Coleciono asas,
mas nenhuma me pertence.
Guardo-as para um
possível mergulho,
Impossíveis aventuras me sufocam,
apesar da rebeldia.
Juro que nunca quis ser a princesa
dos contos de fada.
Não sou ilha pronta para abarcar.
Então nos meus olhos
recapitulo a coreografia dos ventos;
transcrevo as linhas do deserto
para a pátria.
Vou devagar, no encalço arriscado
das aves que voam alto,
em busca da Terra Prometida.
Melhor morrer de cansaço que de solidão.
Solange Firmino
* Foto: Teotihuacán - México