E chegámos a Balança (Libra).
Signo cardeal, do elemento Ar e regido por Vénus, ocupa a sétima casa no
Zodíaco natural, casa exactamente oposta à primeira, o Ascendente, representado
por Carneiro. Se Carneiro e a primeira casa representam o Sol nascente, a força
do impulso do romper do dia, toda a energia, vitalidade, possibilidade que cada
novo alvorecer traz, Libra e a sétima casa, representam o Sol poente e todos os
ensinamentos da experiência concreta vivida. Como já escrevi anteriormente,
quando pensamos em Balança pensamos em justiça, parceria, relação a dois, relações
sociais… Arte. É a busca da harmonia, do equilíbrio. Na justiça, na arte ou nos
relacionamentos buscamos harmonia, buscamos proporção – a proporção dourada. Num
mundo caracterizado pela perda de Unidade a que a própria condição da
encarnação obriga, num mundo caracterizado por opostos, buscamos no outro complementaridade…
na maioria das vezes buscamos o preenchimento que vem da carência de não sermos
capazes de nos dar Amor. Procuramos assim, alguém que nos dê amor, segurança,
estrutura, alimento, felicidade e até... identidade. Passamos para alguém a responsabilidade de nos
dar aquilo que em nós não somos capazes de encontrar. Raramente pensamos no que
levamos para um relacionamento… mas sabemos o que esperamos dele.
Simbolicamente, é em Balança que,
depois de termos percorrido os primeiros seis signos do zodíaco, estamos
prontos para nos relacionarmos com o outro, atraindo através da relação o que
desenvolvemos, valorizamos, integrámos, criámos nos cinco primeiros signos. É a aprendizagem
dos e nos relacionamentos. É a vivência do espelhamento – é-nos devolvido
através da projecção, quem também somos e não sabemos ou não queremos saber. E,
por isso, a maioria das vezes os relacionamentos são um campo fértil de
desafios que nos possibilitam viver as maiores aprendizagens. E porque não
aprendemos a relacionarmo-nos connosco, porque não aceitamos ou ocultamos
partes de nós, porque não nos amamos, cruzamo-nos nos relacionamentos com as
nossas maiores sombras. Ao longo do percurso deixamos que demasiadas sombras
tapem a nossa luz. E tudo aquilo que não somos capazes de aceitar como uma
parte nós, acaba por ganhar demasiada importância e começa a espreitar em cada
esquina, em cada relação. Carl Jung afirmou; “Uma pessoa não se torna iluminada
a imaginar figurinhas de luz. Uma pessoa torna-se iluminada ao tornar a
escuridão consciente”. Este tornar a escuridão consciente é darmo-nos a nós
próprios a oportunidade de levar luz à nossa escuridão, em vez de nos
identificarmos com ela ou fingirmos que não existe. Tudo é energia e a nossa
energia magnetiza a nossa experiência – atraímos experiências da mesma
qualidade energética que emitimos. Os relacionamentos objectivam a nossa
própria subjectividade, o que temos de aprender, ensinar, transmutar. Enquanto
não nos colocarmos no lado da causa, jamais mudaremos os efeitos… e a dor,
frustração, desilusão, estarão sempre presentes.
Em Balança temos de decidir… pelo caminho do
meio. Caminho do meio que sai dos extremos do “eu” e do “outro”, sozinho
(Carneiro) ou fundamentado por alguém (Balança). Não somos nós ou os outros,
somos nós e os outros. Costumo dizer que uma relação é como um filho
– não é o pai ou a mãe, é uma outra entidade que se criou a partir de, e que é
mais que. É aqui que entra Úrano como regente da Alma. Úrano vem trazer a
tónica da liberdade. Quando duas pessoas se relacionam em liberdade, há uma
ampliação relacional. São companheiras de caminho – cada um É individualizado
(e não individualista) dentro da relação, cada um tem o seu caminho de volta à
Unidade e a relação promove crescimento consciente a ambos. É por isso que Balança
é tantas vezes conotada com a indecisão, com a eterna permanência “em cima do
muro”. Tem consciência da Alma, de Úrano, mas para se equilibrar precisa da
forma. O medo de perder, de estar sozinha, fá-la perder-se num relacionamento,
fá-la precisar de um relacionamento para Ser, fá-la acreditar que a sua
identidade depende de estar com alguém. Com Carneiro tem de aprender a decidir,
a agir… a sair de cima do muro.
Há uns meses escrevi “(…) Em
todos nós vive uma criança formada a partir das memórias das nossas vivências
pessoais. É a nossa criança interior. No fundo, a criança interior representa a
forma como percepcionámos o mundo, como recebemos o mundo. A criança interior é
aquela que ficou registada no nosso inconsciente a partir da nossa memória das
vivências pessoais. Todos queríamos ser especiais para as pessoas que amávamos.
