O lugar onde cabem as páginas soltas desta caminhada e todos os passos que esta bailarina vai aprendendo a dar
.



.

2013-10-30

Escondi-me

Por fora sou toda força... por vezes até ironia, estupidez, risos despropositados. Aqui não existe parte de fora, aqui é a minha parte de dentro exposta e não me andava a fazer bem! Por isso andei escondida, a inspirar fundo, a hiperventilar talvez... O oxigénio chegou ao cérebro, mas não encontrei mais paz por isso!



Apenas o tempo me trará a serenidade que preciso!



Daqui a uns dias, será talvez o último dos encontros e o mais emotivo de todos, para mim eu sei. Nesse dia, finalmente receberei a minha boina! 1 ano, 7 meses e 21 dias depois de iniciado o processo, depois de toda a formação, da participação como recruta em eventos dando apoio pela minha Delegação e muitas horas de voluntariado. O meu padrinho, irá colocar-me aquilo que tanto desejo. Tu farás isso, certo?! E será um adeus em forma de até já...



2013-10-10

Sinto-me um autêntico balão!


Já fui cheia, coberta de cor, linda e sim juro que me sentia linda! Cobria o céu com cor. Voava para todo o lado e sabia-me capaz de ir a qualquer lugar. Na altura do frio, o calor do fogo abraçava e aquecia. Já quando fazia calor, o fresco da brisa batia na cara dando um bem estar que só vivido. Era daqueles balões que brilhava no escuro. Podia parecer que voava sozinha, parecer que voava sozinha, mas estava sempre acompanhada.



Agora sou um balão em reforma, vazio, sem brilho. A cor ficou esbatida, já não se mostra, já não percorre os céus, já não confia no vento ou no fogo. Agora sou um balão, mas que já não é balão! É apenas um conjunto de pedaços infinitos de peças. Um balão que já  voou feliz, e que terá que se consciencializar, que a sorte não existe. Nunca encontramos a felicidade duas vezes. O céu perfeito para voar, seja de noite ou de dia. Ou a agarramos com as duas mãos ou ela foge como se de areia se tratasse e escorre por entre os dedos.



Muitos dirão que a vida continua... claro que sim! Mas céu perfeito como aquele, só se vive uma vez! E não sei se como balão que já teve tudo, serei capaz de ter um céu pela metade.

2013-10-08

A letra, a melodia, as vozes...


ouvi hoje esta manhã esta música e sentei-me na cama...



...amanhã o dia é grande e cheio de emoções!

2013-10-06

Ando a colocar o meu mundo todo em causa

Isto anda bem complicado. Ando a colocar o meu mundo todo em causa. Certas coisas que tinha como certas, estão a mostrar-se o posto de tudo o que acredito. Eu sou aquele tipo de pessoa que se apaixona, que vive as coisas com uma intensidade que não precisa de comer, dormir se as coisas que faço me preenchem, se acredito no que faço, se acredito nos princípios que estão incluídos.

Como podem os interesses financeiros sobrepor-se aos valores definidos? Que são a base de tudo?! E as pessoas defendem esses interesses porque sem eles não se pode alcançar um fim?! Esperem lá... mas assim está tudo mal, todo o sacrifício de um homem foi em vão!

O meu mundo anda a desmoronar-se. Merda para esta sociedade capitalista, para esta gente que pensa com  o estômago e de coração tenha apenas a bomba que constitui a pequena e a grande circulação.

Para sempre irei venerar e seguir o exemplo de mais um homem que deu de si, que se deu pelo bem dos outros, que acabou na miséria. Mas estou desiludida e estou a ponderar abandonar algo que adoro porque sei que não sou assim, não faço escolhas baseadas em  benefícios. Se assim fosse...

