Tudo começou pelo excesso. Nos primeiros tempos a humanidade produzia tudo o que era necessário para seu sustento e reprodução até que algumas coisas começaram a sobrar. E em vez de repartir o homem começou a acumular. O que acumulava era guardado em algum lugar. Dinheiro nos sacos, depois em colchões e depois bancos. Mercadorias em silos e depois galpões e depois lojas e supermercados. E veio a usura e o comércio. E a riqueza e fartura não eram mais de todos, mas de quem as acumulava.
Enquanto o homem consumia a gordura e o açúcar para seu sustento e reprodução ia tudo muito bem. São elas que dão sabor aos alimentos e são naturais e necessários ao corpo. Até aparecerem os gulosos, os mesmo já acostumados à acumulação. E começaram também a acumular gorduras. Só que nos lugares mais indesejados. Barrigas, pernas, braços e em outras partes do corpo por não terem como guardá-las em outro lugar. Com sua inteligência o homem foi disfarçando o seu consumo porque, diferentemente de outras sobras que acumulou, a gordura não lhe dá soberba nem vaidade. E foi inventando coisas como os realçadores de sabor que, não são gordura nem açúcar, mas fazem tanto ou mais mal à sua beleza e vaidade que os originais.
A ansiedade, que havia sido criada para a preocupação com a acumulação de bens materiais aumentou com a de acumulação de gordura. E com ela aparecem os médicos especialistas e os psicanalistas. Os primeiros para oferecer as panacéias para a diminuição do corpo adiposo e os segundos para curar os incômodos da alma rechonchuda.
Então, o envelhecimento passou a fazer parte das preocupações juntamente com tudo isso através dos radicais livres. Como foi em uma época de ditadura que eles foram descobertos, tinha-se que eliminar os radicais. Ainda mais os livres. Como não havia como eliminá-los com tortura ou à bala, foram criados medicamentos e descobertos alimentos que os combatem sem muito sofrimento, mantendo uma pele linda e saudável (mesmo que envelhecida por dentro).
Assim caminha a vaidade.