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terça-feira, abril 28, 2015

A LETRA "P" (apenas a língua portuguesa permite assim escrever)

A língua portuguesa, junto com a francesa, são as ÚNICAS línguas neolatinas na face da Terra que são completas em todos os sentidos... Quem fala português ou francês de
nascimento, é capaz de fazer proezas como esse texto com a letra "P". Só o português e o francês permitem isso...  A língua inglesa, se comparada com a língua portuguesa, é de uma pobreza de palavras sem limites..

Pedro Paulo Pereira Pinto, pequeno pintor português, pintava portas, paredes, portais. Porém, pediu para parar porque preferiu pintar panfletos. Partindo para Piracicaba, pintou prateleiras para poder progredir.

Posteriormente, partiu para Pirapora. Pernoitando, prosseguiu para Paranavaí, pois pretendia praticar pinturas para pessoas pobres. Porém, pouco praticou, porque Padre Paulo pediu para pintar panelas, porém posteriormente pintou pratos para poder pagar promessas.
Pálido, porém personalizado, preferiu partir para Portugal para pedir permissão para Papai para permanecer praticando pinturas, preferindo, portanto, Paris. Partindo para Paris, passou pelos Pirineus, pois pretendia pintá-los.

Pareciam plácidos, porém, pesaroso, percebeu penhascos pedregosos, preferindo pintá-los parcialmente, pois perigosas pedras pareciam precipitar-se principalmente pelo Pico, porque pastores passavam pelas picadas para pedirem pousada, provocando provavelmente pequenas perfurações, pois, pelo passo percorriam, permanentemente, possantes potrancas. Pisando Paris, permissão para pintar palácios pomposos, procurando pontos pitorescos, pois, para pintar pobreza, precisaria percorrer pontos perigosos, pestilentos, perniciosos, preferindo Pedro Paulo precaver-se.
Profundas privações passou Pedro Paulo. Pensava poder prosseguir pintando, porém, pretas previsões passavam pelo pensamento, provocando profundos pesares, principalmente por pretender partir prontamente para Portugal. Povo previdente! Pensava Pedro Paulo... Preciso partir para Portugal porque pedem para prestigiar patrícios, pintando principais portos portugueses. Paris! Paris! Proferiu Pedro Paulo.

Parto, porém penso pintá-la permanentemente, pois pretendo progredir. Pisando Portugal, Pedro Paulo procurou pelos pais, porém, Papai Procópio partira para Província. Pedindo provisões, partiu prontamente, pois precisava pedir permissão para Papai Procópio para prosseguir praticando pinturas.
 Profundamente pálido, perfez percurso percorrido pelo pai. Pedindo permissão, penetrou pelo portão principal. Porém, Papai Procópio puxando-o pelo pescoço proferiu: Pediste permissão para praticar pintura, porém, praticando, pintas pior. Primo Pinduca pintou perfeitamente prima Petúnia. Porque pintas porcarias? Papai proferiu Pedro Paulo, pinto porque permitiste, porém, preferindo, poderei procurar profissão própria para poder provar perseverança, pois pretendo permanecer por Portugal.

Pegando Pedro Paulo pelo pulso, penetrou pelo patamar, procurando pelos pertences, partiu prontamente, pois pretendia pôr Pedro Paulo para praticar profissão perfeita: pedreiro! Passando pela ponte precisaram pescar para poderem prosseguir peregrinando.

Primeiro, pegaram peixes pequenos, porém, passando pouco prazo, pegaram pacus, piaparas, pirarucus. Partindo pela picada próxima, pois pretendiam pernoitar pertinho, para procurar primo Péricles primeiro. Pisando por pedras pontudas, Papai Procópio procurou Péricles, primo próximo, pedreiro profissional perfeito.

Poucas palavras proferiram, porém prometeu pagar pequena parcela para Péricles profissionalizar Pedro Paulo. Primeiramente Pedro Paulo pegava pedras, porém, Péricles pediu-lhe para pintar prédios, pois precisava pagar pintores práticos. Particularmente Pedro Paulo preferia pintar prédios. Pereceu pintando prédios para Péricles, pois precipitou-se pelas paredes pintadas. Pobre Pedro Paulo. Pereceu pintando...

Permita-me, pois, pedir perdão pela paciência, pois pretendo parar para pensar... Para parar preciso pensar. Pensei. Portanto, pronto pararei.


