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De uma crónica no Diário de Lisboa em 20/9/1990
Que horas são na aldeia...?
Acordou, num repente, ao som do relógio do campanário da igreja: uma só badalada, desfeita por toda a aldeia, um silêncio escuro a cobri-lo da cabeça aos pés.
«Que horas serão...?» pensou, no descanso das férias, o verde do Minho totalmente escondido dos
seus olhos. »Bem-continuou a monologar, tanto pode ser uma hora como meia hora de qualquer hora
desta madrugada tão quieta...Ora eu deitei-me era quase meia noite. Será meia noite e meia hora...?
Divertido, os pés encavalitados um no outro, a nuca sob as mãos, decidiu-se esperar por nova badalada. E a rir-se muito dentro de si: »Bastava acender a luz e pegar no meu relógio de pulso.
Mas não! Férias são férias-e assim é que está bem!Sou mesmo doido de todo ...»
Esperou, um cigarro nos lábios,o cinzeiro sobre o peito-e, novamente de surpresa, o relógio do
campanário atirou com nova badalada pela aldeia fora.
E ele, amachucando o cigarro no cinzeiro: »Ora vejamos... se há pouco ouvi uma badalada,
e pensei que era meia noite e meia hora, agora ouvindo esta nova badalada, só posso concluir
que é uma hora.Mas...»
Sentou-se na cama, arrumando cinzeiro e cigarro na mesinha de cabeceira, os olhos interrogando
a escuridão do quarto: «Mas não! A primeira badalada que ouvi bem poderia ser a da uma hora-
e esta última a da uma hora e meia...Pois é: só quando aquele estupor de relógio soar novamente
é que saberei, na verdade, que horas são!. Esperemos...»
Deitou-se, o lençol pelo peito, os olhos no tecto invisível- e adormeceu, a atenção fatigada, sem
ter sabido as horas daquela quieta madrugada.
Que horas são na aldeia...?
Acordou, num repente, ao som do relógio do campanário da igreja: uma só badalada, desfeita por toda a aldeia, um silêncio escuro a cobri-lo da cabeça aos pés.
«Que horas serão...?» pensou, no descanso das férias, o verde do Minho totalmente escondido dos
seus olhos. »Bem-continuou a monologar, tanto pode ser uma hora como meia hora de qualquer hora
desta madrugada tão quieta...Ora eu deitei-me era quase meia noite. Será meia noite e meia hora...?
Divertido, os pés encavalitados um no outro, a nuca sob as mãos, decidiu-se esperar por nova badalada. E a rir-se muito dentro de si: »Bastava acender a luz e pegar no meu relógio de pulso.
Mas não! Férias são férias-e assim é que está bem!Sou mesmo doido de todo ...»
Esperou, um cigarro nos lábios,o cinzeiro sobre o peito-e, novamente de surpresa, o relógio do
campanário atirou com nova badalada pela aldeia fora.
E ele, amachucando o cigarro no cinzeiro: »Ora vejamos... se há pouco ouvi uma badalada,
e pensei que era meia noite e meia hora, agora ouvindo esta nova badalada, só posso concluir
que é uma hora.Mas...»
Sentou-se na cama, arrumando cinzeiro e cigarro na mesinha de cabeceira, os olhos interrogando
a escuridão do quarto: «Mas não! A primeira badalada que ouvi bem poderia ser a da uma hora-
e esta última a da uma hora e meia...Pois é: só quando aquele estupor de relógio soar novamente
é que saberei, na verdade, que horas são!. Esperemos...»
Deitou-se, o lençol pelo peito, os olhos no tecto invisível- e adormeceu, a atenção fatigada, sem
ter sabido as horas daquela quieta madrugada.
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Pátria Pequena: A explicação invisível do amor
Pátria Pequena: A explicação invisível do amor: Foto:josé alfredo almeida «— E de tudo os espelhos são a invenção mais impura.» Herberto Helder, Poesia toda, Assírio & Alv...
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domingo, 21 de abril de 2019
Acabei de ver na TV5 o magnífico filme de A. Varda, Jacquot de Nantes.Uma homenagem ao cinema em vários aspectos, Fazer filmes onde existe uma mesagem de amor a quem deixou de existir, neste caso Jacques Demy,com várias referências a filmes, canções e ao Cinema em especial.Uma maravilha.. O meu enorme agradecimento a Agnes Varda.
sexta-feira, 19 de abril de 2019
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sábado, 2 de março de 2019
sábado, 23 de fevereiro de 2019
sexta-feira, 22 de fevereiro de 2019
AS NOITES LONGAS do FM estéreo- Rádio Comercial
João Viegas e António Santos- autores
Os olhos
"Que olhos lindos que tu tens, Francisco!"
Ele levantou a sobrancelha, vaidoso
"Que brilho, que profundidade!"
Ele suspirou, baboso.
"Gostava tanto de ter uns olhos assim..."
Foi então que ele tirou os olhos de vidro e lhos entregou.
Pequenos retratos do homem urbano, muitas vezes "non sense",
ou humor negro, lidos pela bonita voz de António Santos,
transmitidos na Rádio Comercial entre Fevereiro de 1982 e
Fevereiro de 1986, e sempre com excelente música.
Este apontamento é dedicado a Mister Vertigo que tem dedicado
uma atenção louvável a programas de rádio antigos. Uma missão
que me tem agradado pela excelência dos textos.
João Viegas e António Santos- autores
Os olhos
"Que olhos lindos que tu tens, Francisco!"
Ele levantou a sobrancelha, vaidoso
"Que brilho, que profundidade!"
Ele suspirou, baboso.
"Gostava tanto de ter uns olhos assim..."
Foi então que ele tirou os olhos de vidro e lhos entregou.
Pequenos retratos do homem urbano, muitas vezes "non sense",
ou humor negro, lidos pela bonita voz de António Santos,
transmitidos na Rádio Comercial entre Fevereiro de 1982 e
Fevereiro de 1986, e sempre com excelente música.
Este apontamento é dedicado a Mister Vertigo que tem dedicado
uma atenção louvável a programas de rádio antigos. Uma missão
que me tem agradado pela excelência dos textos.
quinta-feira, 14 de fevereiro de 2019
quinta-feira, 7 de fevereiro de 2019
domingo, 3 de fevereiro de 2019
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