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segunda-feira, 31 de março de 2008
TEMPO DAS SOMBRAS
sexta-feira, 28 de março de 2008
Portishead, Coliseu dos Recreios 27/03
P-E-R-F-E-I-T-O!
Após a bem recebida actuação do grupo húngaro “A Hawck and a Hacksaw”, que se assemelha muito ao som de Emir Kusturica, as luzes ligaram-se para revelar um Coliseu cheio pelas costuras e onde tresandava a expectativa e tensão no aproximar do momento esperado. Depois de um silêncio de dez anos, “Silence” rompeu a barreira da ausência musical desta banda de Bristol, que, por coincidência, inaugura também o novo álbum dos Portishead, “Third”. Um alinhamento equilibrado entre os novos temas de um grande álbum que, ao vivo, ganham uma ainda maior dimensão e os outros temas extraídos dos anteriores álbuns “Dummy” e “Portishead”. A voz de Beth Gibbons é perfeita e, muitas vezes, arrepiante, e tem o seu expoente máximo na sublime versão acústica de “Wandering Star”, em que na parte final é surpreendente a tonalidade lírica da sua voz, assim como nos temas “Cowboys” e “Threats”.
Os simples jogos de luzes conjugados com as câmaras colocadas perto dos músicos, criaram um belo e negro ambiente cinematográfico, onde podemos realçar o efeito de sombras, em que os gestos dos artistas são projectados num dos lados da sala do Coliseu.
Não podemos deixar de referir a despedida de Beth Gibbons quando desceu do palco na última música do encore, para se confundir com o público, distribuíndo toques e abraços, sendo alvo de procura da banda, quando esta se retirava.
O que mais dizer deste concerto? Nada mais do que as sensações do que nos provocaram e que ainda hoje nos acompanham, com um sentimento de nostalgia e saudade…somos unânimes em concordar com a crítica de Nuno Galopim quando este caracteriza o concerto e os novos sons como uma “visão de uma música feita de quase nada, contudo intensa” (…) usando o ruído, a máquina, a textura, como elementos de protagonismo cénico em composições que concentram na voz a expressão maior da condução da melodia. “ (…) carga metronómica do vai vem pendular da existência urbana “.
Será este o novo estilo musical de um futuro próximo ou apenas mais um brilhante e talentoso devaneio artístico dos Portishead? Seja o que for, aprovamos e queremos mais…e mais.
Texto Por Taliesin e Su
quarta-feira, 26 de março de 2008
CENAS DO CIRCO - PARTE 3: Lua de Mel/ Lua de Fel com a D.G.I.
- Mas tu podes andar aí com o "io io" para todo o lado!
- Não sejas parvo! Isto é uma forma prática de treinar a forma como intelectualmente exerço o meu poder com o Zé Povinho: para cima e para baixo, presos por um fio!
- Ahhhh…pensava que já te estavas a preparar para imaginar uma lei qualquer para pores os gajos da ASAE agora ocupados com a inspecção das brincadeiras das crianças e dos brinquedos com os quais brincam.
- Até que não é má ideia…mas fica para mais tarde. Eu ando aqui é com uma azia tremenda que não me deixa estar bem disposto… de cada vez que me lembro da minha ex-mulher que me deixou só porque não tive tempo para lhe dar a lua-de-mel que ela queria…
- Gaja ingrata! Estivemos sempre aqui os dois a trabalhar, que é que ela queria?! - Pois…
- Eu se fosse a ti, desta vez, fazia uma lei qualquer do género que proibisse os noivos ou recém-casados de irem descansados para lua de mel!
-Epá…mas isso assim é muito descarado…teria de dar a volta à questão…é que dessa forma poderia dar a ideia de que estava a pô-la em prática, descarregando nos outros, todas as minhas frustrações e amarguras pessoais.
- Então…?!
- "Nã"…desta vez vou pôr a DGI a tratar do assunto. E vou substituir os quinze dias de lua-de-mel dos pacóvios românticos pelo prazo a ser cumprido por eles, para andarem a fazer declarações e juntar papelada e fotocópias…vão ter que prestar contas das despesas de todos os serviços prestados: desde quantas pessoas vão ao copo de água, restaurante, serviço de confecção de alimentos, iluminação, florista, fotógrafo, vestido da noiva…se foram coisas ofertadas, eles terão de chatear as pessoas que ofereceram para indicarem preços, número de identificação fiscal e locais de compra…em quinze dias apenas. - Até eu já estou a ficar cansado!!
- E o melhor: há multas caso não o cumpram nesse prazo! Levam com um processo de contra-ordenação fiscal punível com uma coima que vai variar entre os 100 e os 2500 Euros!!
