexo, um presente torturante invadiu mais uma vez sua mente.

-Espera lá! Aquele no espelho não é meu rosto! Não são meus olhos, não é minha boca...Esta roupa não é minha, estes movimentos não são meus...Meu Deus!!! Não sou eu no espelho!!! Não sou Clara Nashville, sou...sou... Sou a empregada dela!!!

Clara Nashville havia faltado três dias seguidos no ensaio da peça que estrearia no próximo ano. Barbaramente assassinada pela sua empregada e confidente, teve sua cabeça enviada por intermédio de um mensageiro para sua própria casa no dia de Natal. Georgina, a empregada assassina, apodrece hoje no cadeião da cidade. Sua maior diversão é, nos dias de natal, olhar através das grades e ver o helicóptero do Papai Noel descendo na maior favela da região enquanto os miseráveis apontam para o ar.

- Nash, será que alguém vai lembrar de você neste natal?

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

AI O NATAL....

Eu gosto do Natal. Vejo essa época com bons olhos, deixo os maus olhos para o carnaval. Gosto das famílias reunidas, crianças sonhando... Como foi bom o natal na infância! 
Gosto das luzinhas piscando, gosto do jantar farto, dos amigos ou inimigos secretos , dos filmes de época, gosto de comprar presente para minha amada, panetone, nozes, frutas secas. Gosto da edição de Natal da Coca, tenho todas desde quando eles inventaram o lance do papai noel vermelho, mas todo ano me emociono muito quando ursos polares caminham e muitas luzinhas e caminhões da Coca chegam para animar a cidade. Adoro os artistas globais cantando "Hoje, é um novo dia, de um novo tempo, que começoooouu", eu sempre levanto e canto junto, juro! Adoro as Casas Bahia desesperada para endividar a população, que devido a magia publicitária acaba pagando o triplo do preço em uma televisão de plasma em 24 parcelas. Adoro ir ao shopping e ser abordado por todos os vendedores de surf (devo mesmo ter cara de surfistinha boy viu. Ou tonto, ainda não sei). Adoro pedir para ver o tênis da vitrine e receber uns 30, menos o que eu pedi. Adoro os preços dos panetones! Adoro as operadoras de cartão de crédito me ligando todo dia me presenteando com ofertas de BONIFICAÇÂO. Adoro o trânsito de São Paulo em clima natalino...
O Natal... 
Como é bom receber presente da sua tia, que sempre compra roupas que você jamais usaria. Adoro empresas filantrópicas (isso é possível?) que ligam loucas pelo 13°. Especiais de Natal com Xuxa ou Didi são incríveis! Luzes de natal não param de piscar, pague R$100 em 18 vezes e ganhe um cartão, vai tomar no cú Faustão, te odeio spams malditos, não quero notebooks, nunca mais vou ao shopping, não ligarei mais essa TV, eca panetone ruim, não sairei de casa, família reunida é briga na certa. Pára de chover porra! Crise econômica bem no final do ano? Se eu trombar esse maldito Papai Noel que causou tudo isso eu juro que mato.



segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

COMPRAS? NATAL?


Por Marcelo Viegas

Não sabia o que era o Natal. Faltou tempo, faltou oportunidade, faltou razão para que soubesse. Tudo o que tinha era um trapo sujo e esfarrapado. Brinquedo? Também não sabia o que era isso.

Uma missionária da ONU uma vez falou em Deus e num tal de Jesus Cristo, mas ele não entendeu muito bem. A fome falava mais alto. A fome sempre fala mais alto.

Na Etiópia, não havia Natal. Nem compras, nem Deus, nem Jesus. Missionárias havia, mas ele não sabia que esse era o nome da moças de branco. Achava que elas eram “as mulheres da comida”.

Morreu sem saber o que é uma missionária, apesar de ter morrido segurando a mão de uma. Morreu sem comprar, morreu sem rezar, morreu sem nunca ter presenciado o “sagrado espírito natalino”.

Nos três anos que existiu, só viu coisas ruins ao seu redor. Não teve lembranças de um Natal em família. Não teve o prazer inexplicável de ganhar um Ferrorama. Não comeu decentemente, não conheceu seus pais, não foi amado. Morreu sem viver.

E eu pergunto aos economistas políticos, aos moralistas, se já calcularam o número de indivíduos que é forçoso condenar a miséria, ao trabalho desproporcionado, à desmoralização, à infância, à ignorância crapulosa, à desgraça invencível, à penúria absoluta, para produzir um rico?” (Almeida Garret)

Feliz Natal.


photo: David Blumenfeld

sábado, 13 de dezembro de 2008

PAPAI MARX E O CONTO DE NATAL



Já estava chegando naquela época do ano em que George perdia o sossego. Seu cabelo e barba já estavam grandes e esbranquiçados como mandava a tradição. Era quase natal e mais uma vez ele seria o Papai Marx no vilarejo do Preá Atropelado, em Balneário Fantasma.

Papai Marx era a versão “balneariofantasmiana” de Papai Noel. Adotada em decreto municipal há mais de três décadas como “oposição e resposta à figura capitalista, individualista, neoliberal, consumista e esteticamente escrava da Coca-cola” representada pelo Papai Noel.

Papai Marx fora apenas uma parte do pacote de decretos natalinos. Outra medida determinava o fechamento de lojas e proibia as compras de natal no mês de dezembro para evitar o consumismo desenfreado. Nesta época só era permitida a troca de presentes manufaturados pelas próprias pessoas (por trabalho não alienado) em clima de camaradagem fraternal.

Era isso que perturbava o velho George. Sem dúvida era uma honra ser o Papai Marx há mais de uma década, mas cabia-lhe também o fardo de fabricar presentes para toda a vila (cerca de 317 pessoas). Nos últimos anos vinha improvisando brinquedos feitos com parafusos retirados das caçambas das fábricas falidas, mas isso já tinha virado até motivo de chacota.

Além dessa preocupação, a pequena empresa Chocolates Fantasma (que George abrira com a verba que recebeu quando foi demitido como cabeça de greve da Sanitários Baunilha) não ia bem das pernas devido à maldita crise. Tocava-a com obstinação que só era possível com a ajuda de seu velho amigo e sócio, o anão Cosme. Velho companheiro desde os púberes tempos dos cursos técnicos.

