Thursday, May 31, 2007




Contrastes da paisagem

Em lugares assim recolhi lendas,
pedaços de tecido e linha com que me coso
e essa luz que passa pelos interstícios,
dão coesão há tela ou cortina de fendas,
mostrando a quem caminha ao sol, pesaroso,
que o homem é a amalgama de cheios e vazios.
A pequena folha do sobreiro constrói maciços
e o mato, singelas vivazes, cobre o imenso solo
protegendo até os austeros capotes de cortiços,
nesta irmandade verde seco sedento de consolo,
que chora ao astro impiedoso a sua sede,
efémero exercito de vida que regressa anualmente
ao lugar onde morre e onde a semente sente
o efémero festival que a seca antecede…

Saturday, April 14, 2007


Many asked why…: why was it empty…?
…and what was it diverting our attention from…?
…if the Truth is so far away…
…and the distance is yet to come…

Sunday, March 18, 2007

No acontecer

No momento em que cais
seguro-te parando o tempo,
admiro as tuas cores fatais
e congelo o teu movimento
com a curiosidade infante
de quem vê chegar o Outono
no primeiro instante
depois do primeiro sono…

acaricias-me a inocência
perdida na tua sombra,
coroas-me com paciência
e observas a minha ronda
aprendendo com a criança
como se mestre do fado
trovasse modas em transa
que nunca haverias sonhado…

…tua humildade é a lição por beber

(foto de Ricardo Alves)

Sunday, March 11, 2007


The tree in which the World is planted…
The roots from which the Universe is born…
The light through which Art is created…

Tuesday, February 27, 2007


The Reinterpretation of Exodus

The hands of Mankind creating the excess of information…
The Overabundance of Man…

The Reinterpretation of Genesis

The hands of God creating the modern world…
…The Contemporaneous in God…

Friday, February 09, 2007


The Domino of the Insane…

Dialogue between the left and the right side of the Heart…


Monday, January 29, 2007


Memórias de um Profeta

Entornando um labirinto de sábios sobre o brilho de um deus profético… soprei a vossa morte para dentro de mim… consciente de que o Uno não existe, nem se encontra…
…Consciente que o timbre passado é um coro demente… e que o futuro já tem nome e propósito…
No fundo… consciente da triste ilusão dos objectos…
…e do objecto que é o homem…

Memórias de um Poeta

Passeava para longe da cidade, dos ruídos e da poeira… quando após um instinto, te encontrei sozinha e pensativa, enquanto descansavas sobre a vida…
Tália – Ninfa da Juventude
Logo pensei…: Como é bela… graciosa…
Tentei em vão tocar-te, agarrar-te…
…Fugidia…
…fiquei somente com as palavras… e um solstício de magia outonal…

Sunday, January 14, 2007


A Cristandade dos homens

Disfarçada de religião,
essa necessidade tão antiga
como a conquista da razão,
força e motor de moral
que lhes dá a ilusão
de compreender o infinito

Nobre nome emprestado
a esta nova disciplina,
exercício de auto bajulação,
que os faz esquecer o ditado
pela mãe de toda a sina
anterior a esta falsa religião

O ídolo não é culpado,
porque a sua lição tinha valor,
mas os homens destruíram
a bela mensagem do crucificado
com as suas acres formas de amor
e o ceio da deusa envenenaram
com uma ingratidão apodrecida
pela avara vontade de esquecer
as antigas lições da terra traída,
que continua a absorver,
sem alento para retaliar,
as punhaladas da prol adulta
disfarçadas de um doce beijar
espiritual, que a ignorância exulta.

Thursday, January 11, 2007

Digging up the Rainbow
(Desenterrando o Arco-Íris)
Shiro
(Branco)

Sunday, November 26, 2006

Na claridade do seu ledo reflexo, o pescador havia perdido por fim, esse breve e limitado desejo que habita em cada ser humano…: a unidade…
…Aceitando agora e eternamente… a Natureza a nascer de si…

Monday, November 20, 2006

Sintra II

Já lá em cima perguntei ao guardião
se queria que o rendesse, na manhã fria.
Orgulhoso e altaneiro disse-me que não,
pediu-me só que lhe fizesse companhia.
Sentei-me num colosso de basalto, calado
percebi que me olhava as feridas, pensava…
– O que há aqui de valor tão pesado,
Que vos faz subir de gatas e deixar as asas no caminho?
Sintra I

No caminho do anjo perdi as asas…
era estreito demais para ser alado
e confiei não precisar dessas farsas,
para subir a serra do passado.
Então prostrado gatinhei sangrando,
feridas que não me deixam esquecer;
todos os anjos voam e eu ando,
agrilhoado à pesada herança do meu ser

Thursday, November 16, 2006

Do humans work at solar power…?

Sunday, November 05, 2006

Pulo do Lobo – Terceiro Momento

Hipermetropia – Aqui… longe dos ouvidos do mundo… tu choras este teu lamento divino…: pobre sombra do profeta…
…Pobre senhor dos dias…
Pulo do Lobo – Segundo Momento

Ostracismo – O gigante acordando ao teu colo… Olhando o respirar… respirando o seco olhar do céu…
…Recordando o esmorecido de outrora: o inóspito…
Pulo do Lobo – Primeiro momento

Automimetismo – Mosaicos da tua plangente memória… da idade que a manhã me enche de beijos… do mundo interrompido por deus…
…Do teu mundo: triste mago…

Wednesday, September 20, 2006

Anteu
Anteu

… a injustiça de toda esta trama, o mesmo enredo que me fez criar ardilosas defesas empurrou-me para a derradeira armadilha da vida e neste penoso caminho que faz o sangue vir à boca, sou confrontado a cada passo com o desafio de conhecer o próximo…e o próximo…e o próximo…

Este pesado fardo de granito é o mais leve adereço de toda a cena… pesado é conhecer um destino ao qual não podemos fugir.
...

Anteu poderia facilmente erguer aquela grande pedra, se em vez de usar a força bruta dos braços os baixasse e usa-se o poder do seu grande coração… mas a cada momento nos reprimem a força dos sentimentos…

Wednesday, September 06, 2006


O que é a vida de um carvalho em pleno montado?
...
O que é a alma de um pastor de carvalhos, dispersos pelo montado?
...
Que homem é esse que tenta vestir a casaca de cortiça, cujos pés descalços se enterram no chão, que deixa o cabelo crescer, para um dia ser carvalho?
...
Que morte é a do homem que tentou viver como um carvalho?
...

Agradeço ao Luís Silva por ter tirado a fotografia no momento exacto em que por momentos fui um carvalho…