recebido por email


quarta-feira, abril 15, 2015

Canal americano reconstitui "Ira de Deus" que destruiu Lisboa no sismo de 1755

Os vídeos do Smithsonian Channel mostram como o terramoto, maremoto e incêndio devastaram Lisboa, e uma das medidas mais drásticas do Marquês de Pombal. Primeiro o terramoto que transformou as ruas da cidade numa "paisagem infernal", depois o maremoto que matou centenas de pessoas, e por fim a "cruel reviravolta do destino" que fez com que Lisboa se incendiasse. Um vídeo reconstitui e mostra cada passo do desastre que fez dezenas de milhares de mortos em 1755. O Smithsonian Channel dedicou um episódio da sua série de documentários sobre catástrofes, Perfect Storms, ao terramoto de Lisboa em 1755. O episódio God's Wrath (em português, Ira de Deus) foi emitido em novembro, mas um dos seus excertos, que mostra a reconstituição do desastre, tornou-se viral recentemente. Um outro vídeo lançado pelo canal permite também conhecer uma das medidas mais drásticas do Marquês de Pombal após a devastação. No vídeo que foi publicado no YouTube pelo canal norte-americano, uma parceria entre a cadeia televisiva CBS e o grupo de museus Smithsonian, é possível ver como, por volta das 9.40 da manhã de 1 novembro de 1755, a atividade tectónica provocou o terramoto de 8.5 na escala de Richter, que destruiu grande parte da cidade que estava "no centro de um império mundial". O Smithsonian Channel reconstitui como, após os primeiros momentos de destruição causados pelo terramoto, os sobreviventes procuraram escapar para espaços mais abertos, junto ao rio Tejo, onde foram surpreendidos pelo maremoto que se seguiu."Numa cruel reviravolta do destino", acrescenta o locutor do documentário, "horas antes do terramoto, milhares de velas tinham sido acesas em Lisboa para comemorar a festa de Todos os Santos". O recuar das águas permitiu que as chamas se espalhassem pela cidade. Após a catástrofe, Lisboa "já não é uma cidade de ouro, mas sim um repositório de ossos carbonizados", termina o vídeo. Além do vídeo que se tornou viral, é possível ver online um outro excerto do episódio God's Wrath da série documental Perfect Storms. Esse excerto descreve como, após a devastação causada pela catástrofe, não havia "nem abrigo, nem segurança, nem comida". Quando o terramoto danificou as prisões lisboetas, os criminosos começaram a organizar-se e a pilhar os destroços. Coube ao Marquês de Pombal, conta o documentário, "salvar Lisboa de si própria, substituindo um reinado de terror por outro". fonte DN, Lisboa

domingo, abril 12, 2015

Ai Abril, Abril

“ De tudo o que Abril abriu
ainda pouco se disse


e só nos faltava agora
que este Abril não se cumprisse.”  


José Carlos Ary dos Santos


 Reza a informação que o nome “Abril” deriva do Latim Aprilis que significa “abrir” numa referência à germinação das culturas em época primaveril.
Abril lembra-me um povo que se sacudiu, que se libertou, que veio para a rua exorcizando os medos acumulados, que acabou com uma guerra que nos levava a juventude para o número de mortos ou para a emigração. Lembra-me que os livros, a música e até a simples Coca-cola tiveram alforria de pleno consumo, lembra-me que o singelo cravo vermelho ganhou outra importância, outro significado e novos apaixonados. Abril lembra-me que a Escola, a Saúde, o direito ao voto cívico, lembra-me a igualdade adquirida em tantos casos …
Quarenta e um anos depois quanto já nos foi retirado deste “25 de Abril” em nome de uma política que agride a própria Constituição? E, o pior, em actos cometidos por indivíduos insignificantes.
Pagam-se caro os gestos incompetentes e insensatos e o povo português sente bem na pele esta frieza suicida. Feita a experiência do erro podemos reencontrar caminhos, serenidades e estabilidades possíveis. Foi-nos prometida uma “campanha alegre” mas o procedimento triste tem de nos levar à escolha: recusa ou aceitação na continuidade.
São precisas mudanças e renovações com toda a força do significado que as palavras encerram; nada de paredes caiadas onde se desenhem grafitis com a assinatura dos mesmos autores.
É preciso que os mais novos conheçam a realidade do país antes de Abril de 1974, um país isolado e atrasado que muito recuperou três décadas depois, para que os “jotinhas” de vida facilitada tenham a noção do quanto as gerações anteriores sofreram e lutaram.
Quero ABRIL de volta; na alegria, na esperança, no convívio sem medos, na Liberdade!
E lembro alguns dos que em Abril de 2015 nos deixaram e contribuíram para essa Liberdade: Herberto Hélder, Manoel de Oliveira, Silva Lopes, Tolentino Nóbrega. Todos foram construtores reconhecidos que nem atraiçoaram a sua personalidade ou o seu povo, nem o grito de Abril.


Maria Teresa Góis

 

quarta-feira, março 18, 2015

a Bíblia tinha razão...

Os Nefelins - Um achado arqueológico ESPANTOSO
 "Também vimos ali gigantes, filhos de Anaque, descendentes dos gigantes; e éramos aos nossos olhos como gafanhotos e assim também éramos aos seus olhos." Números 13.33
"Então saiu do arraial dos filisteus um homem guerreiro, cujo nome era Golias, de Gate, que tinha de altura seis côvados e um palmo [ 3,15 metros]." 1 Samuel 17.4



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domingo, março 15, 2015

O canto da sereia e o canto do cisne

“Os verdadeiros democratas não são aqueles histéricos que exigem isto e reivindicam aquilo, que dizem que precisamos de não sei quê e que vamos todos morrer estúpidos se não fizermos não sei que mais. São os que vivem e deixam viver. São os que respeitam as opiniões, as excentricidades e as manias dos outros, sem ceder à tentação de os desconvencer à força” 
Miguel Esteves Cardoso   


