sexta-feira, setembro 21, 2018

Meu passado me condena... 

Dia 21/09 - dia da árvore. 

Cuidado ao abraçar uma arvore! 🌴


🌳 RAIZ DE ORVALHO

Cego
de ser raiz

imóvel
de me ascender caule

múltiplo
de ser folha

aprendo
a ser árvore

enquanto
iludo a morte

na folha tombada do tempo.


© MIA COUTO 

In: Raiz de Orvalho e outros poemas,1999.



quinta-feira, agosto 02, 2018

Inverno

 Praia do Paraíso, Mosqueiro - Pará


❄INVERNO❄

São intermináveis
as luas e os sóis
e o milagre dos dias que irrompe.

Chove em mim e o
ventre do abismo
acolhe o trajeto dos pássaros.

Vejo frutas prematuras
na paisagem que criou
este poema.

Logo será tempo de morrer
e entoar um cântico
de renovação
ao fascínio incerto
do solstício.

É familiar esse aceno
das árvores
que me seduz
em pleno mês de julho.

Solange Firmino 

(no livro Geometria do abismo)



🌨 Foto: tirada por mim em julho na Praia do Paraíso, Mosqueiro - Pará - Brasil.

sábado, junho 23, 2018

Enseada de junho

Ilha de Paquetá - RJ - foto tirada por mim




















Não sei se amo mais o marujo, o vento
ou a maré que traz a desordem da espuma.
O cais inabitado é uma metáfora a decifrar
o silêncio do inverno.

Os BARCOS velhos ancorados, as velas rotas recolhidas
fazem pensar que só buscavam um porto de abrigo.
Até as aves marinhas alteram seus rumos.

Adio para amanhã mais uma tormenta.
Ao entardecer, percorro a orla da praia.
Espero a lua se acender no mar.
Só os uivos comovidos dos cães
me fazem companhia agora.

Solange Firmino 

(No meu livro:  "Das estações")

sábado, maio 26, 2018

Exposição de bonsai no Museu da República - RJ

 Essência

A essência da semente
é a energia em busca de repetição,
começo de árvore em outra estação.

Solange Firmino
 * (No meu livro "Alguns haicais e mínimos poemas")


Minhas preferidas:












Céu - haicai

22/05/18 - foto tirada por mim na saída do metrô

Céu no Rio de Janeiro em 22/05, 16°C.
Sei que o céu é de outono, mas o haicai que está no livro é de primavera... 



Céu de primavera
há uma brisa que regressa
uma nova flor

Solange Firmino


(Haicai do meu último livro "Alguns haicais e mínimos poemas")

terça-feira, maio 08, 2018

Graça Pires

Anjo com velas representando fé, amor e paz.
A túnica lilás desesperava-se de ser anjo
no meu corpo de criança.
Rasguei-a há muito tempo.
Os anjos não perdoam que lhes cobicem as asas.

[Graça Pires]

*No livro "A incidência da luz"

terça-feira, maio 01, 2018

Primeiro de maio - Festa do Muguet

1º de maio, além de ser o Dia do Trabalho, também é Festa do Muguet, na França. 
As pessoas oferecem aos amigos e familiares um ramo de Lírio-do-Vale para dar sorte e felicidade.


quinta-feira, abril 05, 2018

Quarto livro - HAICAIS

O outono chegou me trazendo bons frutos.
Meu quarto livro finalmente chegou. 
Prêmio que ganhei em primeiro lugar no concurso da Fundação Cultural do Estado do Pará, “Alguns haicais e mínimos poemas”.
🌱🍂🍃🍀

*Mais novidades postarei depois.

quarta-feira, março 14, 2018

Dia da Poesia - Erato

Hoje é considerado o Dia Nacional da Poesia, pois foi nesta data que nasceu o poeta brasileiro Castro Alves.

Erato, musa da poesia, 1870, Edward John Poynter
Poesia

Para ti sussurro
o que dita a Musa
no silêncio
no princípio e
no fim do dia

Fonemas, palavras, dígitos
impressões tatuadas
nos papéis e nas telas

Tu és minha
permanência
meu rastro pelo caminho
efêmero

Solange Firmino 

terça-feira, fevereiro 27, 2018

5 anos de cirurgia (27.02.2018)

Estas são as flores que abriram até agora para comemorar comigo os 5 anos de cirurgia que completo hoje.

Até à noite ou amanhã elas morrerão, me lembrando que tudo é provisório, como a dor.

Mas outras nascerão, se houver esperança.


"Como elas, renasço a cada dia, busco matar minha sede e me comovo com a luz de cada manhã...

Solange Firmino"

 🌸
🌱💦

quinta-feira, fevereiro 15, 2018

Há 2 anos falecia a poeta Myriam Fraga

CHUVA 

Reminiscências
A inquietar
Como a chuva nos vidros.

Sol que avança,
Inexorável,
O tempo, com suas marcas,

Sua umidade em rios,
Dissolvendo a paisagem,


Seu mofo, sua
Insidiosa presença
Escorrendo da tarde.

Um gotejar sinistro,
O salitre
Infiltra-se nas frestas
Reacendendo feridas.


Ó coração,
Não te atormentes,

Não te levantes contra mim,
Esquece.




Do livro "Fêmina", 1996.