25 de janeiro de 2011

[nunca pensei]

que um gabinete sem janelas ou sem a presença da luz do dia fosse fazer tanta diferença no meu trabalho...

que chegasse a uma altura em que não iria querer lembrar-me em pormenor, ver fotos ou vídeos do meu pai só para não ter que sofrer...

que pudesse suportar determinadas situações e continuar impávida e serena como se nada fosse comigo (e na realidade não é, se for a pensar bem)...

19 de janeiro de 2011

ok.
conhecem aquela sensação do: "seria tão fixe que isto acontecesse.. tenho tudo pronto para isto acontecer... mas nunca vai acontecer..." ?
É nesse "pé" em que me encontro.
Eu sei que nós é que fazemos os nossos caminhos.
Eu sei que se algo não mudou, foi porque EU assim o decidi (independentemente dos "conselhos", das "coações psicológicas" e das "influências").

ok.
conhecem aquela sensação do: "fiz a minha decisão... mas não era bem isto que eu queria... mas fiz na mesma... or what'ever... merda, o que é que eu faço agora? será que se tivesse ido pelo outro caminho, estava com esta mesma sensação?..."
É nesse pé em que me encontro.
Eu sei que nós é que fazemos os nossos caminhos.
Eu sei que tomei esta decisão e agora não há nada a fazer.
Mas também sei que se por ventura tiver que ser, será.
Até porque acima de tudo, o meu Patrão tem tudo controlado e não me vai deixar ficar mal.

ok.
conhecem aquela sensação do: "porque carga de água estou a repetir tantas vezes as mesmas frases?... serei algum poeta trovador? merda... cala-te mas é e põe-te a andar."
é nesse pé em que me encontro.

30 de dezembro de 2010

Resoluções para 2011

A saber:
- escrever um livro (não importa o tamanho nem o conteúdo. Tenho q escrever);
- ... (eu cá sei.. Não posso ainda revelar);
- continuar a minha caminhada de cabeça erguida. sempre.
- fazer algo que honre a memória do meu pai;
- tentar tirar a banha da barriga antes do verão (uma resolução profunda, esta);
- ver/estar com a minha família mais vezes;

As restantes lembrar-me-ei ao longo do ano e hopefully as cumprirei (não é esse o objectivo das resoluções?!)

Final de 2011 cá estarei para fazer o balanço final.
Bom ano.

9 de dezembro de 2010

a vantagem de ter um blog

Estamos na iminência de entrar em 2011 e em Fevereiro farão 7 anos que mantenho este blog activo (apesar de não ter havido muita actividade nos últimos tempos).
No entanto, após os facebooks e as 1000 formas que agora existem para dizer ao mundo e aos "amigos" que vamos dormir e o que é que vamos jantar, chego à conclusão de que este blog é o meu trullyme. Nasceu, cresceu e estagnou comigo. Por isso não o vou abandonar (apesar de parecer que sim desde agosto...).
E agrada-me só ter 2 ou 3 pessoas a ler o trullyours. Eram 4 mas o meu pai já cá não está para ler.
Por isso agradeço às 3 pessoas que me lêem "assiduamente". Eu sei quem vocês são!

Posto isto, acho que sim, que vou voltar ao trully.
Mais que não seja para voltar a dizer disparates e coisas que parecem interessantes, porque essa vontade desapareceu à muito.

8 de agosto de 2010

pequeno desabafo

Já tinha escrito isto? Ainda não?
Então escrevo agora.
O cancro é a doença mais filha da $#*% que existe.
Revolta-me pensar no número de pessoas que já foram ceifadas.
E no que toca a mim, não eram apenas pessoas. Eram pedaços de mim mesma; ícones; role models; seres humanos exemplares.

Este fim-de-semana foi-se mais uma. Não era muito chegada a ele, mas bolas... Tinha 17 anos e era um amor de pessoa.
Mas tirando as palavras de alguém, a esta hora está ele a rir-se da dor que sentia e que agora lhe passa completamente ao lado.
E tudo isto me fez reviver o momento em que perdi o meu pai.
Eu sei que isto já parece trully depressed mas não quero saber. Tenho que o dizer:
Queria o meu pai de volta. Mas a realidade é que ele não vai voltar. A realidade é que ele se foi. E tenho que dizer isto a mim própria todos os dias. Ainda hoje...

