Trans-versões: Versos Imaginários
Volto ao Blog Trans-versões agora visando literatura, críticas artísticas, linguagem e, quem sabe, não tem jeito, política...
2.11.10
É representativo desta eleição que a primeira vez que se fale em economia de forma um pouco mais claro seja no primeiro discurso da já Presidente Dilma. Já falei para muitos amigos e digo aqui: o primeiro turno foi uma discussão condominial, e de condomínio recém inaugurado! Basta ver que quando Serra e Dilma falavam de saúde o debate era em torno de quantas unidades de saúde seriam construídas. O segundo turno foi igual nas propostas, mas no restante, a postura foi de cristãos recém convertidos.
Enfim, ainda bem que passou... Agora os programas políticos de duas folhas podem ir para o triturador. Neste país, só se discute os grandes problemas da nação depois das urnas. E de portas batidas. Batidas apenas, não precisam passar a chave. Ainda não amadurecemos para o debate político. Mas, não fiquem preocupados, nossa democracia é jovem.
17.10.10
Visões Que Tive Quando Pisquei Depois De Te Ver
Quando passaste do meu lado,
Peguei meu elefante alado
E cavalguei pelas estrelas
Mais frias do oceano.
Quando afogado no oceano vermelho,
Talvez morto, louco fiquei.
E no sonho da loucura,
Andava nas linhas das partituras,
Caía num copo de leite,
Pegava o barquinho de papel, voava até
A torre, beijava-te no vazio.
04/10/2001
Marcadores: Literatura, Poema, Poesia
10.10.10
Os Votos da Marina
A última coisa que Serra e Dilma – e qualquer analista – deve pensar é que o eleitorado de Maria é monolítico. Ela agrega os verdes, os evangélicos, os descontentes com o PT, parcela da classe-média insatisfeita, e tantos outros. Então, não será com uma estratégia única que Dilma ou Serra vão angariar os votos do fenômeno.
Na pesquisa do Datafolha de ontem, dia 9/10/2010, Dilma tem 48% e Serra 41% do total de pesquisados. Só os válidos, seria 54% para Dilma e 46% para Serra (http://eleicoes.uol.com.br/2010/ultimas-noticias/2010/10/09/datafolha-mostra-dilma-sete-pontos-a-frente-de-serra.jhtm).
A pesquisa confirma algumas impressões: muitos votos de Maria vão para Serra e outros tantos para Dilma; um punhado irá anular ou votar em branco e tem uma boa parcela de indecisos. Deem uma olhadela no link acima.
E não é preciso ser madame Zoraide para saber que o PV irá dar apoio declarado a um dos partidos enquanto Maria não irá apoiar ninguém. Confirmando-se, isso pode ser uma grande tacada dela: sua bandeira foi uma terceira via; caso declare apoio a um dos candidatos sua imagem pode ficar manchada perante parcela do eleitorado. Por isso, a decisão do PV será só pelo dia 17: minimizar desgastes.
Vamos votar consciente, meus amigos! Sugiro como colírio de lucidez assistir ao “Tropa de Elite 2”: um manifesto por um Brasil melhor e, principalmente, cinema de primeira.
23.9.10
O Menino Vestido de Soldado
Há um tijolo não posto;
Há desejos ardentes recatados;
Há sentimentos represados;
Só a guerra está livre.
O Menino vestido de soldado.
A luz do sol ilumina o mundo,
Mas não podemos vê-la.
Queria frequentá-la, ficar ao lado dela,
Mas as pessoas não saem da frente de suas calçadas.
O Menino vestido de soldado.
Os ataques terroristas tornaram-se frequentes;
A violência vive à esquina;
As mulheres e os homens só pintam auto-retratos,
Mas alguns ainda têm esperança.
O Menino vestido de soldado.
Há crise de hemorragia verbal.
Os espaços foram ocupados por cartazes
Virtualmente há espaço para todos.
Mas os ouvidos não cresceram.
O Menino vestido de soldado.
