Um poema do livro "Pássaro paradípsico", de Manuel Lourenço, com ilustrações de Mário Cesariny. Editora Perpspectivas e Realidades. 1979.
.....................ecos ....................do mar .................moto .....................em sílabas .................... q .....................deslizam ...................... panorâmicas .....................& ..................c h o v e ..................o .........p r o f e t a ...................... das ....................p l u r a l i d a d e s ....................como ..................pássaro ................paradípsico
................hoje .................a ..ambivalência ................das ................caixas de fósforo
M.S. Lourenço nasceu em Sintra com o Sol no Touro, a Lua no Aquário e Virgem no Ascendente, no ano de 1936. Escreveu diversos livros absurdos de Poesia até que morreu no dia 15 de Janeiro de 1973 em Dorchester, Oxfordshire, Inglaterra, ao tomar um banho quente. O seu corpo, durante o banho, revelo para a posteridade o segredo da sua natureza genética: M.S. Lourenço era uma truta. As suas enormes escamas caíram uma a uma e foram finalmente engolidas pelos esgotos do condado. Jaz no estrume de Dorchester com a esperança de se tornar um cacto.
Há uns dois anos, para tornar a coisa mais fiável, decidi que o meu voto seria divido em sete partes. Assim, tipo criançola no júri dum concurso, nos temas que me interessam, tenho vindo a preenche-las, imaginando as várias hipóteses de arbítrio, ora assestando a cruz num lado, ora não pondo simplesmente a cruzinha. Mais um jogo, em suma. Depois de assistir a uma interessantíssima entrevista (e respectivos comentários), uma oportunidade para avaliar um compactado de temas políticos, portanto, também a possibilidade de colocar a cruz e perfazer mais uma das cinco partes que faltam para completar o meu voto no PS, digamos que não fiquei nada confiante em relação ao futuro, sabendo, porém, para minha enormíssima tormenta, neste "Cabo das Tormentas", que para o Exmo. PM, qual Vasco da Gama, tanto se lhe deu, como se lhe dá a minha insignificante opinião, sumida entre milhões de opiniões de outros insignificantes populares. E como suspeito das subtis inclinações do meu coração, que atraiçoam os meus miolos – como diria um amigo, que lá terá as suas suspeitas:” ele não parece, mas é de Esquerda” – para não coisificar a crítica, acho que por agora me fico com este poema lindíssimo de José Régio (1901-1969) – pseudónimo de José Maria dos Reis Pereira – declamado pelo admirável João Villaret, que dá um certo alento nesta conjuntura de desânimo, manifestamente descontrolada.
Cântico negro
Vem por aqui" — dizem-me alguns com os olhos doces Estendendo-me os braços, e seguros De que seria bom que eu os ouvisse Quando me dizem: "vem por aqui!" Eu olho-os com olhos lassos, (Há, nos olhos meus, ironias e cansaços) E cruzo os braços, E nunca vou por ali... A minha glória é esta: Criar desumanidades! Não acompanhar ninguém. — Que eu vivo com o mesmo sem-vontade Com que rasguei o ventre à minha mãe Não, não vou por aí! Só vou por onde Me levam meus próprios passos... Se às coisas que pergunto em vão ninguém responde Porque me me dizeis vós: "vem por aqui!"?
Prefiro escorregar nos becos lamacentos, Redemoinhar aos ventos, Como farrapos, arrastar os pés sangrentos, A ir por aí... Se vim ao mundo, foi Só para desflorar florestas virgens, E desenhar meus próprios pés na areia inexplorada! O mais que faço não vale nada.
Como, pois, sereis vós Que me dareis impulsos, ferramentas e coragem Para eu derrubar os meus obstáculos?... Corre, nas vossas veias, sangue velho dos avós, E vós amais o que é fácil! Eu amo o Longe e a Miragem, Amo os abismos, as torrentes, os desertos...
