Um dia - e já lá vão mais de 24 anos - alvitrei à minha cara metade para fazermos uma visita à Galiza, fomos e ficamos apaixonados à primeira vista. As paisagens das rias em conjunção com as belezas feitas pela mão do homem tornam a Galiza maravilhosa e fazem apaixonarmo-nos por ela.
Eu, a viver no Norte já andava farto de ir a Esposende, Ofir e Apúlia, apanhar vento todo o dia em pleno verão, vejo-me de repente nas praias do Samil em Vigo, América perto de Bayona, Cangas do outro lado ria, Sanxenxo, Raxó, Paxarinhas, estas já na ria de Pontevedra e finalmente a ria de Arosa, em todo o seu esplendor com O Grove e a ilha de A Toxa (la Toja) e fico extasiado.
A ria estava com a maré baixa e centenas de pessoas apanham bivalves para uns baldes e sentimos ganas de fazer o mesmo. Mais tarde soubemos que não era possível; aquela apanha era o trabalho de grande parte da população, seguindo depois aquele marisqueio para as depuradoras antes da venda nos mercados.
Aprendi como se apanha, trata e comercializa para todo o Mundo a riqueza do marisco da Galiza, que tanto tem contribuído para o desenvolvimento daquela região.
Em O Grove, comprei um piso (apartamento) novo e portanto a partir daí comecei a desfrutar daquelas maravilhas. Criei novos amigos, amizades que ainda hoje perduram e a pouco e pouco fui esquecendo Lisboa e a necessidade de vir matar saudades. Nesta altura sou eu que vivo ruído delas, pelos momentos inolvidáveis que lá vivi com a boa gente que encontrei e conheci.
Besada, nome de um desses grandes amigos, convidou-me certo dia de semana para almoçar com ele, tendo escolhido um dos melhores restaurantes da povoação, propriedade de um seu amigo e conterrâneo. Na época baixa e aos dias de semana o movimento é reduzido, consequentemente os restaurantes trabalham a 1/5 do seu movimento de fim de semana. Entrámos e encontravam-se já 2 casais (por sinal de portugueses) a almoçarem cavaqueando entre si. Todas as mesas do restaurante estavam postas para a eventualidade de aparecerem clientes e quando prontas para utilização têm normalmente dois pratos sobrepostos. Escolhemos uma mariscada, uma garrafa de Conde Albarrei, “albarinho” galego, bebemos um copo, petiscámos o pulpo à Féria e esperámos pelo prato forte para um repasto bem regado.
A mariscada era tão farta que daria aí para 5 pessoas, portanto era arregaçar as mangas e avançar para a sua degustação. Pedimos nova “botella” de C. Albarrei e preparamo-nos para a refeição que prometia.
Tenho por hábito, quando como alguma coisa que é necessário tirar as cascas, sacar estas e depois tranquilamente comer de faca e garfo, foi o que fiz, tendo-me acontecido esta faceta. Descascava e fazendo divisão no prato colocava o interior de um lado e as cascas noutro tendo ficado como será óbvio com o prato completamente cheio. Portanto maquinalmente levanto o prato de cima e passo para o de baixo a parte que iria comer colocando o prato desnecessário na outra mesa que estava ao meu lado direito e que não tinha clientes.
O amigo Besada chama-me a atenção de que disponha de pratos na mesa ao lado, e que poderia tirar um, dizendo-lhe eu que não era necessário e estaria bem assim.
Admirado, diz: “Preferes comer no mantel, pois bien”. Pego na faca e garfo e fico perplexo, como foi possível eu não ter visto que tinha passado a comida do prato para a toalha. É que de todos os lugares do restaurante, o meu era o único que tinha só um prato. Dei uma valente gargalhada e o meu amigo tal como eu, bem bebido e ainda mal comido, chamou o dono do Restaurante para ajudar à sua festa. Quando acabamos e pretendiamos uma sobremesa, pedimos morangos com natas. O patrão, lamentou mas informou que natas não tinha e então o Besada chama-lhe a atenção para o facto de nunca se dizer que não há, mas de uma maneira tão enérgica que o homem ficou desorientado e foi buscar natas em lata tipo spray e com a atrapalhação rebentou com o bico por onde as natas deveriam sair.
As natas começam a sair com toda a força do recipiente onde estão sobre pressão e, meus queridos, o Besada, este vosso amigo, os outros 4 clientes, os candeeiros, as mesas cadeiras, paredes, eram um mar de natas que só acabaram de ficar cobertas quando se esgotou a lata.
Os clientes, com a cabeça e fatos todos salpicados de branco a fazerem lembrar árvores de natal, onde só faltavam como decoração umas bolas penduradas nas orelhas e umas luzinhas a acender e apagar com um presépio aos pés, não sabiam o que fazer.
O dono do restaurante completamente em pânico pergunta-nos: e agora? Saindo-se um dos outros 4 clientes com um olhar assim mais para o lado de lá do que para o de cá, a fazer jus à qualidade do “albarinho gallego”, com esta resposta.. Agora, bate chapa e tinta Robbiallac!
