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sábado, novembro 02, 2019

Os "Sinais de Fogo" de Jorge de Sena


Jorge de Sena faz faz hoje 100 anos.

Embora, para mim, não seja um dos nomes maiores da nossa literatura, foi um autor muito multifacetado e esforçado. Gostei bastante dos seus "Sinais de Fogo", romance que li no final da adolescência, e que continua presente na lista dos livros que mais me marcaram.

Provavelmente se lesse esta obra hoje, não teria o mesmo efeito que teve num rapaz de dezoito anos, que estava a viver situações próximas das personagens do romance. Mas essa é a beleza da literatura...

Uma faceta muito importante da sua obra - como retrato do nosso país -, são os seus livros de correspondência (com grandes nomes da nossa literatura, dos quais destaco a Sophia, que também está quase a fazer anos...), onde se percebe a dificuldade que Jorge de Sena tem em se reconhecer num país, como aquele, tão salazarento. O que explica que a sua vida académica ter sido feita no exílio (Brasil e Estados Unidos da América).

(Fotografia de Luís Eme)

quarta-feira, maio 01, 2019

O Meu Primeiro de Maio...



O Meu Primeiro de Maio

Sozinho, sempre sozinho,
mesmo quando vou a teu lado.

De ti que constróis o rumor das cidades
e no campo, semeias, lavras,
e pisas
o sabor do vinho.

Sozinho, sempre sozinho.
Aqui vou a teu lado
eu, o poeta, operário de palavras
- as palavras «sonho», «bandeira», «esperança», «liberdade» -
instrumentos de pureza irreal
que tornam a Realidade
ainda mais real
e transformam os bairros de lata
em futuras cidades de cristal
num planeta de paisagens de prata
onde as bocas das flores, das manhãs, dos vulcões,
da brancura do linho
e das foices de gume doirado
cantarão um dia connosco a Internacional
- que eu continuarei a cantar sozinho,
sempre sozinho,
a teu lado.

José Gomes Ferreira

(Fotografia de autor desconhecido)

sábado, novembro 10, 2018

Henrique, Poeta e "Velocista" do Oeste...


Acabei de ler há poucos dias o livro de contos curtos, "A Festa dos Caçadores", de Henrique Manuel Bento Fialho. São mais de cem histórias, quase todas do quotidiano, dele e nosso, onde nos vão surgindo, página a página, "pessoas", "cromos", "acontecimentos", "citações", "teorias", "desabafos"... Quase sempre coisas que tropeçam em nós diariamente e que por falta de talento ou de vontade, não as transformamos em literatura, da boa, como aconteceu com o Henrique. 

Estive indeciso, se havia ou não de escrever, sobre este livro, que é a continuação de outro, com menos páginas ("Call  Center"), porque estou longe de ser crítico literário. Apenas posso dizer se gosto ou não, sem entrar muito na "desmontagem" das suas histórias, quase sempre bem escritas e imaginadas.

Mas há algo que quero referir. Ainda bem que o Henrique prefere ser, além de poeta, um "velocista" neste mundo das literaturas. Sim, ele começa e acaba as histórias mais depressa que o tempo que o diabo demora a esfregar um olho, e ainda bem. Agarra o momento, escrevendo apenas o necessário (já a minha avó dizia que "a palha é para a burra"...), o que interessa e cabe em cada uma das suas histórias deliciosas. E não esconde nenhuma palavra, mesmo as que alguns "puristas" acham de "mau gosto". 

Porque a vida é isso mesmo, uma "casa" cheia de cenas de gosto duvidoso...

quinta-feira, junho 01, 2017

Armando Silva Carvalho Procurou Abrigo na Sombra do Mar...


Soube do desaparecimento do Poeta pelo Henrique, na sua “Antologia do Esquecimento" depois passei pelo site do ”Público”, onde fiquei a saber mais pormenores através da notícia que transcrevo:

«O poeta Armando Silva Carvalho morreu esta quinta-feira de manhã, aos 79 anos, no Hospital Montepio Rainha D. Leonor, nas Caldas da Rainha, na sequência de um cancro de pulmão. O corpo será velado a partir das 15h30 em Olho Marinho, no concelho de Óbidos, onde o escritor nasceu, e o funeral está marcado para sexta-feira às 17h30, também em Olho Marinho. A missa será celebrada pelo seu amigo, e também poeta, José Tolentino Mendonça.
Nascido em 1938, Armando Silva Carvalho estreou-se há mais de 50 anos, em 1965, com  Lírica Consumível. Venceu com ele o Prémio de Revelação da Sociedade Portuguesa de Escritores. A Sombra do Mar, o último a chegar às livrarias, em 2016, foi distinguido com o Grande Prémio Casino da Póvoa na edição deste ano do Correntes d' Escritas. Trata-se, possivelmente, do seu melhor livro desde Lisboas (2000) — pelo meio houve títulos como O Amante Japonês (2008), Anthero Areia e Água (2010) ou De Amore (2012).»

