quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

Cândido Guerreiro


O poeta Francisco Xavier Cândido Guerreiro nasceu em Alte a 3 de Dezembro de 1871. Com nove anos de idade, em 1880, Cândido Guerreiro saiu de Alte. Nessa altura, o pai foi nomeado Juiz de Paz em Estói, freguesia rural do concelho de Faro, e aí foi viver.Frequentou a escola primária de S.Brás de Alportel e, mais tarde, o liceu de Faro onde não finalizou o curso. Foi escrivão do Juiz de Paz em Estói e presidente do posto meteorológico de Faro. No ano de 1899 ocupou o lugar de perfeito na Casa Pia de Beja e aí, fruto de uma paixão, nasce um filho seu que também se distinguiu no mundo das letras, Cândido Xavier Guerreiro da Franca. Em 1900 foi fiscal de impostos em Faro e, depois, aconselhado pelo poeta João Lúcio, foi tirar o curso de Direito em Coimbra.Foi o primeiro altense a tirar o curso de Direito. Em 1910 foi nomeado notário da Comarca de Loulé. Em 1935, a Casa do Algarve convidou-o a publicar uma monografia e um cancioneiro sobre o Algarve mas recusou. Morreu a 11 de Abril de 1953 e foi sepultado no cemitério de Faro.


A Casa do Poeta ( Faro)



Minha Terra

Minha Terra embalada pelas ondas,
Lindo país de mouras encantadas,
Onde o amor tece lendas e onde as fadas
Em castelos de lua dançam rondas…

Oh meu Algarve, quero que me escondas…
Que na treva da morte haja alvoradas!
Hei-de sonhar com moiras encantadas,
Se eu dormir embalado pelas ondas…

Quando o sol emergir detrás da Serra,
Sempre será… da minha terra
A fecundar-me o chão da sepultura…

Ao pé dos meus, na minha aldeia querida,
A morte será quase uma ventura,
A morte será quase como a vida…

Cândido Guerreiro



A baixa de Faro ( vista aérea)

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

Dr.João Lúcio

João Lúcio Pousão Pereira foi poeta e advogado, nasceu em Olhão a 4 de Julho 1880 e aí morreu em 1918.
Considerado o expoente maior da poesia olhanense e um dos mais relevantes do Algarve deixou-nos cedo, aos 38 anos de idade, mas a sua aptidão para a poesia fez com que nos deixasse quatro livros. Publicou os primeiros versos no periódico O Olhanense, com doze anos, e depois em diversos jornais regionais. Mas foi em Coimbra, enquanto frequentava a faculdade de Direito, que se revelou um grande poeta.
Dois anos antes do seu falecimento, deixa construída uma casa, nos arredores de Olhão, no Pinhal de Marim, que hoje se mantém como uma casa-museu aberta ao público.

Chalé Dr. João Lúcio ( Ecoteca de Olhão)


Após uma juventude cheia de publicações em jornais, João Lúcio forma-se em Direito na Universidade de Coimbra em 1902. Regressa a Olhão onde viria a desempenhar um papel importante na actividade forense. É, por isso, ainda hoje, considerado um dos mais distintos advogados algarvios .
Magnífico orador, seguidor de ideais monárquicos, foi eleito por unanimidade à Presidência da Câmara Municipal de Olhão, onde desenvolveu um grande trabalho relativamente à educação, saúde e cultura locais.
Morreu em 1918 vítima de uma epidemia, a pneumónica ,que assolou a região.
Após a morte do seu filho varão, João Lúcio idealizou e mandou construir um chalé escondido no pinhal da sua Quinta de Marim, num local rico de lendas seculares sobre encantamentos de mouras. O isolamento espiritual numa Torre de Marfim seria a finalidade do poeta. Assim se fez o chalé em 1916. Um edifício quadrangular, com três pisos, que tem a particularidade de possuir quatro escadarias, cada uma virada para um ponto cardeal e cada uma representando os 4 elementos naturais (Água, Terra, Fogo e Ar) através das representações de um peixe, uma serpente, uma guitarra e um violino.
Infelizmente, também a morte de João Lúcio foi precoce e este não chegou a habitar a sua "torre".

Vista aérea de Olhão ( o mercado com os seus torreões)


Natureza imortal, tu que soubeste dar


Ao meu país do sul a larga fantasia,


Que ensinaste aqui as almas a sonhar


Nessa frescura sã da crença e da alegria:


Que inundaste de azul e mergulhaste em oiro


Esta suave terra heróica dos amores,


Que lançaste sobre ela o canto imorredoiro


Que vibra a sinfonia oriental das cores:


Tu que mostraste aqui mais do que em toda a parte


O intenso poder do teu génio fecundo,


Que fizeste este Céu para inspirar a Arte


E lhe deste por isso o melhor sol do mundo:


Ensina algum pintor a fixar nas telas


Este brilho, esta cor, inéditos, diversos,


E põe a mesma luz que chove das estrelas


Na pena que debuxa estes humildes versos.