Só nós, portugueses, conhecíamos o anúncio. Saí e deixei-os a tentar solucionar o problema das tropelias que eu tinha iniciado, colocando a mariscada no “mantel”.
Eu, a viver no Norte já andava farto de ir a Esposende, Ofir e Apúlia, apanhar vento todo o dia em pleno verão, vejo-me de repente nas praias do Samil em Vigo, América perto de Bayona, Cangas do outro lado ria, Sanxenxo, Raxó, Paxarinhas, estas já na ria de Pontevedra e finalmente a ria de Arosa, em todo o seu esplendor com O Grove e a ilha de A Toxa (la Toja) e fico extasiado.
A ria estava com a maré baixa e centenas de pessoas apanham bivalves para uns baldes e sentimos ganas de fazer o mesmo. Mais tarde soubemos que não era possível; aquela apanha era o trabalho de grande parte da população, seguindo depois aquele marisqueio para as depuradoras antes da venda nos mercados.
Aprendi como se apanha, trata e comercializa para todo o Mundo a riqueza do marisco da Galiza, que tanto tem contribuído para o desenvolvimento daquela região.
Em O Grove, comprei um piso (apartamento) novo e portanto a partir daí comecei a desfrutar daquelas maravilhas. Criei novos amigos, amizades que ainda hoje perduram e a pouco e pouco fui esquecendo Lisboa e a necessidade de vir matar saudades. Nesta altura sou eu que vivo ruído delas, pelos momentos inolvidáveis que lá vivi com a boa gente que encontrei e conheci.
Besada, nome de um desses grandes amigos, convidou-me certo dia de semana para almoçar com ele, tendo escolhido um dos melhores restaurantes da povoação, propriedade de um seu amigo e conterrâneo. Na época baixa e aos dias de semana o movimento é reduzido, consequentemente os restaurantes trabalham a 1/5 do seu movimento de fim de semana. Entrámos e encontravam-se já 2 casais (por sinal de portugueses) a almoçarem cavaqueando entre si. Todas as mesas do restaurante estavam postas para a eventualidade de aparecerem clientes e quando prontas para utilização têm normalmente dois pratos sobrepostos. Escolhemos uma mariscada, uma garrafa de Conde Albarrei, “albarinho” galego, bebemos um copo, petiscámos o pulpo à Féria e esperámos pelo prato forte para um repasto bem regado.
A mariscada era tão farta que daria aí para 5 pessoas, portanto era arregaçar as mangas e avançar para a sua degustação. Pedimos nova “botella” de C. Albarrei e preparamo-nos para a refeição que prometia.
Tenho por hábito, quando como alguma coisa que é necessário tirar as cascas, sacar estas e depois tranquilamente comer de faca e garfo, foi o que fiz, tendo-me acontecido esta faceta. Descascava e fazendo divisão no prato colocava o interior de um lado e as cascas noutro tendo ficado como será óbvio com o prato completamente cheio. Portanto maquinalmente levanto o prato de cima e passo para o de baixo a parte que iria comer colocando o prato desnecessário na outra mesa que estava ao meu lado direito e que não tinha clientes.
O amigo Besada chama-me a atenção de que disponha de pratos na mesa ao lado, e que poderia tirar um, dizendo-lhe eu que não era necessário e estaria bem assim.
Admirado, diz: “Preferes comer no mantel, pois bien”. Pego na faca e garfo e fico perplexo, como foi possível eu não ter visto que tinha passado a comida do prato para a toalha. É que de todos os lugares do restaurante, o meu era o único que tinha só um prato. Dei uma valente gargalhada e o meu amigo tal como eu, bem bebido e ainda mal comido, chamou o dono do Restaurante para ajudar à sua festa. Quando acabamos e pretendiamos uma sobremesa, pedimos morangos com natas. O patrão, lamentou mas informou que natas não tinha e então o Besada chama-lhe a atenção para o facto de nunca se dizer que não há, mas de uma maneira tão enérgica que o homem ficou desorientado e foi buscar natas em lata tipo spray e com a atrapalhação rebentou com o bico por onde as natas deveriam sair.
As natas começam a sair com toda a força do recipiente onde estão sobre pressão e, meus queridos, o Besada, este vosso amigo, os outros 4 clientes, os candeeiros, as mesas cadeiras, paredes, eram um mar de natas que só acabaram de ficar cobertas quando se esgotou a lata.
Os clientes, com a cabeça e fatos todos salpicados de branco a fazerem lembrar árvores de natal, onde só faltavam como decoração umas bolas penduradas nas orelhas e umas luzinhas a acender e apagar com um presépio aos pés, não sabiam o que fazer.
O dono do restaurante completamente em pânico pergunta-nos: e agora? Saindo-se um dos outros 4 clientes com um olhar assim mais para o lado de lá do que para o de cá, a fazer jus à qualidade do “albarinho gallego”, com esta resposta.. Agora, bate chapa e tinta Robbiallac!
Só nós, portugueses, conhecíamos o anúncio. Saí e deixei-os a tentar solucionar o problema das tropelias que eu tinha iniciado, colocando a mariscada no “mantel”.