Era sexta-feira. Como de costume, depois de encerrarem a produção, George e Cosme ficavam papeando nas bancadas da fábrica, lembrando os bons tempos da greve dos trinta dias... Sonhando com o futuro e maldizendo seus desafetos.
Naquele dia específico George estava pensativo, olhando a fábrica em busca de uma solução para o problema dos presentes. Cosme sabia que nessas horas era sensato acompanhar sua quietude. Foi então que George gritou:
-As raspas!
-O quê?
-As raspas, Cosme! Farei algum presente com as raspas de Chocolate! Como não pensei nisso antes...

A noite inteira foi de intenso trabalho na Chocolates Fantasma. Cosme sabia que George era bom com idéias então o ajudou no que pode sem perguntar muito. Quando amanheceu os dois estavam exaustos mas haviam resolvido o problema do presente. George desenvolvera um licor com as raspas de chocolate que sobravam das máquinas misturando-as com cachaça e melado. Não gastaria nada na noite de natal e poderia distribuir o licor em pequenas garrafinhas para todos, que aliás se aqueceriam na densa neblina da noite na festa de natal da praça. Acabaram o serviço e despejaram todo o licor no maior tambor que encontraram (de diesel vazio) para curtir. Cosme foi para a sua casa e George ficou por ali mesmo onde morava, dormindo em cima de uma bancada, utilizando estopas como travesseiro.

Duas semanas depois (uma antes do natal) numa sexta feira, os dois amigos fariam a prova final da bebida curtida e maturada para a eventual correção de algum ingrediente. Fecharam a fábrica e sentaram-se na bancada cada um com um copinho cheio do licor de raspas de chocolate. Beberam.

Um alegre calor tomou conta de cada célula de George e Cosme e suas bochechas enrubesceram imediatamente. A conversa de sexta, que geralmente era mágoa arrastada, foi diferente. Longas elucubrações otimistas. Gargalhadas contagiantes ecoavam no velho galpão. O licor estava perfeito.

O que os dois mal podiam suspeitar é que aquela intoxicação peculiar que o licor propiciava era resultado não só da cachaça, mas principalmente do resto de diesel que se encontrava no tonel.

Noite de natal. Como de costume uma multidão esperava em frente à portinha do sindicato. Papai Marx desceria as escadas e cruzaria a praça até o coreto distribuindo com a ajuda de Cosme (travestido de duende operário) seus mimos manufaturados. Quando apareceram na porta, tinham um sorriso diferente.

Iniciaram então a tradicional marcha, distribuindo aos camaradas as garrafinhas com o licor de chocolate intoxicante. Subiram no coreto onde as crianças do colégio lhe esperavam para o coro com canções anarco-sindical-natalinas.

Cada cidadão presente na praça: fosse criança, velho ou mulher recebera uma garrafinha. Ao tomarem a bebida reproduziam a leve intoxicação já sentida por George e Cosme. E o torpor tomava seus corpos de assalto e era mágico. Toda a praça foi invadida por uma sensação de amor fraternal e leves alucinações faziam com que aquele coro fosse o mais maravilhoso, afinado e celestial. As luzes de natal brilhavam míopes em pequenas brumas coloridas contidas. Papai Marx fez um discurso acertado que tocou o coração de todos. Até o pequeno Cosme parecia-lhes simpático naquela ocasião. E fez muito sentido por um instante para todos morarem no vilarejo do Preá Atropelado. Eram companheiros e camaradas naquela jornada miserável, mas acima de tudo, eram irmãos. Nunca houve noite de natal como aquela...

FIM



EPÍLOGO
(Leitura opcional não recomendada para aqueles que gostam de finais felizes.)


Acabada a festa, todos voltaram para suas casas. Exceto George que só tinha a fábrica. Lá chegando, feliz com o sucesso da festa, bebeu todo o resto do licor. Seu corpo foi encontrado na hora do almoço de natal por Cosme. Foi enterrado com honrarias e muito choro. Existe no vilarejo uma rua com seu nome.

Cosme ficou louco. Depois da morte de George obstinou-se na reprodução do licor maravilhoso, nunca conseguindo reproduzi-lo perfeitamente. Faltava alguma coisa. Talvez se deixasse o licor maturar naquele velho tonel de diesel esquecido no canto da fábrica...

Benigno, um dos poucos capitalistas falidos que não fora banido de Balneário Fantasma, havia guardado um restinho do licor no dia da festa de natal. Após análises no espectro-fotômetro descobriu a fórmula secreta da bebida. E essa bebida, com o ingrediente secreto (óleo diesel) foi batizada ironicamente de Dieselina. E ela que entorpece os sentidos dos ex-operários sem sina de Balneário Fantasma, fornecendo breves consolos aos seus corações amargurados.

FIM


( Dedicado a dois Jorges reais, que ausentes retornam na lembrança nas épocas das festas de finais de ano.
)

COMPRAS DE NATAL



TERCEIRA SEMANA TEMÁTICA ZINISMO - DE 13 à 20 DE DEZEMBRO

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

ENVAZADO EM SÃO PAULO III



Mais uma do "sketch book do trânsito".

Pensando:

-Você sabe com quem está falando?
ou
-Eu não tenho culpa que tenho "padrinhos" que me querem bem...
ou
-Eu tenho meus conhecidos na assembléia (ou câmara)...
ou
-Vou mexer meus pauzinhos...

Palavras que impossibilitam qualquer tentativa de diálogo, revelam toda nossa herança colonial, a incapacidade do ser sobre seu curso e o provincianismo latente de nossa sociedade.

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

ZUMBIFIQUE-SE



Você anda de saco cheio dos seres humanos? Gosta de The Cramps e Psichobilly? Adora os filmes de zumbis do diretor de George Romero? Seus problemas acabaram!!!

Já existe um fotolog que oferece o serviço de “zumbificação” de modo gratuito e indolor . Confira a entrevista com o pai dos zumbis, Rogério Rocha:

ZINISMO: Como começou o seu gosto pelos zumbis?
R: Desde pequeno sou vidrado em filmes de horror.. Mas os zumbis me chamaram muito a atenção, por isso tive essa fixação por eles... Mas quero deixar bem claro... Os melhores são de George Romero, o "pai" dos zumbis.