João Lúcio

Bibliografia
Descendo (1901) ;O Meu Algarve (1903) ;Na Asa do Sonho (1913) Espalhando Fantasmas (1921)


Pinhal de Marim onde está situado o Chalé Dr. João Lúcio

sábado, 23 de fevereiro de 2008

Quanta saudade, Zeca. Partiste há 21 Anos!







Amigo

Maior que o pensamento
Por essa estrada amigo vem
Não percas tempo que o vento
É meu amigo também
Em terras
Em todas as fronteiras
Seja benvindo quem vier por bem
Se alguém houver que não queira
Trá-lo contigo também
Aqueles
Aqueles que ficaram
(Em toda a parte todo o mundo tem)
Em sonhos me visitaram
Traz outro amigo também








José Afonso





sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

Fez 30 anos que partiu Vitorino Nemésio. Foi a 20 de Fevereiro de 1978.



Filho de Vitorino Gomes da Silva e Maria da Glória Mendes Pinheiro, nasceu na Praia da Vitória, ilha Terceira em 1901.
Com 16 anos de idade, Vitorino Nemésio, desembarcou pela primeira vez na cidade da Horta para se apresentar a exames, como aluno externo do Liceu Nacional da Horta. Concluiu o Curso Geral dos Liceus, no dia 16 de Julho de 1918, com a classificação de dez valores.
Em 1918, em pleno final da Primeira Guerra Mundial, a Horta possuía um comércio marítimo intenso e uma impressionante animação nocturna, a cidade era um porto de escala obrigatória, local de reabastecimento de frotas e de repouso da marinhagem. Na Horta, estavam instaladas as companhias dos Cabos Telegráficos Submarinos, que convertiam a cidade num “nó de comunicações” mundiais, ou seja, a Horta possuía um ambiente cosmopolita, que contribuiu, decisivamente, para que ele viesse, mais tarde a escrever uma obra mítica, Mau Tempo no Canal, trabalhada desde 1939 e publicada em 1944, cuja acção decorre nas ilhas do Faial, Pico, São Jorge e Terceira, sendo que o núcleo da intriga se desenvolve na Horta.
Este romance evoca um período (1917-1919) que coincide em parte com a sua permanência na ilha do Faial e nele aparecem pessoas tais como o Dr. José Machado de Serpa, senador da República e estudioso, o padre Nunes da Rosa, contista e professor do Liceu da Horta, e Osório Goulart, poeta.
Em 1919, inicia o serviço militar, como voluntário, em infantaria, o que lhe proporcionou a primeira viagem para fora dos Açores. Concluiu o liceu em Coimbra (1921) e inscreve-se na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa. Mais tarde, Nemésio troca o curso em que se tinha matriculado, pelo de Filologia Românica, na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.
Na sua primeira viagem que faz a Espanha, com Orfeão Académico, em 1923, conhecerá Miguel Unamuno (escritor e filósofo espanhol (1864-1936), intelectual republicano, o teórico do humanismo revolucionário antifranquista) com quem trocará correspondência anos mais tarde.
A 12 de Fevereiro de 1926, casa em Coimbra com Gabriela Monjardino de Azevedo Gomes, de quem teve quatro filhos.
Foi em 1930 que Vitorino Nemésio se transfere para a Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa onde, no ano seguinte, conclui o curso de Filologia Românica, com elevadas classificações, começando desde logo a leccionar literatura italiana. É a partir de 1931 que Vitorino Nemésio dá inicio à carreira académica na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, onde tal como atrás se afirmou, leccionará literatura italiana e mais tarde literatura espanhola.
Em 1934 doutorou-se em Letras pela Universidade de Lisboa com a tese A Mocidade de Herculano até à Volta do Exílio.
Entre 1937 e 1939 lecciona na Universidade Livre de Bruxelas, regressando neste último ano ao ensino na Faculdade de Letras de Lisboa.
Foi autor e apresentador do programa televisivo Se bem me lembro, que muito contribuiu para popularizar a sua figura e dirigiu ainda o jornal O Dia entre 11 de Dezembro de 1975 a 25 de Outubro de 1976.
Vitorino Nemésio foi um dos grandes escritores portugueses do século XX, tendo recebido em 1965, o Prémio Nacional da Literatura e, em 1974, o Prémio Montaigne.
Faleceu a 20 de Fevereiro de 1978, em Lisboa, no Hospital da CUF, e foi sepultado em Coimbra. Pouco antes de morrer, Nemésio pediu ao filho para ser sepultado no cemitério de Santo António dos Olivais, em Coimbra. Mas pediu mais: que os sinos tocassem o Aleluia em vez do dobre a finados. O seu pedido foi respeitado.