Ide! Tendes estradas, Tendes jardins, tendes canteiros, Tendes pátria, tendes tetos, E tendes regras, e tratados, e filósofos, e sábios... Eu tenho a minha Loucura! Levanto-a, como um facho, a arder na noite escura, E sinto espuma, e sangue, e cânticos nos lábios... Deus e o Diabo é quem me guia, mais ninguém! Todos tiveram pai, todos tiveram mãe; Mas eu, que nunca principio nem acabo, Nasci do amor que há entre Deus e o Diabo.
Ah, que ninguém me dê piedosas intenções, Não me peçam definições! Ninguém me diga: "vem por aqui"! A minha vida é um vendaval que se soltou, É uma onda que se alevantou, É um átomo a mais que se animou... Não sei por onde vou, Não sei para onde vou Sei que não vou por aí!
José Régio, in Poemas de Deus e do Diabo, 1925
Nota: claro que seria disparatado sugerir uma remodelação à beira das urnas. Mas como este povo é singular, se calhar a coisa ainda descamba para uma segunda maioria absoluta. Tudo é possível.
Este poema, a que se dá o título “Na primeira noite”, é atribuído a Maiakovski (1893-1930). Consta, porém, que o poema não é desse autor, poeta profundamente marxista, bolchevique e futurista, que se suicidou em 1930, no início do expurgo Estalinista, mas antes dum poeta brasileiro, e com o título “Despertar é preciso". Não importa. É um poema especial. Foi-me enviado por mail por alguém muito especial. Aqui fica publicado.
Na primeira noite, eles aproximam-se e colhem uma flor do nosso jardim, E não dizemos nada. Na segunda noite, já não se escondem, pisam as flores, matam o nosso cão, E não dizemos nada. Até que um dia, o mais frágil deles, entra sozinho na nossa casa, rouba-nos a lua e, conhecendo o nosso medo, arranca-nos a voz da garganta. E, porque não dissemos nada, já não podemos dizer nada.
Um outro, comparável, sobre a mesma temática, com o título “Primeiro Levaram os Negros” (?), de Bertold Brecht (1898-1956), também merece ser referido.
Primeiro levaram os negros Mas não me importei com isso Eu não era negro Em seguida levaram alguns operários Mas não me importei com isso Eu também não era operário Depois prenderam os miseráveis Mas não me importei com isso Porque eu não sou miserável Depois agarraram uns desempregados Mas como tenho meu emprego Também não me importei Agora estão me levando Mas já é tarde. Como eu não me importei com ninguém Ninguém se importa comigo.
Desmanchado o corpo, ao sol apodrece a carne. E distantes dos olhos, mas ao alcance do olhar, os grandes pássaros aguardam o sinal da morte: as pálpebras cerradas. Hei-de morrer de olhos abertos, cheios de azul, e com sorriso de despedida convidar as aves para festejarem com meu coração.
Trago-te aqui nas mãos em concha a memória da água que te dei a beber que bebi
Se os meus passos avançam no átrio de calcário branco em direcção a ti, enquanto nas folhas das laranjeiras cardeais corre a brisa do primeiro dia de verão, é porque convoco as partículas de vazio que te agregam com a certeza de quem já habitou o parque claro da tua alma
Toma, então, este segredo de pétalas redondas, vermelhas, a cair do céu com o vagar de quem não sabe que a morte se põe a caminho na aurora do nosso primeiro grito Eugénia de Vasconcellos
Escrito no mar reúne 25 poemas de Manuel Alegre sobre os Açores, acompanhados de fotografias de Jorge Barros. Trata-se de uma edição bilingue, em português e inglês, constituída por quatro partes: «Tanto mar», «Pico», «São Caetano» e «Arquipélago». Se uma parte destes poemas já foi publicada em outros volumes, outros são inéditos: este livro junta assim, pela primeira vez, um conjunto com unidade temática – o arquipélago dos Açores. Citando o autor, na sua nota à presente edição: «(…) ao juntar agora estes poemas tive a sensação de que, na sua unidade, eles fazem parte de um novo livro. E que esse livro, ainda que já escrito, e em parte publicado, é um livro novo. E, no seu todo, inédito.». O trabalho de Jorge Barros acompanha de forma excepcional os versos de Manuel Alegre, oferecendo ao leitor imagens da riqueza e da diversidade da realidade açoriana. Sextante Editora
Sinais de fogo, os homens se despedem. exaustos e tranquilos, destas cinzas frias. E o vento que essas cinzas nos dispersa não é de nós, mas é quem reacende outros sinais ardendo na distância um breve instante, gestos e palavras. ansiosas brasas que se apagam logo. Jorge de Sena, Sinais de Fogo, in Visão Perpétua,1967
E mais umas quantas citações, para complementar a admoestação do Exmo. Sr. Maltese.
