sexta-feira, janeiro 22, 2010



ao arseniï tarkovskiï


I

(murmúrio)
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abrigo-me do vazio
sou um velho recontando estórias
aos que não estão mais aqui para escutar
.
II

(prece)
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livrai-me do medo
dessas noites que me devoram
a quietude da solidão
.
III
.
(repouso)
.
partiram deixando-me a vida
e fiquei sem ter a quem dizer
adeus
.
IV

(girassóis)
.
encontrarei vossos sorrisos
como um louco à tempestade
o céu sob nossas pálpebras abrindo-se, outra vez...
.

domingo, janeiro 10, 2010



I

não sou habitado por silêncios:

antes sonho-me posse da noite

e meus demônios partem, sozinhos.


II

de minha infância resta um copo de prata:

ocupo-me de atalhos a quem não sou

meus registros parem memórias baldias


III

o medo guarda algo de espeerança:

oculta-se das preces o labor

remendamos os erros de deus ao concedermos perdão


IV

escuta o pai adormecer-nos filho:

em seus olhos havia ternura

coisa que há muito deixamos para trás


sábado, janeiro 02, 2010



I


ímpio

recusas o sono

a companhia dos anjos da guarda

pois há algo por ser escrito

só não sabes o quê


II


errante

segue madrugada adentro

mas o tempo insiste em fragilizar-lhe os dedos

e as palavras que busca junto à esperança

devolvem-lhe a certeza de que restam apenas sonhos