Sabem aqueles momentos da vida em que você não sabe se casa ou compra uma bicicleta? Tô vivendo um desses... O ano tá acabando (já tem vitrine de Natal nas lojas!...) e eu estou cheia de projetos para 2011, mas não consigo escolher um deles para tentar pôr em prática. Porque estou gostando bastante dessa história de ser mãe, mas ainda existem outras coisas que me fazem feliz (além do sorrisinho banguelo de Lulu), e eu queria respirar ares "não-maternos" no ano que vem. E quem sabe, ares "não-médicos" também...
Acho que a escolha de uma profissão não deve limitar a construção do conhecimento. Explico: eu escolhi que a medicina pagaria minhas contas, mas isso não me impede de querer aprender uma porção de outros assuntos que não tenham nada a ver com a saúde (ou a doença) alheia. Eu passo o dia e a noite escutando as lamentações dos pacientes, e mesmo que goste de ajudá-los a resolver suas queixas, vocês hão de convir que é muuuuito chato ouvir problema dos outros all day. "Meu filho tá com febre", "Minha filha tá vomitando", "Apareceu um caroço debaixo do sovaco", e blá, blá, blá. Aí eu queria, sei lá, fazer um curso, talvez até outra faculdade, de outra coisa, literatura, poesia, enfim, algum lugar onde as pessoas não quisessem me chamar de "doutora" e nem me pedissem uma receitinha azul qualquer...
Isso tudo porque aquela história da Residência foi por água abaixo mesmo. Muito trabalho e pouco dinheiro, muito tempo longe de Lulu e pouco tempo para mim. Aí me veio a idéia de sair do Posto, porque não é o que eu gosto de fazer, embora seja um dinheiro fácil de ganhar. Mas essa história de dinheiro é complicada, se eu saio de lá tenho que pegar uns plantõezinhos a mais no hospital, e sempre vai ser à noite, ou no sábado ou no domingo. E aí tem a questão que ninguém merece trabalhar no final de semana, e nesse aspecto o Posto sai na frente, porque funciona apenas de segunda à sexta, e sexta é minha folga. Aí tem a outra parte, não seria melhor continuar no Posto e sair do plantão do sábado à noite pra ficar só no da sexta de dia, podendo assim dormir sempre em casa e curtir o final de semana com a família?
Mas quanto tempo mais eu consigo aguentar nessa vida de pegar 3 conduções pra ir e 3 pra voltar, neste calor infernal que faz no Recife?
Ai, Jisuis...
E Lulu neste exato momento dorme o sono dos justos, depois de passar a tarde inteira pulando, batendo palma, dando tchau pra tudo que se mexe (incluindo folhas de árvore e o rabo do meu cachorro, Téo), enfim, curtindo a vida, sem ter questões existenciais para pensar. Ser criança é uma beleza mesmo, hein?
Até a próxima!