L'erreur, c'est seulement un défaut. René Descartes Des erreurs, j'en ai fait. D'abord, je suis né. Première erreur! Woody Allen La plus grande erreur que puisse faire un homme est d'avoir peur d'en faire une Elbert Hubbard Une erreur est d'autant plus dangereuse qu'elle contient plus de vérité Henri Frédéric Amiel Une fausse erreur n'est pas forcément une vérité vraie Pierre Dac
De repente do riso fez-se o pranto Silencioso e branco como a bruma E das bocas unidas fez-se a espuma E das mãos espalmadas fez-se o espanto. De repente da calma fez-se o vento Que dos olhos desfez a última chama E da paixão fez-se o pressentimento E do momento imóvel fez-se o drama.
De repente, não mais que de repente Fez-se de triste o que se fez amante E de sozinho o que se fez contente.
Fez-se do amigo próximo o distante Fez-se da vida uma aventura errante De repente, não mais que de repente.
49 poemas de Nuno Júdice, seleccionados por Manuela Júdice e apresentados (introdução) por Inês Pedrosa, com tradução de Jesús Munárriz, e capa a partir de desenho de Jorge Martins. A Informação mais completa está aqui.
Recomeça... Se puderes, Sem angústia e sem pressa. E os passos que deres, Nesse caminho duro Do futuro, Dá-os em liberdade. Enquanto não alcances Não descanses. De nenhum fruto queiras só metade.
E, nunca saciado, Vai colhendo Ilusões sucessivas no pomar E vendo Acordado, O logro da aventura. És homem, não te esqueças! Só é tua a loucura Onde, com lucidez, te reconheças.
Manuel Alegre, que partidariamente impede que os socialistas fujam à socapa pelo portão das traseiros no quintal do PS, é um grande poeta, uma pessoa da qual sempre tive a retribuição de uma enorme simpatia. Nambuangongo, meu amor, reúne poemas de 1965, 1967, 1981 e de 2007. Enfim… ficará bem neste dia de lançamento de mais um livro, um recorte da “Trova do tempo que passa”
(…) Mesmo na noite mais triste em tempo de servidão há sempre alguém que resiste há sempre alguém que diz não.
Por entre tanta violência, selvajaria, anormalidade, é saudável para mim conseguir registar nesta geringonça efémera, que é um blog, dois apontamentos sobre assuntos relacionados com pretextos urbanos. O primeiro tem a ver com as palavras simpáticas de Eugénia de Vasconcellos, do blog Mátria minha, que visito regularmente, lendo as notas com imenso gosto, rendido ao encantador destes “dias governados pelo Deus dessas (destas) pequenas coisas". Fica, pois, o meu agradecimento. Também neste círculo e urbanidade, foi com imenso agrado que acolhi o link que o Professor Adelino Maltez, do blog Sobre o tempo que passa, teve a cortesia de fazer a este modesto Vida das Coisas, a propósito desta coisa do Amor e do Ódio que movem pessoas com concepções diferentes do mundo e da sociedade. Falando de Mátria - ou Pátria ? -, neste dia de Prós-e-contras, em que se debateu, sobretudo, acepções de Pátria - ou Mátria ? - e de Estado, em torno das ideias de Liberdade e Democracia, nos contexto racionais e metafisicos da República e da Causa Monárquica, de conceitos de afecto e de Amor, com um nível de civilidade e cultura invulgar, creio que será ajustado registar dois poetas e dois poemas - Natália Correia e Manuel Alegre - para que aqui, neste canto meu, não se perca a poesia e o sonho. - (Na foto, para além de Natália Correia e Cardoso Pinto, lá está o meu amigo João Isidro, notável veterano do jornalismo e grande arregimentador do primitvo MRRP, entre muitos recrutados, o Durão Barroso, de má memória.)
