Nem sequer escrevi uma linha sobre o incêndio dos Pavilhões do Parque, onde andei nos primeiros anos do Liceu e que albergou durante anos e anos a única biblioteca pública das Caldas (se existiam algumas associativas, eram insignificantes...), da Fundação Calouste Gulbenkian.
Curiosamente este incêndio foi mote de duas boas crónicas no "Diário de Notícias", de Jorge Mangorrinha e de João Lopes, que penso também terem crescido na Cidade das Termas, tal como eu.
O mais curioso, é que a crónica de João Lopes, conhecido crítico de cinema, recordava o Salão Ibéria, que ficava no Parque, ao lado dos Pavilhões, falando do fim do seu reinado como sala de espectáculos ("ruiu numa noite de chuva").
Eu não tenho uma memória bem viva do fim do Salão Ibéria, que já de si, parecia ser de construção frágil (quase de estilo "pavilhão desmontável"...), embora ainda tenha visto alguns filmes de acção durante a adolescência (acho que foi lá que vi um dos "Trinitá"...).
Os meus pensamentos foram logo, sim, para o Cine-Teatro Pinheiro Chagas, que ficava na "Praça do Peixe" e que foi fechado e todo esventrado no interior, sem que a sua fachada perdesse a imponência...
Nunca percebi muito bem o porquê destes atentados ao património local. Mas dos "politiqueiros" locais de direita podia esperar-se tudo (também destruíram a "A Casa da Cultura", no antigo Casino do Parque...).
Fingiam mesmo acreditar que os "comunistas comiam criancinhas"...
(Fotografia de Luís Eme - Caldas da Rainha)