Ver o Benfica para mim é um ritual mas um ritual que não é unívoco e, dependendo do contexto, com várias facetas. O ritual supremo e mais homogéneo é o de ir ver o Benfica à Luz, entre iguais, onde coletivamente bebo daquela humidade saturada de desejo de vitória que no fim dos 90 minutos pode estar cheia de partículas de euforia ou frustação e que passa de pulmão em pulmão de cada um dos benfiquistas que lá estão para nos sentirmos parte de um coletivo que respira cada minuto com o bem ou com o mal que se passou.
Outros rituais coletivos com outras vicissitudes são também aqueles em que temos a alegria ver a bola no café ou em casa com amigos, que, devido ao facto de a vida não ser só futebol, pode acontecer não ser um ambiente tão homogéneo pelo facto dos amigos ou outros companheiros de visionamento não serem do mesmo clube.
As emoções são mais concentradas nos momentos chaves do jogo mas também mais dispersas. Normalmente há álcool, outras conversas que nos distraem dos tempos mortos dos jogos, alguem que sai à rua para fumar nervoso. Todo esse ritual vive de pequenas diferenças que o tornam numa experiência diferente mas com um sentimento muito mais indivudualizado. O ar que se respira num café não é o ar coletivo do Estádio da Luz.
Depois há aquele ritual mais obscuro que é ver a bola sozinho em casa.
Quando estás em casa és só tu e o teu clube. Tu, sentado em frente à TV, sem que ninguém te questione as opiniões, os juízos, sem que ninguém te censure os gestos, os gritos, as figuras, as rezas, os maneirismos. Tu e 90 minutos a combater fantasmas, as puxar pela equipa, a mandar vir com o árbitro, a gritar golo! a mudar de canal frustado mas que num esgar de arrependimento voltas ao canal naquela esperança que te agarra até ao fim.
Se na semana passada os 9 anos a perder pontos levaram a uma decisão coletiva de não assistir à primeira jornada do Benfica por já se saber o que iria acontecer, esta jornada havia a expetativa de que as coisas arrancassem. A pressão era alta. Ir a Alvalade com 6 pontos de atraso à terceira jornada seria um fardo demasiado pesado, demasiado cedo na época.
Duante o jogo, algumas evid~encias: fez-nos falta o Cardozo, o Maxi é apenas humano mas cada vez se parece mais com uma mina sobreexplorada já com muito pouco minério para dar, o Jesus continua com a corda na garganta...
De repente, dois golos depois da hora! Deja Vu. deitámos tudo a perder...
Não. Marca Markovic, marca Lima. Dois golos aos 92 minutos!
A entrada do puto Markovic, com aquele tesão dos 19 anos e a descomplexidade de quem quer vingar como jogador da bola, deu um fôlego inesperado à equipa. Faz uma arrancada pelo lado direito, tira um cruzamento.... nada! Mas colocou a defesa contrária em sentido. E de repente, o Golo!
Com este golo quase a acabar, fora do julgamento negativo coletivo, mantive-me agarrado ao ecrão na expetativa. Lima finalmente acerta com a baliza, depois de um cruzamento teleguiado de Sulejmani, uma tremenda injustiça para Gaitan que trabalhou incasavelmente durante 66 minutos para uma displicência quase desrespeituosa de Lima preante as ofertas do colega. Mas isso são incid~encias do jogo. Um jogo que tem 90 minutos mais 2
Afinal esta equipa ainda tem algo a dizer! Afinal a maldição dos 92 minutos não é só para nós.
Agora, Alvalade, para quebrar o tesão do mijo da lagartagem!
segunda-feira, 26 de agosto de 2013
segunda-feira, 19 de agosto de 2013
Rola a bola: Deva Vu parte II
Ser do Benfica começa a ser um fardo que se repete cansativo e doloroso de carregar ano após ano.
Ontem tinha duas escolhas. Ficar em casa e ver o Benfica com a mais-que-tudo numa comunhão masoquista do assistir à mais do que expectável agonia do previsível ou ir prolongar a agonia das salas de cinema protuguesas ao dar a ilusão aos empresários que há ainda quem vá gastar dinheiro com a sétima arte com a compra de dois bilhetes para a mais recente fita do Neil Blomkamp.
Num assomo de vidência que se sobrepôs à ténue esperança que finalmente conseguiríamos entrar num campeonato a ganhar, decidimos ir ao cinema, sabendo que nada de bom saíria da escolha de ficar a ver o Benfica a arrastar-se 90 minutos pelo campo para um desaire anunciado.
Bem dito bem feito. Embora a fita do sul africano tenha ficado aquém das expetativas, ao menos foi uma aposta cujo desfecho se manteve em aberto até ao passar dos créditos finais. O mesmo não se passou com o início do Benfica nem tampouco do próprio campeonato.
Confesso que quase esgotei o que quer que tinha de vontade de ter esperança no mês de maio passado. Não me peçam agora para achar que este início de campeonato seria diferente. Um deja vu na derrota na Madeira. Um deja vu na vitória e na polémica do Porto em Setúbal. Um assomo de vitalidade num Sporting que joga sem nada para perder nem pressão absolutamente alguma.
A Jesus só lhe resta começar a ganhar já para a semana e não caír em Alvalade, se não esta época pouco passará de um deja vu do que tem sido o Benfica dos últimos 20 anos, exceção (e entatizo a exceção) dos campeonatos de Trappatoni e Jesus.
Triste é quando a desilusão de um filme se sobrepõe à expectável desilusão (passe o oxímoro) do início de época do Benfica.
Safou-se o Matt Damon e o Rodrigo...
Ontem tinha duas escolhas. Ficar em casa e ver o Benfica com a mais-que-tudo numa comunhão masoquista do assistir à mais do que expectável agonia do previsível ou ir prolongar a agonia das salas de cinema protuguesas ao dar a ilusão aos empresários que há ainda quem vá gastar dinheiro com a sétima arte com a compra de dois bilhetes para a mais recente fita do Neil Blomkamp.
Num assomo de vidência que se sobrepôs à ténue esperança que finalmente conseguiríamos entrar num campeonato a ganhar, decidimos ir ao cinema, sabendo que nada de bom saíria da escolha de ficar a ver o Benfica a arrastar-se 90 minutos pelo campo para um desaire anunciado.
Bem dito bem feito. Embora a fita do sul africano tenha ficado aquém das expetativas, ao menos foi uma aposta cujo desfecho se manteve em aberto até ao passar dos créditos finais. O mesmo não se passou com o início do Benfica nem tampouco do próprio campeonato.
Confesso que quase esgotei o que quer que tinha de vontade de ter esperança no mês de maio passado. Não me peçam agora para achar que este início de campeonato seria diferente. Um deja vu na derrota na Madeira. Um deja vu na vitória e na polémica do Porto em Setúbal. Um assomo de vitalidade num Sporting que joga sem nada para perder nem pressão absolutamente alguma.
A Jesus só lhe resta começar a ganhar já para a semana e não caír em Alvalade, se não esta época pouco passará de um deja vu do que tem sido o Benfica dos últimos 20 anos, exceção (e entatizo a exceção) dos campeonatos de Trappatoni e Jesus.
Triste é quando a desilusão de um filme se sobrepõe à expectável desilusão (passe o oxímoro) do início de época do Benfica.
Safou-se o Matt Damon e o Rodrigo...
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