Semanada >   H. Jackson Brown, Jr.
When you lose, don't lose the lesson

sexta-feira, julho 03, 2009

Paradípsico



Um poema do livro "Pássaro paradípsico", de Manuel Lourenço, com ilustrações de Mário Cesariny. Editora Perpspectivas e Realidades. 1979.

.....................ecos
....................do mar
.................moto
.....................em sílabas
.................... q
.....................deslizam
...................... panorâmicas
.....................&
..................c h o v e
..................o
.........p r o f e t a
...................... das
....................p l u r a l i d a d e s
....................como
..................pássaro
................paradípsico


................hoje
.................a
..ambivalência
................das
................caixas de fósforo


M.S. Lourenço nasceu em Sintra com o Sol no Touro, a Lua no Aquário e Virgem no Ascendente, no ano de 1936. Escreveu diversos livros absurdos de Poesia até que morreu no dia 15 de Janeiro de 1973 em Dorchester, Oxfordshire, Inglaterra, ao tomar um banho quente. O seu corpo, durante o banho, revelo para a posteridade o segredo da sua natureza genética: M.S. Lourenço era uma truta. As suas enormes escamas caíram uma a uma e foram finalmente engolidas pelos esgotos do condado.
Jaz no estrume de Dorchester com a esperança de se tornar um cacto.



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segunda-feira, maio 18, 2009

“No te Salves”

No Léxico familiar, de Pedro Adão e Silva e no Hoje há conquilhas, do Tomás Vasques, duas referências sobre a morte do poeta uruguaiano Mario Benedetti. Ilustro com um vídeo o poema "No te Salves", publicado pelo Pedro Adão e Silva.



botlink Léxico familiar, do Pedro Adão e Silva > No te Salves
botlink Hoje há Conquilhas, do Tomás Vasques, Mario Benedetti


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quarta-feira, abril 22, 2009

Por aí?

Há uns dois anos, para tornar a coisa mais fiável, decidi que o meu voto seria divido em sete partes. Assim, tipo criançola no júri dum concurso, nos temas que me interessam, tenho vindo a preenche-las, imaginando as várias hipóteses de arbítrio, ora assestando a cruz num lado, ora não pondo simplesmente a cruzinha. Mais um jogo, em suma.
Depois de assistir a uma interessantíssima entrevista (e respectivos comentários), uma oportunidade para avaliar um compactado de temas políticos, portanto, também a possibilidade de colocar a cruz e perfazer mais uma das cinco partes que faltam para completar o meu voto no PS, digamos que não fiquei nada confiante em relação ao futuro, sabendo, porém, para minha enormíssima tormenta, neste "Cabo das Tormentas", que para o Exmo. PM, qual Vasco da Gama, tanto se lhe deu, como se lhe dá a minha insignificante opinião, sumida entre milhões de opiniões de outros insignificantes populares. E como suspeito das subtis inclinações do meu coração, que atraiçoam os meus miolos – como diria um amigo, que lá terá as suas suspeitas:” ele não parece, mas é de Esquerda” – para não coisificar a crítica, acho que por agora me fico com este poema lindíssimo de José Régio (1901-1969) – pseudónimo de José Maria dos Reis Pereira – declamado pelo admirável João Villaret, que dá um certo alento nesta conjuntura de desânimo, manifestamente descontrolada.




Cântico negro

Vem por aqui" — dizem-me alguns com os olhos doces
Estendendo-me os braços, e seguros
De que seria bom que eu os ouvisse
Quando me dizem: "vem por aqui!"
Eu olho-os com olhos lassos,
(Há, nos olhos meus, ironias e cansaços)
E cruzo os braços,
E nunca vou por ali...
A minha glória é esta:
Criar desumanidades!
Não acompanhar ninguém.
— Que eu vivo com o mesmo sem-vontade
Com que rasguei o ventre à minha mãe
Não, não vou por aí! Só vou por onde
Me levam meus próprios passos...
Se às coisas que pergunto em vão ninguém responde
Porque me me dizeis vós: "vem por aqui!"?

Prefiro escorregar nos becos lamacentos,
Redemoinhar aos ventos,
Como farrapos, arrastar os pés sangrentos,
A ir por aí...
Se vim ao mundo, foi
Só para desflorar florestas virgens,
E desenhar meus próprios pés na areia inexplorada!
O mais que faço não vale nada.