- Boa, Mike! Mas…olha lá, assim se calhar, continua a descer o número de casamentos e, mais tarde, de nascimentos aqui neste país…as pessoas não se querem dar ao trabalho…ou então, ainda pode dar azo a mais coisas escondidas e facturas não passadas e coisas não declaradas…
- Achas que sim?! Comem e calam-se! E mesmo que o haja…nós ainda levamos algum "pastel" dos totós que o declararem! E cá para mim, acho que ainda deviam declarar as despesas da noite de núpcias, propriamente dita. E colocar alguém da DGI a fiscalizar o momento! Tipo Idade Média…o Senhor Feudal…eheheheh… - Podia ser eu!!
- Está calado! Tu ficas aqui comigo! E mais nada! É de referir que esta lei já é de há sensivelmente 4 anos atrás, porém não deve ter tido muitos adeptos; por isso, voltaram a pegar nela na actualidade. Da maneira que a forma política de actuação deste governo anda só podia resultar numa coisa ridícula destas. Está certo que é de prevenir a evasão fiscal (que deveria ser controlada em TODOS os sectores!) mas há coisas nas quais se deve manter a cabeça no lugar, meus senhores! E não cair no ridículo. Realmente, até parece que não têm mais nada para fazer a nível profissional para além de tentar pôr em prática estas anedotas políticas.
domingo, 23 de março de 2008
RECONSTRUÇÃO
Caía suavemente dentro de mim o teu amor…um manto escuro por detrás da realidade que assomava à janela da inconsciência. Gota a gota, coração sangrando do sacrifício, soando as últimas palavras como sendo sempre as primeiras que eu esperava. A redenção do passado e a justificação da vida em frente. Guarda a minha alma, material perene, dentro da tua…e quando ficares na cruz que seja a minha a ficar no teu lugar. Restando ao sabor do Tempo, lambida pela chuva, devorada pelo sol, acesa pelo ódio dos Homens, desgastada pelas suas mentiras e devassada em cada pretensa oração. Deixa-me ficar ali sozinha, mais só do que vou ficando, perante a incredulidade dos outros, que todos os dias fabricam os pregos que Te prendem a essa cruz. Pede a devolução da tua vida para outra vida melhor. Melhor do aquela que invadimos na privacidade das páginas sagradas escritas pelo Homem; aquele que foi dizendo que escutava sempre a voz do Teu pai, enquanto se esquecia de ouvir a própria voz dos seus semelhantes. Aceita a minha desconfiança como a única prova que Te reconheço mesmo assim…pois se não te desse o benefício da dúvida, não seria assaltada pela inquietação da tua existência. Perdoa qualquer coisa que eu não faça em Teu nome porque dizem que esse teu nome assim como do Teu pai não se conhecem e não podem ser soletrados. Não opero milagres nem pratico adivinhação. Não leio entrelinhas e sou cega a explicações. Não quero saber do próximo quando entre mim e ele não existe nada. Nascemos solitários e morremos da mesma forma, perante o circo desta vida, como consequência de um acto falhado de uma Eva perdida. Como se o primeiro erro humano fosse de uma mulher…sendo que o eterno erro humano é acreditar realmente nisso. Como a maça, não deito fora o pecado, abro os portões do teu Éden e deixo todos entrar. Combato o teu egoísmo e nivelo todos por igual. A serpente fica à porta e não te deixa entrar para que não caias em tentação de nos expulsar. Não há anjos caídos porque voam todos por igual.
E da costela do teu filho não nasce nada, nem homem nem mulher, a não ser a dor de pensar na sua solidão. Quem lhe molda o corpo, com mãos demiurgas e atentas, sabe tão bem como eu, que quem faz um faz o outro, mesmo que seja à sua imagem e semelhança. Quando afasto a tua cruz do meu coração, em seu lugar, fica a sombra queimada na pele da tua existência. E continuam os teus braços nas minhas mãos e eu sem saber porque tinhas de ficar assim…sem mim…ou eu ali…ou outro…e não Tu…ou até porquê…se tudo o que fizeste ficou debaixo de tudo o que somos agora.
Do mundo que temos lá fora.
quarta-feira, 19 de março de 2008
DESAFIO MUSICAL: 1º tema musical com PINK FLOYD!
