Ontem tivemos o prazer de assistir à peça teatral "O Auto da Compadecida" encenada pelos talentosos jovens da Pastoral da Juventude de Bananal - SP
Logo ao entrarmos pelo Centro Cultural Carlos Cheminand percebíamos todo o cuidado com a ornamentação inspirada na literatura de cordel, com alguns dizerem da obra, entre eles a famosa frase dita por Chicó ao longo da peça: "Como foi eu não sei... só sei que foi assim..."
Acima o elenco e algumas fotos da atuação: perfeitos!!!
Foram aplaudidos de pé por todos os presentes que lotaram o recinto!!!
Parabéns a todos os envolvidos e que tenhamos mais espetáculos como este, pois Teatro é Cultura e é disto que nossas crianças e jovens precisam!!!
Minha pequena também foi prestigiar junto com Papai e Mamãe!!!
E para quem ainda não teve o prazer de conhecer Ariano Suassuna e o Auto da Compadecida, segue um pequeno resumo:
Ariano Suassuna nasceu na cidade de João Pessoa, Paraíba, em 16 de junho de 1927. Quando tinha cerca de três anos de idade, seu pai foi assassinado por motivos políticos durante a Revolução de 30 e após isso o restante da família mudou-se para Taperoá, no sertão paraibano. Nessa cidade ele realizou seus primeiros estudos e começou a se familiarizar com a linguagem e cultura do sertão nordestino.
Sobre O Auto da Compadecida:
Dois nordestinos, João Grilo e Chicó são os personagens centrais da peça. João Grilo é o que se aproveita da estupidez dos ricos e do clero para exercer sua esperteza e sempre consegue levar a melhor. Chicó é o covarde e mentiroso. João Grilo depois que consegue convencer o padre a enterrar o cão do padeiro, e vender um gato à mulher adúltera do patrão, tenta enganar o cangaceiro Severino, mas é morto pelo homem que trabalha para o cangaceiro. Todos são mortos, menos Chicó, que sai de cena para rezar pelo amigo.
João Grilo vai parar no tribunal celeste e não aceita as acusações do diabo (Encourado) diante de Manuel (Cristo) e chama por Nossa Senhora (Compadecida). Com toda sua esperteza, consegue superar o diabo. Vão para o purgatório: o bispo, o padre, o sacristão, o padeiro e sua mulher; Severino e o “cabra” vão para o céu; e João Grilo, graças à intervenção de Compadecida, volta à vida com a promessa de se portar direito. Reencontra-se com Chicó, que prometeu todo o dinheiro para Nossa Senhora.
Personagens
Os personagens de "Auto da Compadecida" são alegóricos, ou seja, não representam indivíduos, mas tipos que devem ser compreendidos de acordo com a posição estrutural que ocupam. A criação desses personagens possibilita que se enxergue a sociedade de uma cidadezinha do Nordeste. É por isso que a peça pode ser chamada sátira social, pois procura reformar os costumes, moralizar e salvar as instituições de sua vulgarização.
João Grilo: protagonista, personagem pobre e franzino, que usa de sua infinita astúcia para garantir a sobrevivência.
Chicó: é o contador de causos, o mentiroso ingênuo que cria histórias apenas para satisfazer um desejo inventivo.
Padre João: mau sacerdote local, preocupado apenas em angariar fundos para sua aposentadoria.
Sacristão: outro exemplo de mau religioso.
Bispo: juntamente com o padre João e o sacristão, ajudará a compor o quadro de representação da Igreja corrompida.
Antônio Moraes: típico senhor de terras, truculento e poderoso, que se impõe pelo medo, pelo dinheiro e pela força.
Padeiro: representante da burguesia interessada apenas em acumular capital, explora seus empregados e tem acordos com as autoridades da Igreja.
Mulher do padeiro: esposa infiel e devassa, tem amor genuíno apenas por seus animais de estimação.
Severino do Aracaju: cangaceiro violento e ignorante.
Cangaceiro: ajudante de Severino, seu papel é apenas puxar o gatilho e executar outros personagens.
O Encourado (o Diabo): segundo uma crença nordestina, o diabo utiliza roupas de couro e veste-se como um boiadeiro. Funciona como uma espécie de antagonista de João Grilo; como ele, também é astuto, mas acaba sendo derrotado pelo herói.
Manuel (Nosso Senhor Jesus Cristo): personagem que simboliza o bem, porém um bem sem misericórdia. É representado por um ator negro, a fim de que isso produza um efeito de estranhamento no público.
A Compadecida (Nossa Senhora): heroína da peça, funciona como uma advogada de João Grilo e de seus conterrâneos, derrotando com seus argumentos cheios de misericórdia os planos do Encourado de levar todos ao inferno.