Todos queríamos colo. Todos queríamos protecção. E há aqueles que tiveram e
nunca chegava, queriam sempre mais. E há aqueles que pouco ou nada tiveram e
habituaram-se a isso, como se não merecessem. Muitas vezes, não tem a ver com
aquilo que nos foi dado, tem a ver com a maneira como por nós foi recebido e o
que fazemos com isso, de que forma é que utilizamos as experiências para
alavancar a vida. Todos somos humanos, ninguém teve pais perfeitos, andou numa
escola perfeita ou se relacionou com seres perfeitos. De uma forma ou de outra,
em maior ou menor grau, muitos sentiram-se mal-amados, negligenciados, ou
excessivamente criticados, ou rigidamente disciplinados, ou superprotegidos
ou…ou...ou. .
Os aspectos vulneráveis e
carentes da criança que fomos um dia levam-nos a desenvolver maneiras de nos
protegermos e compensar necessidades que não foram preenchidas. Nós crescemos,
tornamo-nos adultos, mas essa criança com necessidades não preenchidas continua
lá, não cresce. E é essa criança ferida que aparece em muitos momentos da nossa
vida, em muitos relacionamentos. O mundo é um espelho. Quando estamos num
relacionamento que nos devolve uma imagem de nós distorcida e pequenina, a
pergunta não é “ porque é que a outra pessoa faz isto?” A pergunta é “o que é
que me leva a estar com uma pessoa que me diminui e distorce o tamanho?” As
respostas vão ser variadas. Não há boas ou más respostas.
É preciso validar a nossa criança
interior, é preciso validar a sua dor para podermos encontrar a sua alegria, a
sua criatividade, todo o seu potencial. É preciso encontrar a nossa criança
Divina. Acredito que é absolutamente necessário amá-la. É aqui que encontramos
o Amor Maior, dentro de nós próprios. Amarmo-nos, aceitarmos toda a nossa luz e
toda a nossa escuridão, é sem dúvida o maior Amor de todos. E esta aceitação
abre espaço para sermos o que viemos para Ser.”
Quando somos o que viemos para
Ser, estamos no caminho do Amor.
Deixo um texto de uma amiga, a
Cristina Leal, que faz um excelente trabalho na área dos relacionamentos. Fica
aqui também a ligação para o seu blog Entre Nós
“A Magia da Reciprocidade
Não detenho fórmulas, antídotos
ou receitas do “bem” e do “mal” amar, sei no entanto que parte da minha vida
foi enredada em desamores que por medo e ilusão de segurança, queria manter a
todo o custo.
Apesar de saber a cada inspiração
que nada me acrescentavam, hoje, distanciada percebo que fizeram parte da
aprendizagem a que o Amor, de uma ou de outra forma a todos submete.
Costumo afirmar com alguma
certeza que esta é uma dura aprendizagem. Na maioria dos casos, obriga-nos a
andar descalços de relação em relação, tornando nossos os fragmentos do outro e
oferecendo-lhe os nossos, convencidos que a junção de ambas as fragmentações
nos tornará inteiros.
Entre mentiras e distorções, está
escondidinho o Amor, fechado no ‘útero-da-nossa-essência’ , onde ainda não
amadureceu o suficiente para ser por nós parido. E, este é o tempo onde batemos
verdadeiros records na arte de viver relações individualistas (não disse
individualizadas, ok?), desprovidas de qualquer tipo de reciprocidade.
O que é então reciprocidade?
Este tema foi tratado pelo
filósofo Hegel, no início do séc. XIX, que considerava a reciprocidade como o
“tipo de relação entre dois termos que permite a cada um deles ser efetivamente
ele próprio, conservar a sua identidade”.
Poderíamos até ficar ‘só’ por
aqui, mas a magia da reciprocidade, reside não só em “conservar a nossa
identidade” em relação, mas também em ousar partilhá-la genuinamente com o
outro.
Reside em respeitar o que é
mútuo, sem qualquer obrigação, fazendo-o naturalmente a partir da vontade
voluntária de construir a dois Verdade, Confiança e transparência.
Reside em respeitar a liberdade
de cada UM, respeitando as suas escolhas.
Reside em interessar-se
verdadeiramente pelo outro, abrindo espaço em si para acolhê-lo sem
reservas.
Reside em Amar, sentindo-se
amado.
Em respeitar, sentindo-se
respeitado.
Em mimar, sentindo-se mimado.
Em escutar, sentindo-se escutado.
Em tocar para além da pele e
sentir-se tocado também.
Reside na certeza que podemos
criar relações saudáveis, frescas, arejadas, inalando a cada inspiração o
perfume dos laços profundos e indestrutíveis
que a só a reciprocidade a dois tem a magia de saber manter nesta longa
aprendizagem que é a VIDA e o AMOR. “
Personalidade: "Que se faça a Escolha"
Alma: "Eu elejo o caminho que conduz a duas grandes linhas de força".
Vera Braz Mendes