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Aqui estão os inícios dos textos da coluna "Mito em Contexto", escritos por mais de 6 anos para o site Blocos online. Também estão alguns poemas dos 7 livros escritos por mim. E também alguns ensaios, haicais e outros textos.
Mais um dia desperdiçado
na pedra que rola
escravidão na mesma reta
repetir
repetir
sigo o caminho
sem olhar ao redor
ou por cima dos ombros
sem tempo para fotografias
ou espelhos
nada
o chão escorre sob meus pés
é o começo de um novo dia
devo rolar a pedra
castigo que nunca termina
Solange Firmino
No livro “Quando a dor acabar”.
Ouço o que
sussurra a Musa
no silêncio,
no princípio e no fim
do dia.
Fonemas,
palavras, dígitos,
impressões
tatuadas
nos papéis e nas telas.
Poesia, tu és
minha permanência,
meu rastro
pelo caminho
efêmero.
Solange Firmino
No livro “Fragmentos da insônia”.
* Imagem: Na Acrópole de Atenas, Grécia. Erecteion ao fundo, templo consagrado a Atena e Posídon. Fica ao lado do famoso Partenon.
** 21 de março foi escolhido como Dia Mundial da Poesia na XXX Conferência Geral da Unesco, em 1999, para homenagear a poesia, promover a diversidade das línguas e intercâmbio entre as culturas.
Nômade
Decorei meu nome
para andar no sem rumo
dos abismos.
Observei os ventos
que se cruzavam
em desvios sonâmbulos
que estilhaçavam
os espelhos.
Vi as sereias chamando os marujos
nas praias bravas
que se desdobravam
e engoliam navios.
Percebi as sombras nos muros
das noites insones.
Fui cúmplice do brilho das estrelas
e do silêncio deslumbrado
das manhãs de verão.
Solange Firmino
No livro “Geometria do abismo”.
Imagem: Victor Nizotvtsev, "Golden Wave".
http://lenajesusponte.com.br/
Na cidade, luzes.
Mas vaga-lumes insistem
acesos da gente
Onde o tempo é sempre.
Toca o silêncio do templo
o sino de bronze.
Desapego zen.
A casa vazia habita
a paz do silêncio.
Descansa o momento.
Até mesmo o movimento
encontra repouso.
Quem sabe da morte?
Morna brisa nos convida
a brindar a vida.
Lena Jesus Ponte