ZINISMO: Como você foi parar nesse novo ramo de trabalho?
R: Sou publicitário, da área de criação, em 2003 me interessei por “darkarts” e vi que eu conseguia transformar as pessoas em zumbis.. Então cada vez mais os amigos iam pedindo as transformações. Devido a isso, estou até em um projeto de um novo longa-metragem de zumbis... 100% brasileiro.

ZINISMO: Quem quiser se transformar em um zumbi, como deve proceder?
R:Primeiro de tudo, ser freqüentador do fotolog zumbiland, deixe claro também a permissão para aparecer no fotolog. Depois disso, aguarde que sua vez chegará... Se mandar fotos de alta resolução a imagem fica mais perfeita ainda!!! As que eu pego direto de outros fotologs não ficam 100% reais... Para mandar em alta resolução, mande para rogeriodarkart@hotmail.com com nome e fotolog.

ZINISMO: Dentro do universo dos zumbis, que material recomenda (filme, música etc)?
-Bom, os filmes de zumbis são bem conhecidos. Mas recomendo os de Romero: Noite dos mortos-vivos, Madrugada dos Mortos, Dia dos Mortos, Terra dos Mortos e Diário dos Mortos. Sem contar o maravilhoso longa espanhol REC...E no ano que vem, saíra o filme "O entardecer dos mortos" filme que terá o meu roteiro... Para mais informações tem a comunidade no orkut e o blog. Ah, tem a comunidade de minhas darkarts também.





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Para quem se interessa pelo assunto e quer se enturmar com os zumbis, vale a pena lembrar que em São Paulo ocorre periodicamente a passeata Zombie Walk e para o carnaval de 2009 está sendo especulado o evento Carna Zombie.

Mais informações dos encontros na comunidade da Zombie Walk. E se depois de tudo isso, você ainda não acredita em zumbis, confira o registro fotográfico da Zombiewalk que rolou em São Paulo no blog do fotógrafo Flávio Uemori Yamamoto.

CADA UM TEM O IAN MACKAYE QUE MERECE!

domingo, 7 de dezembro de 2008

TERMINOU A BIENAL DA ANTI-ARTE

Terminou ontem (06/12) a 28ª Bienal de São Paulo. Marcada pela tristeza, pela miséria espiritual e pelas explicações mal dadas, a única boa lembrança são as fotos que minha irmã fez, das curvas e genialidade do mestre Niemeyer.

Conclusão: Acabou a Bienal. Foi tarde.



fotos: Denize Viegas

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

NARDWUAR THE HUMAN SERVIETTE


“Nardwuar the Human Serviette (nascido John Ruskin) é um famoso entrevistador/músico canadense que toca teclado nas bandas The Evaporators e Thee Goblins”. (Wikipédia)

Mas, Nardwuar é muito mais que simplesmente um entrevistador! O cara é praticamente o Borat da música! Insano e hilário, suas matérias são divertidíssimas! Além disso, as entrevistas são bem interessantes e o melhor é que o cara tem conhecimento de causa e mostra que sabe do que e com quem ele está falando.

Aqui, as duas partes da entrevista maluca com Cedric Bixler-Zavala e Omar Rodríguez-López do The Mars Volta. Abaixo mais alguns links (porque se eu colocasse todos os vídeos aqui, esse blog iria demorar uma eternidade pra carregar!) com entrevistas com o Nirvana (3 partes); Ian Mackaye; Misfits, Dez Cadena & Mark Ramone e Jello Biafra & The Melvins.

Eu desde já peço desculpa porque não existem cópias legendadas em português dessas entrevistas, por isso eu torço para que o inglês de vocês esteja bem afiado! De qualquer maneira, o barulho da risada é universal e ainda, contagiante! Vale a tentativa!!!


Nardwuar Vs. The Mars Volta Pt. 1


Nardwuar Vs. The Mars Volta Pt. 2


Outras entrevistas:

Nardwuar Vs. Ian Mackaye (Fugazi, Minor Threat, Embrace)

Nardwuar Vs. Nirvana: Parte 1 - Parte 2 - Parte 3

Nardwuar Vs. Misfits, Dez Cadena (Black Flag/SST Recs) & Mark Ramone (The Ramones)

Nardwuar Vs. The Jelvins - Jello Biafra (Dead Kennedys) & The Melvins


Mais vídeos em: www.youtube.com/user/NardwuarServiette

NOTAS



Poor Mary

http://g1.globo.com/Noticias/Rio/0,,MUL882382-5606,00-SEGURANCA+DO+RIO+PLANEJA+USO+DE+MACONHOMETRO.html

Já não bastava o bafômetro tesourar nossas "pombagiras líquidas", agora a investida da castração cerca o fecho contra a cannabis. Quantos mais leis babacas são impostas, mais passivos permanecemos. Aí você bate naquela tecla que o cigarro faz um estrago mil vezes maior que a plantinha, mas blá blá blá...

E falando sério: creio que deveríamos ter as rédeas do direito (ou não-direito) de colocar fumaça na mente, quer isso nos foda ou não nos foda!!! O julgamento do ser para com o ser deve-se aplicar-se. Trançar as pernas para essas medidas IMPOSTAS (palavra ridícula) é um ato demasiado necessário, mas quase nunca tomado. Fya Babylon!!!

Feira livre do vinil de Santo André

Ocorre no dia 06 de dezembro a 36ª edição da FEIRA LIVRE DO VINIL DE SANTO ANDRÉ. Ao todo uns 40 expositores trazem muitas caixas dos lindíssimos e nostálgicos LPS. Algo mais que 20 mil discos. Quem coleciona tem que comparecer! Se não achar nada que te agrade, poderá ao menos conhecer pessoas que talvez tenham aquele "Sou Louco Por Você"*, do Robertão,e você pode dar uma de Idéia e pedir "EMPRESTADO." Oportunidade, huh?

Feira livre do Vinil de Santo André
06/12/2008 - Santo André/SP
Galeria Studio Center - Rua Campos Sales, 58
Entrada: gratuita
Informações: www.feiralivredovinildesandre.hpg.ig.com.br

  • Sei que vocês sabem que esse disco do Robertão vale 4 mil. Só quis reforçar aqui. :)

CAIXA CULTURAL APRESENTA: 1968 @ Cinema, Utopia e Revolução.

