quinta-feira, 11 de outubro de 2012

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Do que não se desfaz.

Do que fica guarda-se pouco. Algumas palavras, uns xingamentos, outras saudades e por aí vai. Difícil guardar coisas boas em baús fabricados por mentes atordoadas e temerosas de terem sempre escolhido o pior caminho.

Guardar pessoas fica impossível, ás vezes. Eu me vejo tentando isso a todo instante. Quero guardá-las pra mim e as perco em um piscar de nãos. Ando meio desligada da vida ou ela que se desligou e eu estava tão distraída que nem notei o curto e o circuito em que ela sumiu. Eu queria era dormir um pouco, mas as coisas mudam enquanto você dorme, aí você fica assim esperando que mude na sua frente, de olhos abertos e nada acontece.

Viro e mexo e cá estou procurando coisas nesse monte de entulhos que se tornou o meu tempo.

Queria estar aí...ah como queria!!!

Poucas coisas me fazem falta, mas hoje a falta delas se fez. Aquelas bobagens que dizíamos antes de nos despedir, aquele, aquilo, aqui...
Seu telefone ainda está acima das "coisices" que teimo em guardar. Mas não ligo. Quero só ter a crendice besta de que um dia, um qualquer dia, você atenda.

Só isso e outras poucas manias eu guardo, o resto eu já deixei ali fora, no lixo da área, talvez amanhã ou depois eu coloque pra fora.

Ainda é cedo e o cheiro não me incomoda.

Carla Abreu.

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Desenhando malas e rabiscando sonhos

Hoje acordei meio papel em branco...Sentindo que uma nova escrita esta por vir.
tenho medo de mudanças...
Por isso gosto de malas, você coloca tudo ali e fica tudo paradinho, esperando que você a desfaça na hora que você bem entender.
A vida pede mais... Ela desorganiza, desfaz e cá estou eu inventando formas, caixas, jeitos, palavras e tudo mais pra deixar nos "tempos de minha paz".
Um dia,passando tempo na poeira do quintal do meu avô, ele sentou perto e me disse:
- O que é isso?
- Rabiscos...
Pouco depois ele desenhou uma maleta ao lado e disse, junta tudo aí e leva. Mais cedo ou mais tarde você vai precisar de sonhos rabiscados por você.

sábado, 8 de janeiro de 2011

Vivânsias

"Bem, sei que é difícil entender, mas cresci acreditando em auroras. Não assim como qualquer coisa, era aurora de meio de sonhos. Aquela que você não vê, mas sabe que clareia devagar pedaços de sorrisos. Sei que vai falar mais uma vez que fantasio significados, mas juro que não. Vivo em total sintonia com a realiddade. Calço meu pés todos os dias antes de sair de casa com aquela sapatilha rosa cinderelesca e visto algo que tenha azul, cor de céu, é que sempre há nuvens aqui dentro, meio sol e chuva. Entende? Pois é, talvez por isso você se queixe de estar só."

Carla Abreu.

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

SaudosIdade

“ O tempo passa”, a gente ouve isso a vida toda e não se dá conta da velocidade com que isso acontece. Mas pior que o tempo passar é o que passa com ele. Sorrisos, abraços, laços esquecidos ou desfeitos,promessas, pessoas.

Ah, pessoas! Essas sim, não deviam passar nunca. Nem as que foram ruins, todas deviam continuar ali, estáticas. Esperando um pedido de desculpas, um “eu te amo”, um “talvez”. Queria todas ali pra eu poder gritar, amar, esbravejar, olhar...

Sim, eu queria poder olhar cada uma. Contar das minhas novas e velhas-idades. Mostrar o que eu aprendi a fazer com nuvens e que o sol de vez em quando visita meu quarto e acordo sorrindo e esqueço o mau-humor matinal e que sei do cheiro das cores e que a vida ensinou tanto,

de flores e farpas.

Queria ter mais delas, além do insistente gosto de passado que trago na boca do meu peito.


Carla Abreu

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Das coisas que sei contar...

De vida eu não sei nada. Sei de estrelas, de flor, de sol e do pé de nuvem que meu avô me deu. Se souber conversar sobre isso, acho que eu consigo. É que também não gosto muito de falar com gente. Na verdade, até gosto, mas não sei falar sobre coisas que todo mundo fala. Falo de absurdidades, já dizia minha mãe.

Das vezes que falei de seriedades sempre lembrei do meu pé de nuvem. Nunca vi algo tão bonito e tão branquinho. O Vô me deu quando ainda era menina. Mandou eu engolir a semente e ficamos olhando pra dentro. O Vô via as nuvens se formando em mim e ria. Falava que dali pra lá eu seria cada vez de uma forma. Um dia brinquedo, outro bicho e até flor. Ás vezes eu também ia ser nada. Mas, tudo ia depender de quem me molhasse.

Eu quis saber o que ele tava vendo. Ele não quis contar. Me abraçou forte e falou que agora era macia que só, pois a alma plainava feito fumaça branca no céu.

Carla Abreu

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Beatriz

Ela apareceu num dia meio sim e meio não. Aqueles dias que você não sabe se faz sol ou chuva. Acho que na hora da chegada não chovia. Veio como Régia-flor, mas não se abriu e nem cheirou pelo ar.

Fez se apenas presença contínua.

Trazia sinais reconhecíveis pela face e perfil do grão maduro da vida. Soltou um chiado de voz, como se avisasse que chegava pra mim.

Se enfeitou de cores mudas...

Carregou meus olhos por entre as mãos, encostou na minha face e disse em silêncio que seria minha,

filha.


Carla Abreu