Estamos a caminho das urnas! Tétricamente falando é este o termo certo que nos levará ao dia 29 de Março próximo.
E já ouvimos o canto da sereia que embeleza a realidade, promete futuros novos mais leves e navegáveis.
E há-de haver os que encantados, sem um Ulisses que os aconselhe, não porão cera ou silicone a tapar os ouvidos, para que não percam a tramontana. 
Ninguém será fielmente amarrado a qualquer mastro (poderia ser do ARMAS, não?) a fim de não sucumbir a tal encanto.
Os figurantes, na história pretensamente democrática da Madeira, são exactamente os mesmos. Uns terão mais experiência política (ou politiqueira) outros, se agora afastados, em breve reocuparão espaços porque, “há sempre lugar para mais um”…
De cantilena em cantilena, chegamos ao IVA mais elevado de Portugal, ao custo de vida mais elevado de Portugal numa pequena região onde o desemprego é o maior, malgrado as obras faraónicas cimentadas no terreno regional sendo que muitas delas inúteis.
Mas também temos o canto do cisne.
Hoje sabemos que a metáfora não significa a morte do artista mas a expressão derradeira de um gesto, de um esforço final de um desempenho que, à partida, poderá correr mal.
Saramago, sabiamente, deixou escrito que “o trabalho de convencer é uma falta de respeito, é uma tentativa de colonização do outro.”
Por isso, num processo eleitoral, muito gostaria que os eleitores pensassem nos últimos anos, ouvissem os avisos de que a “austeridade é para manter”, não na contenção das despesas do governo mas nos bolsos dos contribuintes, analisassem porque não há trabalho para uns mas há emprego para outros, porque demora um exame médico, porque, porque, porque…
Quem levantou a voz a favor dos mais desfavorecidos ou quem denunciou compadrios que só beneficiaram alguns, terá com certeza menos votação porque não tem jackpots de euros para propaganda dominical, mas terá a consciência mais tranquila porque sempre defendeu e protegeu o mais desfavorecido. Na habitação, transportes ou coisas tão simples como ter água potável na sua residência.
Já é tempo de atingir a maturidade quarenta anos depois do direito sagrado de escolha através do voto. A cidadania é também arcar com a consciência e consequência de uma escolha. A bem da Região! 

Maria Teresa Góis 


quinta-feira, fevereiro 26, 2015

VATICANO - 86 ANOS do ESTADO FUNDADO POR ACORDO COM MUSSOLINI

A assinatura do “Tratado de Latrão”, em 11 de Fevereiro de 1929, com a presença de representantes do papa e o próprio Mussolini, legitimou o ditador fascista aos olhos do mundo católico, vindo a formar uma bizarra aliança entre um regime que exaltava a guerra e a violência com uma religião que pregava a paz e a tolerância. E do Duce, apesar de nunca se terem dado bem, disse Pio XI dez anos depois, apesar de tudo o que fez o ditador:
"Il più grande uomo da me conosciuto, e senz’altro tra i più profondamente buoni" (Foi o maior homem que conheci, e sem dúvida um entre os mais intrinsecamente bons).
"VATICANO - 86 ANOS do ESTADO FUNDADO POR ACORDO COM MUSSOLINI (Parte1 - amanhã, a conclusão)

A assinatura do “Tratado de Latrão”, em 11 de Fevereiro de 1929, com a presença de representantes do papa e o próprio Mussolini, legitimou o ditador fascista aos olhos do mundo católico, vindo a formar uma bizarra aliança entre um regime que exaltava a guerra e a violência com uma religião que pregava a paz e a tolerância. E do Duce, apesar de nunca se terem dado bem, disse Pio XI dez anos depois, apesar de tudo o que fez o ditador:
"Il più grande uomo da me conosciuto, e senz’altro tra i più profondamente buoni" (Foi o maior homem que conheci, e sem dúvida um entre os mais intrinsecamente bons).

Em Setembro de 1870, quando as tropas de Vittorio Emanuelle II, proclamado rei da recém-unificada Itália, subjugaram e anexaram a cidade de Roma, o papa Pio IX enclausurou-se nos muros do Vaticano. A essa altura, o “Risorgimento” italiano já havia tomado a maioria dos estados papais, e o pontífice, para não se submeter à nova ordem política, rompeu relações com a monarquia e declarou-se um prisioneiro do poder laico.
Este mal-estar permanente entre o estado e a Igreja aparentemente chegou ao fim em Fevereiro de 1929, faz hoje 86 anos, quando Pio XI e Benito Mussolini, "Il Duce", assinaram o “Tratado e a Concordata de Latrão”, que determinou a criação do estado soberano do Vaticano, sendo o catolicismo reconhecido como religião oficial da Itália e ainda tendo garantido à Santa Sé uma choruda compensação financeira pelas anexações dos rincões papais.
Tendo a garantia da indemnização da administração italiana à vista, no montante de 750 milhões de liras, e de um bilião de liras em títulos do governo, o chefe da Igreja Católica começou a estruturar toda uma pesada aparelhagem estatal – boa parte dela, ao seu serviço imediato.
Para além de um diário oficial, o “L’Osservatore Romano”, Pio XI planeou estruturar num futuro próximo uma rádio oficial para difundir o catolicismo e, evidentemente, a palavra papal. O maior candidato para a empreitada era Guglielmo Marconi.
Estava em circulação a moeda corrente do Vaticano, a “lira vaticana”, com a efígie do sumo pontífice, também aceite em Itália e com valor igual ao da lira italiana. O serviço postal foi inaugurado ainda em Fevereiro e tanto o Corpo da "Gendarmarie" Pontifícia como o Corpo da Guarda do Papa, com as suas coloridas fardas desenhadas no séc.XVI por Michelangelo, ganharam ainda mais liberdade dentro do novo Estado para assegurar a protecção do recém chefe de estado Pio XI.