Caixa Cultural exibe mostra com diversos filmes lado "bzaço" esde dia 02 a 21 de Dezembro. Alguns filmes em exibição: 2001: Uma odisséia no Espaço (de um tal de Kubrick aí) e tantos outros como: O bandido da Luz Vermelha, Teorema, Beijos Proibidos, O bebê de Rosemary, O estranho mundo de Zé do Caixão, Simpathy for the Devil, Roberto Carlos em ritmo de Aventura. As sessões tem os horários das 14h, 16h e 19h. E o melhor de tudo? Completamente de gráaaaaça!!! Ãuãaaaa!!!

Mais infos: www.caixa.gov.br/caixacultural

Graças e Louvores,


quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

EXEGESE DE TÔ FICANDO ATOLADINHA

Amigos Zinistas, desculpem mas tive que convidar/roubar o texto de um amigo/mestre meu sem ele saber para escrever aqui. Podia? Não sei, mais achei esse texto tão foda (inclusive dias deses ouvi da boca do próprio essas palavras tão puras e intelectas no palco) que resolvi "controlcezar" e "controlvezar" para vocês. Bom, espero que gostem... Textos como esse você pode encontrar no Blog do Tio Zé: Http://tomze.blog.uol.com.br



"Olá, rebanho de vagabundos! Estou de volta de uma saudável excursão ao meu querido Nordeste. Bebi e comi fartamente daquela concepção cosmogônica lá instalada. Tenho material para processar durante um bom tempo. Enquanto estava viajando, escrevi "Exegese de Tô Ficando Atoladinha", porque num jornal do Rio se dizia que algumas músicas de 'Estudando a Bossa" foram influenciadas pelo funk carioca.

E por que não?

EXEGESE DE TÔ FICANDO ATOLADINHA,
META-REFRÃO MICROTONAL E PLURI-SEMIÓTICO

3) PLURI-SEMIÓTICO:
O refrão de “Atoladinha” tem vários planos de significado:
a) em termos semânticos, o significado léxico já registrado em dicionário, que abarca o nível denotativo;
b) em termos pragmáticos, “Tô Ficando Atoladinha” desencadeia um novo significado, agora ambientado em um ato sexual. É o chamado nível conotativo dos significados deflagrados pelo uso.
* * * *
Depois desse passeio pelo denota e pelo conota, o refrão foge dessas classificações e vai reverberar no sentido do tato. E o tato já é outro código de sinais.
* * * *
Além disso, cria um signo contundente, quando numa sociedade misógina e preconceituosa, faz uma mulher assumir o comando de um ato sexual e chamar para si o direito e a conclamação do prazer.
* * * *
De acordo com C. S. Pierce, o fundador da Semiótica, o conjunto de signos “To Ficando Atoladinha”, dentro das 10 classificações compostas e combinatoriamente possíveis das tríades piercianas, forma um legi-signo dicente indicial.
Considerando o contexto, eu talvez preferisse um sin-signo dicente indicial, porque o lugar objetivo onde se dá o encharcamento é o vestíbulo vaginal e a metáfora lancinante é mais exatamente uma metonímia – o tropo que estabelece a parte tomada pelo todo.

Estou exagerando? Se o exagero passa por sua cabeça, convoco o testemunho da dra. Carmita Abdo, diretora do Departamento de Sexologia da USP. Em pesquisa divulgada em outubro de 2004 a dra. Abdo revelou que, no próprio campus da USP, um dos bolsões mais civilizados do País, 68% das meninas de 15 a 25 anos revelaram não ter prazer no ato sexual. Alegaram que seus parceiros terminavam antes, não ligavam para o que acontecia com elas. e “com medo de parecerem depravadas ou prostitutas”, não tinham coragem de pedir mais, de pedir ao parceiro que as socorresse na frustração.
2)
Microtonal
O canto microtonal era praticado pelos cristãos nas catacumbas de Roma, onde se reuniam os adeptos de uma religião católica ainda proibida no Império Romano. Depois da oficialização do credo, o papa Gregório, no início do século 7, proibiu a microtonalidade na Igreja e instituiu a escala diatônica, criando o cantochão ou canto gregoriano.
Essa escala diatônica serviria de base para toda a música ocidental. Até hoje somos prisioneiros desse dó-ré-mi-fá-sol-lá-si-dó, com seus sustenidos e bemóis, tanto na música erudita quanto na popular.
Acontece que do ponto de vista da Física, entre um dó e um ré existem 9 comas, que se instituiu chamar quartos de tom e oitavos de tom.
Vale a pena dizer que para um violinista o dó # é diferente do ré bemol. Chegaram a ser construídos na Europa instrumentos de teclado que tinham uma tecla para o dó # e outra para o ré bemol. Depois, no século 18, veio o temperamento, que unificou os dois acidentes.
Muitos músicos e teóricos saíram a campo para dizer que não funcionaria, mas J. S. Bach tomou o partido da inovação. Para provar que dava certo escreveu o Cravo bem temperado.
Desde então a prisão da escala diatônica temperada dominou a música ocidental popular e erudita.
Agora defrontamo-nos com o inesperado.
Há duas exceções: o compositor erudito italiano Giacinto Scelsi e o funk carioca com o MC Bola de Fogo. O primeiro, escrevendo peças microtonais para orquestra e este, escrevendo Tô ficando atoladinha.
No caso de Atoladinha, trata-se de um achado muito simples. Na repetição obsessiva
Tô ficando atoladinha,
Tô ficando atoladinha ,
a cantora não muda diatonicamente a nota musical: num crescendo insistente, vai subindo obsessivamente quartos de tom, como a própria excitação e aquecimento do assunto requer.
1)
Meta-refrão
Ora,uma peça tão bem achada chama a atenção e põe em questão todos os refrões e toda a arte de compô-los.
Portanto, quando se acusa o meu “Estudando a Bossa” de ser influenciado pelo funk carioca, não se trata de uma aberração: em aspectos mais profundos e em momentos de exceção, o funk tem laivos criativos tão altos como a bossa nova."