Como, pois, sereis vós
Que me dareis impulsos, ferramentas e coragem
Para eu derrubar os meus obstáculos?...
Corre, nas vossas veias, sangue velho dos avós,
E vós amais o que é fácil!
Eu amo o Longe e a Miragem,
Amo os abismos, as torrentes, os desertos...

Ide! Tendes estradas,
Tendes jardins, tendes canteiros,
Tendes pátria, tendes tetos,
E tendes regras, e tratados, e filósofos, e sábios...
Eu tenho a minha Loucura!
Levanto-a, como um facho, a arder na noite escura,
E sinto espuma, e sangue, e cânticos nos lábios...
Deus e o Diabo é quem me guia, mais ninguém!
Todos tiveram pai, todos tiveram mãe;
Mas eu, que nunca principio nem acabo,
Nasci do amor que há entre Deus e o Diabo.

Ah, que ninguém me dê piedosas intenções,
Não me peçam definições!
Ninguém me diga: "vem por aqui"!
A minha vida é um vendaval que se soltou,
É uma onda que se alevantou,
É um átomo a mais que se animou...
Não sei por onde vou,
Não sei para onde vou
Sei que não vou por aí!

José Régio, in Poemas de Deus e do Diabo, 1925

Nota: claro que seria disparatado sugerir uma remodelação à beira das urnas. Mas como este povo é singular, se calhar a coisa ainda descamba para uma segunda maioria absoluta. Tudo é possível.


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quarta-feira, abril 08, 2009

Indiferenças…



Este poema, a que se dá o título “Na primeira noite”, é atribuído a Maiakovski (1893-1930). Consta, porém, que o poema não é desse autor, poeta profundamente marxista, bolchevique e futurista, que se suicidou em 1930, no início do expurgo Estalinista, mas antes dum poeta brasileiro, e com o título “Despertar é preciso".
Não importa.
É um poema especial.
Foi-me enviado por mail por alguém muito especial. Aqui fica publicado.

Na primeira noite, eles aproximam-se
e colhem uma flor do nosso jardim,
E não dizemos nada.
Na segunda noite, já não se escondem,
pisam as flores, matam o nosso cão,
E não dizemos nada.
Até que um dia, o mais frágil deles,
entra sozinho na nossa casa,
rouba-nos a lua e,
conhecendo o nosso medo,
arranca-nos a voz da garganta.
E, porque não dissemos nada,
já não podemos dizer nada.

Um outro, comparável, sobre a mesma temática, com o título “Primeiro Levaram os Negros” (?), de Bertold Brecht (1898-1956), também merece ser referido.

Primeiro levaram os negros
Mas não me importei com isso
Eu não era negro
Em seguida levaram alguns operários
Mas não me importei com isso
Eu também não era operário
Depois prenderam os miseráveis
Mas não me importei com isso
Porque eu não sou miserável
Depois agarraram uns desempregados
Mas como tenho meu emprego
Também não me importei
Agora estão me levando
Mas já é tarde.
Como eu não me importei com ninguém
Ninguém se importa comigo.


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sábado, abril 04, 2009

Samarcanda

Sinal da Morte

Desmanchado o corpo,
ao sol apodrece a carne.
E distantes dos olhos,
mas ao alcance do olhar,
os grandes pássaros
aguardam o sinal da morte:
as pálpebras cerradas.
Hei-de morrer de olhos abertos,
cheios de azul, e com sorriso
de despedida convidar as aves
para festejarem com meu coração.

Eugénia de Vasconcellos

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terça-feira, agosto 05, 2008

A idade do adeus

Trago-te aqui
nas mãos em concha
a memória da água
que te dei a beber
que bebi

Se os meus passos avançam
no átrio de calcário branco
em direcção a ti, enquanto
nas folhas das laranjeiras cardeais
corre a brisa do primeiro dia de verão,
é porque convoco as partículas de vazio
que te agregam com a certeza
de quem já habitou
o parque claro da tua alma

Toma, então, este segredo de pétalas
redondas, vermelhas, a cair do céu
com o vagar de quem não sabe
que a morte se põe a caminho
na aurora do nosso primeiro grito

Eugénia de Vasconcellos


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terça-feira, julho 15, 2008

Porquê?

Um poema dedicado aí a um pessoal firme, que não dobra.

Porque

Porque os outros se mascaram mas tu não
Porque os outros usam a virtude
Para comprar o que não tem perdão.
Porque os outros têm medo mas tu não.