- um texto de opinião de Jorge P. Guedes, 11 Fev. 2015 (Por opção, não escrevo segundo o mais recente A. O.)" Em Setembro de 1870, quando as tropas de Vittorio Emanuelle II, proclamado rei da recém-unificada Itália, subjugaram e anexaram a cidade de Roma, o papa Pio IX enclausurou-se nos muros do Vaticano. A essa altura, o “Risorgimento” italiano já havia tomado a maioria dos estados papais, e o pontífice, para não se submeter à nova ordem política, rompeu relações com a monarquia e declarou-se um prisioneiro do poder laico.
Este mal-estar permanente entre o estado e a Igreja aparentemente chegou ao fim em Fevereiro de 1929, faz hoje 86 anos, quando Pio XI e Benito Mussolini, "Il Duce", assinaram o “Tratado e a Concordata de Latrão”, que determinou a criação do estado soberano do Vaticano, sendo o catolicismo reconhecido como religião oficial da Itália e ainda tendo garantido à Santa Sé uma choruda compensação financeira pelas anexações dos rincões papais.
Tendo a garantia da indemnização da administração italiana à vista, no montante de 750 milhões de liras, e de um bilião de liras em títulos do governo, o chefe da Igreja Católica começou a estruturar toda uma pesada aparelhagem estatal – boa parte dela, ao seu serviço imediato.
Para além de um diário oficial, o “L’Osservatore Romano”, Pio XI planeou estruturar num futuro próximo uma rádio oficial para difundir o catolicismo e, evidentemente, a palavra papal. O maior candidato para a empreitada era Guglielmo Marconi.
Estava em circulação a moeda corrente do Vaticano, a “lira vaticana”, com a efígie do sumo pontífice, também aceite em Itália e com valor igual ao da lira italiana. O serviço postal foi inaugurado ainda em Fevereiro e tanto o Corpo da "Gendarmarie" Pontifícia como o Corpo da Guarda do Papa, com as suas coloridas fardas desenhadas no séc.XVI por Michelangelo, ganharam ainda mais liberdade dentro do novo Estado para assegurar a protecção do recém chefe de estado Pio XI.


"VATICANO - 86 ANOS DO ESTADO FUNDADO POR ACORDO COM MUSSOLINI (conclusão)
 
4 meses depois, em Junho, foi promulgada a “Lei Fundamental do Estado do Vaticano” que dava ao papa a plenitude dos poderes legislativo, executivo e judicial no enclave de 0,44 km2 a norte de Roma e em mais doze edifícios espalhados pela cidade, incluindo o Palácio de Castelgandolfo.
Os bens da Santa Sé, a sua administração, a biblioteca, o arquivo, a livraria e a tipografia também ficaram directamente subordinados à vontade do pontífice. Tal lei criou a figura do governador, que podia criar regras para a ordem pública na cidade-estado, com a anuência do Conselho. Porém, a sua escolha era da competência exclusiva do papa e podia ser revogada por ele a qualquer momento de forma sumária.
Qualquer semelhança com os plenos poderes de Mussolini não é mera coincidência – ao menos para os cartunistas locais, que não se cansavam de desenhar caricaturas retratando Pio XI com a camisa negra do fascismo e o Duce com a tiara papal na sua careca.

Os dois poderosos homens, aliás, trocaram algumas farpas durante o ano – Mussolini dizendo à Câmara dos Deputados que "a Igreja é soberana apenas no Reino da Itália, e não no Estado italiano", com a resposta de Pio XI lamentando as declarações hereges do fascista.
Nos recentes anos, os conflitos entre o poder papal e o estado parece terem-se agudizado de novo.
No início de 2009, Bento XVI decidiu não incorporar de forma automática as leis civis e criminais no direito do Vaticano e, entretanto, outras disposições legais em matérias como o divórcio, as uniões de facto, o casamento entre homossexuais ou a eutanásia são fortemente contestadas e não aceites pelo Vaticano.
Haverá brevemente novos Tratados?
E a sociedade civil italiana estará disposta a manter os enormes privilégios concedidos ao papa e ao Estado de que ele é chefe supremo e vitalício?
Será que aos olhos das novas gerações se justifica este Estado dentro do Estado apenas porque a Igreja católica se reclama de direitos divinos na Terra e difusora "oficial" dos ideais cristãos?

Os tempos mudam e a época é de profundas alterações em muitos conceitos tomados como verdades absolutas e incontornáveis. O papa Francisco, ao que parece, veio trazer uma lufada de ar fresco à Igreja de Roma mas a sua empreitada é sem dúvida pesada e mexe com vários poderes instituídos e cimentados ao longo de séculos de conluio do Vaticano com o poder económico e político e algumas poderosas organizações marginais. Não será por acaso que Francisco pede sempre aos fiéis que rezem por ele.

- imagem : postal ilustrado comemorativo com o rei Vittorio Emanuele III°, o papa PIO XI e Benito Mussolini  (Pax Laetitia – A paz de Leticía - foi o nome dado ao Tratado, sendo que Laetitia era uma deusa menor  romana da Alegria e da Felicidade). Esta “trindade” celebra a nova união entre o poder temporal e o espiritual. Contudo, a “paz de Letícia” ajudou a legitimar o regime policial fascista italiano que em 1929 já espalhara o terror através dos tribunais militares, de assassínios políticos e de raides da “milizia volontaria per la sicurezza nazionale”, os vulgarmente chamados “camicie nere”.

