João Lúcio Pousão Pereira foi poeta e advogado, nasceu em Olhão a 4 de Julho 1880 e aí morreu em 1918.
Considerado o expoente maior da poesia olhanense e um dos mais relevantes do Algarve deixou-nos cedo, aos 38 anos de idade, mas a sua aptidão para a poesia fez com que nos deixasse quatro livros. Publicou os primeiros versos no periódico O Olhanense, com doze anos, e depois em diversos jornais regionais. Mas foi em Coimbra, enquanto frequentava a faculdade de Direito, que se revelou um grande poeta.
Dois anos antes do seu falecimento, deixa construída uma casa, nos arredores de Olhão, no Pinhal de Marim, que hoje se mantém como uma casa-museu aberta ao público.
Chalé Dr. João Lúcio ( Ecoteca de Olhão)
Após uma juventude cheia de publicações em jornais, João Lúcio forma-se em Direito na Universidade de Coimbra em 1902. Regressa a Olhão onde viria a desempenhar um papel importante na actividade forense. É, por isso, ainda hoje, considerado um dos mais distintos advogados algarvios .
Magnífico orador, seguidor de ideais monárquicos, foi eleito por unanimidade à Presidência da Câmara Municipal de Olhão, onde desenvolveu um grande trabalho relativamente à educação, saúde e cultura locais.
Morreu em 1918 vítima de uma epidemia, a pneumónica ,que assolou a região.
Após a morte do seu filho varão, João Lúcio idealizou e mandou construir um chalé escondido no pinhal da sua Quinta de Marim, num local rico de lendas seculares sobre encantamentos de mouras. O isolamento espiritual numa Torre de Marfim seria a finalidade do poeta. Assim se fez o chalé em 1916. Um edifício quadrangular, com três pisos, que tem a particularidade de possuir quatro escadarias, cada uma virada para um ponto cardeal e cada uma representando os 4 elementos naturais (Água, Terra, Fogo e Ar) através das representações de um peixe, uma serpente, uma guitarra e um violino.
Infelizmente, também a morte de João Lúcio foi precoce e este não chegou a habitar a sua "torre".
Vista aérea de Olhão ( o mercado com os seus torreões)Natureza imortal, tu que soubeste dar
Ao meu país do sul a larga fantasia,
Que ensinaste aqui as almas a sonhar
Nessa frescura sã da crença e da alegria:
Que inundaste de azul e mergulhaste em oiro
Esta suave terra heróica dos amores,
Que lançaste sobre ela o canto imorredoiro
Que vibra a sinfonia oriental das cores:
Tu que mostraste aqui mais do que em toda a parte
O intenso poder do teu génio fecundo,
Que fizeste este Céu para inspirar a Arte
E lhe deste por isso o melhor sol do mundo:
Ensina algum pintor a fixar nas telas
Este brilho, esta cor, inéditos, diversos,
E põe a mesma luz que chove das estrelas
Na pena que debuxa estes humildes versos.
João Lúcio
Bibliografia
Descendo (1901) ;O Meu Algarve (1903) ;Na Asa do Sonho (1913) Espalhando Fantasmas (1921)
Pinhal de Marim onde está situado o Chalé Dr. João Lúcio