Ia escrever que a poesia do Oeste tinha ficado mais pobre, mas é apenas mais um lugar-comum, que até pode ser mentiroso.

Não seria nada do outro mundo que o desaparecimento do Armando Silva Carvalho despertasse no mínimo curiosidade sobre a sua obra poética…

(Fotografia de Autor Desconhecido)

segunda-feira, setembro 19, 2016

Óbidos Cidade do Mundo


Ontem tive uma conversa sobre o Fólio de Óbidos, em que me diziam que também deveria haver uma vertente local, do Oeste.

Eu achei logo que não. Este Festival Literário quer ser um pouco como a Vila de Óbidos, que ultrapassa há muito as fronteiras do Oeste e é uma "Localidade do Mundo", que recebe turistas de todos os continentes, diariamente.

Por isso é que vêm escritores do mundo, que se juntam aos nossos "craques" das letras...

Não sei se consigo passar por lá esta semana. Talvez tente na sexta. Vamos ver como corre a semana.

sábado, maio 07, 2016

Vitor Damas Recebe a Baliza de Prata de José do Carmo Francisco


José do Carmo Francisco, poeta, jornalista e escritor de Santa Catarina, lançou na Biblioteca do Museu República e Resistência ao fim da tarde de 4 de Maio a biografia, "Vitor Damas - a Baliza de Prata".

Segundo o apresentador da obra, o jornalista Gonçalo Pereira Rosa:

«Há poucos nomes no jornalismo contemporâneo que se possam ufanar de ter aproximado tanto como o José do Carmo o turbilhão literário do pequeno/grande drama do desporto. De preencher esse fosso. De lhes pedir, como observadores minuciosos da realidade, que nos falem daquele momento especial, da centelha que nos faz sonhar, do dia em que, sem que uma única palavra seja expressa, 50 ou 60 mil pessoas sentem no mesmo estádio a mesma sensação de que presenciaram um momento inesquecível.

Sem pretender estragar a experiência para quem vai debruçar-se sobre este Vítor Damas, A Baliza de Prata, adianto que se trata de uma obra meticulosa, que coloca 56 anos da vida do nosso Vítor Damas debaixo do microscópio. O Eça de Queiroz chegou a queixar-se de que, aos homens célebres do seu tempo, até se publicam depois da morte as contas de alfaiate! O José do Carmo não vai tão longe – felizmente – mas analisa a biografia do Vítor Damas com minúcia e consciência crítica, convocando testemunhos oportunos de amigos, colegas de equipa, rivais, treinadores, jornalistas e meros adeptos.» 

Não poderia deixar de dedicar algumas palavras de apreço a este jornalista e escritor amigo, natural do Concelho das Caldas da Rainha, que tanto tem escrito sobre os livros dos outros, inclusive na "Gazeta das Caldas".

quinta-feira, abril 28, 2016

Luiz Pacheco e Vergílio Ferreira nas Caldas


Ferreira Fernandes escreveu esta delícia no "Diário de Notícias" a 26 de Abril:

«Um dia, Luiz Pacheco entrou num café escuro de Caldas da Rainha e viu Vergílio Ferreira numa mesa, às gargalhadas. Nesse tempo não havia telemóveis nem Twitter e não deu para filmar e postar aquela surpresa. Pacheco, porém, escreveu um texto sobre o intolerável que era o amargo, e afinal hipócrita, Vergílio Ferreira a rir. O intolerável seria termos perdido esse maravilhoso texto de má-fé.»

Embora não saiba da veracidade da frase, acredito nas palavras do cronista. E esta, Vergílio Ferreira a rir às gargalhadas num café caldense?

(Óleo de Darnier Rappel)

segunda-feira, agosto 10, 2015

Dribles na Primária


Ao ler o Dinis Machado, das crónicas de futebol, mesmo sem ter a ver, lembrei-me que rente à escola primária costumávamos jogar futebol com uma pedra da calçada, de sarjeta a sarjeta.