A concha

A minha casa é concha. Como os bichos
Segreguei-a de mim com paciência:
Fechada de marés, a sonhos e a lixos,
O horto e os muros só areia e ausência.



Minha casa sou eu e os meus caprichos.
O orgulho carregado de inocência
Se às vezes dá uma varanda, vence-a
O sal que os santos esboroou nos nichos.

E telhadosa de vidro, e escadarias
Frágeis, cobertas de hera, oh bronze falso!
Lareira aberta pelo vento, as salas frias.



A minha casa... Mas é outra a história:
Sou eu ao vento e à chuva, aqui descalço,
Sentado numa pedra de memória.


Vitorino Nemésio





Foi há 30 anos! Obrigada, Professor! Com saudade e gratidão!

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

Dois Aninhos! É muito tempo!

Em dia de aniversário, é tempo de vos agradecer tudo quanto me tendes dado. E tem sido tantooooo!!!!! Acreditem que já não passo sem vós, sem as vossas palavras, sem os emails, sem o carinho que vem embrulhado em cada comentário que aqui me deixais. Não vivo sem a família, sem os amigos, reais e virtuais, sem as vossas mensagens feitas da mais pura amizade, sem este mar que um dia será meu eterno leito, sem a serra que foi meu berço... Tendes-me dado muito mais do que mereço mas vós sois uns doces, uns queridos e sem vós o meu dia a dia não teria as cores com que o vejo. Para todos sem excepção , agradeço as alegrias que me tendes proporcionado, os cuidados que me tendes dispensado, o tratamento que , em todas as circunstâncias, me tendes dedicado. Não guardo rancores, não alimento ódios, não me alegro com a tristeza de alguém, seja lá quem for. Vivo feliz com o bem estar de todos, o sucesso dos meus amigos e conhecidos é o meu, o amor, a amizade, a alegria, a tolerância, a solidariedade são os caminhos que quero percorrer e que vos desejo a todos. Mesmo a todos e todas. Uma blogosfera cada vez mais inclusa, independentemente dos nossos /vossos pontos de vista, é o meu desejo.


Há cerca de cinco meses estive na Nazaré, em S.Martinho do Porto, em Alcobaça, Leiria, Óbidos, Caldas da Rainha, Foz do Arelho, Cabo Carvoeiro... Para todos os meus amigos desta zona deixo mil beijinhosssssssss. Adoro-vossssss





Para ti, Amigona, que também és Maria e também és Sousa ( foi este o teu primeiro comentário) deixo mil beijinhos, um abraço e a esperança de podermos dar AQUELE ABRAÇO em breve. Adoro-te minha querida mana.

Foram estes os meus primeiros posts na blogosfera. Foste o primeiro a comentar Mixtu. Só podes ser o meu AMIGO para sempre. Depois, veio a Rosmaninho comentar. Mas essa eu conheço bem. A ela e à família. Quantas vezes , já comemos todos à mesma mesa! Nas nossas casas! Obrigada, amiga!Estás no meu coração.


QUINTA-FEIRA, FEVEREIRO 16, 2006
Mixtu e Rosmaninho
Estou a dar os primeiros passos. Andar aqui é difícil. O equilíbrio nestes momentos iniciais é muito instável e as quedas são inevitáveis. Observo os vossos blogs e tenho a ideia de que estou muito longe. O percurso não vai ser fácil apesar de toda a vossa disponibilidade. Já agora o meu muito obrigada pela vossa simpatia e entrega.Saber que tenho alguém do lado de lá a amparar-me é muito bom e estimulante. Ensinar quem nada sabe pode ser aliciante mas na minha idade estas coisas já não se aprendem tão rapidamente quanto desejo nem quanto desejam que eu o faça. Por enquanto, vou escrevendo o que vejo da minha secretária, o que leio, o que sinto. Logo que saiba colocarei uma imagem e um poema. Serão dedicados a vós. Aos meus primeiros comentadores. Os vossos blogs transmitem amizade, simpatia, solidariedade, partilha, bom humor. Daqui do sul deixo-vos um beijo. Bem-hajam.
posted by alfazema @ Quinta-feira, Fevereiro 16, 2006






QUARTA-FEIRA, FEVEREIRO 15, 2006
Este blog está em construção. A alfazemaazul ainda sabe pouco disto.
Beijos
Boa noite

Os Primeiros Comentários

7 Comentários - Mostrar postagem original Reduzir comentários
mixtu disse...
lindo...
lindo...
lindo...
sou o 1º
9:49 PM
mixtu disse...
Se for necessário ajuda, já sabe...
Com que então este blog ainda está em construção, espero que tenha solicitado alvará de construção à Câmara, se for preciso cunha... lol
9:51 PM

Rosmaninho disse...
Alfazema azul

Bonito nome para quem me parece ser do sul.