Mais tarde, um trabalho para Inglês…doze anos a começar…o filme The Wall sem legendas para ler, apenas ouvir, ver, entender, resumir e contar nessa língua estrangeira que se estava a aprender. A professora absorvida, a su absorvida, a turma entretida e aborrecida… Crescer, crescer, dolorosamente a crescer…a poesia incomodava porque já me espreitava e fazia pensar…outra vez o pensamento…e a paixão forte, segura, que ainda dura, por esta banda intemporal: PINK FLOYD. O tema:”Another Brick in the Wall". Marcante…origens musicais marcantes… imagem e cassetes...fita e coração...Isto tudo a propósito de um DESAFIO MUSICAL que a teté deixou lá no seu cantinho, há uns tempos atrás. Escolher “apenas” (e aqui é que dói” para quem vive da música e para a música, a cada instante da sua vida!) seis temas que nos acompanharam e marcaram a nossa vida, até aos dias de hoje. E, tal como ela, vou fazendo assim: apresentando, aos poucos e poucos, esses meus caros amigos sonoros que me acompanharam até aos dias de hoje. Para um primeiro momento, aqui ficou este tema dos PINK FLOYD…mais tarde, voltarei com um segundo tema dentro dessa lista perigosa de seis! E desafio é desafio. Vou passá-lo, com a medida justa de curiosidade, para: o taliesin; o matchbox31; a tons de azul; a borboleta; o carteiro; a nelinha; a butterfly; a un-dress; a Alice; a Sandra Daniela; o mixtu; o oliver; a lenita; a muguet; a som do silêncio, a liz; a gerlane; a kátia; a dark-me; a impulsos; o azer; o roberto; o árabe; a Fernanda; a Maria; o Filipe; a bia; a serenidade; a Ana s.; a carmen zita; a lua prateada; o efneto; o profeta; a papoila; a oceanus; o littledragonblue; a paulinha; a poeta_silente; a mel; o dream alive; o gz; o Rangel; o bono_poetry; o zezinhomota; a Inês; o efvilha; o artista; o fernando pessoa; a menina do rio; a menina_marota; o sentir dos sentidos; a flora; o márcio e TODOS aqueles que por aqui passarem e quiserem levar consigo este penoso desafio!
Boa selecção!
terça-feira, 18 de março de 2008
E quando tudo passar...
E sobre a tua pele deixar as letras desfolhadas
Como páginas sem sabor ou sem sentido
Revoltadas pela exaustão
Marcadas pela passagem do sangue
Entre o corpo e a alma
Quando tudo passar
E não for mais do que poeira liberta
Pela corrida do tempo contra a vontade
E os textos que escrevemos terminarem
Como inúmeras sombras destacadas no horizonte
Do que restar na memória
Quente e extenuada memória
Contra a velha árvore que se encosta
À última palavra à beira do fim do mundo
Com cuidado…não se cai.
Tornamo-nos no ponto final.
domingo, 16 de março de 2008
CENAS DO CIRCO: parte 2!
Então, não tendo mais nada para fazer na ociosidade nas suas salas ultra-modernas e sofisticadas, sentados nos seus enormes cadeirões do poder, a loucura dos deuses continua a atingir graves proporções nestes simples mortais, que usam e abusam do seu poder, à imagem e semelhança de outros tempos (leia-se antes 25 de Abril!). Já há quem diga: “Volta Salazar. Estás perdoado!”. Claro, tudo muito baixinho porque eles andam aí. Alguns disfarçados, outros à paisana e muitos em estilo low profile.
Um vira-se para outro e diz:
- Olha, o que é que podíamos inventar hoje para chatear o Zé Povinho?!
- Bem…sabes, há uma coisa que me anda a incomodar tremendamente. O meu filho quer fazer um piercing na língua e outro no seu órgão genital…assim, se proibíssemos esta prática, matávamos dois coelhos de uma só cajadada! Ele já não o podia fazer (e eu deixava de ser o pai tirano!) e continuávamos a chatear aquela gente toda que ganha muito menos do que nós (trabalhando muito mais!).
-Boa, Mike! E já agora, estendíamos isso às tatuagens e nem sequer deixávamos à consideração dos pais e/ ou Encarregados de Educação, dar autorizações a menores de idade para executar tais práticas! Seremos nós quem decidirá tudo…até em casa do Zé Povinho!
-Pois… afinal, quem é o Presidente da Junta sou eu!
- E eu!
- Temos de manter um certa “referência de qualidade” aqui no nosso país! E eles têm de perceber quem é que manda aqui. Aquela “cena” de “O povo é quem mais ordena” já são outras cantigas…eu sou dos anos 90, em que idolatrava aquela letra dos SNAP:”I`ve got the power”!
- Estudaste bem a lição!
- E para disfarçar isto tudo, para ficarem bem endrominados, estabelecemos que é tudo para defesa do consumidor. Locais bem identificados para fazer as tatuagens, com as tintas e utensílios correctos, descartáveis e devidamente esterilizados, piercings só em aço cirúrgico e após os 18 anos de idade.
