Sigo pelas estrada
pelas vielas
na periferia de Damasco
olho para a casas de branco esventrado
de onde borbota sangue
de tijolo
na sua sombra o branco do medo
nos olhos das crianças
encurraladas
perante o estrelejar
veemente dos mísseis e morteiros
tanto tempo depois do aroma dos figos
e do sabor bíblico das tâmaras
agora adormecem incrédulos
do meio-dia
entregando-se finalmente à doce
inspiração do gaz “sarin”
nos seus lábios a espuma dos dias
dos que chegam ao fim
e tudo parece descansar em paz.
Lisboa, 22 de Agosto de 2013
Carlos Vieira
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