domingo, 24 de maio de 2009

VOCÊ É MEU LANCE


Me espera no teu sonho que eu chego já
Por favor
Me espera
Não vá morrer na minha frente
Viraremos algumas ainda juntos
Antes de trocar de cama
Dai vamos embora
Esse é o plano
Sem choro
Sem manta
Colocar a melhor roupa
E encarar a vida de vez

Douglas Campigotto

quarta-feira, 20 de maio de 2009

NADA MUDA TUDO


De quinta a domingo quanta coisa muda
As cores, as dores, o muro
Acordar tarde, falar dos ares, gesticular muito
As histórias sobre marte
Ficar dias mudo
Falar sem palavras
Muda tudo
O filho vira pai
Sem gozo
O casal se desfaz
Um irmão chora, o cachorro adormece
A mãe se vai
O mato d
esce, as árvores caem
As ondas vem e vão
Mudam-se os interpretes
Os artilheiros
Os instrumentos, os utensílios
Muda tudo

De feliz a carrancudo
As unhas crescem, cravam no mundo
Arranhões que custam a cicatrizar
Tempo há de abrir para fechar
Inverno, verão, outono
Primavera
Carnaval
Reveillon
Copa do mundo
Em menos de um segundo
Tudo muda
Muda tudo...

Douglas Campigotto

segunda-feira, 11 de maio de 2009

E POR AI VAI...


Estar por ser
Ficar sem ter
Permanecer sem parar
Conseguir sem querer
Coisas simples
Ser sem estar
.
Douglas Campigotto

sexta-feira, 1 de maio de 2009

DIA FRIO


Na cama de alma acesa, o dia encanta, o sol chamando pra brincar, entre um toque e outro, toca o telefone, notícias chegam, continua o embalo, o corpo não pára, no enrosco da saia, ao pé do ouvido com os olhos gulosos, dizendo que ama enquanto levanta, é coisa de vanguarda.
Pensamentos nobres, sentimentos pobres, misturam-se entre a fumaça que já não disfarça, ecoa lá dentro, viagem é coisa séria, vem à tona desejos, detalhes, anseios, revelam-se as mazelas, provocando a loucura do outro, egoístas, afetados por tão pouco.
Falando sem saber a hora, escorre pelo rosto, pelo peito, pela boca as faíscas viram fogo que queima, olhando em volta, quanta coisa não jogamos fora, a fumaça atrapalha, de um jeito tímido colhemos nossos restos sinceros, juntamos algumas tralhas, deixando de lado as migalhas, pensando no que sempre fala: pra sempre!, ou, até o fim.
Aos poucos o fogo passa, ainda restam brasas, mas já não há fumaça.

Douglas Campigotto