Eles querem gritar, mas como soldados
Perderam as cordas vocais nas guerras.
Não tem papel, não tem cartaz,
Não se protesta contra o carinho do carrasco.
O Menino vestido de soldado.
Muitas bombas caíram.
As crianças ficaram surdas.
Ótimo! Os soldados estão mudos!
No mundo, não há diálogo.
O Menino vestido de soldado.
Pelo balancim, vejo uma mulher.
A água manchando os seios
A procura de sexo. Fui mutilado
Na guerra. Mas ainda vejo.
O Menino vestido de soldado.
A cidade está fechada. Os homens
Estão aquartelados. Seria
Um bombardeio? A esquadrilha?
Não! Tenho certeza, algo nasceu!
O Menino vestido de soldado.
Os desejos são mediatos.
Não se tem mais ânimo para o último tijolo.
O indivíduo é que vale.
Mesmo assim, sei, algo nasceu.
O Menino vestido de soldado.
O marchar dos soldados
Abafa os gritos. Mesmo as pessoas gritando
“Umbigo maior que o mundo”
Acredito (iludo-me?), algo nasceu.
O Menino vestido de soldado.
Do lodaçal, da eterna guerra,
Das relações líquidas, entre amores cegos,
Relacionamentos surdos, uma justiça muda,
Ouso dizer: algo nasceu!
O Menino vestido de soldado.
Alguns dirão: “Impossível!”
O que pode sair de uma
Salgada terra de sombras?
“Uma flor?!”
O Menino vestido de soldado.
Não são todos os dias
Que temos a sensibilidade para ler jornais.
A corrupção, o sangue, os fluidos corporais,
As atitudes artísticas, a queda da bolsa, os protestos,
O Menino vestido de soldado,
Os protestos e os objetos dos protestos.
A globalização, as barrigas vazias,
As crônicas de Amor,
Tergiversaremos tudo. Até sobre
O Menino vestido de soldado.
Do pelotão de fuzilamento,
O mundo baixa suas calças
E balança seu pênis, vindo nos currar.
E apenas lamentamos.
O Menino vestido de soldado
Está no pelotão. A infância corre
Entre seu fuzil e o muro:
Suas pipas, seus jogos, seu Navio Pirata
Aportando na ilha das sereias dos seios fartos.
O Menino vestido de soldado.
Não sabemos como terminar
O trabalho. Não porque temos a limitação
Dos quebra-cabeças, mas porque os tijolos
Não tem arestas e o ar é limite.
O Menino vestido de soldado
Não conhece o poeta.
O mundo não conhece o poeta.
O paredão não sabe do poeta.
A flor nasceu sem saber do poeta.
O Menino vestido de soldado.
Aguardemos! Amanhã o prédio terá
Mais um pavimento.
_____________________
Quero ser lírico!
O Menino vestido de soldado!
Corpos esquartejados, metralhados.
Rimas desgastadas, retalhadas.
Uma agulha para costurar
As cordas vocais do poeta.
O Menino vestido de soldado.
Não estava fardado.
Estava vestido. Entoava
Um hino de guerra de “som e fúria”,
Com sua voz tati-bi-tati.
O Menino vestido de soldado
Deseja Belém;
Lembra-se do Iraque;
Inventa Rio de Janeiros.
Em São Paulo, longe do Eldorado,
O Menino vestido de soldado
Assiste a um Teatro de ódio.
Um mundo a duzentos quilômetros por segundo
E as pessoas só se dão as mãos
Quando se saturam o peso do andar.
O Menino vestido de soldado.
Falarei de sexo e de cidades.
Versificarei o amor, insônia, solidão.
Bardo de coisas não vividas e indignidades. Gritei
Ideias que queriam antes explicar e não mudar o mundo.
O Menino vestido de soldado.
Mas não escrevi muitas dores,
Ou sobre lugares queridos, entes queridos.
Falta falar da angustia do amor e sexo.
E da relativização das minhas ideias.