Novitos não pensávamos nos buracos que as pedras faziam nas nossas botas de cabedal, muito menos que com cada golo que metíamos, estávamos a entupir a sarjeta-baliza rente à escola primária do Bairro da Ponte.

E que saudades do Dinis, um homem simples, que nunca se deslumbrou com nada, nem mesmo com o Molero...

quarta-feira, julho 02, 2014

As Palavras e o Mar de Sophia


Sophia,

O mar azul e branco
torna-se mais expansivo,
e tocante,
depois de sentir
a luminosidade,
o perfume
e o encanto
das tuas palavras...


Porque hoje é dia da nossa Sophia, poeta maior da nossa Aldeia, publico aqui um poema que lhe dediquei, em 2003. A fotografia mostra o mar da Foz do Arelho.


sábado, novembro 30, 2013

A 107 e o Dia do Livreiro


Hoje comemora-se o "Dia da Livraria e do Livreiro" em todo o país.

Não posso deixar escapar esta oportunidade, sem falar da "Livraria  107", das Caldas da Rainha.

Embora não fosse um frequente assíduo, até por não morar na Cidade (era lá que costumava adquirir os livros sobre as Caldas...), continuo a pensar que o seu fecho foi uma perda terrível para a Cultura local.

Uma das coisas que quase desapareceu foram os "Cafés Literários", organizados pela Isabel, que trouxeram tantos escritores importantes ao burgo caldense.

É costume dizer-se que o paradigma comercial mudou. Pois mudou. Mudou de tal forma que quase tem morto as Terras portuguesas, de Norte a Sul.

domingo, novembro 10, 2013

Álvaro Cunhal e a Fuga de Peniche


Álvaro Cunhal é uma figura que ficará ligado ao Oeste para sempre, graças à fuga espectacular da Fortaleza de Peniche, que protagonizou com mais alguns camaradas, no princípio de Janeiro de 1960.

Fortaleza que albergou maioritariamente presos políticos durante a ditadura e onde o meu avô paterno esteve alguns meses na segunda metade dos anos cinquenta e teve a oportunidade de conhecer o homem e o "mito" (o facto de não ter contacto com outros presos, só serviu para aumentar o "mito", ainda por cima, por estar naquela situação sem ter assassinado ninguém ou cometido qualquer furto milionário. O seu único crime conhecido era o de lutar pela liberdade, contra a ditadura salazarista...).

Álvaro Cunhal faz hoje cem anos, e é, sem qualquer dúvida, uma das principais figuras da história da resistência do nosso país no século XX.

Mas Álvaro foi muito mais que um político. Grande apaixonado pela Cultura, abraçou as artes plásticas e a literatura, com reconhecidos méritos (a pintura e a escrita foram a sua grande companhia e escape no cárcere, em Lisboa e Peniche...), especialmente nos anos de prisão, em que esteve quase sempre incontactável e confinado à sua pequena cela.

sábado, junho 09, 2012

Lá Dizia o Camões...


Mais um desenho urbano das Caldas, a homenagear Luís de Camões e o Amor, o tal fogo que arde sem se ver...

segunda-feira, agosto 15, 2011

A Tourada desta Ano


A Maria comentou que a Tourada de 15 de Agosto das Caldas já tinha os bilhetes esgotados.


Achei curioso o programa das festas afixado nas ruas da cidade. O Vitor Mendes (que em Espanha no seus bons tempos era "vendido" como Mendez...) regressa mais uma vez ao palco tauromático, e há uma ressalva que os bilhetes são vendidos a partir de 10 euros (espero que o tempo das "vacas magras" não se reflicta nos touros em lide, de Coimbra).

E não deixa de ser uma boa ideia a homenagem a Manuel dos Santos, um nome grande do toureio apeado, que ombreou com os melhores do mundo, no tempo dos grandes matadores espanhóis, imortalizados por Hemingway.

segunda-feira, junho 13, 2011

Barco que Partes



Navio que partes para longe,
Por que é que, ao contrário dos outros,
Não fico, depois de desapareceres, com saudades de ti?
Porque quando te não vejo, deixaste de existir.
E se se tem saudades do que não existe,
Sinto-a em relação a cousa nenhuma;
Não é do navio, é de nós, que sentimos saudade.

