Na segunda metade do mês de Agosto de 1991 tive o prazer de entrevistar Jaime Graça, para o "Contra-ponto", a minha página fixa dos domingos no "Record".
Descobri agora que foi a única entrevista que realizei nas Caldas, numa altura em que Jaime Graça era o treinador da equipa principal do quase centenário, Caldas Sport Clube.
Gostei bastante de falar com ele e também da forma como fui recebido no velho Campo da Mata. Voltámos-nos a encontrar mais duas vezes, uma em Setúbal e outra em Lisboa. Na Cidade do Sado foi durante um almoço, daqueles que se prolongam pela tarde fora, cheios de histórias deliciosas, muitas das quais com o selo de proibido, por se intrometerem com a "batota" que continua a existir no mundo do futebol.
Estive a reler a entrevista, publicada a 1 de Setembro de 1991 e transcrevo apenas duas frases. A primeira é a resposta a uma quase provocação, pois ele apesar de realizar um bom trabalho por onde passava, nunca treinou nenhum clube da primeira divisão...
«Existem bons técnicos em equipas mais modestas, só que é difícil arranjar-se uma bitola para fazer certas medidas. Noto que na primeira divisão há uma rotação entre os mesmos treinadores. Há alguns que deixam descer constantemente equipas e continuam em voga. Faz-me lembrar a selecção do meu tempo, um jogador mesmo abaixo de forma era sempre convocado. Éramos quase sempre os mesmos.»
Também lhe perguntei o que achava das Caldas da Rainha:
«É uma cidade muito gira, é pequena, tem pouca poluição, tem um bom ambiente cultural e está cercada de uma série de vilas com interesse turístico. É uma boa cidade para se viver sem grandes vícios.»
É a minha homenagem ao Homem e ao Ídolo do futebol, sem pés de barro.
A imagem foi retirada do jornal, "A Bola", de hoje.