Poema destinado a haver domingo
Bastam-me as cinco pontas de uma estrela E a cor dum navio em movimento E como ave, ficar parada a vê-la E como flor, qualquer odor no vento.
Basta-me a lua ter aqui deixado Um luminoso fio de cabelo Para levar o céu todo enrolado Na discreta ambição do meu novelo.
Só há espigas a crescer comigo Numa seara para passear a pé Esta distância achada pelo trigo Que me dá só o pão daquilo que é.
Deixem ao dia a cama de um domingo Para deitar um lírio que lhe sobre. E a tarde cor-de-rosa de um flamingo Seja o tecto da casa que me cobre
Baste o que o tempo traz na sua anilha Como uma rosa traz Abril no seio. E que o mar dê o fruto duma ilha Onde o Amor por fim tenha recreio.
Natália Correia - Uma flor de verde pinho
Eu podia chamar-te pátria minha dar-te o mais lindo nome português podia dar-te um nome de rainha que este amor é de Pedro por Inês.
Mas não há forma não há verso não há leito para este fogo amor para este rio. Como dizer um coração fora do peito? Meu amor transbordou. E eu sem navio.
Gostar de ti é um poema que não digo que não há taça amor para este vinho não há guitarra nem cantar de amigo não há flor não há flor de verde pinho.
Não há barco nem trigo não há trevo não há palavras para dizer esta canção. Gostar de ti é um poema que não escrevo. Que há um rio sem leito. E eu sem coração.
As buscas, que passam fugazmente pelo Vidas das Coisas, pervertem os números dos contadores de visitantes/leitores. Todavia, a maior parte dos assuntos procurados despertam a curiosidade. Através dos temas podemos navegar por sítios a que nunca chegaríamos sem uma pista. Não me recordo se a propósito de Rimbaud ou de Al Berto, entrei no site do Município de Sines, lendo uma interessante biografia de Al Berto. Registei ainda um poema que, creio, terá o título de “Anjo do Crepúsculo”, da autoria de João Maria do Ó Pacheco (?), de 1996: A noite está próxima. O que vejo já não se pode cantar caminho com os braços levantados, e com a ponta dos dedos acendendo o firmamento da alma. espero que o vento passe... escuro, lento. Então, entrarei nele, cintilante, leve... e desapareço.
-----Limpide soleil de la Justice,-----toi myrtè de gloire -----n’oubliez pas, je vous en prie,-----n’oublies ps mon pays!
Silhouette d’aigles,-----il a de hautes montagnes, -----des vignes en rangs-----sur les vulcans -----et des maison plus blanches encore-----sur le bleu de l’azur!
-----Mes mains amères, avec la foudre,-----je les amène hors du Temps -----mes amis d’antan, je les invite-----avec du sang et des terreurs!
-----Limpide soleil de la Justice,-----et toi myrtè de gloire -----n’oubliez pas, je vous en prie,-----n’oublies ps mon pays!
Francisco Almeida Leite (FAL), do Corta-fitas, trata mal o encoberto que se dá pelo nome de Miguel Abrantes, do Câmara Corporativa, na blogosfera. Mas trata mal a sério.
