As Aldeias Históricas são absolutamente singulares e convidam à descoberta! Foi o que eu fiz no “vá para fora cá dentro” nestas férias.
Enquadradas em paisagens monumentais, as “Aldeias Históricas” são testemunhos mágicos da passagem dos séculos.
Feitas de granito e xisto, guardam histórias de conquistas e tradições antigas. Mantêm nas pedras das ruas e das casas o que Portugal tem de mais genuíno: a autenticidade do seu povo e o orgulho de uma História com mais de 900 anos.
Assentes no alto das serras, das suas torres e muralhas se vigiavam as terras em redor. É por isso que estão estrategicamente alinhadas ao longo da fronteira. Reis e senhores da terra sabiam que assim podiam dormir sossegados.
Comecemos por CASTELO MENDO – Edificada no alto de um morro, rodeada de muralhas, as suas portas medievais introduzem-nos pelo caminho da História, onde é possível viajar no tempo e interiorizar na flor da pele vivências tão simples do quotidiano medieval.
São emoções indescritíveis que absorvem qualquer um e não deixam ninguém indiferente.
O nome Castelo Mendo, pensa-se, teria sido o nome do seu primeiro alcaide “Meenedus Menendi” que foi o último a assinar o primeiro foral concedido por D. Sancho I em 1229.
A 1ª Feira Medieval ocorreu em CASTELO MENDO.
CASTELO NOVO - Enquadrada num soberbo anfiteatro que forma a serra da Gardunha, surpreende pelos belos exemplares de casas senhoriais das famílias mais nobres do local.
CASTELO RODRIGO - Na memória fica a beleza do lugar, a comovente imagem de Santiago Matamouros, histórias de guerras antigas e de muitos peregrinos.
LINHARES DA BEIRA- Situada na vertente ocidental da Serra da Estrela, vêem-se de muito longe as imponentes torres do seu vigoroso castelo. É uma antiga vila medieval, já habitada desde a época dos romanos; como marcas desse tempo existem muitas sepulturas, um trecho da calçada e parte do edifício actualmente chamado “Forúm de Linhares”.
O seu castelo reconstruído em 1291, durante o reinado de D. Dinis, desempenhou um papel importante na defesa da Beira Alta durante os primórdios da nacionalidade.
IDANHA-A-VELHA – É uma pequena vila que parece adormecida entre os olivais mas cujo passado histórico teve uma importância testemunhada pela catedral e pelas inúmeras ruínas, transformando-a num museu vivo. Elevada a cidade episcopal em 534, diz-se que foi aí que nasceu um rei visigodo e a velha catedral, restaurada no início do séc. XVI, ainda conserva pedras esculpidas e inscritas do tempo dos romanos. Vale a pena admirar a Igreja Matriz, renascentista, o pelourinho do século XVII e as ruínas da Torre dos Templários.
MARIALVA - Pela sua esplêndida situação sobre um monte de penhascos de difícil acesso, a aldeia de Marialva foi uma importante praça militar na idade média.
MONSANTO - Numa alta penedia onde a geografia e o clima marcam a transição entre o Norte e Sul de Portugal, é “a aldeia mais portuguesa de Portugal”, mantendo intactas as suas raízes.
PIÓDÃO - Lembra um presépio pela forma harmoniosa como as suas casas estão dispostas em anfiteatro e que se integram perfeitamente na paisagem.
SORTELHA - Coroada por um castelo assente num formidável conjunto rochoso, Sortelha mantém intacta a sua feição medieval, na arquitectura das suas casas rurais em granito.
TRANCOSO - Centro histórico com 5 torres e cubelos entre os quais se abriam 4 portas e 3 postigos, são os mais importantes e mais antigos monumentos do concelho de Trancoso. A fortaleza é anterior à nacionalidade, foi reforçada por D. Dinis com 7 torres amuralhadas, quatro das quais vãs. As actuais muralhas foram restauradas em 1173,1282, 1530 e 1940.
A Torre de Menagem, que não ocupa o centro da cidadela, é de configuração rara, com forma de pirâmide truncada, possui uma janela árabe, com arco de volta de ferradura. Esta torre, no tempo do domínio árabe, seria a torre albarrã, onde se guardava o tesouro do califado e o resultado das pilhagens efectuadas. O castelo possui restos de uma torre que foi capela da cidadela sob a invocação da Santa Maria Madalena.
BELMONTE - A história da vila remonta ao século XII quando o concelho recebeu o foral de D. Sancho I em 1199. Está conotada com os Descobrimentos Marítimos: Pedro Alvares Cabral, o descobridor do Brasil em 1500, nasceu em Belmonte.
A comunidade judaica abriga um facto histórico importante da sua vida, relacionada com a resistência dos judeus à intolerância religiosa na Península Ibérica.
O seu castelo foi construído no séc. XII em cima do monte mais rochoso, juntamente com os castelos de Sortelha e Vila de Touro formaram até à assinatura do Tratado de Alcanizes (1297) a linha defensiva do Alto Côa, apoiada na retaguarda pela muralha natural da serra da Estrela e pelo vale do Zêzere.
ALMEIDA – Costuma-se dizer-se”Alma até Almeida”! Esta expressão teve a sua história: um sobrinho de Junot foi gravemente ferido. A ordenança tentou conduzi-lo ao hospital mais próximo que era na praça de Almeida, ocupada, está-se a ver, pelos franceses em 1807. Sempre que o esforçado tenente desanimava pelo caminho, o soldado que o acompanhava dizia-lhe para o animar: “ Alma até Almeida, meu tenente”.
Se veio a falecer ou não a história não diz. O que é certo é que a expressão ficou, primeiro na região, depois em todo o lado sempre que se quisesse animar alguém.
Por outro lado também se diz que o castelo de Almeida é hoje um dos marcos da arquitectura militar em Portugal. Em muitas ocasiões, foi a população de Almeida que incutiu “Alma até Almeida” aos portugueses na defesa da sua nacionalidade.
Felizmente existem muitas outras povoações em Portugal que poderíamos considerar “históricas”. Estas doze foram alvo de um programa de recuperação comum que as une sob esta bandeira, apenas isso. Só nesta zona do país, a actual Beira Interior, visitei algumas fora deste contexto, Sabugal será o exemplo mais óbvio, mas há outros como Longroiva, Sernancelhe, Castelo Melhor, etc. Tive a felicidade de ter por base deste périplo a bonita vila de Penedono que alberga aquele que será, certamente, um dos mais belos castelos de Portugal. Nestes pontos a história mistura-se com o misticismo e com as lendas. As princesas encantadas, os castelos dos mouros (que nunca o foram), entrelaçam-se com os factos reais da nossa rica história. Em Penedono conta-se a lenda, entre muitas outras, de uma bela e rica princesa moura que querendo proteger o seu tesouro o escondeu na muralha do castelo, mas deixou uma artimanha. Assim, ainda hoje, se vêm duas pedras brancas a meio da muralha. Terá sido aí que a princesa guardou o seu tesouro, mas apenas atrás de uma dessas pedras, a outra encerra um terrível segredo que trará a morte a quem se atrever a o desvendar. Como ninguém sabe qual é qual as pedras perduram, até hoje, intocadas.
E foi assim, entre a bruma do tempo, a beleza da lenda e da paisagem, e o calor beirão, que passei as minhas férias.
(Este texto foi compilado com recurso a várias pesquisas na internet. Fotos, a maioria, de Nuno Machado)