[brevemente acabarei com este blog trullydepressed e voltarei ao trullyours.. até já ]

28 de julho de 2010

o prazo de validade

Há uns anos atrás, acompanhei os meus avós a uma consulta e nunca mais me esqueci do que o médico disse ao meu avô: "Todos nós temos um prazo de validade, não é verdade, Senhor Honório?"

É verdade. Custa-me admitir que sim, que é verdade que os velhos deixam de ser novos e acabam por sucumbir devido ao prazo de validade colocado cruamente no recipiente da sua vida.
O prazo da minha avó terminou ontem.
Frágil e pequena, não resistiu aos abanões físicos que a vida lhe pregou. E assim se foi, sem a minha despedida.
Hoje paro para pensar em tudo, em tudo o que vivi com ela e em tudo que agora se tornaram memórias.
...

Adeus *

20 de julho de 2010

Pós-parto

Será uma memória a reter até ao resto da minha vida:
as dores, a calma, a respiração, o apoio do mimo, a [minha] boa disposição e acima de tudo a vontade de ver a minha filha.
Muitos me perguntam como me aguentei sem epidural porque segundo muitas mulheres, as dores são insuportáveis e muito fortes. Encontrei a resposta uns dias depois do parto [11julho2010].
Durante esta gravidez, nada suplantou a dor que eu senti [e sinto] quando perdi o meu pai. Por essa razão, as dores de parto não me incomodaram. Tive que encontrar uma força interior que me permitisse ultrapassar o momento de forma calma e altruísta. E essa força deu-ma o meu pai, o avô da minha filha.

27 de abril de 2010

acho piada...

... às pessoas que gritam comigo descontroladamente por questões de trabalho com as quais eu não tenho responsabilidade nenhuma
... às pessoas que PENSAM que têm a faca e o queijo na mão
... quando sei PERFEITAMENTE quando vêm com falsos moralismos

Não só acho piada como também me divirto. Imenso.

23 de abril de 2010

E um mês passou.

E passaram muitas lágrimas.
Caídas por desespero, saudade, raiva, culpa, tristeza, auto-consolo e sobretudo pela falta, pela ausência e pelo silêncio que ouço nitidamente.
Nunca pensei que 2010 fosse assim... Por um lado com uma perda imensa, mas por outro com um prémio de uma nova vida que aí vem (the circle of life). 
E é essa nova vida com uma tela em branco por desenhar que eu me quero agarrar, sem nunca esquecer de que de certeza que vou pintar os fortes traços do meu pai nessa tela.
O luto (e a luta) continuam mas não da forma convencional... Sei muito bem o que ele me diria se me visse a chorar ou se me visse triste.
Será que eu poderia viver sem esta dor? Poderia, mas não era a mesma coisa. Não seria a realidade.


"Se prestarmos bastante atenção, sempre conseguiremos descobrir alguma compensação no sofrimento."
William P. Young. "A Cabana"

Sim. E um mês passou. Venham muitos mais.

15 de abril de 2010

diário para o/a bebé #1

  • Ganhei um cabaz da Páscoa cheio de coisas boas, mas que infelizmente NÃO posso comer (presunto, salpicão, linguiça,...). Quando deixar de amamentar vou-me empaturrar com estas coisas todas (but no hard feelings babe!)
  • Pedi-te mil desculpas por ter estado a chorar desalmadamente esta semana e tu respondeste-me com um pontapé onde eu estava a fazer festinhas. Não faz mal se não foi intencional, mas senti que me estavas mesmo a ouvir quando te disse que se conhecesses o meu pai (o teu avô) ias perceber o porquê daquela choradeira, naquele momento e naquele dia.
  • 26 semanas já passaram - com poucas fotos (eu sei que me vou arrepender depois, mas dadas tantas circunstâncias era um pouco impossível - vou tentar tirar mais) mas apesar de tudo, muito feliz interiormente. Imagino como serás... Terás as mesmas bochechas que eu quando era bebé?!