Por: Tom Zé

ENVAZADO EM SÃO PAULO II

Já está virando mania.
Basta parar no farol e olhar ao lado: o “sketch book do trânsito" está dominando os congestionamentos!
Não fique fora dessa tendência!


Fiz esse pensando na projeção de nosso próprio ego...


Esse tem até título: "o grito dos anônimos".

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

MARX RESPONDE E VIRA ZAGUEIRO


Monty Python - Legendado - World Forum Communist Quiz


Monty Python - Legendado - Futebol dos Filósofos


O programa humorístico Monty Python's Flying Circus da TV inglesa (BBC – 1969 a 1974), devido a excepcional capacidade que seus integrantes tinham como redatores e atores, alcançou enorme sucesso, ou melhor, tanto sucesso que hoje se admite que o Monty Python redefiniu o humor britânico como nós o conhecemos atualmente.

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

MUSICA DIABLO NA ÁREA


Tá vendo esse quarteto logo acima? Isso aí tem nome: encrenca! Na verdade o nome é Musica Diablo, e é bom que guardem bem esse nome, pois eles ainda vão dar o que falar. Formado por Derrick Green (Sepultura) no vocal, Ricardo Brigas (ex-Titânio) no baixo, André Alves (ex-Guilhotine) na guitarra e Marcão (ex-Slaughter) na bateria, o Musica Diablo reza na cartilha do thrash metal, com uma propriedade poucas vezes vista nesse país. Apesar de ser "apenas" um projeto (é o que eles dizem), o quarteto acaba de disponibilizar duas músicas no seu Myspace. Metaleiros de plantão, a visita é obrigatória!

Aproveitando o ensejo e o clima metal, vale – e como vale – dar uma olhada na entrevista que o Uli (D.Sailors) fez com o lendário Kerry King, do ainda mais lendário Slayer. Detalhe: a entrevista conta com uma participação muito especial made in Brazil, mas eu não vou adiantar quem é. Assista e confira.

AJUDE SANTA CATARINA

"A Defesa Civil de Santa Catarina fez a lista do que os desabrigados pela chuva mais precisam. A lista é a seguinte, por ordem de importância:
- Água potável
- Alimentos prontos (bolachas, biscoitos, barras de cereais, latas de sardinha e carne enlatada, salsicha e outros mantimentos de fácil manuseio e não perecíveis)
- Material de higiene pessoal, como escovas e pasta de dente, sabonetes, absorventes femininos e fraldas descartáveis
- Produtos de limpeza

Para ajudar, você pode entrar em contato com a Defesa Civil de seu estado (abaixo, nesta reportagem, você encontra uma lista de telefones e sites).
Em Santa Catarina, é possível também ligar para o 199 ou para a Secretaria de Estado de Desenvolvimento Regional mais próxima do seu município. Ou ainda procurar qualquer um dos 24 postos da Polícia Rodoviária Federal no estado e deixar a doação.
Na cidade de São Paulo, é possível deixar a doação nas sedes da Defesa Civil (no Bom Retiro) e da Cruz Vermelha, que passaram a funcionar 24 horas por dia, ou em qualquer posto da Polícia Militar ou do Corpo de Bombeiros. As 31 subprefeituras recebem a ajuda em horário comercial. Outra opção é o galpão do Fundo Social de Solidariedade, no Jaguaré, na Zona Oeste. Também é possível deixar a doação no estádio do Morumbi até domingo, dia em que o São Paulo enfrenta o Fluminense.


A Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp) e as entidades ligadas ao sistema (Ciesp, Sesi e Senai) também disponibilizam 300 unidades escolares do Sesi e do Senai e 42 sedes do Ciesp em todo o interior paulista, para receber doações da população. As prioridades são doações de água potável, produtos de higiene pessoal, produtos de limpeza, roupas para bebês, crianças, jovens e adultos (de ambos os sexos); alimentos não-perecíveis e colchões.
As empresas podem encaminhar suas doações para o Centro de Atividade Mário Amato, em Ermelino Matarazzo, na Rua Deodato Saraiva da Silva, 110, Cidade A. E. Carvalho, São Paulo, Capital. Informações pelo telefone (11) 2280-2366."


- CEDEC/SP - Coordenadoria Estadual de Defesa Civil de São Paulo
www.defesacivil.sp.gov.br
Fone: (11) 2193-8888

* Retirado de um jornal.

BUCLETA: ACESSO PROIBIDO PARA MAIORES DE TRÊS ANOS



Há algum tempo um amigo me enviou o link desse site (com um nome sugestivo) como sendo “legal para assistir chapado”.

Acessamos esse site e a única "pessoa" aqui em casa que teve alguma viagem foi a Frida (minha cachorra) que latia desesperadamente com alguns sons agudos que ele emitia.

Alguns meses depois, tentei acessá-lo de novo e percebi que o site (www.bucleta.com) havia saído do ar. Pesquisei na terra de ninguém (internet) e encontrei, além de um novo endereço, teorias intrigantes que você pode procurar também. Entre elas, destaco uma que diz que ”especialistas” verificaram que o uso do site por tempo prolongado causa efeitos parecidos com o do consumo de ecstasy e que por isso ele vive saindo do ar devido a ações judiciais. Havia também um mistério pelo fato do site ser interativo e não conter nenhuma informação institucional que explicasse seu conteúdo.

Para começo de conversa, o uso de qualquer site por várias horas pode causar efeitos em nossas mentes. E quanto ao fato de não haver informações institucionais, tudo fará sentido se imaginarmos que ele é feito para o uso de crianças bem pequenas (abaixo de três anos) o que também explicará os sons e imagens altamente estimulantes.

O novo endereço possibilita a compra de produtos dos personagens do site e adivinha de quem? Dos nossos saudosos Teletubbies! Talvez o endereço antigo tenha saído do ar justamente porque agora eles fizeram um que possibilita acesso a informações por adultos, além da impressão de imagens para colorir e a compra de produtos.

Todos esses problemas seriam evitados se o site providenciasse um aviso do tipo “acesso proibido para maiores de três anos”.