Porque os outros são os túmulos caiados
Onde germina calada a podridão
Porque os outros se calam mas tu não.

Porque os outros se compram e se vendem
E os seus gestos dão sempre dividendo.
Porque os outros são hábeis mas tu não.

Porque os outros vão à sombra dos abrigos
E tu vais de mãos dadas com os perigos.
Porque os outros calculam mas tu não.

Sophia de Mello Breyner Andresen


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domingo, junho 08, 2008

Escrito no Mar


72 páginas, 35 euros
Escrito no mar reúne 25 poemas de Manuel Alegre sobre os Açores, acompanhados de fotografias de Jorge Barros. Trata-se de uma edição bilingue, em português e inglês, constituída por quatro partes: «Tanto mar», «Pico», «São Caetano» e «Arquipélago». Se uma parte destes poemas já foi publicada em outros volumes, outros são inéditos: este livro junta assim, pela primeira vez, um conjunto com unidade temática – o arquipélago dos Açores. Citando o autor, na sua nota à presente edição: «(…) ao juntar agora estes poemas tive a sensação de que, na sua unidade, eles fazem parte de um novo livro. E que esse livro, ainda que já escrito, e em parte publicado, é um livro novo. E, no seu todo, inédito.». O trabalho de Jorge Barros acompanha de forma excepcional os versos de Manuel Alegre, oferecendo ao leitor imagens da riqueza e da diversidade da realidade açoriana.
Sextante Editora
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sexta-feira, maio 30, 2008

Sinais de Fogo



Sinais de fogo, os homens se despedem.
exaustos e tranquilos, destas cinzas frias.
E o vento que essas cinzas nos dispersa
não é de nós, mas é quem reacende
outros sinais ardendo na distância
um breve instante, gestos e palavras.
ansiosas brasas que se apagam logo.

Jorge de Sena, Sinais de Fogo, in Visão Perpétua,1967



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Hoje deu-me para isto…



E mais umas quantas citações, para complementar a admoestação do Exmo. Sr. Maltese.

L'erreur, c'est seulement un défaut.
René Descartes

Des erreurs, j'en ai fait. D'abord, je suis né. Première erreur!
Woody Allen

La plus grande erreur que puisse faire un homme est d'avoir peur d'en faire une
Elbert Hubbard

Une erreur est d'autant plus dangereuse qu'elle contient plus de vérité
Henri Frédéric Amiel

Une fausse erreur n'est pas forcément une vérité vraie
Pierre Dac



De repente do riso fez-se o pranto
Silencioso e branco como a bruma
E das bocas unidas fez-se a espuma
E das mãos espalmadas fez-se o espanto.
De repente da calma fez-se o vento
Que dos olhos desfez a última chama
E da paixão fez-se o pressentimento
E do momento imóvel fez-se o drama.

De repente, não mais que de repente
Fez-se de triste o que se fez amante
E de sozinho o que se fez contente.

Fez-se do amigo próximo o distante
Fez-se da vida uma aventura errante
De repente, não mais que de repente.

Vinícius de Moraes, Soneto da separação



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terça-feira, abril 15, 2008

Tú, a quien llamo amor


49 poemas de Nuno Júdice, seleccionados por Manuela Júdice e apresentados (introdução) por Inês Pedrosa, com tradução de Jesús Munárriz, e capa a partir de desenho de Jorge Martins. A Informação mais completa está aqui.

seta link Da Literatura
seta link Ediciones Hiperión


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quinta-feira, março 27, 2008

Aplauso ao défice com um poema

Recomeça...
Se puderes,
Sem angústia e sem pressa.
E os passos que deres,
Nesse caminho duro
Do futuro,
Dá-os em liberdade.
Enquanto não alcances
Não descanses.
De nenhum fruto queiras só metade.

E, nunca saciado,
Vai colhendo
Ilusões sucessivas no pomar
E vendo
Acordado,
O logro da aventura.
És homem, não te esqueças!
Só é tua a loucura
Onde, com lucidez, te reconheças.

Miguel Torga


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terça-feira, março 18, 2008

Manuel Alegre



Manuel Alegre, que partidariamente impede que os socialistas fujam à socapa pelo portão das traseiros no quintal do PS, é um grande poeta, uma pessoa da qual sempre tive a retribuição de uma enorme simpatia. Nambuangongo, meu amor, reúne poemas de 1965, 1967, 1981 e de 2007.