- texto : Jorge P. Guedes, 11/12 Fev 2015 (Por opção, não escrevo segundo o mais recente A. O.)"
4 meses depois, em Junho, foi promulgada a “Lei Fundamental do Estado do Vaticano” que dava ao papa a plenitude dos poderes legislativo, executivo e judicial no enclave de 0,44 km2 a norte de Roma e em mais doze edifícios espalhados pela cidade, incluindo o Palácio de Castelgandolfo.
Os bens da Santa Sé, a sua administração, a biblioteca, o arquivo, a livraria e a tipografia também ficaram directamente subordinados à vontade do pontífice. Tal lei criou a figura do governador, que podia criar regras para a ordem pública na cidade-estado, com a anuência do Conselho. Porém, a sua escolha era da competência exclusiva do papa e podia ser revogada por ele a qualquer momento de forma sumária.
Qualquer semelhança com os plenos poderes de Mussolini não é mera coincidência – ao menos para os cartunistas locais, que não se cansavam de desenhar caricaturas retratando Pio XI com a camisa negra do fascismo e o Duce com a tiara papal na sua careca.
Os dois poderosos homens, aliás, trocaram algumas farpas durante o ano – Mussolini dizendo à Câmara dos Deputados que "a Igreja é soberana apenas no Reino da Itália, e não no Estado italiano", com a resposta de Pio XI lamentando as declarações hereges do fascista.
Nos recentes anos, os conflitos entre o poder papal e o estado parece terem-se agudizado de novo.
No início de 2009, Bento XVI decidiu não incorporar de forma automática as leis civis e criminais no direito do Vaticano e, entretanto, outras disposições legais em matérias como o divórcio, as uniões de facto, o casamento entre homossexuais ou a eutanásia são fortemente contestadas e não aceites pelo Vaticano.
Haverá brevemente novos Tratados?
E a sociedade civil italiana estará disposta a manter os enormes privilégios concedidos ao papa e ao Estado de que ele é chefe supremo e vitalício?
Será que aos olhos das novas gerações se justifica este Estado dentro do Estado apenas porque a Igreja católica se reclama de direitos divinos na Terra e difusora "oficial" dos ideais cristãos?
Os tempos mudam e a época é de profundas alterações em muitos conceitos tomados como verdades absolutas e incontornáveis. O papa Francisco, ao que parece, veio trazer uma lufada de ar fresco à Igreja de Roma mas a sua empreitada é sem dúvida pesada e mexe com vários poderes instituídos e cimentados ao longo de séculos de conluio do Vaticano com o poder económico e político e algumas poderosas organizações marginais. Não será por acaso que Francisco pede sempre aos fiéis que rezem por ele.
- imagem : postal ilustrado comemorativo com o rei Vittorio Emanuele III°, o papa PIO XI e Benito Mussolini (Pax Laetitia – A paz de Leticía - foi o nome dado ao Tratado, sendo que Laetitia era uma deusa menor romana da Alegria e da Felicidade). Esta “trindade” celebra a nova união entre o poder temporal e o espiritual. Contudo, a “paz de Letícia” ajudou a legitimar o regime policial fascista italiano que em 1929 já espalhara o terror através dos tribunais militares, de assassínios políticos e de raides da “milizia volontaria per la sicurezza nazionale”, os vulgarmente chamados “camicie nere”.

 - texto : Jorge P. Guedes, 11/12 Fev 2015 (Por opção, não escrevo segundo o mais recente A. O.)

segunda-feira, fevereiro 16, 2015

Sabia que a burka é proibida no Algarve desde MDCCCXCII?

Este decreto foi anterior ao da Turquia


A nossa costela árabe a funcionar...

Uso da burka ou do chador proibido no Algarve

«Faço saber que pelo regulamento policial d’este Governo Civil, de 6 do corrente mês, com execução permanente, aprovado pelo governo, determino o seguinte:

Artigo 32º – É proibido nas ruas e templos de todas as povoações deste distrito o uso dos chamados rebuços ou biôcos de que as mulheres se servem escondendo o rosto.

Artigo 33º – As mulheres que, nesta cidade, forem encontradas transgredindo o disposto no precedente artigo serão, pelas vezes primeira e segunda, conduzidas ao comissário de polícia ou posto policial mais próximo, e nas outras povoações à presença das respectivas autoridades administrativas ou aonde estas designarem, a fim de serem reconhecidas; o que nunca terá lugar nas ruas ou fora dos locais determinados; e pela terceira ou mais vezes serão detidas e entregues ao poder judicial, por desobediência.

Parágrafo único – Esta última disposição será sempre aplicável a qualquer indivíduo do sexo masculino, quando for encontrado em disfarce com vestes próprias do outro sexo e como este cobrindo o rosto.

Artigo 34º – O estabelecido nos dois precedentes artigos não terá lugar para com pessoas mascaradas durante a época do Carnaval, que deverá contar-se de 20 de Janeiro ao Entrudo; subsistirão, porém, as mesmas disposições durante a referida época, em relação às pessoas que não trouxerem máscara usando biôco ou rebuço.

Artigo 41º – O presente regulamento começa a vigorar, conforme o disposto no
Artigo 403º do código administrativo, três dias depois da sua publicação por editais – Governo Civil de Faro, 28 de Setembro de 1892. – Júlio Lourenço Pinto.»

O biôco (ou biuco) – Algarve

Raul Brandão escreve a propósito do biuco no seu livro "Os Pescadores", em 1922:

"Ainda há pouco tempo todas (as mulheres de Olhão) usavam cloques e bioco. O capote, muito amplo e atirado com elegância sobre a cabeça, tornava-as impenetráveis.

