Sentimo-nos perseguidos, angustiados, massacrados pela irregular
torrente de anormalidades com que nos atacam diariamente. As nossas vontades estão
presas ao chão, porque nunca se conseguirão soltar do agrilhoamento efetivo.
Estamos todos… ou quase. Ainda resta uma ténue ilusão de que o amanhã será mais
adocicado, e o amargo de fel que somos hoje obrigados a engolir, será apenas
passageiro. A nossa vida surge agora envolta numa nuvem negra que assombra os
mais pequenos detalhes da nossa existência.
Conseguimos ser felizes no meio de tanta adversidade? Disfarçamos
mal que sim. Que figuras ridículas somos, com capas de contentamento
esfarrapado, de sorrisos amarelos, de espirito indefeso, e ainda na esperança
dos "bem-aventurados aqueles…" Continuamos cegos de morte... ácida e aconchegada na
estupidez de quem tem o poder de fazer a diferença. Viver melhor? Morrer
melhor? Hoje assim, amanhã assado… Não passamos de covardes indecisos, com
pequenas doses de coragem irregular e assistida.
Somos de memória curta. Interrogamos o que já não precisa mais ser
interrogado. De ações se fez a História. Será que falta descrever mais alguma
coisa?