Enfim… ficará bem neste dia de lançamento de mais um livro, um recorte da “Trova do tempo que passa

(…)
Mesmo na noite mais triste
em tempo de servidão
há sempre alguém que resiste
há sempre alguém que diz não.



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terça-feira, março 11, 2008

Debates civilizados

Por entre tanta violência, selvajaria, anormalidade, é saudável para mim conseguir registar nesta geringonça efémera, que é um blog, dois apontamentos sobre assuntos relacionados com pretextos urbanos. O primeiro tem a ver com as palavras simpáticas de Eugénia de Vasconcellos, do blog Mátria minha, que visito regularmente, lendo as notas com imenso gosto, rendido ao encantador destes “dias governados pelo Deus dessas (destas) pequenas coisas". Fica, pois, o meu agradecimento.
Também neste círculo e urbanidade, foi com imenso agrado que acolhi o link que o Professor Adelino Maltez, do blog Sobre o tempo que passa, teve a cortesia de fazer a este modesto Vida das Coisas, a propósito desta coisa do Amor e do Ódio que movem pessoas com concepções diferentes do mundo e da sociedade.
Falando de Mátria - ou Pátria ? -, neste dia de Prós-e-contras, em que se debateu, sobretudo, acepções de Pátria - ou Mátria ? - e de Estado, em torno das ideias de Liberdade e Democracia, nos contexto racionais e metafisicos da República e da Causa Monárquica, de conceitos de afecto e de Amor, com um nível de civilidade e cultura invulgar, creio que será ajustado registar dois poetas e dois poemas - Natália Correia e Manuel Alegre - para que aqui, neste canto meu, não se perca a poesia e o sonho.
-

(Na foto, para além de Natália Correia e Cardoso Pinto, lá está o meu amigo João Isidro, notável veterano do jornalismo e grande arregimentador do primitvo MRRP, entre muitos recrutados, o Durão Barroso, de má memória.)

Poema destinado a haver domingo

Bastam-me as cinco pontas de uma estrela
E a cor dum navio em movimento
E como ave, ficar parada a vê-la
E como flor, qualquer odor no vento.

Basta-me a lua ter aqui deixado
Um luminoso fio de cabelo
Para levar o céu todo enrolado
Na discreta ambição do meu novelo.

Só há espigas a crescer comigo
Numa seara para passear a pé
Esta distância achada pelo trigo
Que me dá só o pão daquilo que é.

Deixem ao dia a cama de um domingo
Para deitar um lírio que lhe sobre.
E a tarde cor-de-rosa de um flamingo
Seja o tecto da casa que me cobre

Baste o que o tempo traz na sua anilha
Como uma rosa traz Abril no seio.
E que o mar dê o fruto duma ilha
Onde o Amor por fim tenha recreio.

Natália Correia
-
Uma flor de verde pinho

Eu podia chamar-te pátria minha
dar-te o mais lindo nome português
podia dar-te um nome de rainha
que este amor é de Pedro por Inês.

Mas não há forma não há verso não há leito
para este fogo amor para este rio.
Como dizer um coração fora do peito?
Meu amor transbordou. E eu sem navio.

Gostar de ti é um poema que não digo
que não há taça amor para este vinho
não há guitarra nem cantar de amigo
não há flor não há flor de verde pinho.

Não há barco nem trigo não há trevo
não há palavras para dizer esta canção.
Gostar de ti é um poema que não escrevo.
Que há um rio sem leito. E eu sem coração.

Manuel Alegre

seta link Mátria Minha
seta link Sobre o tempo que passa


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segunda-feira, março 03, 2008

Cintilante, leve... e desapareço

As buscas, que passam fugazmente pelo Vidas das Coisas, pervertem os números dos contadores de visitantes/leitores. Todavia, a maior parte dos assuntos procurados despertam a curiosidade. Através dos temas podemos navegar por sítios a que nunca chegaríamos sem uma pista. Não me recordo se a propósito de Rimbaud ou de Al Berto, entrei no site do Município de Sines, lendo uma interessante biografia de Al Berto. Registei ainda um poema que, creio, terá o título de “Anjo do Crepúsculo”, da autoria de João Maria do Ó Pacheco (?), de 1996:
A noite está próxima. O que vejo já não se pode cantar
caminho com os braços levantados, e com a ponta dos dedos acendendo o firmamento da alma.
espero que o vento passe... escuro, lento. Então, entrarei nele, cintilante, leve... e desapareço.

seta linkMunicípio de Sines > Al Berto


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terça-feira, fevereiro 26, 2008

Um post abrupto

Leituras da noite e um post abrupto.