(…) não costumo responder a spindoctors governamentais de meia-tigela, ainda por cima disfarçados com nome de gente. Deixe cair o pseudónimo e talvez possamos trocar uns posts cheios de argumentos, ao seu gosto. FAL, do Corta-fitas
Mal saberá FAL que, num certo sentido, MA não tarda entrará em mudanças. Creio que se mudará para o Forte da Ameixoeira, logo que estejam prontas a obras.
É que, para um organismo que pretende, no mínimo, ser discreto o centro de uma grande cidade é o local menos indicado para trabalhar, pela facilidade na verificação de movimentações. Mas havia também um problema de espaço, uma vez que o edifício da Alexandre Herculano foi projectado para 60 operacionais, e actualmente já alberga bem mais do dobro. JN online, “SIS vai ter casa segura por 15 milhões de euros”
Note-se, porém, que leio regularmente com gosto os posts do Câmara Corporativa que, na sua maior parte, me fazem sorrir, umas vezes por terem piada, outras pela evidente oportunidade e outras que não lembram o diabo. As partes que não me agradam têm a ver com a fixação, quase doentia, em denegrir o meu amigo António Cluny.
E já que estou no corte, aproveito para divulgar o lançamento do “opúsculo poemático”, de João Villalobos, que será realizado na Casa Fernando Pessoa, a 9 de Novembro e a partir das 21.30H. Há vinho e croquetes, simpáticos visistantes deste blog. Aproveitem que as comidas e bebidas são à borla.
Há palavras que nos beijam Como se tivessem boca, Palavras de amor, de esperança, De imenso amor, de esperança louca. Palavras nuas que beijas Quando a noite perde o rosto, Palavras que se recusam Aos muros do teu desgosto. De repente coloridas Entre palavras sem cor, Esperadas, inesperadas Como a poesia ou o amor. (O nome de quem se ama Letra a letra revelado No mármore distraído, No papel abandonado) Palavras que nos transportam Aonde a noite é mais forte, Ao silêncio dos amantes
torna-me pois simples como os bois e os cavalos que no abandono da névoa das montanhas são almas que cumprem dolorosas promessas a santuários que estão para além do mundo.
"Ontem quando cheguei a casa tirei uns quantos profiteroles que ainda tinha no congelador, vai daí, como não tinha nem queijo nem espinafres, fiz um molho branco espesso com farinha, leite e uma noz de manteiga, temperei com sal, pimenta e noz moscada, à parte fiz um refogado com cebola, alho e azeite, juntei uma lata de atum desfeito, umas azeitonas verdes picadas e um molho de coentros picados. Misturei o atum com o molho branco e recheei os profiteroles.
Podem ser servidos como entrada ou acompanhados por uma salada para um jantar leve."
Relatos Verídicos Experiências de Quase-Morte Manuel Domingos,
Patrícia Costa Dias,
Paulo Alexandre
O nosso cérebro, é, na realidade, uma máquina fabulosa que consegue efectuar qualquer coisa como alguns muitos milhões de operações por segundo (…). Mas não tenhamos ilusões, (…) a essência do nosso ser não é apenas algo produzido por umas moléculas, por uns átomos.
Manuel Domingos
Presidente da Sociedade Portuguesa de Neuropsicologia
Le point de départ de ce livre est, en janvier dernier, une conversation de Bernard-Henri Lévy avec Nicolas Sarkozy.
De quoi le progressisme contemporain est-il malade et quels sont les symptômes,
les figures, les causes, de cette maladie ? C'est la seconde question qu’il soulève, plus complexe, et qui le conduit à des développements
sur, pêle-mêle, l’anti-américanisme, les mythes de l'empire, la question de l'Islam, le retour de l'antidreyfusisme,
les illusions de l'anti-libéralisme ou le parfum munichois qui rôde autour de nombre de discussions sur la guerre et sur la paix.