É um trajo misterioso e atraente. Quando saem, de negro envoltas nos biocos, parecem fantasmas. Passam, olham-nos e não as vemos. Mas o lume do olhar, mais vivo no rebuço, tem outro realce... Desaparecem e deixam-nos cismáticos. Ao longe, no lajedo da rua ouve-se ainda o cloque-cloque do calçado - e já o fantasma se esvaiu, deixando-nos uma impressão de mistério e sonho.

É uma mulher esplêndida que vai para uma aventura de amor? De quem são aqueles olhos que ferem lume?... Fitou-nos, sumiu-se, e ainda - perdida para sempre a figura -, ainda o som chama por nós baixinho, muito ao longe-cloque..."

Trata-se de uma capa que cobre inteiramente quem a usava. A cabeça era oculta pelo próprio cabeção ou por um rebuço feito por qualquer xaile, lenço ou mantilha. As mulheres embiocadas pareciam “ursos com cabeça de elefante”

Oficialmente a sua extinção ocorreu em 1882 e por ordem de Júlio Lourenço Pinto, então Governador Civil do Algarve, foi proibido nas ruas e templos, embora continuasse a ser usado em Olhão até aos anos 30 do século XX em que foram vistos os últimos biocos.

 

domingo, fevereiro 15, 2015

Por falar em mudanças....

     


Fevereiro tem tido dias particularmente frios, de brisas cortantes, humidades impiedosas, que nos chegam aos ossos. Todos reclamam e “cramam”. Até a Natureza parece cansada desta falta de sol e calor que faça medrar as sementes já lançadas à terra. É necessário que o tempo mude e que se mudem os tempos!
      Um é mandado pela batuta de S. Pedro segundo dizem, os outros devem ser obra de homens de pés bem assentes na terra.
      Uma obra pensada, planeada, equacionada, transmitida e admitida, para ser concretizada. É assim que eu entendo as mudanças.
      Os próximos dias, sobretudo nos fins de semanas, serão palcos, parlatórios de promessas, de ataques, jogos de empurra, de propostas desonestas porque ou são irrealizáveis ou têm os mesmos interlocutores. Claro que me refiro às eleições na Madeira mas, se olharmos ao país ou à Europa, tudo está em convulsão, em mudança.
      Na nação, segundo se apregoa, está melhor o país e a sua população. Mas depois, depois chegam os relatórios internacionais, as estatísticas nacionais e vemos os rácios, as curvas sinuosas, as percentagens, as comparações com outros anos e chegamos à conclusão de que estamos a ser ludibriados. Começa a ser banal a confissão pública de economistas enganados!
      O sentimento europeu fracassou junto dos povos da Europa, fomentou radicalismos, acentuou desigualdades. Morre o ideal europeu, a paz e regressa a noção de ter fronteiras.
      A UE funciona em função de tratados (e de tratantes) e o custo social destas políticas liberais ficará na história e, segundo estudos, estamos bem pior do que em 2008.
      Mas hoje há um país que ousa demonstrar liderança em vez de subserviência, que tem orgulho da sua nação e honra, sem se separar do continente europeu, da sua identidade. Quão diferente da governação lusa, sem anéis nem dedos, sem brios e patriotismos…
      Subscrevo Eça quando dizia: “Hoje crédito não temos, dinheiro também não – pelo menos o estado não tem – e homens não os há ou os que há são postos na sombra pela política.” (“Correspondência”, 1891).
      Sou descrente, portanto, em relação às mudanças regionais. Vejo continuidade na política dominante, com raras e boas alterações e não entendo a insegurança de não ver um PS concorrer só.
     No plano nacional é urgente uma mudança de mentalidade antes que o país desapareça e não me admiraria se, antes das legislativas, víssemos um bazar chinês instalado na Torre de Belém.
      Já quanto à Europa algo há-de mudar pela força da envolvência e diversidade internacionais. Aproximam-se tempos inquietos.



Maria Teresa Góis


terça-feira, fevereiro 03, 2015

expressão popular "Voltemos à vaca fria"


A origem da expressão "voltar à vaca fria" possui vários significados, muitos deles relacionados com lendas urbanas ou histórias populares. 
Uma das hipóteses mais aceitáveis para o surgimento desta expressão na língua portuguesa, está no francês "revenons à nos moutons", que literalmente significa "voltando aos cordeiros". A frase foi originalmente utilizada em uma narrativa que conta a história de Pierre Pathelin, um advogado do século XIV que fazia longas divagações sobre assuntos sem importância na tentativa de defender os seus clientes. 
A história conta que, em um caso específico sobre o roubo de uns cordeiros de seu cliente, o advogado começou a falar sobre os assuntos mais absurdos e diversos, como a mitologia grega e romana.  O juiz cansado dos devaneios de Pierre, sempre dizia: "Tudo isso é muito bonito, mas voltemos aos cordeiros"
A palavra "vaca" substitui o termo "carneiro" ("moutons", da expressão original em francês) na língua portuguesa. Essa troca talvez possa ser explicada por causa do costume que existia em Portugal de servir, antes das refeições, um prato frio feito com carne de gado.

domingo, janeiro 18, 2015

A palavra eleita em 2014

“Não há como a vox populi que tanto brada contra os ladrões, para depois ser profundamente indiferente à corrupção concreta.”  
Pacheco Pereira, in “Público”