O Menino vestido de soldado
Impõe a mira nas fuças dos desertores.
O paredão está disputado. Mas a flor
Enfrenta os tijolos; fura o paredão.
Agride o mundo e a guerra e se entrega a
O Menino vestido de soldado,
Que joga a arma, deserta, desposa
A prisioneira. E a flor?
Talvez uma esperança, o Salvador, a liberdade.
Amor? Ou não mais que um poeta?
O Menino se despiu!
Iniciado em: 19/09/2007
Transcrito em: 17/04/2010.
Marcadores: Literatura, Poema, Poesia
13.9.10
O mais engraçado desta campanha do para deputado federal em São Paulo, é ver o Magila alfinetando o Tiririca, dizendo que campanha é coisa séria. Lembrando que o Magila é do mesmo partido da Mulher Pêre (funkeira) e da Cameron Brasil (atriz pornô).
1.9.10
Feliz Aniversário
Feliz Aniversário!
Dez anos se passaram
Entre o primeiro tijolo
E o Castelo.
Muitos problemas foram postos,
Mentiras foram escritas.
Minha língua se feriu
E deu em verborragia.
Mas pouca coisa foi divulgada.
Pouco da minha angústia foi citada.
Talvez uma ou outra em rima maldita.
E só agora alguma coisa é tida
Por sólida. Quem sabe este Castelo.
Em dez anos, pouco me expus.
Adquiri cabelos brancos,
Fui desrespeitoso ao abusar
Dos versos mancos.
Angustiei-me, cansei de invejar.
Bebi todas as ilusões
E acho que continuo em coma.
Sonhei tão alto
E continuo em um Castelo
Que traduz o mundo.
Acho que pouco me serve.
Estou em um salão
Imenso, cantando ‘parabéns’ sozinho.
É vazio, sem flor nem balão.
Só há uma mesa nua
Pedindo por um pano de linho.
Também fico nu diante da mesa.
Roço-me nessa mesa.
Violento essa mesa.
Copulo com essa mesa.
Tudo bem, ninguém vem à festa.
Acho que me cansei dos tijolos.
Por isso falo do Castelo.
Mas os homens e as mulheres estão de fora.
Mas tenho vergonha do meu corpo pelado,
E medo de darem pauladas nas minhas crianças.
Mas tenho que me vestir.
Tenho que superar o Castelo.
Tenho que levar minhas crianças ao parque.
Sonho em encher o salão de festas.
“Parabéns.”
30/08/2010
Dez anos se passaram
Entre o primeiro tijolo
E o Castelo.
Muitos problemas foram postos,
Mentiras foram escritas.
Minha língua se feriu
E deu em verborragia.
Mas pouca coisa foi divulgada.
Pouco da minha angústia foi citada.
Talvez uma ou outra em rima maldita.
E só agora alguma coisa é tida
Por sólida. Quem sabe este Castelo.
Em dez anos, pouco me expus.
Adquiri cabelos brancos,
Fui desrespeitoso ao abusar
Dos versos mancos.
Angustiei-me, cansei de invejar.
Bebi todas as ilusões
E acho que continuo em coma.
Sonhei tão alto
E continuo em um Castelo
Que traduz o mundo.
Acho que pouco me serve.
Estou em um salão
Imenso, cantando ‘parabéns’ sozinho.
É vazio, sem flor nem balão.
Só há uma mesa nua
Pedindo por um pano de linho.
Também fico nu diante da mesa.
Roço-me nessa mesa.
Violento essa mesa.
Copulo com essa mesa.
Tudo bem, ninguém vem à festa.
Acho que me cansei dos tijolos.
Por isso falo do Castelo.
Mas os homens e as mulheres estão de fora.
Mas tenho vergonha do meu corpo pelado,
E medo de darem pauladas nas minhas crianças.
Mas tenho que me vestir.
Tenho que superar o Castelo.
Tenho que levar minhas crianças ao parque.
Sonho em encher o salão de festas.
“Parabéns.”
30/08/2010