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Hospitais: mais vale um
preenchimento do que um procedimento
Ontem fui a um hospital, - no
pronto socorro - para um atendimento, que se não tinha tanta urgência, também
não era para tanta displicência. A atendente fez minha ficha. Dalí fui para o “acolhimento”.
Muito simpática a senhora. Ela só estava com pressa porque tinha que fumar um
cigarro (disse-me que estava precisando dar uma “vitamina para seu coração”). Eu
fiquei imaginando qual vitamina iam dar ao meu, afinal, fui lá ver se estava
tudo bem com ele. Aí, depois dela, num quase sim, fui para a triagem. O rapaz,
muito solícito (mas louco de pressa para atender o próximo) fez outra ficha
minha. Então pensei. Isso tudo vai lá para dentro e assim que o médico me
chamar ela já terá uma anamnese completa de minha vida pregressa e atual.
Depois de três horas, finalmente
o médico me chamou, junto com mais seis pessoas e fomos para uma nova sala de
espera. Ele foi “limpando a área”, liberando cada um que entrava em sua sala em
menos de cinco minutos. Competente o cara – pensei eu. Isso foi até eu entrar lá,
pois ele me perguntou tudo novamente, desde a primeira pergunta da primeira
atendente, depois as da mulher do acolhimento e depois, as do rapaz da triagem
e mais as dele como médico. (Engraçado é que ele conversava comigo sem sequer
olhar na minha cara uma única vez, mas tudo bem - pensei, ele não deve ir com a
cara de muita gente que entra em seu consultório). A lógica é que eu saísse de lá tinindo de
novo, afinal, tanta investigação costuma dar em bons diagnósticos e ótimas
prescrições. De cara, já me mandou tomar um ansiolítico (rivotril).
- Doutor, mas pra que rivotril?
Eu durmo bem, sou calmo!
- É só pra “quebrar a ansiedade”,
umas gotinhas apenas. E você fica lá na observação enquanto vou pedir ao
pessoal para lhe fazer uns exames. Sua pressão está um pouco alta.
Chego lá no “ponto dos aflitos”,
que é o local onde ficam as pessoas em observação (umas 60 ao todo que eu
contei), descobri a verdadeira causa da prescrição do rivotril. Era para eu dormir
um tempo (apenas o necessário para ele atender a mais e mais pessoas que
aguardavam lá fora).
Foi assim que descobri que minha
saúde tava boa, meu coração tá ótimo , pois a situação era para me enfartar de
raiva, fome e sede (depois de eu ter ficado lá na observação mesmo sem ser
muito notado por alguém) durante mais de 12 horas e ter ido embora desistindo
arrependido de ter saído de casa.
Não pensem que isso tudo foi
atendimento do mal falado SUS. Foi particular.