 1 - O honroso 31º lugar que Portugal ocupa entre 175 países, segundo os dados da organização Transparency International de Dezembro passado, não leva em conta os casos dos vistos Gold, Sócrates, Duarte Lima, a PT, o BES e associadas. Talvez nem pondere as consequências BPN ou BPP, os Submarinos e o Cuba Livre arquivados e tantos outros processos que por aí proliferam sem culpas nem culpados, sem justiça ou jurisdição.
A escolha desta palavra só demonstra o contentamento luso em relação a quem governa. Ao “Público” disse um dia José Manuel Fernandes: “é o poder excessivo do Estado que alimenta a corrupção”.
Num ano em que somos, por obrigação cívica e até moral, solicitados a escolher quem nos governa, será óptimo não ser indiferente ou abstencionista. Verdade que é no quotidiano que encontramos as comparações e é nessas comparações que encontramos as afirmações na corda bamba da contrariedade.
Corrupção vem do latim “corruptus” (conforme pesquisei) que significa partido em pedaços e cuja forma verbal em si quer dizer “tornar pútrido”. Não admira as vagas de maus cheiros que assolam este pequeno país…
É na saúde, na educação, é na justiça, na fiscalidade, na arrogância ou moralidade com que nos falam ou nos arranjos partidários que sinto viva e ameaçadora essa corrupção.

 2 – Os acontecimentos regionais recentes não me entusiasmaram. A saída do Dr. Alberto João teria de acontecer mais cedo ou mais tarde. Mas sempre pensei que uma renovação de quadros iria ao encontro da “batalha” de há dois anos para cá, justificando um triunfo. Mas não, vejo os mesmos, os que bateram palmas, os que bateram palmadas, os que comeram e beberam juntos, os que amuaram ou ameaçaram, sentados nas mesmas cadeiras sem o respeito pela vassalagem outrora prestada, como se tivessem regressado da Diáspora 40 anos depois.
Estranho que o actual líder do PSD se lembrasse de celebrar o 01 de Julho com todos os partidos e esquecesse a celebração do 25 de Abril, razão que lhe dá, a si e aos seus pares, a legalidade de eleição.
Como não me entusiasma, e até me desgosta, ver uma oposição anémica, impreparada, que não tem em consideração o quanto pesam estes quarenta anos de “Jardinismo” na Madeira, sobretudo pelo impacto que teve e talvez ainda tenha, a nível de preenchimento de lugares e empregos.
Março ou Abril estão já aí – medeia apenas o tempo de fazer as malassadas…


Maria Teresa Góis

in:

domingo, dezembro 21, 2014

Ó meu Menino Jesus

Ó meu Menino Jesus

Boquinha de requeijão
Dai-me da Vossa merenda
Que a minha mãe não tem pão.
Ó meu Menino Jesus
Boquinha de marmelada,
Dai-me da Vossa merenda
Que a minha mãe não tem nada. 

                                                                                        Cântico tradicional Natal, Beira Baixa    


Nunca como nos dias de hoje estes versos singelos tiveram tanto peso, tanto significado.
Nos dados do INE relativos a 2012 a pobreza aumentou 19% tendo Portugal dois milhões e meio de habitantes pobres e mais 23% em taxa de risco de pobreza. Referente a 2012 pois, de lá para cá, a União Europeia baixou o marcador, sendo menor o índice com que se mede o rendimento médio das famílias mais baixo (409€).
 Que dados teremos até 2014?
Há oito mil crianças em instituições, crianças que bem podem cantar estas estrofes ao Menino Jesus, apesar da solidariedade portuguesa ser constante, consciente e activa. Apesar de tudo…
Se a pobreza infantil aumentou de 2012 para 2013 em 30%, que futuro teremos para esses pré-adolescentes, esses jovens, esses futuros adultos? Enquanto o povo partilha, o corte de prestações sociais no Orçamento para 2015 é de 272 milhões podendo chegar aos 372, aos 400. Reduz-se 2,8milhões no RSI, 6,7 milhões no complemento a idosos, 6,5 milhões no abono de família, 243 milhões no subsídio de desemprego e as apregoadas cantinas “take-away” ficaram no pregão, no show de tv.
São dados frios, calculistas mas são dados reais. São os dados que nos envergonham, que nos fazem regressar a décadas passadas que não podendo ser apagadas bem podiam ser esquecidas.
O contraste é o despesismo deste governo pelos dados que os próprios e o Tribunal de Contas, publicam.
Arrogantes, frios, incompetentes, hão-de ditar votos de boas festas, prosperidade para o novo ano, quiçá com lareiras ardentes em pano de fundo, esquecendo os aumentos de luz, de transportes, de impostos que nos destinaram, esquecendo o Espírito de Esperança de Natal porque votaram metade da população portuguesa a um empobrecimento determinado, sem que nada no país tenha melhorado.
Eu não os esqueço nem os perdoo, mesmo nesta quadra!
Do orgulho e da indiferença com que tratam os mais desfavorecidos não poderão sentir a Humildade, a Pobreza, a simplicidade, mas também a grandeza, o calor fraterno e universal, a mensagem de igualdade que emana do Presépio.
Que estes amargos de boca sejam breves como seja breve esta legislatura antes que o país desapareça do mapa com a nacionalidade lusa em leilão.
E porque não é repetitivo desejar Boas Festas, assim as desejo – com partilha, harmonia, saúde e muito poder de encaixe e de luta.


Maria Teresa Góis

domingo, novembro 23, 2014

Catarina de Bragança



Quando alguns Nobres portugueses chegaram à conclusão de que o negócio da venda da coroa de Portugal aos Filipes, tinha deixado de ser rendoso e tinha atingido a falência, resolveram mudar de rei.