Uma das pessoas que se juntou ao conjunto de pessoas que defendeu esta atitude, utilizando esta infeliz justificação contra um grupo está no seu direito de defender as suas convições, foi aquela pessoa que considerava o meu tudo... não sei o que é agora... mas tinha-a ali, num topo do mundo. Nunca me criticou por tudo o que acreditava e defendia, bem pelo contrário, dizia que tinha um coração enorme. Hoje vejo que muito provavelmente no seu íntimo, me criticava, gozava, não me conhecia de todo!

Que raio, estou capaz de largar tudo, de fugir... tanto sacrifício foi em vão?! Sinto-me enganada, utilizada!

Tal como disse à uns meses numa serra, num momento de lucidez que pareceu ser de cansaço, eu não faço parte disto... acredito em tudo o que está definido, mas não sou interesseira.

Bem sei que não vão entender o contexto deste desabafo, mas existem "nomes" que não posso utilizar, porque os respeito demais.

2013-10-02

Como é que se Esquece Alguém que se Ama?

Como é que se esquece alguém que se ama? Como é que se esquece alguém que nos faz falta e que nos custa mais lembrar que viver? Quando alguém se vai embora de repente como é que se faz para ficar? Quando alguém morre, quando alguém se separa - como é que se faz quando a pessoa de quem se precisa já lá não está?

As pessoas têm de morrer; os amores de acabar. As pessoas têm de partir, os sítios têm de ficar longe uns dos outros, os tempos têm de mudar. Sim, mas como se faz? Como se esquece? Devagar. É preciso esquecer devagar. Se uma pessoa tenta esquecer-se de repente, a outra pode ficar-lhe para sempre. Podem pôr-se processos e acções de despejo a quem se tem no coração, fazer os maiores escarcéus, entrar nas maiores peixeiradas, mas não se podem despejar de repente. Elas não saem de lá. Estúpidas! É preciso aguentar. Já ninguém está para isso, mas é preciso aguentar. A primeira parte de qualquer cura é aceitar-se que se está doente. É preciso paciência. O pior é que vivemos tempos imediatos em que já ninguém aguenta nada. Ninguém aguenta a dor. De cabeça ou do coração. Ninguém aguenta estar triste. Ninguém aguenta estar sozinho. Tomam-se conselhos e comprimidos. Procuram-se escapes e alternativas. Mas a tristeza só há-de passar entristecendo-se. Não se pode esquecer alguém antes de terminar de lembrá-lo. Quem procura evitar o luto, prolonga-o no tempo e desonra-o na alma. A saudade é uma dor que pode passar depois de devidamente doída, devidamente honrada. É uma dor que é preciso aceitar, primeiro, aceitar.

É preciso aceitar esta mágoa, esta moinha, que nos despedaça o coração e que nos mói mesmo e que nos dá cabo do juízo. É preciso aceitar o amor e a morte, a separação e a tristeza, a falta de lógica, a falta de justiça, a falta de solução. Quantos problemas do mundo seriam menos pesados se tivessem apenas o peso que têm em si , isto é, se os livrássemos da carga que lhes damos, aceitando que não têm solução.

Não adianta fugir com o rabo à seringa. Muitas vezes nem há seringa. Nem injecção. Nem remédio. Nem conhecimento certo da doença de que se padece. Muitas vezes só existe a agulha.
 
Dizem-nos, para esquecer, para ocupar a cabeça, para trabalhar mais, para distrair a vista, para nos divertirmos mais, mas quanto mais conseguimos fugir, mais temos mais tarde de enfrentar. Fica tudo à nossa espera. Acumula-se-nos tudo na alma, fica tudo desarrumado.
 
O esquecimento não tem arte. Os momentos de esquecimento, conseguidos com grande custo, com comprimidos e amigos e livros e copos, pagam-se depois em condoídas lembranças a dobrar. Para esquecer é preciso deixar correr o coração, de lembrança em lembrança, na esperança de ele se cansar.
Miguel Esteves Cardoso, em "Último Volume"

 
faz-se uma sangria que saí pelos olhos!!!!