De qualquer forma, se você tiver alguma experiência psicodélica com o Bucleta, este espaço estará disponível para seu testemunho.

sábado, 29 de novembro de 2008

GENIUS SECULI


por Edu Zambetti

Tanto para as versões oficiais como para as “teorias da conspiração”, a verdade é que quaisquer fatos ou relatos nunca devem ser engolidos como se fossem aspirinas. O questionamento, o estudo preciso e a busca de informações coerentes em direção da realidade sobre importantes assuntos de nossa história, sem dúvida, são os melhores colírios.



Zeitgeist – The Movie (2007)
Filme produzido por Peter Joseph que apresenta uma série de teorias da conspiração relacionadas ao Cristianismo, ataques de 11 de setembro e a Reserva Federal dos Estados Unidos da América.

Filmes Correlatos:

Mind Control Made Easy or How to Become a Cult Leader
http://zinismo.blogspot.com/2008/11/controle-da-mente_2406.html

O Deus Que Não Estava Lá:
http://www.guba.com/watch/3000084804

Ataque ao Pentágono:
http://www.archive.org/details/Pfilosofia-ataque_ao_pentagono645

Torres Gêmeas:
http://video.google.com/videoplay?docid=-7672112338550693256&hl=en

A Onda (experiência nazi)
http://www.guba.com/watch/3000082444

Espionagem:
http://www.archive.org/details/Pfilosofia-espionagem656

O Caminho para a Tirania:
http://www.archive.org/details/Pfilosofia-o_caminho_para_a_tirania_1462

Nós Pousamos na Lua:
http://www.archive.org/details/Pfilosofia-nos_pousamos_na_lua115

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

SINTONIA DE IDÉIAS


Por Marcelo Viegas

Prólogo

Coincidências existem. O que não existe é o destino. Acreditar que as coisas estão pré-determinadas é discurso de vagabundo: equivale a “largar mão”, afinal que diferença faz? Se há o destino, nada do que fazemos mudará o que está escrito. É cuspir em tudo que construímos até hoje, a tal da história da humanidade. As coisas são como são, é o que dizem. Óbvio, mas são como são porque nos mexemos para que assim seja e porque para algum lugar elas deveriam ir. O contrário é que seria assustador. Na pequenez do nosso dia-a-dia, nos pequenos atos que parecem desconectados da grandeza desse mundo, acrescentamos nossa sagrada contribuição para que as coisas continuem indo para algum lugar. Mesmo que nós não tenhamos a menor idéia pra onde seja.

Rumo a Lanzarote

Tenho o costume de ler antes de dormir. Bom, eu e outros milhões de pessoas no planeta, mas isso não vem ao caso. O que vem ao caso é que, em alguma noite de 2008 (e se minha memória não me engana deve ter sido em algum momento do primeiro semestre), peguei o Cadernos de Lanzarote, de José Saramago, e mergulhei naquela meia hora de leitura pré-sono. A leitura transcorria agradável, e lembro que pensei na importância do escritor português. Fixei-me na idéia de que ele é talvez o último gênio vivo da literatura. E que lê-lo em vida, portanto, é um privilégio. Recordei Jorge Amado, Paulo Freire, José Chasin, Darcy Ribeiro, Jacob Gorender e tantos outros, hoje finados, mas que tive o prazer de ler enquanto respiravam o mesmo ar que eu. Não digo que fossem gênios como Saramago, mas isso não tirava a satisfação de compartilhar de suas idéias com eles por aí, ainda a tê-las.

Naquele momento de divagação e com essas abobrinhas na telha, tive um insight: “Nesse exato momento em que estou lendo seu livro, o que será que passa pela cabeça de José Saramago?” Não obtive resposta. E decidi continuar a leitura.

Transcrevo exatamente o parágrafo seguinte com o qual me deparei:

Ray-Güde informa-me de que recebeu da Polônia resenhas acerca do Evangelho e que este se encontra na lista de obras de maior venda. Lamenta não ser capaz de me traduzir as opiniões da imprensa polaca, mas vai adiantando que o escritor Andrczej Sczcipiorski, o mais importante dos autores polacos publicados pela mesma editora, gostou muito do livro... Ouvindo isto, ponho-me a imaginar o que mais gostaria de fazer nesta altura da vida (sem ter de perder nada do que tenho, claro está), e simplesmente descubro que seria perfeito poder reunir em um só lugar, sem diferença de países, de raças, de credos e de línguas, todos quantos me lêem, e passar o resto dos meus dias a conversar com eles

Travei na hora. Uma sensação de plena felicidade chegou como uma onda, e deixei que ela me arrastasse. Fui pra bem longe do meu quarto, viajei pras Ilhas Canárias, mais exatamente pra mais oriental das ilhas desse arquipélago: Lanzarote. Parei na casa de muro branco - que possui curiosamente o nome de A Casa -, abri a porta, brinquei com os cães e dei a mão ao mestre Saramago.

O parágrafo acima é – claro está, como ele mesmo gosta de dizer – fruto da minha imaginação, mas todo o resto é verdadeiro. Esse humilde ateu aqui, e o ateu famoso autor do Memorial do Convento, juntos numa coincidência que muitos não perderiam a chance de classificar como “a prova irrefutável de que o destino existe”. Penso diferente: foi apenas uma grande e deliciosa coincidência. E tenho certeza que o Saramago diria o mesmo.

Epílogo

Acabei de chegar em casa. Estive com Saramago. Não, não fui a Lanzarote. Saramago é que veio até nós, para o lançamento mundial do seu novo livro, A Viagem do Elefante. Debilitado pela doença, mas lúcido, absolutamente lúcido. Feliz por estar vivo. Aproveitando cada momento, cada instante. E querendo mais. “Tempo”, disse ele. “Vida”. Desnecessário dizer que esse é o voto generalizado: que ele tenha muito tempo e vida pela frente, para continuar escrevendo e, dessa forma, dando mais sentido ao nosso tempo e a nossa vida. Essa é a coincidência que encerra. No dia do meu post, “coincidentemente” sobre o Saramago, tive a honra de encontrá-lo. Um brinde ao mestre! Um brinde ao imponderável!