O pouco que sei, sozinha aprendi... no que for útil estou aqui.
Um beijo
11:20 PM

Rosmaninho disse...
E foi a cor da alfazema...azul, no meu blogue, que me trouxe até ti neste lugar que para começar... já é original.
Um beijo
11:59 PM
bluesY disse...
Alfazema,
tenho acompanhado os seus comentários a Mixtu e fico sempre emocionada com tanta sabedoria, e considero deliciosamente bonito esse espirito de curiosidade em acompanhar o que de novo se vai fazendo, apesar deste comentário fazer mais sentido no post acima, não poderia deixar de fazer este elogio, pois não existe idade para aprender, existem mentalidades.

Seja Bem Vinda !

e Gosto de Bem Haja, esta expressão recorda-me sempre momentos antigos (até talvez porque hoje em dia quase que não se usa).

e também deixo aqui vontade de ajudar, é apenas vontade já que sou muito inexperiente nestas coisinhas ...
5:52 PM
alfazema disse...
Mixtu

És um vencedor. O teu blog bate records, a tua ausência é verdadeiramente sentida e os apelos não faltaram. No meu estranho blog foste o primeiro a estar presente.
És lindo...
lindo...
lindo...

Rosmaninho

Agradeço as tuas palavras. Sei e sinto que são verdadeiras.O nome talvez tenha surgido a partir dos teus blogs silvestres.
Um beijo.


Bluesy

Agradeço as suas simpáticas palavras. A minha sabedoria não é muita mas a experiência de vida dá-nos ensinamentos que, por vezes , até desconhecemos possuir.
Agradeço igualmente a sua disponibilidade. Tenha uma boa noite.
9:24 PM
bluesY disse...
Venho agradecer palavras amigas no m/desabafo.

bjs
3:38 PM

A Amigona chegou em Março. A 17. Bem-hajas, mana!

amigona disse...
Também sou Maria... também sou Sousa... adorei a tua história...

17 de Março de 2006


Nos dias de hoje, tenho muitos amigos, não quero destacar nomes mas há um amigo cujas palavras me adoçam a alma. É, diz ele, um prega-secas, mas é um excelente pai, marido, tio, amigo e as suas palavras chegam sempre na hora certa. Obrigada, AMIGO. Zé Gonçalves! Estou aqui!


Há mais. Amigos e amigas. Quem são? Basta ler os seus comentários nos vários posts aqui publicados. Os seus links estão bem visíveis embora faltem alguns. Mas os comentários, cheios de carinho, andam por aí: Elvira Carvalho, Avelaneira, Carminda Pinho, Zé ( Fronteira) , Ludo, Maria Faia, Poetaeusou, Margusta, António Castilho Dias, Maria Mamede, Fernando Peixoto, Silêncio Culpado, Herético, Cvalente, Maria, Pena, Ana ( Encosta do Mar) , Aspásia, Graça Pires ( Ortografia do Olhar), João Sousa, José Gomes, Brancamar, Gaivota ( São), Fernando ( El Navegante), Lena Maltez, Lisa ( Agulheta), Clarinda, Aramis, Luís Eme, Leonor, Vítor Barros ( Mano Cusco), Guardião, Zef, Zé Povinho, Eremita, Bettips, Greentea, Pecaas, Rosa Maria ( Tertúlia Lilás) Jo Ra Tone, Filoxera, A Papoila, Alex, Blue Velvet, São, Víctor, Renda de Bilros, Fernando Santos ( Chana) Vieira Calado,Samuel....
Beijos para Todos Vós. Obrigada por tanto Carinho. Vou fazer por merecê-lo! AMO-VOS!
Mana Amiga, Mil BEIJINHOS. Dá 500 à Princesa. Abração!
Obrigada Eremita! O mar bordado com o SOPHIAMAR foi feito por ti. Beijinhos
Para todo o país, meus amigos,deixo-vos a minha eterna gratidão. Passastes muito tempo comigo. Obrigada! Continuaremos todos juntos. Sempre!