Alberto Caeiro


O óleo é de Luiza Caetano

sábado, dezembro 19, 2009

Luiz Pacheco e as Caldas


Por José do Carmo Francisco

«1 Homem dividido vale por 2» - Luiz Pacheco

Trata-se de um livro duplo: além do material respeitante a Luiz Pacheco (o autor) as suas 378 páginas integram a bibliografia completa de Pacheco (o editor). Entre outros a Contraponto de Luiz Pacheco editou Apollinaire, Raul Brandão, Alfonso Castelao, Camilo Castelo Branco, Mário Cesariny de Vasconcelos, Natália Correia, Dostoiewski, Hélia Correia, Manuel Grangeio Crespo, Durrenmatt, António Ferreira, Garrett, Vergílio Ferreira, Carlo Goldoni, Herberto Hélder, Ibsen, Ionesco, Karl Jaspers, Kleist, Manuel Laranjeira, Raul Leal, Manuel de Lima, António Maria Lisboa, António Tavares Manaças, José Alberto Marques e Virgílio Martinho.
No que diz respeito a Pacheco (personagem) o outro lado do livro refere uma curiosa ligação afectiva a Caldas da Rainha: «Não me julguem que chegado a esta terra como náufrago ou foragido (e alguns sabem-no) sou aqui um tipo género pára-quedista. Por acaso, sou muito mais Caldense que muitos que por cá nasceram ou vivem – e isto bastantes o sabem já. Um dia espero contar como cheguei, quem já conhecia; quem já não vim encontrar e me fez deambular, meio-sonâmbulo, ensimesmado, pelas áleas do cemitério: a Dona Eugénia Soeiro de Brito, o Pai Freitas, o dono (como se chamava? Tiago?) do Gato Preto; o Jaime Arsénio de Oliveira e outros fantasmas mais. E aqueles que vim a conhecer, me deram a mão, ficaram Amigos ou malquistos e enchiam esta página. As minhas memórias de caldense adoptivo dariam um rico volume, se o chegar a escrever. E se não sair em letras está-me escrito na pele.»
(Editora: D. Quixote – Biblioteca Nacional, Comissário: Luís Gomes)

sexta-feira, junho 13, 2008

Quando Alberto é Nome de Poeta e de Pessoa...


Sou um guardador de rebanhos,
O rebanho é os meus pensamentos
E os meus pensamentos são todos sensações.
Penso com os olhos e com os ouvidos
E com as mãos e os pés
E com o nariz e a boca.

Pensar uma flor é vê-la e cheirá-la
E comer um fruto é saber-lhe o sentido.

Por isso quando num dia de calor
Me sinto triste de gozá-lo tanto,
E me deito ao comprido na erva,
E fecho os olhos quentes,
Sinto todo o meu corpo deitado na realidade,
Sei a verdade e sou feliz.

in "Poemas de Alberto Caeiro", obra poética de Fernando Pessoa. O óleo, "Gritando ao Rebanho" é de José Malhoa

quarta-feira, abril 23, 2008

Não Um, Mas Dez Livros Especiais...


(Continuação do "Largo da Memória"...)

Mais tarde ainda, antes de me cruzar com José Cardoso Pires no “Ribadouro” (e com o Fernando Lopes que adaptou o romance ao cinema, só podia ser ele...), li o “Delfim” e percebi um pouco melhor como se vivia antes de 1974, onde havia gente ligada ao regime, que era quase dona do mundo português...
Pelo meio fui transportado para a Margem Sul, onde conheço os “Bonecos de Luz” (novamente o cinema...) de Romeu Correia, que também se torna um amigo especial, e me apresenta Almada, de uma forma fascinante.
Desço um pouco mais para Sul e aparece-me, de mão beijada, “O Fogo e as Cinzas”, de Manuel da Fonseca, que me oferece um olhar especial sobre o Alentejo...
Já homem grande, ainda me consegui enternecer com a beleza das palavras de Luís Sepúlveda, em “O Velho que Lia Romances de Amor”...
O curioso em todas estas leituras, é a compulsão que sinto em ler, quase de seguida, toda a obra dos escritores que descubro e amo as palavras.
Bem... provavelmente, o melhor é ficar por aqui, tentar “desligar” a memória, antes que me apareçam mais livros e autores, a pedirem umas palavras, a recordarem-me o prazer com que li as suas “vidas de papel”...



Este texto tem dedicatória... é dedicado a uma senhora que talvez goste mais de livros que de gatos, a Isabel Castanheira, que me pediu um texto sobre um Livro da minha vida e recebeu mais nove...