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

FRUTAS FRESCAS E VEGETAIS PODRES



Por Ricardo Idéia

Confesso que tremi quando foi decidido o tema dessa semana. “Coincidência... ou não?” pode dar belos contos como os do Grão e do Zambetti, mas contos definitivamente não é o meu forte.
Pensei em algo mais parecido com a reflexão do Eterno, até porque aconteceram fatos, digamos, intrigantes desde que o tema foi decidido.
Primeiro o Zambetti postou por aqui um texto sobre softwares para produção musical caseira, exatamente no mesmo dia que meu “Vuze” (programinha similar ao SoulSeek, Kazaa, etc, mas destinado a baixar arquivos em torrents, geralmente gigantescos!) bufava com downloads de vários softwares para produção musical.
Dias depois disso enquanto eu e o Zambetti falávamos um monte sobre tais softwares, o Sapo Banjo banda do Zambetti fez um show aqui em Pira, bem perto de casa, mais que coincidência, nesse caso, conveniência!
Pra fechar o ciclo, mandei um rascunho da primeira brincadeirinha que fiz com os softwares que havia baixado no mesmo dia em que o Zambetti subiu um texto sobre o Subsapiens, projeto de Eden Silveira que também é voltado a música eletrônica assim como o meu.

Mas esse monte de acontecimentos envolvendo eu e o Zambetti não seria o suficiente para um post. Não aqui no Zinismo. Assim, apesar de maltratar meus neurônios durante anos a fio, foram eles que me socorreram nesse post.

Final da década de oitenta. No bairro do Ipiranga em São Paulo uma enorme molecada acompanhava a cena punk rock e metal e dividia tudo que podia (menos os punks xixi extremistas e os true metals de direita!). Dessa forma, discos eram emprestados e quase nunca devolvidos, mas no geral eles rodavam na mão de todos aqueles garotos afoitos por música.
Com um álbum específico criou-se até uma tradição. Aquele que uma vez teve o “Fresh Fruits for Rotting Vegetables” do Dead Kennedys, o adquiriu “surrupiando” seja na loja da velhinha ali no Sacomã, seja tomando o disco de outro “amigo” da galera.
Eu até tenho a teoria que existiam apenas três exemplares do vinilzão branco do DK no Ipiranga, mas esses três foram de umas quarenta pessoas!
É claro que eu mesmo tive um desses por um tempo. Numa das inúmeras festas que rolavam na minha casa, o vinil foi esquecido. Não marquei bobeira e logo fiz uns desenhos e escrevi “idéia” no rótulo com uma esperança ingênua de que com esses sinais ninguém iria roubá-lo mais de mim. Também não posso reclamar, o disco ficou um bom tempo em casa, e eu teria sido egoísta se “quebrasse a corrente”! Inevitavelmente o disco acabou sendo furtado de minha casa. Beleza! Havia cumprido minha parte na tradição do “Fresh Fruits...”
Alguns meses se passaram e de repente me bateu uma saudade daquele vinil, precisava arrumar um jeito (um trouxa) pra roubar o disco de novo. Fiquei sabendo que o Ratão, um playboy que morava duas ruas atrás da minha e que eu não ia muito com a cara, estava com um Fresh Fruits na mão. Passei umas três semanas amaciando o playboy na conversa. Foi difícil e quanto mais ele negava, mais decidido eu ficava que teria o disco de novo. Dei mole quando deixei roubar o meu. Porra! Tinha até identificação, meu nome no rótulo, que vacilo! A persistência foi grande e por fim o Ratão cedeu. Fiquei no portão da casa dele esperando enquanto o otário, quer dizer, o Ratão buscava o disco que eu nunca mais iria devolver. Catei o LP e nem dei muita idéia, já fui saindo, só queria saber de chegar em casa, fazer novos desenhos e escrever “idéia” no rótulo de novo. Corri na descida da Rua Bamboré pra chegar em casa, em frente a pracinha reparei que a capa estava toda danificada, rasgada, gasta e faltava uns pedaços, mas não tinha problema, o disco estava lá. Se não desse pra eu fazer uns desenhos no pouco espaço que sobrou da capa, o nome no rótulo já seria suficiente. Cheguei em casa, corri pro quarto, já estava com o canetão na mão, tirei o disco de dentro do resto da capa, aquele vinil branco, lindo, saindo do papelão estragado. Apreciei cada milímetro que aparecia até chegar o rótulo onde se via escrito “idéia”!
Foi roubando exatamente o mesmo “Fresh Fruits...” duas vezes que eu desenvolvi a teoria que no Ipiranga só existiram três cópias do Fresh Fruits for Rotting Vegetables!
E, só pra saber: Alguém aí tem o Fresh Fruits pra me emprestar?

terça-feira, 25 de novembro de 2008

HELLO KILL ou O CHINELO PIRATA

Baseado em Fatos Reais



por Edu Zambetti


11 de outubro - 16 horas

Marta só se lembrava do primeiro nome da rua.

- Moço, você conhece alguma Rua Humberto por aqui?

- Vixi dona, daqui até a outra avenida todas as ruas começam com o nome Humberto ou Umberto. Tem alguma outra referência?

- Como é que é moço?

- Dona, ali é a Rua Umberto Eco, a outra é Humberto Elias, a vielinha é Humberto de Alencar...

- Já entendi, entendi...você sabe em qual delas tem uma lojinha de calçados?

- Olha, tem um primo meu que vende uns chinelos importados logo ali naquela barraquinha. Olha lá, aquele de cabelo black. Qualquer coisa meu nome é Josué.

Marta avistou um chinelo rosa da Hello Kitty pendurado na barraca, era tudo o que sua sobrinha precisava e, por coincidência, era o que ela iria comprar naquela loja de adolescente mimada que ficava na Rua Humberto sei lá o que... Iria pagar uns 85 mangos...Estacionou o carro e foi até ao camelô altamente indicado pelo transeunte simpático.

- Pra Madame tem desconto especial... Tem chinelinho e chinelão...

Ele falava e arriscava uns passos de dança.

- Escuta garoto, quanto custa este chinelo rosa aqui?

-Qual? Este da Rélouquil? 15 conto.

Dona Marta nem sabia como iria pagar as prestações de seu carro zero, mas já tinha deixado passar o aniversário da sobrinha e não poderia furar no dia das crianças. Neste caso, um chinelo pirata “com” a Hello Kitty por 15, seria melhor do que um chinelo original “da” Hello Kitty por 85 mangos.

- Tem número 38?