-----Limpide soleil de la Justice,-----toi myrtè de gloire
-----n’oubliez pas, je vous en prie,-----n’oublies ps mon pays!

Silhouette d’aigles,-----il a de hautes montagnes,
-----des vignes en rangs-----sur les vulcans
-----et des maison plus blanches encore-----sur le bleu de l’azur!

-----Mes mains amères, avec la foudre,-----je les amène hors du Temps
-----mes amis d’antan, je les invite-----avec du sang et des terreurs!

-----Limpide soleil de la Justice,-----et toi myrtè de gloire
-----n’oubliez pas, je vous en prie,-----n’oublies ps mon pays!

Odysseas Elytis



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sábado, outubro 27, 2007

Agastamentos e radares…

Francisco Almeida Leite (FAL), do Corta-fitas, trata mal o encoberto que se dá pelo nome de Miguel Abrantes, do Câmara Corporativa, na blogosfera. Mas trata mal a sério.
(…) não costumo responder a spindoctors governamentais de meia-tigela, ainda por cima disfarçados com nome de gente. Deixe cair o pseudónimo e talvez possamos trocar uns posts cheios de argumentos, ao seu gosto.
FAL, do Corta-fitas
Mal saberá FAL que, num certo sentido, MA não tarda entrará em mudanças. Creio que se mudará para o Forte da Ameixoeira, logo que estejam prontas a obras.
É que, para um organismo que pretende, no mínimo, ser discreto o centro de uma grande cidade é o local menos indicado para trabalhar, pela facilidade na verificação de movimentações. Mas havia também um problema de espaço, uma vez que o edifício da Alexandre Herculano foi projectado para 60 operacionais, e actualmente já alberga bem mais do dobro.
JN online, “SIS vai ter casa segura por 15 milhões de euros”
Note-se, porém, que leio regularmente com gosto os posts do Câmara Corporativa que, na sua maior parte, me fazem sorrir, umas vezes por terem piada, outras pela evidente oportunidade e outras que não lembram o diabo. As partes que não me agradam têm a ver com a fixação, quase doentia, em denegrir o meu amigo António Cluny.

Blog Corta-fitas
Blog Câmara Corporativa
JN online > SIS vai ter casa segura por 15 milhões de euros
Blog PS Lumiar


E já que estou no corte, aproveito para divulgar o lançamento do “opúsculo poemático”, de João Villalobos, que será realizado na Casa Fernando Pessoa, a 9 de Novembro e a partir das 21.30H. Há vinho e croquetes, simpáticos visistantes deste blog. Aproveitem que as comidas e bebidas são à borla.

Blog Corta-fitas
Blog O Mundo de Pessoa
Blog a Invenção de Morel (José Mário Silva)
Revista litz
Blog Da Literatura (Eduardo Pitta)

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segunda-feira, outubro 22, 2007

Há palavras que nos beijam

Há palavras que nos beijam
Como se tivessem boca,
Palavras de amor, de esperança,
De imenso amor, de esperança louca.
Palavras nuas que beijas
Quando a noite perde o rosto,
Palavras que se recusam
Aos muros do teu desgosto.
De repente coloridas
Entre palavras sem cor,
Esperadas, inesperadas
Como a poesia ou o amor.
(O nome de quem se ama
Letra a letra revelado
No mármore distraído,
No papel abandonado)
Palavras que nos transportam
Aonde a noite é mais forte,
Ao silêncio dos amantes

Alexandre O'Neill, Poesias Completas. 1990

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segunda-feira, junho 04, 2007

As coisas complexas


as coisas complexas
são inimigas de Deus.

torna-me pois simples
como os bois e os cavalos
que no abandono da névoa
das montanhas são almas
que cumprem
dolorosas promessas a santuários
que estão para além do mundo.

(...)

Carlos Saraiva Pinto, in Escrever foi um Engano.

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Viagem

Tomou na vida o autocarro errado
e em vez de sair na primeira paragem
continuou a viagem
para nenhum lado.

Perdeu-se do passado que não teve
e do futuro que não tem,
mero episódio de novela breve
que não termina bem.

E um fumo pesado e espesso
diz-lhe que não há regresso.

Torquato da Luz, in blog Ofício Diário

Blog Ofício Diário

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