Não é coisa pouca: em 6 épocas de
Jesus, fizemos jogos europeus brilhantes, fomos a duas finais europeias mas deliberadamente esquecemos,
ostracizamos, excluímo-nos da Champions League.
Era (é) assim o nosso
ex-treinador: intuitivo e por vezes brilhante mas provinciano e pequeno perante
os grandes palcos onde só os maiores têm lugar e se disputam, de facto, as
grandes decisões.
Por isso, fugiu da Champions como o demo da
cruz, temendo a derrota, a humilhação: fraco perante os fortes, é disso que se
trata.
Esta postura cobarde e pequenina
fez escola entre uma comunicação social tendencialmente ignorante, sabuja e
também ela provinciana, para quem o futebol actual se resume aos recordes,
birras, trejeitos e tiques de Cristiano Ronaldo ou aos seus supostos duelos com
Messi.
Tudo isto a propósito do próximo
sorteio da Champions.
Ficamos em 2º no nosso grupo e a consequência
será jogarmos com um dos primeiros classificados dos outros grupos.
É este o formato da Champions,
uma competição sem o glamour e o fascínio da velhinha e saudosa Taça dos Campeões
Europeus, mas cujas regras são conhecidas.
E o que faz a imprensa desportiva
portuguesa?
Pois bem, acena com papões,
visões dantescas, enchendo a boca e alma com supostos tubarões que nos
trucidarão sem dó nem piedade.
Abdicando pura e simplesmente do
seu papel formativo e informativo, a jornalada escrita e palrada, limita-se a
propagandear, a manipular, a condicionar e a quase aterrorizar o Benfica e os
benfiquistas.
Já levo uns anos disto e já vi o
Benfica defrontar o grande Bayern de Sepp Maier, de Franz Beckenbauer, de
Breitner, de Müller e de tantas outras estrelas.
Empatamos na Luz e levamos 5 em
Munique: o Benfica continuou a ser grande, respeitado, admirado.
E o que dizer daquela terrível
noite de Março de 1984 em que o mítico Liverpool de Souness, Dalglish, ian Rush
& Co. dizimou completamente o grande Benfica de Eriksson ?
Acaso deixou o Benfica de ser
enorme, admirado, respeitado, quase venerado em Inglaterra?
É pois isso, que temos de evitar:
este clima de quase histeria em que nos querem envolver, condicionando-nos logo
á partida e derrotando-nos ainda antes de qualquer sorteio.
Sabemos das nossas
possibilidades, e conhecemos as nossas limitações; não nos deixemos porém
abater por meia dúzia de carapaus de corrida, por muito que nos falem em
tubarões.
Aconteça o que acontecer, não deixaremos de ser Benfica e, sobretudo, de estar no nosso lugar: entre os maiores.
RC