A sobrinha era uma daquelas gordinhas de 13 anos com um pé maior do que deveria e humor em lento desenvolvimento.

- Por acaso só tem este mesmo. Vou confirmar o número pra senhora. Nossa! É 38 mesmo!

- Faz por 10, garoto?

- Por 13, dona. Quer uma sacolinha?


13 de outubro – Antes do Almoço

- Atende a campanhia Cristina. Pare com esta preguiça!

- Tá bom...Pois não?

- Tem alguma coisa pra dar? Um saco de açúcar, uma moeda...Estou até descalço. Olha só.

- Mãe. Vou doar pro mendigo esta porcaria de chinelo que a tia me deu...O que fez ela pensar que eu gostaria de um chinelo da Hello Kitty? Ela poderia me presentear em dinheiro os 85 que custa o original. Ainda por cima é rosa! Sou loira, mas sou gótica mãe...Gótica!

- Moço, tem este chinelo aqui, serve?

O cidadão parado na porta da casa era mais nóia do que mendigo e, rapidamente, calculou que aquele chinelo poderia lhe render uma pedra pelo menos. Isto não ocorreu...

- Deus lhe pague menina, deus lhe pague.


13 de outubro – Hora do Almoço

A morena ficou assustada ao ver aquele mendigo parado e tremendo horrores na sua frente, mas, ilusoriamente, se tranqüilizou quando viu que ele calçava um chinelo rosa bem menor do que seu pé.

- Passa o emepêtreispleier e passa a carteira...tá pensando que é brincadeira? Vai, vai, vai!

Ela, que estava atrasada para o almoço, tirou calmamente da carteira os seus três reais e, sem nenhuma sensação de perda, entregou junto com o Mp3 player para o nóinha da vila... Mas já estava cansada. Denunciaria todo mundo pela internet, pelo 109, para a guarda civil, militar, municipal e até enviaria um e-mail para o presidente. Encheria o saco das autoridades e convenceria todo mundo a fazer o mesmo. De fato, virou mania no bairro e qualquer suspeito que aparecia, mesmo que só pedindo esmolas, era denunciado na mesma hora...Carros de polícia viviam rondando o bairro. Cada dia mais...o delegado que o diga.


16 de outubro – Após o Vidro do Carro ser Quebrado

- Vou fazer igual ao que a mocinha falou. Vou denunciar já! Alô... Quebraram o vidro do meu carro. Levaram todas as compras, uma blusa da minha senhora e meus óculos escuros. Olha, aqui é perto da favela da Malagueta. Isto, perto do cadeião. Olha, estamos cansados disto, fica cheio de marginalzinho passando na rua. Aqui é bairro de gente honesta... Meu endereço? Anota aí.


20 de outubro – Plantão Noturno

- Alencário, chama o Elifas e mais uns dois e vai lá na favela da Malagueta. Quero que vocês prendam alguém! Não agüento mais receber reclamação dos moradores da vizinhança. Olha, prende uns três ou quatro lá e tudo bem. Entre num barraco, dê uns tapas, apreenda alguma coisa! Mas tem que sair no jornal, liga lá pro repórter do Diário, ok?

Os guardas saíram da delegacia com a adrenalina esquentando o corpo, iriam pegar uns pregos de surpresa, seria tranquilo e ainda sairiam no jornal...Mole, mole.

- Elifas, olha aquele barraco, tem um black power dançando lá dentro! Opa, tem umas garotas também... e saca só o baseado rolando lá. Liga pro cara do Diário. Liga lá que nós vamos entrando.

Dentro do barraco estava o camelô Panteronça dançando e sua sobrinha Georgina, de 13 aninhos, assitindo TV...Havia também umas oito garotas largadas e abraçadas ao traficante (procurado) Augusto de Jesus Grelhande: O Grelhão.
Quase 70 kilos de cocaína e várias pedras de crack brilhavam no canto direito da sala além dos vários produtos de origem suspeita, entre eles, chinelos falsificados, principalmente os da Hello Kitty...Os policiais não sabiam destes detalhes.

- Já chegou o repórter! Alencário, entra lá e desce a lenha em todo mundo...

No outro dia, a manchete foi bem clara e direta:

Traficante é Preso com Drogas e Produtos Contrabandeados.

Depois do depoimento, todos, com exceção do traficante e do Panteronça ,morto em confronto, foram liberados sem grandes complicações. Apenas Georgina, menor de idade, seria encaminhada para o conselho tutelar.


21 de outubro – No Cadeião

- Mandei matar!!! Quero todos estes nóias tombados hoje, hoje... Quero pelo menos cinco com a cara no chão e a alma no lixo entenderam?

De dentro da cela saíam os gritos do Grelhão. Dava as ordens como se estivesse na sala de estar de sua casa...

- Vai direto no bar do Fornica. Quero dedo mole, sem dó! Mata todo mundo que estiver lá na frente. Hoje! Aqueles moleques ficam roubando o pessoal dos bairros vizinhos e, de tanta denúncia, tiveram que prender alguém... Eu sei que não foi sua culpa Alencário, o repórter estava lá...Mas desta vez fui eu que rodei...Foi azar, mas não vai ser só meu...Entendeu né? Hoje! Vai sem farda! Não vacila. Na madruga. E liga pro repórter do Diário na seqüência.


22 de outubro – Madrugada do Dia 21 para 22

De dentro de seu barraco, cinco disparos seguidos de mais três foram ouvidos pelo rapaz com insônia e sua mãe.

Horas depois, cinco corpos deram entrada no IML, foram todos assassinados com tiros certeiros na cabeça, entre eles, um garoto chamou atenção de Josué por calçar um chinelo rosa. Antes de preparar os corpos para autópsia, ele tirou cuidadosamente os chinelos da Hello Kitty do cadáver, ensacou discretamente e enviou para a creche de sempre.

Dois dias depois, Georgina, que estava no conselho tutelar mas (por medida de segurança) teve que ser encaminhada para a creche da Vila Malagueta, receberia o chinelo rosa igual ao que seu tio vendia lá na rua Humberto sei lá o que...Seria uma maneira de sempre lembrar dele... do seu cabelo estranho... da sua dança...
Tem chinelinho e chinelão...

Guardou aquele par surrado pelo resto da vida.