Desde miúdo que oiço dizer que Natal é tempo de paz, de família e de perdoar aos nossos inimigos. Será mesmo assim? Os nossos inimigos pensarão da mesma maneira? Se levarmos uma “bordoada”, colocamos a cabeça a jeito para levar outra?
Sabem os meus amigos que não sou jovem, sabem os meus amigos que contrariando as leis da natureza ainda sou jovem. Mais ainda, uma criança grande. Não conheço criança que não tenho medo, medo de não ter por perto os seus pais, os seus amigos, os seus protectores, mas os medos que me atormentam nesta altura são estes:
O nosso País está a atravessar uma crise que jamais me passou pela cabeça pudesse acontecer quando em vinte e cinco de Abril do ano setenta e quatro rebentou a revolução dos cravos.
Ainda recordo os rostos de felicidade que praticamente todos os portugueses tiveram naqueles tempos mais próximos. Que loucura a sensação de liberdade, a fraternidade
As eleições livres, as promessas dos políticos oportunistas formados com rapidez e em força, foram sonhos feitos à luz do dia, já que tínhamos acabado de passar uma noite de mais de quarenta anos.
Como recordo os erros que se seguiram, mas que todos íamos deixando passar com a esperança que com erros também se aprendem e portanto o Sol Radiante estava à frente dos nossos olhos.
Nós que nos encontrávamos isolados seriamos um País Europeu, aberto ao Mundo, com todos as vantagens que isso nos trazia. Os nossos políticos, Doutores, Engenheiros, Advogados e até Estucadores, rejubilavam de satisfação, apregoando aos quatro ventos quanto felizes passaríamos a ser quando finalmente entrássemos na Comunidade Europeia. Um eleito, deu a volta pelo Mundo, viajou em elefantes, deitou ao fosso galináceos para os crocodilos, montou em tartarugas, passou pelo estreito de Magalhães e o seu governo desatou rapidamente a gastar milhões e milhões no desenvolvimento de Macau, tendo Melancia e seus acólitos feito trabalho meritório, acabado em Tribunal com os resultados que todos conhecemos…Tudo Zero, “gente fina é outra coisa”.
A seguir sucederam-se governos e mais governos e todos eles iam deixando o nosso cantinho cada vez pior. As empresas estrangeiros que mantinham por cá fabricas há muitos anos, desataram a debandar, contribuindo para o desemprego e consequentemente a perda do sonho por que lutamos. Os partidos políticos, iam recheando o seu seio com assessores de assessores, nomeando para lugares para os quais não tinham nenhuma preparação, Pais, mães, filhos, enteados, netos, primos, irmãos, amigos, amigos dos amigos, deixando de fora ou afastando quadros de valor que lhes podiam fazer sombra…
A União (?) Europeia, ofereceu milhões e milhões de dinheiro que aquela gente recebia ávida de grandeza, repartiam (o que repartiam) pelos amigos, pelos espertos desonestos e o aproveitamento foi o que se pode chamar, “coisa nenhuma”. Há efectivamente vias de comunicação, vias rápidas agora transformadas à pressa em auto-estradas sem estarem preparadas para tal, mas que são pagas, tal é a necessidade e a fome de dinheiro que temos. Quantos pseudo-cursos foram pagos a empresários para que o pessoal tomassem conhecimentos para o seu desenvolvimento, sem qualquer tipo de aproveitamento. Quanto trabalhadores passaram dois e três anos nessas formações a transportarem paus às costas de um lado para o outro, recebendo o seu salário atrasado pago a más horas, os instrutores, funcionários dessas mesmas empresas assinavam os recibos como se dessem a tal formação e o empresário abotoando-se com todos os valores nem sequer pela Páscoa ofereceram uma garrafita de mosto cujo preço era de míseros 0,20 cêntimos, àqueles pobres servidores que com medo de perderem o emprego sujeitavam-se àquelas desonestidades.
Mas a luz quando nasce é para todos e Oliveira e Costa e o seu “bando” aparecem na ribalta como os representantes da grande burla dos tempos modernos e a fazer esquecer Alves dos Reis, os governantes ofereceram reformas a portugueses que nunca trabalharam por conta de outrem, esbanjando a torto e a direito valores sem a mínima razão para tal.
Reformam-se políticos com valores completamente absurdos e em idade de frescura física e psíquica. Dão-se prémios obscenos a quem já tem ordenado chorudos e benesses de escândalo, pelos cargos que ocupam?
O povo passou a ter acesso a mais instrução, abandonando-se paralelamente a educação do mesmo, observada pela leitura dos jornais que nos dão diariamente relatos de como ela está mal em Portugal. As agressões nas escolas são o pão nosso de cada dia e os professores, bombos de festa, que o digam.
Chega-se ao descaro de indemnizar um alto funcionário da Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos, que por sua livre vontade se despediu.
Corre-se o Mundo de mão estendida a mendigar dinheiro emprestado para repartirem à ganância, pelos protegidos dos políticos falhados que dormem no hemiciclo, e para nós povo escravo a lembrar os tempos feudais, cai-nos a distribuição dos “calotes” que esta gente à força nos obriga a pagar.
Pretende-se alterar a lei do trabalho, para que o "Zé" só possa ter reforma após os 67 anos e uma mulher que não recebe qualquer subsídio nem tem outros rendimentos, mas tem 65 anos e que teve a feliz sorte de arranjar um trabalho de três horas diárias, para pagar a contribuição à Seg. Social, vai ser fiscalizada.
O desgoverno é tal que num golpe de magia baixa, corta os salários aos funcionários e anuncia que deputados e altos funcionários também serão atingidos com cortes de 15% , dado ser necessário salvar Portugal, mas sorrateiramente aumentam-lhe as ajudas de custos em 20%.
Eu, naufrago, não pretendo voltar para a ilha… ela também está minada.
Estamos no Natal de 2010, como posso perdoar tanto mal que nos é feito? Destruíram o meu sonho, perdi a esperança no meu País, não acredito nos seus políticos e prevejo uma derrocada final não muito longa no tempo.
Desejo a todos os meus visitantes um Feliz Natal e um Ano Novo cheio de abraços a que se associa o meu canito.