Infelizmente, esqueceram-se de tomar providências quanto a uma previsível reacção do rei deposto que, por um conjunto de circunstâncias, era, também, rei de Castela e de mais uns quantos territórios.
A guerra foi uma consequência lógica e o novo rei de Portugal, que precisava de aliados, encontrou a solução no casamento de uma das suas filhas com o rei Carlos II de Inglaterra.
A negociação do casamento foi difícil!
Carlos II tinha motivos para desejar mas, também, para temer tal casamento: desejava-o, porque a princesa era bonita e o dote poderia encher os seus falidos cofres; mas, também, receava que isso pudesse reacender a guerra com Espanha.
Resistiu até o dote da princesa ser irrecusável: foi o maior dote de que há memória no Ocidente! Portugal ficou falido, o rei português ganhou um aliado para a guerra com Espanha,  e a Inglaterra ganhou um capital que se transformou no mais rentável investimento da sua história: o império britânico!
Hoje, diríamos que Carlos II deu o “golpe do baú” !
A cerimónia do casamento realizou-se em Maio de 1662.
Assim, começou a parte infeliz da vida de Catarina de Bragança, uma princesa nascida e criada no seio de uma família com cultura, educação e hábitos tradicionais portugueses que, por sua infelicidade, foi desterrada para uma corte que, contrariamente ao que alguns escritores e cineastas de pacotilha nos querem fazer crer, era rude e atrasada em relação à restante Europa.
Catarina, teve um papel importantíssimo na modernização da Inglaterra e na alteração da filosofia de vida dos ingleses pelo que,  embora não suficientemente, ainda hoje é admirada e homenageada.
Provocou uma autêntica revolução na corte de Inglaterra, apesar de ter sido sempre hostilizada por ser diferente mas nunca desistiu da sua maneira de ser, nem consentiu que as damas portuguesas do seu séquito o fizessem.
Tinha uma personalidade tão forte que conseguiu que aqueles (principalmente aquelas) que a criticavam, em breve, passassem a imitá-la.
E assim, se derem grandes alterações na corte inglesa:

O conhecimento da laranja

Catarina adorava laranjas e nunca deixou de as comer graças aos cestos delas que a mãe lhe enviava.

O costume do “CHÁ DAS 5”

Costume que levou de casa e que continuou a seguir organizando reuniões com amigas e inimigas. Este hábito generalizou-se de tal maneira que, ainda hoje, há quem pense que o costume de tomar chá a meio da tarde é de origem britânica.

A compota de laranja

Que os ingleses chamam de “marmalade”, usando, erradamente, o termo português marmelada, porque a marmelada portuguesa já tinha sido introduzida na Inglaterra em 1495.
Catarina guardava a compota de laranjas normais para si e suas amigas e a de laranjas amargas para as inimigas, principalmente, para as amantes do rei.

Influenciou o modo de vestir

Introduziu a saia curta. Naquele tempo, saia curta era acima do tornozelo e Catarina escandalizou a corte inglesa por mostrar os pés, o que era considerado de mau-gosto e que não admira devido aos pés enormes das inglesas. Como ela tinha pés pequeninos, isso arranjou-lhe mais inimigas.
Introduziu o hábito de vestir roupa masculina para montar.

O uso do garfo para comer

Na Inglaterra, mesmo na corte, comiam com as mãos, embora o garfo já fosse conhecido, mas só para trinchar ou servir. Catarina estava habituada a usá-lo para comer e, em breve, todos faziam o mesmo.

Introdução da porcelana

Estranhou comerem em pratos de ouro ou de prata e perguntou porque não comiam em pratos de porcelana como se fazia, já há muitos anos, em Portugal. A partir de aí, o uso de louça de porcelana generalizou-se.
Música
Do séquito que levou de Portugal fazia parte uma orquestra de músicos portugueses e foi por sua mão que se ouviu a primeira ópera  em Inglaterra.

Mobiliário

Catarina também levou consigo alguns móveis, entre os quais preciosos contadores indo-portugueses que nunca tinham sido vistos em Inglaterra.

O nascimento do “Império Britânico”

Como já se disse, o dote de Catarina foi grandioso pela quantia em dinheiro mas, muito mais importante para o futuro, por incluir  a cidade de Tânger, no Norte de África e a ilha de Bombaim, na Índia.
Traindo os Tratados que tinham assumido e com a desculpa de que o rei de Portugal era espanhol, os ingleses conseguiram, apesar do controle da Marinha Portuguesa, navegar até à Índia onde criaram um entreposto em Guzarate.
Em 1670, depois de receber Bombaim dos portugueses, o rei Carlos II autorizou a Companhia das Índias Orientais a adquirir territórios. Nasceu, assim, o Império Britânico!

Hoje, há pouca gente que saiba a importância que a Rainha Catarina teve para os ingleses e o carinho que eles tiveram por ela. A sua popularidade estendeu-se até à América, onde um dos cinco bairros de Nova Iorque (Queens) foi baptizado em sua homenagem.

Em 1998, a associação “Friends of Queen Catherina” fez uma colecta de fundos para lhe erguer uma estátua; não o conseguiu, devido à oposição de alguns movimentos cívicos que acusaram Catarina de ser uma das promotoras da escravidão.

Mais uma vez, a ignorância venceu!...

Autoria: Arnaldo Norton