- Mas olha lá, em grande parte dos sítios profissionais já se tinha tudo isto em atenção…
- Não faz mal. É só para chatear mais um bocadinho…e atirar mais areia para os olhos de quem não o sabia!
-Então e como é que vamos fiscalizar a cena?!
- Ó meu amigo da mesma panelinha… temos a nossa querida ASAE! Ou já te esqueceste?! Eles passam a fiscalizar quem faz os piercing`s e tatuagens ilegais. Haverá pesadas multas. E pronto.
- Então não preciso de me preocupar com …enfim… sabes, aquela tatuagem que fizemos juntos aos 16 anos de idade, naquela noite em que nós…
- Bem…chega! Ficamos por aqui…resolve-se já a questão! Serão consideradas ilegais apenas aquelas que forem feitas após a publicação da lei.
- E mais nada! É de referir que existe uma verdade neste diálogo: já existiam locais de extrema confiança e devidamente autorizados para executarem estes géneros de trabalhos artísticos; respeitando todas as condições necessárias para a elaboração de um bom trabalho e para quem realmente está decidido fazê-lo. Posso indicar dois desses locais, não por estar a fazer publicidade ou algo de género, mas porque conheço de há uns bons anos: O Bad Bones, no Bairro Alto e o Impact Tattoo, em Almada.
Tirar o poder aos pais de decidirem se os seus filhos podem ou não fazer uma tatuagem ou um piercing é só mais um abuso de poder deste governo, que faz dos seus erros constantes e sucessivos, um vaivém de piadas políticas. Vejam só esta afirmação do porta-voz do PS, Vitalino Canas: “…foram tantas as coisas que fizemos bem que não temos de perder tempo com o que fizemos de mal.”. Sim senhor…é caso para dizer: “É grupos! O senhor só dá cana!”
Portanto, meus amigos…não se admirem se um dia a ASAE vos bater à porta e, com todo o profissionalismo, vos disser:
- Abra as pernas, por favor! "NO PAIN...NO GAME!"
quinta-feira, 13 de março de 2008
ENCANTAMENTO
De tempos que não os meus escondidos na manga.
Magias enegrecidas pela noite mais negra
Sem as farpas da luz rasgando esse tecido.
Cobre-me o corpo o desalento voraz de o ter esquecido.
O Infinito rejeitado e arrancado
Como erva daninha contra uma nova religião
Que não mais fez do que desligar
A alma fria do quente coração.
Por entre as esquinas cinzentas da compaixão
O orgulho escondido da memória alimenta-se do medo
E das sombras contrárias aos passos que são dados
Enquanto o dia caminha para o seu final feliz.
É o momento preferido dos fantasmas que se anunciam
Por detrás da consciência de qualquer um.
Os sussurros sobem em espiral
Como tatuagens de incenso ardente e despedaçado
Contra o ar que penso que respiro.
Dispo o corpo de palavras que me identifiquem
E sou a anónima do passado que se arma de lança e de espada,
Armadura e cavalo,
Sem encontrar o seu Dragão Encantado.
A sua luta empobrecida perde-se nas trevas distantes.
Pelas ausências e presenças,
Intervaladas,
De um bater de coração,
Do deslizar de uma lágrima,
Do peso de um suspiro,
No sobrevivente que já não queria viver.
Agora são as palavras que me despertam
Acariciando a alma em toques lentos.
Amante renascido de outra época qualquer
Decora o meu corpo,
Letra a letra,
Beijo a beijo,
Prece a prece
Como fórmula secreta de um antigo milagre.
Aquele que nunca se escreveria num livro.
Sagrado ou por sagrar.
E os murmúrios que repetem essa reza
Crescem como raízes confusas em transe
Que me puxam de novo para aqui.
Onde me sento a adivinhar o que foi o passado
De costas viradas para o que há-de vir.
Por cima do ombro
Espreita-me a eternidade.
Nas minhas mãos
Pulsa o sangue e a vida.
O presente do Presente.
Aceita-O.
quarta-feira, 12 de março de 2008
...um pouco de paz...
As árvores da razão são negras. A luz é azul.
As ervas descarregam as suas mágoas nos meus pés como se
[eu fosse Deus,
Picando os meus tornozelos e murmurando a sua humildade.
Esfumadas, inebriantes neblinas habitam este lugar
Separado da minha casa por uma fileira de lápides.
in "A Lua e o Teixo", de Sylvia Plath
segunda-feira, 10 de março de 2008
MANIFESTAÇÃO DOS PROFESSORES: Marcha da Indignação!
sexta-feira, 7 de março de 2008
quarta-feira, 5 de março de 2008
Que faço aqui?
Sinto-me cansada...